LUZ ESPÍRITA
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Estudo Dinâmico do Evangelho

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 18, 2012 8:27 pm

O textos não tratava de cegos materiais e oprimidos ou cativos pelo corpo, mas sim, da libertação espiritual.

Os pobres são aqueles que tem fome e sede da verdade, das coisas espirituais.

O Rabi, Mestre pelo conceito popular, pois não cursou escola para ser Rabi, começou a escolher os seus discípulos.

Ele já havia acolhido Pedro, André e João, que acompanharam o Baptista por algum tempo.

Às margens do Lago de Genesaré, ele chamou Simão, a quem o próprio Mestre chamou de Cephas (Pedro) no primeiro encontro, e André, irmão de Simão, que deixara o Baptista para segui-lo.

Dizendo-lhes: vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.

Mais à frente encontrou João e Tiago, seu irmão, que consertavam as redes juntamente com o pai, Zebedeu.

Chamou-os também.
Ambos deixaram o pai com os empregados e seguiram Jesus.

Torres Pastorino afirma que Pedro, André, Zebedeu, Tiago e João eram sócios de uma Empresa de Pesca, muito próspera.

Diz, ainda, que Zebedeu não foi chamado porque a sua evolução não era suficiente.

Teoriza sobre a possibilidade de Salomé, mãe de Tiago e João, ser uma das irmãs de Jesus, portanto, os dois discípulos eram seus sobrinhos, daí a maior intimidade deles com o Mestre, e estarem sempre presentes nos principais acontecimentos.

Dali, entraram em Cafarnaum, a cidade do Consolador.

Nesta altura, Pastorino faz uma interpretação esotérica (fechada), muito bonita, que passamos aos possíveis leitores.

"O grupo de cinco partiu das margens do lago e penetrou a cidade do Consolador (Cafarnaum), prontos todos a iniciar a tarefa de levar conforto aos que sofriam, de enxugar as lágrimas dos que choravam, de reavivar a luz dos que estavam nas trevas, de abrir os ouvidos dos que nada percebiam espiritualmente, de servir de muletas aos que coxeavam no caminho do progresso, de limpar os densos fluidos dos leprosos morais:
ministério de Consolação e magistério do espírito, calor para os corações e luz para as mentes".

Não vamos falar muito sobre curas, porque sabemos que elas se dão pela movimentação dos fluidos, e que Jesus tinha uma força magnética extraordinária.

Pelo seu conhecimento, curava aqueles que já haviam quitado os seus débitos para com a lei de causa e efeito, ou esgotado as suas provações.

De Nazaré, Jesus ruma para Cafarnaum, mas antes passa novamente pela pequena cidade de Caná, onde se daria um facto brilhante.
Um oficial do Tetrarca Herodes, (possivelmente Cusa), procura Jesus para pedir que cure o seu filho.

O oficial, sabendo que Jesus estava em Caná, subiu 33 quilómetros de estrada íngreme.

O pai pede em desespero pela vida do filho.
(vem logo, Mestre, antes que meu filho morra!).
Jesus afirmou ao oficial, Seu filho está salvo.

O oficial acreditou e iniciou a descida.

Já havia percorrido mais da metade do caminho quando seus criados vieram ao seu encontro e disseram que o menino estava curado.

Pastorino joga com a possibilidade do oficial ser Cusa, o que justificaria a sua adesão e de toda a sua casa, inclusive os criados aos ensinamentos de Jesus, e Joana, esposa de Cusa, seguir Jesus para onde ele fosse, e cuidar do trabalho próprio das mulheres e contribuir financeiramente com o grupo.

Pastorino levanta um hipótese mais ousada, que Joana fosse uma das irmãs de Jesus, o que explicaria a intimidade do oficial com o Mestre, e lhe facultaria saber dos passos de Jesus, onde se encontrava, para onde ia.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 18, 2012 8:28 pm

Saindo de Nazaré Jesus fixou residência em Cafarnaum, e desta forma mais uma profecia de Isaías foi realizada:
Terra de Zabulon e Terra Neftali, caminho do mar além do Jordão, Galileia dos Gentios.

O povo que jazia nas trevas, viu uma grande luz, e os que estavam sentados na regiões sombrias da morte, para estes raiou a luz.

Carlos Torres Pastorino revela que o significado da palavra Cafarnaum, é a cidade do Consolador.

Jesus fixou residência em Cafarnaum, e na casa de Pedro, encontrou a sua sogra com febre e curou-a.

A beleza desta cura está em que a mulher, sentindo-se curada, levantou-se e pôs-se a servi-los.
Poucos fazem isto.

A maioria, ao ser curado, continua sua vida de mazelas.
Ao sermos beneficiados pelo amor divino, devemos nos colocar ao serviço da vida, da dignidade de viver.

Ao curar um leproso, Jesus mandou-o apresentar-se ao sacerdote, porque era este que fazia o diagnóstico da doença e excluía o leproso (impuro) da sociedade judaica, por isso, era ele que tinha a competência para reinclui-lo.

Na cura do paralítico que foi introduzido na casa pelo telhado, fica a lição belíssima da persistência, da força de vontade.

Mesmo arriscando-se a uma queda de consequências muito séria, o homem pediu a colaboração dos companheiros para levá-lo ao tecto da casa e descê-lo por meio de cordas.

Jesus lhe disse:
- Levanta-te, toma o teu leito e vai para a sua casa.
(acontece que era sábado, e era proibido curar, e, pasmem, era proibido a um homem carregar o seu leito num sábado.)

Jesus contrariou essas pequenas regras, para destacar a maior de todas, Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo.

Torres Pastorino avança mais no sentido esotérico, explicando que o pecador só é perdoado ao esgotar as suas responsabilidades ante a Lei de Causa e Efeito (Karma).

Os sacerdotes e doutores sabiam disto, mas achavam que só Deus poderia perdoar, por isso ficaram estáticos, fora de si, quando Jesus perdoou o paralítico.

Os guias do paralítico subiram por uma escada lateral, externa (fora das religiões oficiais e dogmáticas) e no tecto, afastaram as telhas e desceram o paralítico por meio de cordas.

Jesus mandou que ele se levantasse.
Ele se levantou.

Alguém pode ter pensado que fosse efeito da sugestão, por isso Jesus ordenou.
Toma o teu leito e vai para a sua casa.

Torres Pastorino explica:
- esgotadas as dívidas, o espírito estava ainda indeciso, Jesus ordenou que se levantasse, tomasse a sua cama [i](seu corpo) e fosse para a sua casa (para o seu ambiente espiritual)
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 18, 2012 8:29 pm

Capítulo IX

* Mateus é Chamado

* O Sermão da Montanha

Jesus passando por uma rua vê uma colectoria e sentado, o chefe dos cobradores de impostos (Publicano) e o chama.
Levi (Mateus) abandona o seu escritório e segue o Rabi.

Publicanos eram agentes do tesouro público.

Eram pessoas que compravam do governo o direito de cobrar impostos, pagando antecipadamente, do seu bolso, a quantia estimada pelas autoridades do Tesouro, ficando com o comprador, o risco de recuperar o seu dinheiro.

Segundo Torres Pastorino, o Colector distribuía os seus agentes para cobrar taxas de pedágios, de trânsito de mercadorias, de caravanas do comércio, de alfândegas e etc. dentro do distrito que lhe cabia por direito.

O que arrecadasse era seu, inclusive o superávit (sempre era cobrado a mais.)
Alguns, mais afortunados compravam o direito sobre toda uma província e eram considerados chefes dos publicanos, como Zaqueu.
(Lucas 19: 3).

Eles eram mal vistos pelo povo, pois cobravam muito mais do que deviam.

Os judeus os consideram traidores e apóstatas.

O *Talmude proibia que fossem testemunhas ou juízes nos processos e eram considerados legalmente impuros, por estarem sempre em contacto com os não judeus.

As autoridades faziam vistas grossas às suas roubalheiras, porque a profissão era execrada e arriscada.

Imaginem o impacto causado por Jesus, ao escolher um publicano, como discípulo.

* Talmude – Uma das obras mais importantes do judaísmo pós-bíblico e considerada a interpretação autentica da *Toráh, ou lei escrita.

TORAH – (lei) Os cinco primeiros livros da Bíblia hebraica que contém o essencial da lei mosaica.

Mateus, ou Levi, ofereceu um banquete a Jesus e aos seus colegas, como despedida das suas funções.
Citamos este facto apenas por um ensinamento notável.

Criticado pelos Fariseus e Doutores por estar se banqueteando com publicanos, ladrões e prostitutas, o Mestre cita um aforismo (sentença):
Os sãos não necessitam de médico, mas sim os enfermos.
Depois conclui - Não vim chamar os justos, mas os pecadores.

Examinemos ligeiramente duas sentenças ditas por Jesus:
não se coloca remendo de pano novo (não molhado) em vestido velho!

Isto significa que quando o vestido for lavado, o pano novo vai encolher e repuxar o velho, ficando maior o rasgão.
Da mesma forma trata do vinho novo que vai arrebentar odres velhos.

Lucas acrescenta a frase que a chave do entendimento:
quem experimenta o vinho velho não quer saber do novo, pois o velho é melhor.
(ou seja, acredita que a sua crença anterior é melhor)

Isto quer dizer que para aceitar o Evangelho é preciso que o seguidor do Velho Testamento esvazie o seu entendimento, liberte-se dos preconceitos, (transforme-se num odre novo ou num novo homem, renovado pelo conhecimento), para iniciar um novo aprendizado.

É por isso que muitos tem dificuldades para aceitar o Espiritismo, porque consideram suas doutrinas anteriores melhores.
(vinho velho)

E, se permanecem no Espiritismo, (vinho novo), tentam introduzir práticas das suas doutrinas velhas, ou se perturbam intelectual e espiritualmente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 19, 2012 9:08 pm

O Sermão da Montanha:
- Esta é a mais linda sonata de amor contida nos Evangelhos.

O Mahatma Gandhi, a Grande Alma da Índia, que não era cristão, afirmou que se todos os livros sagrados da humanidade se perdessem, mas não O Sermão da Montanha, nada se teria perdido.

Para escrever as páginas que se seguem, procurei ler vários autores, e embeber-me dos seus pensamentos, inebriar-me da cultura evangélica de cada um deles, e consultar, também, o meu mundo interior, os refolhos de minh’alma;
talvez aquilo que ficou sedimentado em meu ser desde as vidas anteriores, trazendo-as agora ao consciente.

A contribuição maior é de Torres Pastorino, e começamos por ele, que cita Lucas 6:17-26 e Mateus 5: 1-12.
Estes versículos contém As Bem-Aventuranças.

Jesus havia subido a um monte para orar e após passar uma noite em orações, escolheu os 12 discípulos:
Simão Pedro – André – Tiago Maior (mais velho) – João – Filipe – Bartolomeu – Tomé – Mateus – Tiago Menor (mais novo) – Tadeu – Simão Cananita e Judas Iscariot.

Lucas diz que Jesus desceu a um lugar plano onde encontrou uma multidão.

Mateus afirma que Jesus, ao ver a multidão, subiu a um monte.
Um facto tão simples e nos parece contraditório.

Afinal, Jesus desceu ou subiu?

É simples:
ao descer, Jesus chegou ao entendimento dos mais humildes, falando das coisas objectivas, que compunham a vida daquelas pessoas vulgares.

Ao subir, alcançava os mais evoluídos, falando das coisas transcendentais.

Como não queremos nos tornar cansativos, vamos abordar a face mais elevada, procurando sintetizar os nossos comentários.

Bem Aventurado os pobres de espírito:
Carlos Torres Pastorino traduz como mendigos do espírito, o que implora a Deus a esmola do conhecimento, da sabedoria, ou poderíamos dizer como Sócrates, aqueles que sabem que nada sabem.

As demais bem-aventuranças, elas se referem ao acto de subir.
Jesus não falava de recompensas após a morte, pois, no plano espiritual não se farta de bebidas ou de comidas e nem se fica feliz com o sofrimento dos outros.

Jesus falava, sem a menor sombra de dúvidas, das vidas sucessivas, da reencarnação.

Os pobres, os infelizes, os oprimidos, os injustiçados, os que choram, poderão, nas vidas futuras serem saciados, felizes e sorrirem.

Também não basta chorar para ser Bem-aventurado.
Geralmente os que choram são fracos, mas com o aprendizado através das reencarnações, se tornarão fortes e rirão de seus tempos de angústias.

Visto de uma forma um pouco mais simples, podemos entender a alternância das reencarnações.

Ora somos ricos, ora pobres.
Ora desgraçados, e depois felizes.

Huberto Rohden traduz a primeira Bem-aventurança por – Bem-aventurados os pobres pelo espírito.
Rohden faz um ácido comentário sobre a ignorância dos tradutores, e chama de arrogantes profanadores os que deturparam uma das mais sublimes mensagens do Cristo.

Afirma que nem no texto grego do primeiro século, nem na tradução latina da Vulgata, se encontra o tópico “pobres de espírito”, e sim, pobres pelo espírito, ou pobres segundo o espírito.

Cairbar Schutel, no Parábolas e Ensinos de Jesus, comenta:
- Os pobres de espírito são os humildes que nunca mostram saber o que sabem, e nunca dizem ter o que tem;
a modéstia é o seu distintivo, porque os verdadeiros sábios são os que sabem que não sabem.

(um pouco à frente): sem a humildade nenhuma virtude se mantém.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 19, 2012 9:09 pm

A humildade é o propulsor de todas as grandes acções e rasgos de generosidade, seja na Filosofia, na Arte, na Ciência, na Religião.

Nosso intuito não é examinar o Evangelhos passo a passo, mas destacar alguns pontos e comentá-los, assim como colocar opiniões diversas, de autores consagrados ou não.

Os mansos herdarão a Terra.

Isto significa que a Terra, um dia, será depurada, dos maus, violentos, opressores, dominadores, para ser um refúgio de paz.

Mansidão não é covardia, não é omissão, mas segurança de quem sabe para que está na Terra e como conquistar a sua evolução.

Contudo, sem a reencarnação não é possível entender essa bem-aventurança.

Nas vidas futuras, um dia, herdaremos um mundo pacífico.

Recorremos novamente a Cairbar Schutel:
“A delicadeza e a civilidade são filhas diletas da mansidão.

— Os mansos e os humildes de coração possuirão a Terra, porque se elevam na hierarquia espiritual e se constituem outros tantos propugnadores invisíveis do progresso de seus irmãos, guiando-lhes os passos nas veredas do amor e da ciência — nobres ideais que nos conduzem a Deus.

— É da cólera que nasce a selvajaria que tantas vítimas tem feito.
Da mansidão vem a indulgência, a simpatia, a bondade e o cumprimento do amor ao próximo”.

Comenta Del Chiaro:
- Sabendo que somos herdeiros de nós mesmo, podemos afirmar que o mundo actual, que é violento, corrupto, pornográfico, injusto, cruel, foi feito à nossa imagem e semelhança.

Nós, colectivamente, através das vidas sucessivas, construímos esse mundo, e cabe-nos implodi-lo, metaforicamente falando, e construir um mundo novo, de paz, harmonia, bondade, justiça social e amor. Um mundo onde ninguém morra de fome, nem mesmo de fome de aceitação e amor.

Um mundo onde todos tenham o suficiente para viver com dignidade, e ninguém seja desprezado, humilhado, oprimido.

Apenas como curiosidade vamos lembrar que sobre essa herança falam:
David – Salmo 37: 11
— Os mansos herdarão a Terra e se deleitarão na abundância da paz.

Isaías - 65: 9
— Meus escolhidos herdarão a Terra e meus servos nela habitarão

Provérbios 2: 21 – 22
– porque os homens rectos habitarão a Terra e os íntegros nela permanecerão.

Huberto Rohden comenta:
- Indício infalível da verdadeira auto realização é a mansidão.

O homem que encontrou o seu Eu divino é necessariamente manso.
A mansidão consiste na desistência de qualquer violência, tanto física como mental, e sua substituição pela força do espírito.

Rohden diz ainda:
- Podem os violentos conquistar a Terra, apoderar-se dela à força de armas e carnificinas — mas eles nunca possuirão a Terra, e menos ainda os homens da terra.

O verdadeiro possuir não é um acto físico, material, mas uma atitude metafísica, espiritual.

Pastorino afirma que a tradução correcta da bem-aventurança
— Os que tem fome e sede de justiça, é:
os que tem fome, que aspiram a perfeição, os que desejam o ajustamento, no sentido de justeza.

Huberto Rohden diz que não se trata de justiça como coisa jurídica, mas de relação, atitude justa e recta que o homem assume em face de Deus.

Os misericordiosos são aqueles que distribuem bondade, bênçãos à mão cheias sobre todos indistintamente.
Fome de justiça é contraditório com a misericórdia.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 19, 2012 9:09 pm

Rohden afirma:
- Quanto mais o homem dá na horizontal, mais recebe, na vertical.
Existe uma lei cósmica que produz infalivelmente o enriquecimento do homem que em si mantém permanentemente uma atitude doadora, que está sempre disposto a dar do que tem e a dar do que é, ou seja, ajudar os seus semelhantes com os objectos que possui e com o amor do próprio sujeito que ele é.
- Não basta fazer o bem (dar objectos)
é necessário também ser bom (dar o sujeito).

Os limpos de coração não significa castos no sentido sexual.
O sexo é lei divina e não tem nada de impuro, a não ser quando o homem ou a mulher torna-se abjecto.

Limpo de coração representa o desapego completo.
É aquele que é bom, isento de maldades.

Os Pacificadores são aqueles que tem a paz dentro de si e distribui essa paz, vibra harmoniosamente e não se deixa dominar pela zanga, pela ira, pelo ódio. Os pacificadores são os construtores da paz.

Nossa ligação com Deus, através de um Mestre como Jesus, sofre intermitências.

Só será definitiva e completa com a nossa evolução, quando formos firmemente cósmicos, quando o plano divino, no corpo ou fora dele, o que será possível através das vidas sucessivas.

Todos os que adentram o caminho dos conhecimento superior, mesmo que seja um ou dois passos, são perseguidos, execrados, injuriados por tentar viver em rectidão.

São felizes porque a perseguição apressará a sua evolução.
Porém, a oposição ao nosso progresso não é apenas externa (vinda de outras pessoas), mas também interna (nossas tendências, vícios, desejos), o que configura a estrada estreita.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jun 20, 2012 9:31 pm

Capítulo X

* Continuação do Sermão da Montanha

* Sal da terra.

Vós sois o sal da terra
– começa assim o versículo 13 do capítulo 5 de Mateus.
Marcos assinala no capítulo 9 v. 50 e Lucas no 14:34.

O sal é um condimento (cloreto de sódio) e serve para dar sabor e também para conservar os alimentos, para que não se deteriorem.

O sal é tão importante que a palavra salário deriva da quota de sal que os trabalhadores e os soldados recebiam por seus serviços na antiguidade.

Jesus considera seus reais seguidores como o sal, porque eles devem dar sabor à vida e conservá-la, cuidando da pureza do seu pensamento.

Pedro de Camargo (Vinícius) no seu livroNas Pegadas do Mestre, comenta que o sal não se corrompe, mesmo em contacto com a corrupção, e assim, diz ele, deve ser o cristão, ou seja – bom no meio dos maus;
justo no meio dos injustos;
probo no meio da iniquidade;
prudente no meio dos insensatos;
altruísta no meio dos egoístas;
virtuoso no meio de todos os vícios.

Diz ele ainda:
- O sal nunca recebe; dá sempre.
Misturai-o com o açúcar e esta torna-se salgada, mas o sal não adoça.

O cristão, como o sal está no mundo para dar, e não para receber.

A. D. Chiaro Filho coloca assim seu comentário:
- para ser o sal da terra precisamos trabalhar para dar sabor a vida.

Entendemos dar sabor a vida como construir vida digna para todos.

Lutar (sem armas) para que todos tenham o suficiente para viver com dignidade.

Criar um mundo onde ninguém morra de fome, nem mesmo de fome de amor.

Onde todos, sem excepção tenham onde morar, o que comer, o que vestir, assistência médica, emprego, escola em todos os níveis, lazer, respeito humano, aceitação, amor.

Se houver quem por preguiça passe fome ou viva mal, a sociedade terá que educá-lo.

O Livro dos Espíritos afirma:
- Numa sociedade regida pelas leis do Cristo, ninguém deveria morrer de fome.

Ser conservadores da vida é uma tarefa de todos, por isso temos que nos opor às injustiças, às perseguições.

Temos que eliminar a pobreza, acabar com os privilégios, mantendo apenas o privilégio de servir.

Podemos dizer, também, que o sal da terra deverá destacar a vida espiritual do homem.

Não somos a matéria que compõem o nosso corpo.
Usamos a matéria, mas não somos matéria.

Dar ao homem a oportunidade de descobrir a sua espiritualidade, é condimentar a vida, dando-lhe sabor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jun 20, 2012 9:32 pm

Mas em tudo é preciso ter a medida certa, pois, assim como o excesso de sal estraga o sabor do alimento, o excesso deste sal da terra, pode tornar a vida intragável.

Vós sois a luz do mundo:
- Mateus registou este ensinamento no capítulo 5: 14-16 e Lucas no 11:33 – 36.

As anotações de Lucas vão um pouco além, porque ele acrescente:
- a lâmpada do corpo é o olho.
Quando o olho é simples todo o teu corpo é luminoso
(leia no Evangelho).

Carlos Torres Pastorino, na sua obra já citada – comenta:
- A luz tem como finalidade, tanto quanto o sal, servir aos outros, e não a si mesma.

Para que a luz produza o seu efeito, é mister que esteja colocada no alto, e não escondida em baixo de um balde.

No adendo de Lucas, Pastorino comenta:
- se os olhos forem simples, no sentido de limpos, puros, sem malícia, todo o corpo será luminoso.

Se forem enfermos
(maliciosos, maldosos), a criatura ficará em treva.

Por exemplo:
- quando alguém vê duas criaturas se amando com simplicidade, sem malícia, admira o amor, tudo permanece em luz.

Mas, se nesse amor, quem olha coloca malícia, o amor continuará a brilhar com pureza, mas a criatura que maldou será invadida pelas trevas da malícia que só existe nela mesma.

Del Chiaro comenta:
- A luz ilumina o ambiente.

A luz referida por Jesus de Nazaré deverá iluminar nossa consciência e a consciência do mundo.

Mas, para iluminar o exterior precisamos antes nos iluminar interiormente.
Ainda há muita escuridão em nosso mundo interior.

Quando o nosso olho é mal, vê maldade em tudo, até onde ela não existe.

Só o conhecimento superior da vida pode iluminar o nosso interior.
A Doutrina Espírita é um excelente curso superior do conhecimento da vida.

A LEI E OS PROFETAS:
- Não penseis que vim revogar as leis e os profetas;
não vim revogar, mas completar.

Precisamos entender que Jesus não se referia apenas à lei mosaica.

Jesus veio dar complemento e um novo impulso a todas ideias religiosas dos grandes missionários que nasceram na Terra.
Torres Pastorino prefere situar no campo do Mosaísmo, porém, ele traduz por completar, e não cumprir.

Ele não veio apenas para cumprir, mas completar.
Ele estranha a tradução que afirma que aquele que violar um pequeno mandamento entrará no Reino do Céu, mas será chamado mínimo.

Ele afirma que o verbo grego usado nesta passagem tem o significado de soltar, solver, resolver, solucionar, aclarar, explicar.

Secundariamente pode ser traduzido por violar, também, mas o contexto não permite esse sentido.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jun 20, 2012 9:32 pm

As ofensas:

Mateus, ainda no Cap. 5: 20 – 26 Jesus faz várias advertências, começando assim:
- Tendes ouvido o que foi dito:
- Não matarás, e quem matar está sujeito a julgamento, mas eu vos digo que todo aquele que se ira contra o seu irmão estará sujeito a julgamento.

Depois Jesus enumera as ofensas, raca e tolo dizendo que os ofensores estarão sujeitos ao julgamento do Sinédrio e a Geena de fogo.

O Iogue Ramacharaca, no livro, Cristianismo Místico, afirma que o desejo, o pensamento é a semente do acto.

Desejar matar uma pessoa é pecado como o acto de matar.

Torres Pastorino, traduz, que se magoa, no lugar de irar, mostra que existe o homicídio moral, que é passível de resgate doloroso.

Conforme a gravidade da falta é a severidade da pena.

Diz Pastorino:
- quem se magoa ficando ressentido e não perdoa, não esquece, mesmo ficando calado, perde a sintonia interna com Deus, que é amor.

Quando nos iramos e dizemos falsidades ou ofensas contra o nosso adversário e induzimos as pessoas a um juízo erróneo sobre ele, baseado no que dele falamos, somos responsáveis por um Karma colectivo, resgatado no vale de lágrimas
(planeta Terra).

Na sequência do Evangelho, Jesus ensina que aquele que estiver diante do altar e lembrar que alguém tem alguma mágoa contra ele, deixe ali a sua oferta e vá reconciliar-se com o seu irmão, e depois faça a sua oferta.

Ele completa o ensinamento dizendo que façamos as pazes com o nosso adversário enquanto estamos no caminho com ele, ou seremos encerrado na prisão e dali não sairemos até que seja pago o último ceitil. (centavo).

Estes ensinamentos demonstram que a prece e a adoração não tem valor quando o nosso coração está pejado de ódio e rancor.

De nada adianta os actos exteriores se o coração não participar, e ele não pode participar se estiver cheio de rancor, despeito, mágoa, tristeza.

Nosso corpo é o Templo vivo do Criador — nosso coração é o altar — logicamente não falamos do coração músculo cardíaco que bombeia o sangue para todo o corpo, mas o coração sentimento, que se liga ao coração músculo.

Nenhum acto de adoração, de amor a Deus terá validade se não formos capazes de perdoar e amar o nosso próximo, independente dele nos amar ou não.

Se amares somente os que vos amam, que fareis demais?
Os gentios também amam os que os amam.

Quanto ao “fazer as Pazes” com o adversário significa que quem odeia, fica magoado, constrói uma prisão em torno de si.
Ficar preso ao adversário para quitar a nossa dívida, consagra o princípio da reencarnação e a lei de causa e efeito.

Estar no caminho com o adversário é estar reencarnado com ele na vida presente.

Geena de Fogo:

- Pastorino apresenta explicações sobre o Geena referido por Jesus, ou o Vale dos Gemidos, que já aparece no Antigo Testamento, desde Josué.

Tratava-se de um Vale ameno e verdejante e no fundo corria um regato preguiçoso, de águas limpas, o Kidron ou Cedron.

No meio de vale foi construído um altar ao deus Moloch ou Baal – onde eram queimadas pequenas vítimas, crianças de colo, para aplacar a terrível divindade.

O ídolo de bronze fundido, tinha o ventre oco e as mãos espalmadas.

Uma grande fogueira era acesa no interior do ídolo e quando o metal estava rubro pelo calor, depositava-se uma criancinha viva nas suas mãos espalmadas.

Afirma Pastorino que Reis dos judeus, como Manassés e seu filho Acaz, ali queimaram os seus próprios filhos em honra ao ídolo.

Contra esse costume desumano, Jeremias protestou revoltado.

O Rei Josias destruiu o local do culto fazendo do vale o depósito de lixo de Jerusalém, o monturo, onde lançavam os cadáveres de animais, sendo tudo queimado para não empestar a natureza.

Depois da morte de Josias o culto a Moloch foi reactivado, Ezequiel 20: 30 – 31 ameaça os israelitas por essas crueldades inomináveis mas novas perseguições aos sacerdotes do ídolo foram desencadeadas.

Devido o gás metano, produzido pela deterioração do lixo, o fogo mantinha-se aceso permanentemente, daí o simbolismo do fogo que não se extingue, que foi aproveitado para a figuração do inferno.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 21, 2012 8:23 pm

Adultério e Divórcio:

- Mateus 5: 27- 32.
Tendes ouvido o que foi dito:
- não adulterarás.
Eu porém vos digo que todo o que olha uma mulher casada, cobiçando-a, já adulterou com ela em seu coração.

Se pois o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti, pois te convém mais que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no Vale dos Gemidos –
etc. etc. etc.

- Lucas 16: 18.
Fala sobre a carta de divorcio e o adultério do homem e da mulher que se casar com o divorciado.(a).

Devido a herança judaica-cristã sobre sexo – divórcio e adultério, estes assuntos causam arrepios na maioria das pessoas.

É um assunto no mínimo, desconfortável.

Na antiguidade, especialmente nos tempos bíblicos, a mulher era uma mercadoria, propriedade do homem, e por isso o adultério era visto como um roubo.

O marido, proprietário da mulher, era lesado pelo adultério e por isso podia exigir reparação.

O adultério só acontecia nos casos de mulheres casadas ou noivas, já que este era um compromisso muito sério.

A mulher solteira, viúva ou livre, não cometia adultério, no caso de manter relações sexuais com algum homem.

No caso de moça solteira, se houvesse flagrante do acto sexual, o homem era obrigado a pagar uma multa (50 ciclos de prata) ao pai da moça, seu proprietário, e casar-se com ela, não importando quantas esposas tivesse, pois, poderia ter quantas pudesse manter.
(Deuteronómio 22: 28 – 29) simplesmente comprava mais um propriedade, ao pai, antigo dono da donzela.

No caso de serem apanhados adulterando, o homem e a mulher deveriam ser apedrejados até a morte.
(Levítico 20: 10 Deut. 22: 23)

Jesus não aprova essa barbaridade:
- prefere o perdão.
(João:8: 1 – 11)

O tema é tão forte que nos leva ao caso em que levaram uma mulher ante Jesus, dizendo que ela foi apanhada em flagrante adultério, e Moisés mandava apedrejá-las até a morte.

- E tu? O que dizes?
Jesus agachou-se e começou a escrever com o dedo na areia, permanecendo em silêncio.
A situação era uma armadilha.

Se Jesus mandasse libertá-la estaria contrariando Moisés.
Se mandasse lapidá-la, seria acusado de impiedoso.

Os homens insistiram e Jesus sentenciou:
- aquele dentre vós que estiver sem pecado, que seja o primeiro a apedrejá-la.

Dito isso voltou a escrever na areia.
Os homens permaneciam ali impassíveis.
Depois, pouco a pouco começaram a se retirar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 21, 2012 8:24 pm

O que Jesus teria escrito na areia?
Del Chiaro, num artigo, escreveu romanceando:
- Jesus conhecia cada um daqueles homens velhos ou jovens.
Conhecia-os, também, na transcendência.

O primeiro que ficou curioso e foi verificar o que Jesus havia escrito, assustou-se, pois ali estava escrito:
- Simeão, você também tem adulterado.
- O adultério dorme na sua cama Jacó, quando jovem você adulterou muitas vezes com uma mulher casada.

- Efraím: você adultera o seu vinho, deitando-lhe água.
- Eleazar, embora jovem você mente e adultera no peso e na medida das suas mercadorias...

Um a um que via o seu nome afastava-se envergonhado.
No fim ficaram apenas Jesus e a mulher.

O Mestre pergunta:
– Onde estão os teus acusadores?
Ninguém te condenou?

– Não Mestre.
– Eu também não te condeno, vai e não peque mais, para que não te aconteça coisa pior.

Quem era a mulher adúltera?

Alguns pesquisadores dizem que era Maria de Magdala.
Outros que era a mulher que lavou os pés de Jesus com as suas lágrimas.

Outros que Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro.
Somos de opinião que não era nenhuma delas, mas uma outra mulher.

Como ficou consagrado que Madalena era prostituta, embora N. A.Wilson, no livro:
Jesus – Uma Biografia, afirme que não há provas de que Madalena fosse mulher de vida irregular – e a mulher do vaso de alabastro fosse provadamente prostituta – elas não poderiam ser a mulher adúltera, pois mulheres livres não adulteravam, nem as solteiras, mas, somente as noivas e as casadas, conforme já vimos anteriormente.

O Iogue Ramacharaca – no livro Cristianismo Místico – demonstra idéias fechadas sobre o tema.

Segundo ele, os ocultistas só aceitam a relação sexual para procriar.

Tudo que estiver fora disto, diz ele, é abuso e será castigada.

Jesus só admitiu o divórcio em caso de infidelidade da mulher.
A lei Mosaica permitia por outras causas.

Nada se fala sobre a vontade dos dois em se divorciarem.

O homem podia repudiar a sua esposa e dar-lhe carta de divórcio, mas a mulher não tinha esse direito.

A. N. Wilson afirma, parecendo-nos com certa dose de ironia, que Jesus era fanaticamente monogâmico.

Allan Kardec, em O Evangelho Segundo O Espiritismo, tem uma visão mais compreensiva dos problemas humanos e aceita claramente o divórcio, que nada mais é que a concretização exterior do que já havia acontecido na intimidade.

Quando a lei do amor não é considerada, não se pode dizer que Deus uniu o casal.

*O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, vai ainda mais fundo na questão:
Diz que nos equivocamos ao acreditar que Deus nos obriga a viver com quem nos desagrada.

Indagado por Kardec, os espíritos concordam que quase sempre há uma vítima inocente, mas a sua infelicidade recairá sobre aqueles que lhe deram causa.

* O Livro dos Espíritos Uniões Antipáticas – Perguntas 939 a 940ª

Jesus procurou atenuar o bárbaro costume da lapidação pela carta de desquite.

A fortíssima figura de arrancar o olho, cortar a mão, o pé, (hipérbole) que for causa de escândalo, mais uma vez destaca a reencarnação, pois refere-se “entrar na vida”.

Nascer (de novo) cego, coxo, maneta para corrigir-se dos erros e das tendências ruins.
Configuram situações que inibe a nossa acção no mal, porém não impede, muitas vezes, o desejo de fazer o mal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jun 21, 2012 8:24 pm

Capítulo XI

* Ainda O Sermão da Montanha


* Olho por Olho...

Mateus no Capítulo 5: 38 a 42 e Lucas 6: 29 – 30 assinalam a não resistência.

Pessoalmente acreditamos que os conselhos de Jesus, de voltar a outra face, de entregar a túnica quando nos querem tirar a capa, de amar o inimigo, é dirigido ao homem próximo a tornar-se cósmico.

Ubiratã Rosa, nosso querido amigo, costuma dizer que não resistir ao homem mal é não tentar mudar os outros, nem a si mesmo, à força.

É uma atitude passiva, mas não apática, porém, interessada.

Voltar a outra face, sofrer prejuízos sem reclamar, é condição do homem muito evoluído.

Para os homens comuns já é um grande ganho não devolver o mal recebido, e sim, perdoar.

Mateus continua no Capítulo 5: até o versículo 48
— Ouviste o que foi dito, amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo;
eu porém, vos digo:
amai o vosso inimigo e orai pelos que vos perseguem e caluniam —.

O discurso de Jesus prossegue elevando o amor ao mais alto grau.

Lucas assinala o mesmo discurso no Capítulo 6: 27 e 28.
A obrigação de amar ao próximo como a si mesmo, vai agora até a sublimidade do amor aos inimigos.

Nestes passos do evangelho, aparece largamente a caridade, a tolerância, o perdão incondicional.

Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo 12
– Amai os Vossos Inimigos, coloca sabiamente que é impossível ter-se pelo inimigo a mesma ternura que se tem pelos amigos.

Outro ensinamento importante de Kardec no capítulo XII do livro já citado, é a existência dos inimigos desencarnado.

Todas as proposições de Jesus, que nos parece serem impossíveis de serem aceitas agora, serão no futuro.

Huberto Rohden, no seu livro, Sermão da Montanha, coloca o ensinamento a nível colectivo, de nações, e de sociedades constituídas.

Na abertura do capítulo, Não Resistais ao Maligno, ele faz uma revelação chocante.

Vamos mostrar nas palavras do próprio Rohden:
- “No número de abril de 1959, da célebre revista mensal Stmmen der Zeit, dos padres jesuítas alemães, aparece um artigo, da autoria do jesuíta P. Hirschmann, provando que a guerra atômica pode ser lícita, no caso que seja necessária para salvar o cristianismo sobre a face da Terra.

No mesmo sentido escreve o jesuíta P. Gundlach, que foi conselheiro espiritual do Papa Pio XII , afirmando que a guerra atômica, e mesmo a extirpação de um povo inteiro (naturalmente a Rússia, na época) é não somente lícita, mas pode até ser dever de consciência, no caso que esse povo seja um impedimento para o triunfo do cristianismo.

Mais à frente Rohden comenta:
- “Por onde se vê que esses doutores em teologia eclesiástica são perfeitos analfabetos na suprema sabedoria do Sermão da Montanha, e do Evangelho do Cristo em geral.

O Gentio, Mahatma Gandhi, não permitindo a morte de um só homem para libertar a Índia, compreendia mil vezes melhor, o Espírito do Cristo, do que esses chamados cristãos.

Gandhi aceitava o Cristo, mas não o Cristianismo.
Não resistais ao maligno!...

Rohden afirma que nenhuma igreja, nenhum Estado cristão aceitou até hoje, essa Doutrina do Divino Mestre.

Todos praticam a violência, por sinal que todas as sociedade civis e eclesiásticas se guiam, até hoje, pela lei do Talião, estabelecida por Moisés, olho por olho, dente por dente.

Não resistir ao maligno é, pois, uma ordem que visa directamente o indivíduo em vias de cristificação.

(O pensamento de Rohden coincide com o nosso, exposto linhas acima).
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 22, 2012 9:46 pm

Rohden fala, ainda, sobre a matemática absurda de Moisés:
- se alguém me furar um olho ou quebrar um dente, eu devo furar-lhe um olho e quebrar-lhe um dente para que fique quite.

Está errado:
- um negativo dele, mais um negativo meu, somam dois negativos.

Isto quer dizer que criamos dois males no mundo.
Mais cada ofensa exige uma outra, vamos piorando o mundo.

Jesus ensina que o negativo (mal) só se anula com o positivo (bom).

O Mahatma Gandhi, justamente por ser uma grande alma, compreendeu e praticou admiravelmente essa matemática espiritual do Cristo, dando à não resistência o nome sanscrito de ahimsa.

Discorrendo sobre a caridade, Jesus aconselhou que uma das nossas mãos não soubesse o que faz a outra.

Fala da acção caridosa discreta, sem exibicionismo, sem humilhar o beneficiado.

Jesus ensina que não devemos exigir, nem esperar agradecimentos ou reconhecimentos.

Contudo, por nossa vez precisamos aprender a ser gratos quando somos beneficiados, pois, quem não sabe agradecer, acaba sendo esquecido pela vida.

Na sequência, Jesus discorre sobre a oração.

Mateus Capítulo 6:5-15 - Marcos 11:25-26 e Lucas 11:1 a 4
— É neste passo que Jesus ensina a oração do Pai Nosso

Lucas também apresenta o Pai Nosso, mas o que queremos destacar são os escritos de Mateus:
- Tu, porém, quando orardes, entra em teu quarto e, fechada a porta, ora a teu Pai que está no secreto, e teu Pai que vê no secreto, te retribuirá (na luz plena).

Pessoalmente estranhávamos esta passagem, pois quantos existem que não podem se fechar em seu quarto, porque não tem um, ou nem mesmo tem uma casa.

Até que compreendemos que não se referia a um cómodo de uma casa, mas ao interior do homem.

Ao interiorizar-se o homem expande-se ao infinito, alcança a amplidão dos espaços sem fim.

Existe uma diferença entre orar e rezar.
Rezar é repetir palavras decoradas segundo fórmulas determinadas.

É produzir eco que a brisa dissipa, como sucede à voz do sino que no espaço se espraia e morre.

ORAR é sentir.
E o sentimento é intraduzível.
(Estas belas palavras é de Vinícius, no livro Em Torno do Mestre).

Jesus fala também sobre o jejum.

Hoje não nos preocupamos com o jejum de alimentos, que, naquela época era preceito religioso, mas sim, com o jejum dos maus pensamentos, dos maus desejos, da imoralidade, da violência, da corrupção, da maledicência.

Com referência à oração e ao jejum, o Mestre rebela-se as falsas aparências.

Se hoje não mais desfiguramos o rosto ou derramamos cinzas na cabeça, ainda fazemos uma cara compungida ou exibimos um palavrório pedante nas preces.

Há quem diga que é inútil orar, pois Deus não muda as suas leis para atender este ou aquele.

Ledo engano. Em primeiro lugar a prece não é apenas para pedir.
Além disto, a prece cria em torno de nós uma atmosfera psíquica que nos protege e alimenta espiritualmente.

Ali por volta dos anos 60 do século XIX – um grupo espírita, em Paris, propôs que o Espiritismo eliminasse a prece, por ser inútil, mesmo a de agradecimento, porque, segundo o grupo, se alguém recebe alguma coisa é porque merece, por tanto, é inútil agradecer.

Allan Kardec escreveu um forte artigo em favor da prece, dizendo que renunciar à prece, é renunciar à nossa ligação com os nossos entes queridos desencarnados e aos nossos protectores espirituais.

Lembremo-nos, também, da advertência de Jesus, no caso de estarmos orando e lembrarmos que alguém tem alguma coisa contra nós, que devemos ir procurar essa pessoa e fazermos as pazes ou consertarmos a situação, e depois fazermos nossa prece.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 22, 2012 9:47 pm

Capítulo XII

* Sequência do Sermão da Montanha

* Tesouros e Outros.


Jesus prossegue no mesmo discurso, e Mateus regista no capítulo 6: 19 a 24.
Jesus fala sobre tesouros e sentencia:
- Não ajunteis para vós tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem os consomem, e os ladrões penetram e roubam.

Lucas, no capítulo 12:32 a 34 – mas especialmente no 34, diz:
... porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
(ver Evangelho).

Não é difícil entender (pelo intelecto), que os bens da terra tem valor efémero, porque, na verdade, não nos pertence, pois deixamos tudo aqui quando desencarnamos (morremos), mas é difícil, muito difícil entender no coração, porque arranjamos mil desculpas para apegar-nos e não sentirmos nenhum remorso.

O tesouro do avarento é o seu dinheiro.
Do alcoólatra é a bebida.
Do sensualista é os gozos.
Outros colocam seu tesouro na fama, no poder, na glória e etc.

Na verdade, o maior perigo está na sedução, na atracção das coisas materiais.

Se possuíssemos as riquezas, sem nos escravizarmos a elas, se não permitíssemos que ela nos possuíssem, não haveria nenhum mal.

Allan Kardec, afirma que a prova da riqueza é muito mais perigosa do que a pobreza, porque faculta facilidades, gozo, poder, abuso de toda espécie, que o pobre não tem dinheiro para comprar, por isso se isenta dessa responsabilidade.

Contudo, não ficará isento se não as pratica somente porque não tem recursos.

Se os ricos podem ser condenados pelo apego daquilo que possuem, os pobres, com mais razão, podem ser condenados por se escravizarem aos bens que não possuem.

Acreditamos que quando Jesus afirmou:
- Não vos preocupeis com vossas vidas, pelo que haveis de comer ou beber, nem com o vosso corpo, pelo que haveis de vestir:
não é a vida mais que o alimento e o corpo mais que a roupa?
Olhai as aves do céu...

(Mateus 6:24-34 e Lucas 12:22-31) não pode ser entendido conforme a letra que mata, e sim, conforme o espírito que vivifica.
Do contrário seria a consagração da ociosidade.

Não devemos ser escravos das riquezas, mas não devemos, também, ser pesado para ninguém, ou para a sociedade.

O ideal é que aprendêssemos a viver sem precisar de muitas coisas, sem invejarmos o próximo, sem ter ansiedades e preocupações que nos desgastam.

Paulo diz em uma das suas cartas:
- sei viver na pobreza e sei viver na abundância.

Homens cósmicos não precisam de propriedades para viver.
Jesus não tinha uma pedra onde repousar a cabeça.

Budha nasceu rico e abandonou o seu palácio com as suas riquezas.

Gandhi, ao morrer deixou como herança, uma tigelinha onde comia o seu iogurte de leite de cabra, uma colher de cabo quebrado, um lençol em que envolvia seu corpo, um par de óculos e um par de alpercatas, pois, a cabra que o servia dando-lhe o leite, não era dele, e sim de um amigo que lhe emprestara.

Contam que um sábio grego, da antiguidade, estava sentado sobre uma grande pedra vendo a sua cidade arder em chamas, num incêndio devastador.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jun 22, 2012 9:48 pm

Ele observava o vai e vem das pessoas tentando salvar os seus bens, quando alguém lhe perguntou se ele não ia salvar seus pertences, e ele respondeu que tudo que ele possuía estava com ele, em seu coração e sua mente.

Huberto Rohden explica que o homem profano está fora, à frente do Templo, mas não quer entrar porque é dominado pela matéria.
Quer possuir, gozar, usufruir, tirar vantagem de tudo, enriquecer de qualquer maneira, mesmo por meios desonestos.

O homem místico agarra-se às coisas que julga ser do espírito e despreza o mundo, torna-se misantropo.

Gosta de exibir a sua pobreza.
Veste-se mal, come mal, e o sexo causa-lhe repugnância, utilizando-o apenas para procriar.

O homem cósmico, que já passou pelas duas fases precedentes, é espiritual, mas não despreza o mundo e nem as suas riquezas, mas não se deixa seduzir ou escravizar por elas.

Rohden, diz ainda, no seu livro O Sermão da Montanha:
- Esse homem (cósmico) não precisa mais lutar pelas coisas necessárias, porque a natureza, amiga e aliada, lhe abre o tesouro das suas forças secretas, e lhe fornece espontaneamente e jubilosamente, todas as coisas de que ele tem mister, a fim de poder dedicar o melhor do seu tempo e das suas energias à causa magna do reino de Deus e sua justiça.

Num outro texto ele diz:
- O homem que trabalha para implantar o Reino de Deus na Terra, não precisa se preocupar com o que necessita para viver, porque aquilo que ele necessita, o procura.

Em outro passo do Evangelho, opina Del Chiaro, Jesus afirma:
- Procurai em primeiro lugar o Reino dos Céus e a sua justiça e tudo o mais lhe será dado por acréscimo de misericórdia.
Ou conforme outros, lhe será acrescentado.

Ora, o que Jesus falou sobre o Reino dos Céus, ou o Reino de Deus, que é uma só coisa?
Ele disse que o Reino não vem com aparências exteriores, depois afirma:
- O Reino de Deus está dentro de vós.

Então essa justiça deverá estar dentro de nós.
Temos que ser justos e viver com justeza.

Não se trata de julgamento jurídico, conforme diz Rohdem em outra passagem, mas justeza, lealdade, compreensão, fraternidade, aceitação, amor.

É ser o sal da terra e a luz do mundo.
Ajuntai para vos tesouros no céu, onde não enferrujam e nem o ladrão penetra para roubar.


O Espiritismo ensina que não devemos ajuntar riquezas egoisticamente, mas sim em família.
Entendamos que não se trata de família pelo sangue, mas família em humanidade.

Kardec deixa bem claro que uma propriedade só é legítima quando foi adquirida sem prejuízo de ninguém.

Quando Kardec questionou os espíritos sobre os bens recebidos em herança, eles responderam que é preciso verificar se a riqueza não foi usurpada de alguém na sua origem.

No entanto, o discurso de Jesus prossegue, e Mateus registou no capítulo 7:1 a 5 e Lucas aborda o mesmo assunto no capítulo 6:37 –38 – e retoma nos versículos 41-42
(ver Evangelhos).

Não julgueis para não serdes julgados.

A lição é simples, não trata de julgamento jurídico feito por um magistrado, e sim no nosso julgamento, que estamos propensos a nos julgar melhores que as outras pessoas.
O que Jesus adverte é sobre o julgamento leviano, vulgar.

Na passagem há uma advertência da lei de causa e efeito:
se julgamos levianamente alguém, estamos sujeitos a sermos julgados levianamente por outras pessoas.

Naturalmente, não é preciso que tenham que existir levianos, mas a lei maior aproveita as disposições levianas das pessoas, para que, no contacto social, castiguem-se mutuamente. Se não existissem levianos que julgam mal o seu próximo, não haveria esse tipo de resgate.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jun 23, 2012 9:57 pm

Jesus de Nazaré usa uma hipérbole, para falar daqueles que tem graves defeitos e ficam a apontar os defeitos menores do seu próximo.

Porque vês o cisco no olho do teu irmão e não percebes a viga que tens no teu?
Hipócrita, tira primeiro a viga do teu olho e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão.
(tradução do Pastorino dos versículos 3 e 5 de Mateus).

A. N. Wilson, considera a hipérbole exagerada (toda hipérbole é exagerada) dizendo que certamente Jesus não era um carpinteiro, pois, se fosse, conheceria a imensa diferença existente entre um cisco e uma trave ou viga.

Mateus 7:6 coloca nos lábios de Jesus palavras muito duras, fazendo com que muitos pensem que elas não são de Jesus.

Não deis o que é santo aos cães, nem lanceis vossa pérolas diante dos porcos...
(ver Evangelho).

Acreditamos que o que ele quer dizer é que existem pessoas evolutivamente tão atrasadas, que não tem condições de compreender as coisas superiores do espírito.

Podem mesmo voltar-se contra o seu benfeitor e instrutor e despedaçá-lo, como os porcos que pisaram sobre as pérolas.

Pessoalmente acreditamos que as iniciações, os ensinamentos ocultos, terminaram quando o véu do santuário rasgou-se de alto a baixo, mas nem tudo pode ser ensinado indiscriminadamente a todos.

Se não mais existem iniciações nos Templos, nas doutrinas secretas, existe uma selecção natural, uma iniciação cósmica.

Richard Simoneti, no livro, A Voz do Monte, diz que os princípios espíritas devem ser levados a todos indistintamente, mas a mediunidade é coisa santa que deve ficar restrita àqueles que aceitaram e compreenderam o Espiritismo.
No dizer de Simoneti, uma sessão espírita só deve ser realizado com um objectivo santo.

Mateus, no capítulo 7:7 a 12 e Lucas no 11:5 a 13 registam as palavras de Jesus:
- pedi e dar-se-vos-á.
Procurai e achareis.
Batei e abrir-se-vos-á.
(ver o Evangelho)

Os evangelistas colocam uma condição comparativa simples, em relação ao pai humano e o Pai Criador.
- Qual é o pai, cujo filho lhe pedir um pão lhe dará uma pedra...

Escreve Rohden:
- Pedir é rogativa de quem compreende que tudo pertence a Deus e ele é o dispensador.

Batei, é acção – trabalho – trabalhar pelo que se pediu, criar condições favoráveis.

Não se trata de muito pedir, insistir, importunar até conseguir, porém, confiar.

Aquele que pede boas coisas (pão – peixe – ovos para a nutrição do corpo) está na condição do homem profano.
E o que pede luz, sabedoria, fé para a nutrição do espírito, está na condição do homem místico.

O homem cósmico já não precisa pedir porque sabe que tudo que ele precisa lhe será dado.

Deduzimos facilmente que quem mentaliza coisas ruins, como, pedra, cobra, escorpião, atrairá infelicidades, tristezas, desgraças, doenças.

Precisamos compreender que muitas vezes não recebemos aquilo que pedimos porque nos é inconveniente.

Nós mesmos não damos tudo o que os nossos filhos nos pedem, especialmente quando ainda são crianças.

Será que evolutivamente não somos crianças espirituais?
Às vezes pedimos a cura de uma doença e a cura pode ser inconveniente para a nossa evolução.

Os dois cronistas do Evangelho terminam este passo com a regra de ouro dada por Jesus:
- Assim como quereis que vos façam os homens, assim fazei vós a eles.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jun 23, 2012 9:58 pm

Mateus no capítulo 7: 13 –14 aborda a porta estreita.

Mateus diz:
- Entrai pela porta estreita:
porque larga é a porta e espaçosa a estrada que conduz a perdição, e são muitos os que por ela entram.

Mas estreita é a porta e apertado a estrada que conduz à vida, e poucos são os que a encontram.

Lucas, fala das dificuldades da evolução no capítulo 13: 23 a 30 – e fala também que devemos forcejar por entrar pela porta estreita.

O caminho apertado é o dever, a boa conduta, o amor fraternal.
Com o tempo, o nosso dever se transformará no nosso querer.

Diremos então:
- entrei pelo caminho estreito por livre escolha.
Sou cristão
(Cristianismo do Cristo e não dos seus vigários) por opção própria.

Sou espírita porque quero, por amor ao Espiritismo, não por medo ou supostas vantagens.

A estrada larga é a da sedução.
Nela encontramos a satisfação dos desejos inferiores, como orgulho, vaidade, egoísmo, violência, sensualidade, desonestidade....

Torres Pastorino faz uma admoestação contundente, dizendo que são poucos os que procuram a porta estreita e acertam com ela, porque se equivocam.

Por exemplo:
- Há os que pensam que é pela devoção piedosa.
Outros, pelos estudos cerebrais dos vocábulos.
Outros por acções taumatúrgicas, milagreiras,

Outros pelo puro mediunismo mecânico.
Outros ainda, por conversas com os desencarnados.

Há os que se apegam à posições corporais, como exercícios da Ioga, da meditação profunda.

Poderíamos acrescentar que outros procuram esse caminho na doação de cestas básicas e na caridade material.
Acreditamos que todos esses caminhos são válidos, mas parciais.

Os que encontraram o caminho real sabem que ele conduz para dentro.

O caminho é para o nosso interior.

Conforta-nos saber que embora seja muito difícil acertar com a porta estreita e o caminho estreito, teremos tantas oportunidades quantas forem necessárias para continuar procurando.

Herculano Pires, no livro, O REINO – assinado com o pseudónimo, Irmão Saulo – conta a história de um homem que subia um estreito e escarpado caminho que o conduziria ao “Reino”, e chegando diante de um imenso portão, ofegante pelos esforços da subida e pelo peso dos sacos que trazia às costas, que guardavam os seus tesouros, tomou da grande aldabra e bateu com força.

Abriu-se, não o portão inteiro, mas uma estreita abertura, por onde ele pôde divisar um panorama maravilhoso, um verdadeiro paraíso com rios de mel e leite.

Tentou entrar com os seus sacos às costas, mas a portinhola era muito estreita e não dava passagem.

Esforçou-se muito sem querer largar os sacos com os seus tesouros.

Cansado, sentou-se ao chão, colocando os sacos à sua frente, enquanto olhava com olhos compridos para dentro do portão.
De repente um dos sacos começou a rolar ladeira a baixo.

Ele agarrou os outros sacos e tentou segurar o que escapara, mas acabou rolando com toda a carga lá para o fundo do abismo, e somente quando ele chegou ao fundo, que a portinhola que permanecera aberta num convite sereno, fechou-se.

Uma outra linda história é de Cid Franco, aliás, grande amigo de Herculano Pires.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jun 23, 2012 9:59 pm

Num pequeno livro chamado Dois Caminhos, ele narra:
- Dois são os caminhos.
O da violência e o da não-violência.

Violência de pensamentos, [i]palavras e actos.

Não violência de pensamentos, palavras e actos.
São dois os caminhos.

É fácil correr pelo primeiro.
É difícil caminhar lentamente pelo segundo.
Bastam os instintos para escolher o primeiro.

Só o sentimento e a vontade, apoiados em lúcido raciocínio, escolhem o segundo.

Oh! Abandonemos o caminho velho, o caminho da violência.
Tomemos o caminho novo. Novo?


Há séculos grandes seres seguiram por ele, e seus pés deixaram para todos nós um rasto luminoso de estrelas, a poeira que caiu de suas sandálias.
Os pés do Cristo, nosso Mestre e Senhor, os pés de Gautama, os pés de Francisco de Assis...

Perto de nós, os do Mahatma Gandi.
E de tantos caminheiros da não-violência.

O que encontramos no fim do caminho velho?
O ódio e a morte.

Que nos espera no caminho novo, ou melhor, na estrada que até hoje não palmilhamos.
O amor e a vida.

Jesus, em Mateus em 7:15 a 20 fala para nos guardarmos dos falsos profetas, que se vestem de ovelhas, mas são lobos vorazes.

Lucas em 6:43 – 45 fala da árvore e dos frutos, dizendo que a boa árvore não dá maus frutos e a árvore má não produz frutos bons.

Falsos profetas sempre existiram.
É preciso que os homens aprendam a ver que tipo de frutos eles dão.

Lucas termina o seu texto, dizendo:
- O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mal, do mau tesouro, tira o mal;
porque a boca fala do que está cheio o coração.

No capítulo XXI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec fala da missão dos profetas e que não devemos entender como profetas apenas aqueles que fazem previsões.

Kardec aproveita a advertência de João, o Evangelista, e faz um comentário sobre o não creiais em todos os espíritos, mas provai se eles são de Deus.

Erastos, numa mensagem oportuna, adverte quanto aos falsos profetas da erraticidade, ou seja, espíritos que são falsos profetas.

Jesus termina o seu extraordinário discurso e desce do monte e a multidão o acompanhou.

Queremos deixar bem claro que não examinamos o Sermão da Montanha versículo por versículo, mas destacamos aqueles que, na nossa visão, são mais importantes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jun 24, 2012 9:18 pm

Capítulo XIII

* A Cura do Criado do Centurião.

Mateus 8: 5 – 13 e Lucas 7: 2 – 10.
Esta é uma passagem muito interessante, porque um centurião – portanto soldado romano que comandava uma centúria ou tropa de 100 soldados, procura Jesus e pede para que o Mestre cure o seu criado, que jazia em casa paralítico.

Jesus se propõem a ir a sua casa para curá-lo, e o centurião respondeu:
- Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa, mas fala somente ao verbo e meu criado há de sarar.
Porque também sou homem sujeito a autoridade e tenho soldados às minhas ordens.

E digo a este, vai lá, e ele vai;
e a outro, vem cá, e ele vem;
e a meu servo, faze isto, e ele faz.
(tradução de Torres Pastorino).

Jesus ficou muito admirado e disse:
- Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel encontrei tão grande fé.

Nossa preocupação não é a de examinar os processos de cura, pois os espíritas conhecem muito bem a actuação dos fluidos para que a cura aconteça.

Queremos destacar, sim, a acção benemérita daquele soldado para com o seu criado.

Ele era benquisto pela sociedade local, pois até mandou erigir uma Sinagoga na cidade de Cafarnaum.

O cuidado do centurião era, também, por saber que as complicadas leis judaicas de pureza, obrigaria Jesus a se purificar no Templo, após ter estado em sua casa.

(Jesus estava acima desses preconceitos religiosos).

Contudo, o admirável nesta passagem é o conhecimento superior do Centurião.

Pastorino acredita, com certeza, que ele tinha conhecimento da gnose” e das Doutrinas de Alexandria.

O soldado romano sabia que no mundo dos espíritos as inteligências superiores estavam a serviço do Cristo.

Ele sabia, que mesmo à distância, Jesus poderia movimentar as forças da natureza e curar o homem doente, que estava sofrendo muito.

- Nem mesmo em Israel, isto é, entre os judeus, encontrei tamanha fé, admirou-se Jesus.

É interessante que um gentio, um goin, deu prova de uma fé tão grande que ficou registrado nos Evangelhos e na história.
Sua palavras tem sido repetidas milhões de vezes no mundo cristão.

Malba Tahan, um dos mais extraordinários contistas da nossa literatura, conta uma história muito interessante a respeito desta passagem:
[i]- Um homem romano, na cidade dos Césares, havia caído da sua posição de privilegiada e agora morava num populoso bairro pobre, onde era muito amigo de todos e ajudava todos que necessitavam.

Ele tinha dois filhos, e um deles era poeta e vivia no palácio imperial.

O outro era soldado, e isto dava uma grande tristeza ao seu pai, que não queria um filho soldado.

Um dia este filho partiu com um destacamento para uma terra distante.

Um dia este homem viu um soldado agredindo um menino e partiu em defesa do garoto.
O soldado deu-lhe um forte golpe com o punho do gládio na cabeça, e o homem caiu semi-morto.

Os anjos vieram buscá-lo, mas como ele estava muito preocupado com um dos filhos, os anjos disseram a ele que a humanidade cantaria os versos do seu filho nos séculos vindouros.

Feliz, ele imaginou a glória do seu filho poeta através dos tempos, e pediu para testemunhar essa glória.
Insistiu tanto que uma ordem superior determinou que o levassem ao futuro para ouvir os versos do seu filho.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jun 24, 2012 9:19 pm

O tempo avançou quase dois milênios e os dois anjos entraram com o homem numa grande catedral cristã, onde o Coro cantava gloriosamente:
[/i]- Senhor, eu não sou digno que entre em minha casa, mas diga uma só palavra e meu criado será salvo.

As passagens que trata de ressurreição, como a de Lázaro, do filho da viúva de Naim e a menina filha de Jairo, não vamos comentar, porque é de entendimento do Espiritismo, que não aconteceu ressucitação, pois, se houver o desligamento dos laços que prende o espírito ao corpo, não há como reactá-lo.

O que aconteceu foi a morte aparente, através da catalepsia, e que a força magnética de Jesus, despertou.

Em Mateus 13:1 – 9 — Marcos 4: 1-9 e Lucas 8:4-8 vem narrada a Parábola do Semeador.

Como ela é simples ao entendimento, por não vamos nos aprofundar nela, mas como Jesus explicou-a separadamente aos discípulos, fica uma confirmação, ao menos aparente, de que Jesus de Nazaré tinha uma doutrina oculta, reservada aos discípulos.

Jesus disse que aos discípulos era dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas aos outros não.

Isto não pode ser entendido como preferência, mas como capacidade de entender.

Repetimos o que já falamos outras vezes:
se hoje não mais existem os mistérios, as iniciações formais, persiste uma selecção natural pela medida da compreensão de cada um.

A Parábola do tesouro oculto é privativa de Mateus, e está no capítulo 13:44-53.

Jesus contou que um homem encontrou um tesouro num campo e vendeu tudo o que possuía para adquirir aquele campo e tomar posse do tesouro.

Depois ele conta a parábola do mercador de pérolas e da selecção de peixes.

Em cada uma delas o personagem se desfaz de posses ou coisas menores para ficar com algo mais valioso.

Quando descobrimos a verdade, desfazemo-nos das pequenas ou meias verdades para ficar com a verdade inteira.

Podemos dizer que desfazemo-nos das nossas crenças, superstições ou religiões, para aceitar uma Doutrina filosófica com consequências morais e religiosas, o Espiritismo.

Em Mateus 8:18 e 23 –27 — Marcos 4:35-41 e Lucas 8:22-25 contam que Jesus atravessa o lago de Genezaré, ou Mar de Tiberíades, num barco, juntamente com os discípulos, e provavelmente de propriedade de Pedro.
Cansado, o Mestre dormiu.

Subitamente se desencadeou um fenómeno comum na região;
correntes fortes de ventos provoca agitação violenta nas águas, levantando grandes ondas e enorme sorvedouros no Tiberíades.

As correntes de vento se originam do Vale do Jordão e são imprevisíveis.

Os discípulos ficaram muito assustados, porque a tempestade deveria ser muito violenta, pois eles estavam acostumados a enfrentar o mau tempo, e foram acordar Jesus que repreende os ventos e ordena ao mar amordaçar-se e de imediato houve uma grande calmaria, o que também assustou os discípulos.

Para o episódio há duas interpretações.
Uma objectiva, embora um tanto fantástica e misteriosa, e a outra subjectiva, interpretativa.

Na primeira, Jesus com a sua extraordinária evolução, ordena à natureza que obedece e se acalma.

No Livro dos Espíritos há a revelação de que os fenómenos da natureza são executados por legiões de espíritos pré-humanos, dirigidos por outros mais adiantados.

Isto, de certa forma, facilitaria o entendimento da pronta obediência.

Uma inteligência infinitamente superior ordena e as inteligências embrionárias são forçadas a obedecer.

A outra interpretação se passa no íntimo do homem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jun 24, 2012 9:19 pm

A tempestade se dá dentro, no mundo interior do homem.
São os jogos da paixão, os desejos, os conflitos que ameaçam fazer o homem moral naufragar.

Apelamos, então, para um ser superior, ou para o Cristo interno que dormita ainda dentro de nós, e ele acalma nossas paixões, tranquiliza a nossa mente, faz cessar a tempestade.

Podemos interpretar, também, como o homem superior, cósmico, que atravessa o mar revolto da vida, sem medos ou intranquilidade e faz com que os ventos e o mar se acalmem.

Isto quer dizer que nem as tempestades exteriores, nem as interiores o abalam.

É o homem que venceu a morte, porque sabe que é imortal.

Repetimos que a nossa intenção não é a de examinar os Evangelhos passo a passo, e sim, abordar alguns ensinamentos e dar-lhes uma interpretação mais racional pelo prisma do nosso entendimento.

Sei que os leitores dessas páginas poderão achar que passagens que ficaram fora são mais importantes do que algumas que colocamos.

Em Mateus 10:34-39 e Lucas 12:49-53 Jesus fala energicamente.
Temos a impressão que as palavras que se seguem não poderia ser de Jesus, mas se encaixaria perfeitamente em Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo Moral Estranha —.

Jesus diz claramente que não veio trazer a paz a Terra, mas sim a espada.

Afirma, também, que veio por fogo à Terra.
Disse que veio colocar o pai contra o filho, a sogra contra a nora.

Mesmo sendo palavras chocantes não é difícil de entender que numa mesma família pode ter um ou dois que aceite o Cristo e outros que não aceitam.

Muitos espíritas conhecem essa experiência, pois, não raro, sua família não aceita o Espiritismo.

Além do preconceito, quase sempre as coisas ruins que acontecerem com a família é creditado ao facto daquele membro que vai a centros espíritas e traz influências ruins para dentro de casa.

Vamos examinar a interpretação esotérica (fechada) de Torres Pastorino, que é muito bela:
ele coloca que os nossos domésticos são partes de nós mesmos.
Quanto ao fogo, ele afirma ser o espírito que anima o corpo.

Vamos à narrativa de Pastorino:
- O pai (espírito) quer se impor ao filho (emoções), mas essa se opõem a ele.

A mãe
(inteligência), quer superar a filha (a carne), mas essa rebela-se, e vencendo-a com o sono, cansaço e etc.
A sogra
(ainda inteligência), busca dominar a nora (sensações físicas), mas essas são poderosas.

Pastorino comenta como é difícil para a inteligência desarraigar vícios como bebida, tabaco, gula, preguiça... ou os obstáculos, como o cansaço, ou ainda as emoções violentas, como a cólera, o ciúme...

Em relação ao que Jesus falou que devíamos amá-lo mais que aos nossos pais, Pastorino usa um vocábulo grego que significa afeição respeitosa dirigida a um benfeitor, e não um outro vocábulo com o significado de amor terno e instintivo.

Segundo Pastorino era costume entre os Israelitas daquela época, o Mestre ser colocado antes do pai.

Ele cita uma frase ensinada por um tratado judeu:
- o pai nos colocou neste mundo, mas o Mestre, que nos ensina a sabedoria, nos dá a vida do outro mundo.

Huberto Rohden faz uma belíssima dissertação sobre o assunto e começa dizendo que a Doutrina do Cristo é fogo ardente.

Fogo é luz, calor, energia.

Luz simboliza sabedoria.
Calor simboliza amor, simpatia, entusiasmo.
Energia é a realização da verdade e do amor.

Rohden explica que tudo o que existe é luz.
Os 92 elementos do sistema periódico da química, são 92 manifestações variadas da mesma luz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 25, 2012 10:03 pm

O autor da Génese sabia isto intuitivamente quando escreveu:
no primeiro dia Deus criou a luz.

Desta luz, segundo Moisés e Einsten, nasceram todas as coisas.

A matéria é energia congelada e as energias são luz condensada.

Quanto mais condensada uma coisa, tanto menos material.
A luz possui condensação mínima, e por isto, expansão máxima.

A luz tem omnipresença.
Tudo é feito dela.

A luz é a menos material de todas as coisas materiais, por isso é o que melhor simboliza a Divindade.

Quando Jesus diz que veio lançar fogo a Terra, veio lançar luz, isto é, veio permear do espírito de Deus todas as coisas do mundo de Deus.

Todos nós temos, potencialmente, este fogo do Cristo, mas não basta tê-lo, é preciso que ele arda, que se actualize, que se torne consciente, que permeie nossa vida.

Uma alma possuidora desse fogo, pode incendiar outras almas que tenham o combustível.

As cinco virgens tolas não puderam ter suas lâmpadas acesas porque não tinham o azeite, estavam vazias.
(ver parábola).

Del Chiaro faz um pequeno comentário com relação a Doutrina Espírita.

Somos potencialmente perfeitos.
Somos luz, embora de pouca expansão.

Se a Doutrina Espírita acender em nosso íntimo o combustível do amor, da verdade, da justiça, actualizaremos as nossas potencialidades, deixaremos de ser promessa, para ser realidade.

Para isso é preciso entusiasmo, que significa Deus dentro de si.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 25, 2012 10:04 pm

Capítulo XIV

* A Multiplicação dos Pães e Peixes

* Outras Passagens


Em Mateus 14:13-21 — Marcos 6:30-34 — Lucas 9:10-17 e João 6:1-14 narram a primeira multiplicação dos pães e peixinhos.
Esta é uma passagem que muitas pessoas aceitam sem questionar, porque aceitam milagres.

Outros não aceitam de maneira alguma.

Como espíritas não acreditamos em milagres, mas também não somos cépticos, por isso vamos examinar alguns ângulos possíveis:
- Em primeiro lugar concordamos com Pastorino, que considera exagero do entusiasmo dos discípulos fixar o número dos que foram alimentados em 5.000 homens, fora as mulheres e as crianças.

Sem nenhuma base para o cálculo vamos considerar hipoteticamente que no total havia 8 ou 10 mil pessoas.

É verdadeiramente um exagero, se considerarmos que as aldeias teriam poucas centenas de habitantes, seria necessário esvaziar inúmeras aldeias e não se chegaria ao número astronômico, já citado.

Entre os fenómenos mediúnicos existe o "transporte".

Ou seja, os espíritos transportam objectos de fora para dentro da sala de reunião, mesmo com as portas fechadas.

Há, também, o fenómeno de materialização.
O objecto transportado se materializa no local.

Examinemos o transporte.

Os espíritos subordinados a Jesus poderiam transportar os pães e peixinhos fritos até o local.

Mas de onde tirariam.
O pão era feito pela dona de casa para o consumo de uma semana.

Se houvesse estabelecimentos para vender pão, certamente os proprietários sofreriam grande prejuízo, assim como as famílias, que ficariam sem o pão da semana.

Consideremos que os espíritos assistentes do Mestre, utilizassem a matéria disseminada no espaço e materializassem os pães e peixinhos.

Isto tem sido feito em pequena escala nas sessões de materialização, e, sem dúvida, Jesus teria condições de fazer ou mandar fazer em grande escala.

Contudo, temos uma solução mais simples:
muitas pessoas teriam levado lanches e estavam escondendo só para si.

Com as palavras de amor e fraternidade de Jesus, e o gesto humilde do rapazinho que entregou os seus pães e peixinhos fritos, todos dividiram com todos, o que traziam.

Então não houve milagre?
Houve sim!
O milagre da fraternidade, da solidariedade.

Metaforicamente podemos aceitar que o pão do espírito, a Doutrina ensinada por Jesus, alimenta multidões, e ainda sobra muita coisa, não terminando nunca.

Mateus 14:23-33 — Marcos 6:47-52 e João 6:16-21 narra o episódio em que Jesus anda sobre a água.

Para o Espiritismo o fenómeno é facilmente explicado pela levitação (fenómeno de efeito físico – objectivo).
Entretanto há um aspecto interessante.

Pedro pede para ir até onde Jesus está e devido as ondas e o vento, se apavora e começa a afundar.
Jesus estende-lhe a mão e salva-o.

Quando atravessamos quadras dolorosas da vida, perdemos a fé, a confiança em nós mesmos, e começamos a afundar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 25, 2012 10:04 pm

Neste momento surge alguém superior a nós, e estende-nos a mão, impedindo o nosso naufrágio no mar revolto da vida

João, num longo capítulo, narra o que ficou registado no seu Evangelho, como O Pão da Vida
(texto privativo de João).

São 71 versículos, mas vamos nos ater à essência.
É um trecho vivo, polémico e dinâmico do Evangelho.

Jesus afirma:
- Eu sou o pão que desceu do céu.
- Eu sou o pão da vida.


Mais à frente, do versículo 53 até o 58 Jesus escandaliza os seus seguidores dizendo que quem não comer da sua carne, não saboreá-lo, não teria vida imanente (eterna).

Este trecho do Evangelho fica muito difícil de ser entendido se nos apegarmos à letra.

Mas, se ficarmos no simbólico, não fica tão difícil.

Certamente, Jesus não se referia ao seu corpo de carne, ou ao seu sangue, mas sim, ao corpo da sua doutrina.

O simbolismo do pão é muito interessante.

Quando comemos o pão, ele tem que ser, antes, mastigado, depois engolido e passa pelo processo da digestão, e depois de digerido transforma-se em sangue que circula por todo o corpo, dando vida e vigor a todas as células

Assim deve ser a nossa vivência em relação ao Cristianismo do Cristo, e não dos seus vigários.

Ele deve ser assimilado pelo nosso entendimento e fazer parte da nossa vida tão intimamente quanto o sangue do nosso corpo.

Infelizmente, até agora os cristãos tem entendido o cristianismo de forma infantilizada.

Paulo de Tarso afirmou a uma das igrejas fundadas por ele, que os alimentava com leite porque não suportariam o alimento sólido.

Até hoje, não são muitos os que podem comer o alimento sólido da verdade.

Mesmo no Espiritismo são muitos os que ainda tomam a papinha infantil.

Herculano Pires diz que são mamadores das cabras celestes.
Pedro de Camargo – Vinícius – tem pensamento semelhante ao nosso.

Assim como o pão nutre o corpo, a Doutrina de Jesus nutre a alma.

Assim como o pão precisa ser mastigado, digerido, o pão espiritual precisa ser meditado, entendido

Moisés fez de um povo escravo, portanto, sem cultura e organização, que só tinha um elo comum a uni-los, a crença monoteísta, uma nação.

Mas para isto, deve combater hábitos arraigados no íntimo deste povo, e dar-lhe, até mesmo, noções de justiça, responsabilidade, higiene.

Para que seus preceitos fossem aceitos obedecidos mais facilmente, ele afirmava que eram divinas, ou seja, ordenação do próprio Jeová..

Vamos dar um exemplo fácil de ser entendido.

O povo judeu guerreou com muitos inimigos, e todos esses exércitos que enfrentaram o povo de Moisés, arrastavam atrás de si, grupos de prostitutas e jogadores, mais uma ralé de desocupados.

A promiscuidade e a sujeira era muito grande, o que provocava doenças, como desintiria, e infecções nos ferimentos, enfraquecendo e provocando a morte de muitos soldados.

Com o exército hebreu não acontecia isto, porque era proibida a permanência e mesmo a visita de prostitutas e jogadores no acampamento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 26, 2012 8:46 pm

Por determinação religiosa nenhum judeu podia partir o pão sem lavar as mãos, para as suas necessidades naturais, como defecar, o soldado trazia como parte do seu equipamento uma pazinha, para cavar um buraco na terra, fazer as suas necessidades e cobri-la com a terra.

Para reforçar esse preceito religioso, Moisés afirmava que Jeová visitava o acampamento durante a noite e não deveria pisar em excrementos humanos.

Lavar as mãos para partir o pão e fazer as refeições, era medida higiénica, reforçada como mandamento religioso.

Em Mateus 15:1-11 e Marcos 7:1-10 vem relatada a querela levantada pelos fariseus, porque os discípulos de Jesus comiam sem lavar as mãos.

Jesus admoesta os fariseus, dizendo que eles obedeciam preceitos de homens e com isso se desobrigavam de seguir os preceitos morais ou divinos, como o de amparar os pais na velhice.

O Mestre tem uma colocação mais viril quando afirma que não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai da boca, porque procede do coração.

Na sequência, os discípulos informa ao Mestre que os fariseus ficaram escandalizados com sua colocação sobre o comer sem lavar as mãos, e Jesus faz outra severa admoestação, dizendo:
- Toda planta que o Pai Celestial não plantou será arrancada.

O ensinamento sobre a contaminação pelo que sai pela boca e não pelo que é ingerido, é de fácil entendimento, e mais fácil fica, ao sabermos que havia vários alimentos proibidos aos judeus, além da proibição taxativa de não tocar os alimentos com as mãos por lavar.

Do coração (simbolicamente), procedem os adultérios, homicídios, prostituições, corrupções, mentiras, calúnias, furtos, etc.

Pastorino, na sua abordagem esotérica esclarece que não é somente os alimentos ingeridos que não contaminam o homem, mas tudo que vem de fora.

Vejamos o que ele diz:
- Não é apenas o alimento ingerido ou as bebidas, mas nem mesmo as vibrações mentais de outras criaturas, nem pensamentos externos, nem acusações caluniosas, nem ataques físicos ou morais:
imperturbável em sua paz intrínseca e profunda, o eu-maior sobre está a tudo, pairando em outra atmosfera.

O que vem de dentro contamina o homem, isto é, o que vem do coração
(sentimento).

Todo pensamento criado pelo espírito, antes de atingir o alvo, atravessa a aura de quem pensa e nela imprime as suas vibrações.

O que sai do coração que pode contaminar o homem, pode ser actos cometidos, palavras (vibrações sonoras), e pensamentos (vibrações mentais).

Pastorino enumera duas listas de actos ou simples desejos, dos quais, destacaremos alguns:
adultérios ou desejos sexuais, (com o acto material realizado, ou não), em relação a uma outra pessoa comprometida com outra.

Prostituição ou desejos sensuais ou actos sexuais que não estejam fundamentados no amor.

Furtos de qualquer espécie:
físicos ou intelectuais, (de ideias de outrem, fazendo passar por suas)

Lucas em 6:39 põem na boca de Jesus essas palavras:
- por ventura pode um cego guiar outro cego?
Não cairão ambos no barranco?

Jesus falou tal coisa em referência aos cegos do conhecimento espiritual, e que, pretensiosamente, se intitulam guias da humanidade.

O destino do guia, e dos guiados, é o barranco.
O que significa que sofrerão as consequências das ignorância.

Há guias de médiuns e de centros espíritas que se enquadram nesse ensinamento.

São cegos espirituais guiando outros cegos.
E todos rumam para o barranco, onde cairão, se não lhes forem abertos os olhos.

Em Mateus 16:13-20 Marcos 8:27-30 e Lucas 9:18-21 encontramos uma passagem muito interessante porque suscita vários ensinamentos.

É quando Jesus, em conversa aberta com os discípulos, pergunta o que o povo fala sobre ele, quem pensam que ele é.

Os discípulos citam vários personagens, incluindo Elias, Jeremias, deixando claro que conheciam a lei da reencarnação, pois os dois viveram muitos séculos antes de Jesus.
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