LUZ ESPÍRITA
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Série Psicológica Vol. 8 - Vida - Desafios e Soluções/Joanna de Angelis

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Dez 18, 2023 9:49 pm

Frustrações e dependências
O indivíduo está sempre no momento presente, que é o seu instante decisório. O passado, por isso mesmo, não pode servir de parâmetro, senão para aprender como não repetir os erros, pois que é irrecuperável, no entanto, reparável. Nada existe que possa ser recuperado na área moral comprometida, no entanto, desde que haja interesse real, poderá ser corrigido. Assim, é negativo manter saudades do já ocorrido, sentir-se frustrado pelo que gostaria que houvesse sucedido mas não aconteceu, ou arrependido em profundidade pelo insucesso de que foi objecto.
Tais sentimentos não podem modificar as consequências desencadeadas no pretérito, no entanto, podem ser reformuladas as bases da acção que se repetirá em forma nova, assim modificando os futuros resultados. Eis por que se deve perdoar a tudo e a todos, igualmente proporcionando-se perdão a si mesmo, recompondo-se emocionalmente e recomeçando a tarefa onde ela se desencaminhou.
O homem psicológico saudável não vive de recordações, nem se atormenta com as aspirações.
Portador de um presente enriquecedor, os seus movimentos atuais estão sempre voltados para as acções que o promovem, confiando, naturalmente, no futuro de forma natural, racional, sem inquietação, despido de ansiedade, vivendo integralmente cada instante do seu hoje.
Personalidades instáveis sentem-se frustradas facilmente em razão da falta de idealismo perseverante para se realizarem. Ambicionam em demasia ou a nada aspiram, deixando-se arrastar por estados melancólicos que cultivam, sem o competente esforço para saírem da situação doentia.
Inúmeros factores contribuem para as frustrações pessoais, entre outros, os conflitos da libido não realizada, geradora de medos injustificáveis ou de melancolias carregadas de sombras; o convívio familiar insatisfatório, no qual as imagens dos pais mal-humorados e reclamadores produzem ansiedades e desejos de fuga da realidade inquietante; dificuldades de auto-realização, por decorrência de falta de iniciativa ou por pequenos insucessos que poderiam ser transformados em êxitos, se tivesse havido perseverança; inveja pelo triunfo das outras pessoas, muitas vezes logrado a grande esforço, que o paciente se recusa usar...
Todo o séquito de frustrações leva o indivíduo à dependência emocional, criando tabus, buscando amuletos para a sorte madrasta, tentando o sobrenatural, procurando soluções mágicas para o que poderá tornar-se um desafio ao alcance da vitória, na luta encetada.
Essa dependência se transfere das crenças supersticiosas para as pessoas que as devem carregar psicológica, física e economicamente, solucionando os seus problemas, resolvendo as suas dificuldades, que se renovam, por falta de decisão e reflexão para agir correctamente. Porque não encontram aqueles que estejam dispostos a suportar tão pesada carga, mais aumentam as suas frustrações, que adquirem estágio mórbido, levando aos transtornos psicóticos maníaco-depressivos.
Quando a pessoa considerar que se encontra na Terra, no momento, no lugar e com as pessoas certas, aquelas que lhe são necessárias para o próprio desenvolvimento, despertará da dependência infantil e da frustração debilitadora, recuperando a saúde comportamental através da renovação mental e das motivações atraentes para tornar a sua existência mais do que suportável, perfeitamente feliz. O indivíduo deve aspirar ao máximo, que, mesmo não logrado, significa-lhe visão optimista do porvir, que o aguarda, permitindo-se então o que seja possível conseguir, sem produzir mecanismo frustrante ou dependência daqueles que o lograram.
Como o pensamento é a fonte geradora das aspirações, anelar pelo melhor, trabalhar por adquiri-lo, representa elevação e engrandecimento moral. Não se perturbar, todavia, quando isso não ocorra, é demonstração de maturidade e de equilíbrio que todos devem manter.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Dez 18, 2023 9:49 pm

Sensações e emoções
A criatura humana é um feixe de sensações, resultado natural dos períodos primários da evolução, em trânsito para a realidade das emoções. As largas experiências vividas nas faixas primitivas do passado deixaram impressões profundas que se tornaram prevalecente exigência no comportamento pessoal social e principalmente psicológico. Impulsos e reacções fazem parte desse processo que estabelece os paradigmas da conduta, quando fora do crivo da razão.
Nesse estágio da vida, nutre-se emocionalmente das sensações objectivas, dos contactos com o mundo e suas manifestações, comprazendo-se no jogo desmedido do querer ter, longe da aspiração de ser. Adormecida para as percepções mais subtis da existência, acumula coisas e compraz-se com elas até à saturação, quando se transfere para possuir pessoas, que não são fáceis de se deixaram pertencer, produzindo choques emocionais, que desarticulam a planificação interior do ambicioso. Sentindo a frustração do desejo não transformado em prazer, amargura-se e rebela-se, fugindo, não poucas vezes, para as libações alcoólicas, o tabagismo ou para as drogas aditivas.
É lento o curso de mudança da faixa grosseira do imediatismo para as subtilezas da emoção dignificada. Nesse trânsito, é comum deparar-se com a fase da sensação-emotiva, quando há um descontrole no sistema nervoso e o excesso de emotividade domina-lhe as paisagens comportamentais.
Não acostumado às expressões da beleza, da sinceridade, do amor, facilmente se deixa comover, derrapando no desequilíbrio perturbador, no entanto, passo inicial para o clima de harmonia que o aguarda.
O homem-sensação é exigente e possuidor, não se apercebendo do valor da liberdade dos outros, que pretende controlar, nem dos deveres para com a sociedade que se lhe não submete. Sentindo-se marginalizado, graças à hostilidade que mantém em relação a todos quantos se lhe não subalternizam, volta-se contra os estatutos vigentes e as pessoas livres, brutalizando-se e agredindo, pelos meios ao alcance, os demais. Ao despertar a emoção, torna-se natural a valorização do próximo e da vida, o respeito pelos valores
humanos e gerais, ao mesmo tempo que trabalha em favor do progresso, que preza, ampliando os horizontes de entendimento e de realização interior.
A sensação é herança do instinto dominador; a emoção é tesouro a conquistar pelos caminhos da ascensão.
Quando desperta a consciência para a necessidade da emoção, a única alternativa que resta é a luta por alcançá-la. Esse empenho torna-se fácil quando o combate se inicia, facultando o encontro com a sua realidade, energia pensante que é e não somente grupo de células em departamentos especializados formando o corpo.
No período da emoção, o indivíduo não está isento das sensações, que lhe permanecem oferecendo prazeres, alegrias e advertências, só que sob controle, em equilíbrio, orientadas e produtivas. Na fase da sensação, igualmente, o ser experimenta emoções algo desordenadas e, vez que outra, propiciadoras de bem-estar, o que lhe constitui estímulo para crescer e esforçar-se por consegui-las.
Nas diferentes psicopatologias há predominância das sensações e grande descontrole das emoções, o que traduz o transtorno da mente, reflectindo-se no comportamento alienado.
Podemos encontrar raízes desse estado na estrutura do lar desajustado, de pais imediatistas, ambiciosos, incapazes de amar, que transmitiram aos filhos a ideia de que todo aquele que possui, vale; enquanto que os outros existem para servir aos primeiros.
Essencialmente, porém, é o Espírito, em si mesmo, em fase de desenvolvimento, que se revela no corpo, experimentando mais as expressões fortes em detrimento das manifestações mais elevadas.
O esforço bem-direccionado, o cultivo das ideias enobrecedoras e o trabalho edificante promovem de uma para outra faixa todo aquele que aspira à libertação da fase primitiva em que ainda estagia.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Dez 18, 2023 9:49 pm

Vida interior
Tão necessário quanto a alimentação para uma existência saudável, o cultivo da reflexão, da oração e da meditação torna-se de relevância. A primeira atende às células físicas e o outro àquelas que são de ordem psíquica, geradoras da organização material. Sem a vibração harmônica, procedente do psiquismo, o campo no qual se desenvolvem as de constituição condensada desequilibra-se e, por consequência, a distonia na forma prejudica a realização da modelagem no exterior.
O oxigénio mantém o corpo, a onda mental sustenta a vida. Indispensáveis, ambos, para o ser em equilíbrio, nem sempre são utilizados, esses recursos, com a sabedoria que conduz à dosagem própria.
Alguns indivíduos, compreendendo a necessidade de uma respiração bem-orientada, buscam desportes e espairecimento ao ar livre, descuidando-se da vida interior ou abandonando outros compromissos que constituem imperativo básico para o seu real crescimento.
Outros, tomados pelo entusiasmo e encantamento do bem-estar que fruem mediante o exercício de interiorização, descuidam-se dos relacionamentos humanos e isolam-se, criando factores dissolventes na área do comportamento, que levam ao egoísmo, à falta de solidariedade edificante no mundo social, A vida interior bem-direccionada ensina a criatura a aceitar-se como é, sem desejar imitar modelos transitórios das glórias momentâneas, que brilham sob os focos das lâmpadas da ilusão; mas também a não ambicionar parecer-se com outrem, cujas características são belas nele e não em quem a elas aspira.
Ser autêntico em si mesmo, auto-amar-se, sem derrapar nas ambições acumuladoras inspiradas pelo egoísmo, nem supor-se melhor do que os demais, constitui uma vitória sobre os conflitos e os complexos que atormentam e facultam a desvalorização da pessoa amargurada entre lutas internas e fracassos externos.
Ao aceitar-se como é, desenvolvendo os recursos íntimos para mais crescer e conquistar novos valores morais, o ser atinge o cume das ambições que anelava, sem o saber, não sofrendo os impactos perturbadores das alturas, nem as aflições das regiões servis de onde procede.
Esse comportamento sugere a experiência do amor, como forma de entrega lúcida e destituída das paixões que amesquinham o sentimento. Ao amar, busca esquecer-se de si mesmo a fim de doar-se, enriquecendo-se enquanto promove os demais. Esse desdobrar do sentimento afectivo constitui o momento glorioso da auto-realização, aquele no qual o ser entoa um canto de entusiasmo à vida, exaltando-a e glorificando-a em si mesmo e em torno dos próprios passos. Essa manifestação do amor irrompe do seu interior como um sol que nasce suave e belo, crescendo até atingir o máximo, com uma diferença, que é a de não declinar jamais, permanecendo a aquecer e iluminar.
Enquanto perdura o sentimento de amor-permuta, dar para receber, ou primeiro receber para doar depois, o egoísmo, o sentido de criança psicológica permanece dominador, dificultando o amadurecimento real.
Esse amor que leva ao auto esquecimento das paixões perturbadoras, das exigências descabidas, das ilusões injustificáveis é conquista interior que dignifica e liberta.
Nessa fase do desenvolvimento da vida interior, o ser passa a acreditar na sua destinação espiritual, que é a conquista da felicidade desde agora, e, tranquilizando-se quanto aos factores dissolventes e amesquinhantes, avança sem preocupar-se com as torpezas que ficam na retaguarda.
Somente acreditando nas próprias possibilidades e empenhando-se por vivê-las, apesar dos obstáculos que surgem, é que se atinge com êxito a viagem interior, o autodescobrimento e as técnicas que podem ser aplicadas para auferir os benefícios dessa realização. Alcançado esse estágio, surge a vontade da libertação das coisas, das cadeias frágeis que atam aos condicionamentos passados, que pareciam oferecer segurança, em uma existência física que se interrompe a qualquer momento, mas que parece impor necessidades de fixação, que não vão além de quimeras. Todos os pertences valem o preço que lhes são atribuídos, devendo ser considerados de menor importância, embora a sua momentânea utilidade. A libertação dos pertences é momento de alta magnitude para a harmonização psicológica em relação à vida, seja no corpo ou fora dele. Á vida interior implícita, quando conquistada, ressurge no campo das formas em manifestação explícita. O ser se apresenta total, livre de impedimentos, rico de aspirações, sem conflitos, sem queixas; pleno, portanto.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Dez 18, 2023 9:49 pm

5 - SIGNIFICADO DO SER INTEGRAL

Bases para a auto-realização
Jesus, o mais notável psicoterapeuta que a humanidade conheceu, afirmou: Vós sois deuses e podeis fazer tudo quanto faço e muito mais, se quiserdes. Trata-se de uma proposta-desafio para seres amadurecidos psicologicamente, capazes de ambicionar o além do habitual, e que estão dispostos a consegui-lo. Para lograr o êxito nesse tentame, é necessário possuir autoconfiança e fé, essa certeza coerente que existe entre o desejar e o poder realizar, saindo do mesmismo perturbador das ambições exclusivamente de natureza material, imediata.
Identificar-se com um deus é ampliar os valores que dormem no íntimo e são desconsiderados.
Uma faísca sabedora do seu poder de combustão, que encontre substâncias fáceis de arder, consegue produzir um incêndio. Quando alguém se identifica possuidor desse recurso, pode atear o incêndio que devora os vícios e abre espaços virgens para a instalação dos elevados potenciais do desenvolvimento pessoal.
Quem toma conhecimento dos recursos próprios, dispõe de medida para avaliar as possibilidades triunfo e empenha-se para alcançá-lo, enquanto aquele que os desconhece detém-se no pretexto da própria fragilidade, porque, no íntimo, assim o prefere.
O ser existencial tem o seu significado relevante, que necessita ser detectado e utilizado com segurança. Os seus alicerces repousam nas camadas profundas do inconsciente as experiências do passado e nas possibilidades imensas do seu super-consciente as conquistas que lhe cumpre lograr debatendo-se nas reminiscências do ontem e nas ambições do futuro. O ser existencial oscila entre esses dois polos, que contribuem para a realização feliz ou desventurada no presente, a depender, naturalmente, das opções elegidas e do empenho aplicado na sua execução.
Inicialmente é lícito fazer-se uma avaliação do que são tesouros: os de ordem externa e os interiores.
Quais deles têm primazia para serem conquistados, e como fazer, a fim de os conseguir.
O ser fisiológico preferirá os de significado e aplicação imediata, enquanto o ser psicológico analisará aqueles que têm primazia e dar-se-á conta da necessidade desses que são externos como utilitários e aqueles que estão internos, os permanentes. Sem abandonar os primeiros, dedicar-se-á à conquista dos mais valiosos, que são os permanentes.
Nesse afã se identificará com realidades que o fascinarão. Descobrirá que, em média, o ser humano experimenta sessenta mil pensamentos por dia, o que demonstra a grandeza, a majestade da sua organização mental, descobrindo quanto é nobre aprender a utilizar desse tesouro abundante, que muitas vezes se perde em círculo de viciações mentais, malbaratando tempo e oportunidade em lamentações, queixas, pessimismo, desgaste das potências de que é constituído.
Reconhecerá a necessidade de ser pessoa e não máquina, evitando o repetir-se monotonamente, sem direccionamento para frente nem para o melhor. Aplicará cada pensamento mais poderoso, de sentido profundo, de valor utilizável na construção do seu mais adequado comportamento para a paz. Eliminará aqueles que são perturbadores e podem ser substituídos amiúde, fomentando um clima psíquico de saúde com respostas orgânicas de bem-estar.
Com essa atitude mental vencerá o medo de adoecer, de envelhecer, de ficar pobre, de enfrentar dificuldades, de morrer, pois compreenderá serem todos esses factores perfeitamente controláveis, desde que assuma a sua condição de deus e passe a fazer tudo quanto é possível através do empenho pessoal.
A doença é sempre acidente de percurso, jamais sendo uma realidade, antes é um estado transitório, que pode ser ultrapassado, mesmo quando se apresente com características expiatórias. Já que o ser é eterno, as manifestações orgânicas e mentais desta ou daquela natureza fazem parte da transitoriedade do mundo da forma. Não se justifica, dessa maneira, o medo de doenças.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Dez 18, 2023 9:50 pm

O envelhecimento não deve inspirar qualquer tipo de receio, porquanto a beleza de cada fase da existência corporal encontra-se na atitude interior de quem observa o mundo externo. As experiências nascem das vivências e para poder fruí-las é exigido o património do tempo, no que ocorrem o envelhecimento do corpo e o amadurecimento do Espírito.
A verdadeira pobreza é interior, quando se perdem as aspirações de crescimento e realização íntima.
A financeira é sempre contornável, desde que o indivíduo se empenhe por superá-la, e o trabalho é assim fonte geradora de recursos externos, enquanto internamente aprimora o sentido de vida. Os verdadeiramente pobres perderam a razão de viver e entregam-se, funestamente, aos prazeres perturbadores, aos gozos desgastantes, aos jogos da ilusão cansativa...
... E a morte, a grande devoradora da vida, desmistifica-se e já não inspira qualquer receio, porque ela faz parte do processo existencial, como forma de desenvolvimento do ser profundo, que experimenta, etapa a etapa, novos mecanismos de elevação.
O processo de envelhecimento, por ser portador de muita beleza, é lento, biologicamente bem elaborado, proporcionando o tesouro da sabedoria, em forma de discernimento lúcido, propiciador de harmonia íntima e de auto entrega, após o ciclo da existência física.
O ato de aprender a amar tudo quanto se faz, a realizar bem tudo quanto se gosta, a repartir com todos as alegrias e esperanças da vida em triunfo, dá significado pleno ao ser existencial, que agora pode fazer tudo quanto Jesus realizou, identificando-se com Deus. Enquanto isso, o ser fisiológico está desfrutando das regalias das sensações, emaranhando-se no cipoal das paixões, até ser despertado pelos choques do processo evolutivo, que podem ser as dores, as preocupações profundas, as amargas decepções, ou os maravilhosos apelos do amor pela beleza, pela necessidade de harmonia e de paz.
E indispensável estar acordado, desperto para a realidade do ser, consciente das suas responsabilidades e objectivos reais nos desafios existenciais, encontrando todos os significados e desenvolvendo-se.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 11:21 am

Conquistas que plenificam
Quando a infância se fez caracterizar por problemas e desafios não solucionados, as dificuldades se transferem no inconsciente do indivíduo para todos os diferentes períodos da vida. Tornasse-lhe difícil o amadurecimento psicológico, procurando permanente refúgio no período infantil, que prossegue desafiador. A necessidade de auto-punição faz-se, às vezes, extremada, como mecanismo de justificação das pequenas travessuras, das irresponsabilidades, das mentiras ou outros quaisquer mecanismos de evasão daquela realidade, por meios nem sempre ideais. Em casos que tais, surgem os criminosos, que havendo sido crianças maltratadas, sentem necessidade de punir a sociedade pelo que lhes ocorreu, tornando-se, dessa forma, bandidos.
É necessário, inicialmente, redescobrir a criança que permanece no imo e avaliar o seu estado de crescimento, suas necessidades, seus anseios. Se permanecerem os jogos e despreocupações, a transferência de responsabilidade para os outros e a culpa sempre dos outros, impõe-se a psicoterapia como urgência, a fim de auxiliar no crescimento e na libertação dos traumas daquela fase.
Não é desejo estabelecer que a criança seja retirada do cenário existencial, porém que ocupe o seu verdadeiro lugar no alicerce do inconsciente, a fim de que não perturbe a pessoa da actualidade. E mesmo válida a presença da criança que existe em todos os indivíduos, tornando a existência apetecível e sonhadora, dentro dos limites da normalidade que deve prevalecer a quaisquer condicionamentos de tempo e de lugar.
Um bom relacionamento social é factor de relevância para a plenificação do indivíduo, porque, sendo animal gregário, o seu convívio com os demais seres é factor de desenvolvimento das suas aptidões, propiciando-se os atritos e choques que fazem parte da existência, sem derrapar nas animosidades, pelo contrário, desenvolvendo a tolerância, superando a prepotência de submeter todos os demais ao talante da sua pessoa.
Aquele que vive sozinho, foge da realidade de si mesmo, que vê projectada nos outros. Tem medo do convívio com os demais, porque não sabe transitar senão nos seus domínios, onde impõe a sua vontade e realiza os seus desejos, sem o sentimento de reparti-los, ou, por sua vez, de compartir as experiências alheias.
A conquista da humildade faz parte do programa de crescimento interior, evitando o exibicionismo que se torna perturbador, particularmente por alterar a visão da realidade e de si mesmo, agredindo os outros com a aparência, por não ter segurança dos próprios valores, que seriam capazes de oferecer harmonia no conjunto humano onde se encontra.
Essa humildade começa na conscientização de si mesmo, observando que faz parte do Universo, cuja grandeza demonstra-lhe a pequenez em que ainda se acha e quanto deverá crescer para entender a majestade e a harmonia do mundo no qual vive. Não se ensoberbece com o que sabe, nem se entristece pelo muito que ignora. E simplesmente humilde diante da vida e reconhece a necessidade de crescer mais e tornar-se melhor.
É comum a luta desenfreada para possuir sempre, asfixiando as demais aspirações, que cedem lugar à predominância do instinto de posse desequilibrada. Quando se atinge o estágio de maturidade psicológica, o importante não é ter mais, porém ser mais, isto é, sempre melhor em valores internos, em conquistas morais e intelectuais, sem jactância, porém com a consciência da vitória sobre si mesmo e sobre os desafios da existência, aumentando a capacidade de resistência cada dia.
A felicidade real independe daquilo que se tem, mas é resultado daquilo que se é.
Muito oportuno o fato de uma célebre personagem de propaganda na Televisão, cuja bela aparência
fora aproveitada para sorrir e, por isso, sua imagem sempre fascinava os estranhos, que a desejavam imitar. Todos olvidavam que era sua profissão sorrir, e para isso lhe pagavam, embora o seu humor habitual não correspondesse a essa realidade.
Deve-se sorrir por profissão, no entanto a alegria de viver leva a sorrir por prazer e por beleza, gerando uma auto-terapia valiosa, porquanto aquele que está de bem com ele mesmo, encontra-se bem com o mundo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 11:21 am

Numa das suas habituais viagens a Londres, o célebre Mahatma Gandhi deteve-se, oportunamente, no Aeroporto, a observar os objectos expostos, ricos e agradáveis aos olhos. Demorava-se a examiná-los e sorria de prazer. Preocupado com aquela atitude inabitual no homem que renunciara a todas as coisas do mundo, um membro da comitiva inglesa acercou-se-lhe, esclarecendo: Se o Mahatma tem interesse por algum desses objectos, teremos o prazer de, em nome de Sua Majestade, oferecer-lhe, o que nos constituirá uma honra. O nobre missionário, que se havia encontrado consigo mesmo, sem desdém nem menosprezo respondeu, sorrindo: Estou feliz em olhá-los, e verificar quanta coisa eu já não necessito.
A verdadeira saúde, em sua expressão profunda, manifesta-se como libertação interior, sem o masoquismo das fugas do mundo e das afirmações dos próprios valores através do desprezo e do flagício ao corpo, qual se fora ele responsável pelas debilidades do carácter, imperfeições da conduta, frustrações psicológicas decorrentes da visão alterada do mundo e sua realidade.
Quando esse estado saudável se estabelece no ser, ele experimenta harmonia em qualquer situação na qual se encontre. Na multidão, experimenta o prazer do convívio com os outros, de ser útil, de receber e de dar atenção às manifestações da vida. Quando a sós, preenche todos os seus espaços com actividades e pensamentos enriquecedores, não se sentindo solitário, embora esteja desacompanhado. Sua mente é sempre sua companheira a exigir ou a compensar o que experimenta como emoções de viver.
É óbvio que todo aquele que se faz possuidor de conflitos de qualquer natureza terá dificuldade de sentir-se compensado, pois que a sua estrutura íntima, deficitária, estará sempre reflectindo as lutas em que se sente envolvido, portanto em contínuas ansiedade e insatisfação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 11:21 am

[b]Lições de vida[b]
A beleza da vida está nas experiências que propõem o desenvolvimento do ser integral. Nascido para o triunfo, as dificuldades que encontra fazem parte do método para alcançar as metas para as quais ruma inevitavelmente. Cada etapa vencida apresenta-se, depois, como uma vitória alcançada, sendo lição de inapreciável significado que se incorpora ao património de que se enriquece. Todos os seres pensantes experimentam oportunidades psicológicas de magnitude, como desafios de iluminação e de sabedoria, que nem todos, porém, sabem utilizar como devido. A sabedoria brota de um para outro momento, mesmo nas mentes mais perversas e nos sentimentos mais frios, abrindo novos espaços para a libertação do egoísmo e a aquisição do sentido de fraternidade.
Há momentos psicológicos muito próprios para a absorção das lições que a vida oferece a cada viandante da evolução. Nem todos conseguem identificar essa hora mágica, de maneira a lucrar com o aprendizado de que se faz portadora.
Luiz XIV, que se celebrizou como o Rei Sol, em França, recebeu uma denúncia de que se tramava contra o trono. O delator foi encarregado de trazer-lhe uma lista dos suspeitos, que deveriam ser condenados à morte, por crime contra Sua Majestade. Apresentada a lista, estavam assinalados por uma cruz aqueles que conspiravam contra o monarca. Vendo a relação, o rei, tomado de espanto, teria declarado: Não os posso condenar, porquanto estão marcados pelo instrumento com que mataram o Inocente. E a todos perdoou.
Não obstante a consciência de sono do governante, que se mostrava indiferente quanto ao futuro do trono e do povo, pois que tinha por hábito declarar que, após ele, viesse o dilúvio, assim se entregando a toda ordem de prazeres e abusos, naquele instante foi tocado no recesso do ser pelo símbolo da ignomínia com que tentaram silenciar a Grande Voz, evitando tornar-se algoz impenitente de uma condenação arbitrária, que seria apresentada sem qualquer julgamento, decorrente de uma suspeita, na qual, por certo, encontravam-se em jogo vis interesses do intermediário da denúncia. Certamente, o medo de ser injusto e de passar à História, a grande julgadora dos acontecimentos de todos os tempos, bem como dos seus promotores, como ignóbil, fez que mudasse o plano funesto e pensasse no Inocente.
É uma lição da vida para outras vidas, que ficou anotada nas páginas daquela vida atribulada e passou para o futuro, norteando outros destinos. Oxalá se lhe abrisse a mente para outras atitudes de dignificação humana, longe dos interesses pessoais e transitórios que se consumiram quando da consumpção do seu corpo.
Como ninguém foge de si mesmo, porquanto sempre estará onde se encontrem suas aspirações e necessidades, malgrado as fugas psicológicas e desmandos mentais, a consciência se firma e se agiganta, traçando as rotas de segurança com as realizações propostas pelo conhecimento e vividas pelo sentimento.
Por outro lado, narra antigo koan que um príncipe chinês orgulhava-se de sua colecção de porcelana, de rara quão antiga procedência, constituída por doze pratos assinalados por grande beleza artística e decorativa.
Certo dia, o seu zelador, em momento infeliz, deixou que se quebrasse uma das peças. Tomando conhecimento do desastre e possuído pela fúria, o príncipe condenou à morte o dedicado servidor, que fora vítima de uma circunstância fortuita. A notícia tomou conta do Império, e, às vésperas da execução do desafortunado servidor, apresentou-se um sábio bastante idoso, que se comprometeu devolver a ordem à colecção. Emocionado, o príncipe reuniu sua corte e aceitou a oferenda do venerando ancião.
Este solicitou que fossem colocados todos os pratos restantes sobre uma toalha de alvinitente linho, bordada cuidadosamente, e os pedaços da preciosa porcelana fossem espalhados em volta do móvel.
Atendido na sua solicitação, o sábio acercou-se da mesa e, num gesto inesperado, puxou a toalha com as porcelanas preciosas, atirando-as bruscamente sobre o piso de mármore e arrebentando-as todas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 11:21 am

Ante o estupor que tomou conta do soberano e de sua corte, muito sereno, ele disse:
Aí estão, senhor, todos iguais conforme prometi. Agora podeis mandar matar-me. Desde que essas porcelanas valem mais do que as vidas, e considerando-se que sou idoso e já vivi além do que deveria, sacrifico-me em benefício dos que irão morrer no futuro, quando cada uma dessas peças for quebrada. Assim, com a minha existência, pretendo salvar doze vidas, já que elas, diante desses objectos, nada valem.
Passado o choque, o príncipe, comovido, libertou o ancião e o servo, compreendendo que nada há mais precioso do que a vida em si mesma, particularmente a humana.
As lições mais severas, a vida oferece, convidando os indivíduos à reflexão. Quando se adquire maturidade psicológica, embora se preservem bens materiais, valorizam-se mais aqueles que são do Espírito, da realidade perene, expressões elevadas da vida.
O que se possui de mais precioso é a oportunidade existencial, pois que ela enseja todas as outras ocorrências e conquistas, permanecendo como património inalienável do ser no seu percurso evolutivo.
Quando lúcido, vive intensamente seu momento, cada momento, florescendo onde se encontra, sem os tormentos de realizar-se nessa ou naquela outra parte, criando raízes e desenvolvendo-se, livre das injunções da ambição desregrada, das paixões perturbadoras, das fixações inquietantes, aberto às novas realizações que harmonizam. Torna-se, desse modo, parte integrante do Universo, no qual se encontra e que o convida a conquistá-lo.
Para conseguir esse estado e aprender as lições da vida, o candidato se deve trabalhar interiormente, educar-se, já que através desse valioso contributo modifica-se e aprimora-se, liberando-se dos atavismos perniciosos e dos factores degenerativos que lhe remanescem.
A educação é valioso instrumento para o trabalho de construção da pessoa feliz, que se torna, por sua vez, uma viva lição da vida para as demais, que seguem na retaguarda.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 11:22 am

6 - ASPECTOS DA VIDA

A vida no corpo apresenta-se sob vários aspectos, que lhe constituem a realidade existencial. Nem sempre, porém, essa realidade significa o legítimo viver, o expressar-se com segurança, o desfrutar plenamente a oportunidade e avançar jubilosamente, sem remorsos que resultam do passado, nem ansiedades que assinalam as ambições do futuro.
Uma existência feliz não é, necessariamente, aquela que se faz breve ou larga, mas sim aquela que se transforma em mensagem de alegria e bem-estar para a própria pessoa, bem como para todos aqueles que a cercam. Cada existência é uma mensagem, cujo conteúdo deve ser positivo, de forma que dignifique outras, enriquecendo-as de esperança. A doença, os problemas, não são aspectos de infelicidade, porém convites do organismo e da vida, para dizer que é necessário estar lúcido e consciente. A morte, por isso mesmo, não é um fracasso da vida, mas uma nova admirável experiência.
O ser amadurecido psicologicamente sabe discernir quais os valores que são autênticos, para a sua realização, e aqueles que apenas apresentam como indumentária transitória para o elenco dos movimentos existenciais.
Dessa forma, cada fase da existência orgânica se apresenta com características que tipificam o processo de desenvolvimento das estruturas da personalidade e da individualidade, facultando o armazenar de experiências que podem ser aplicadas na construção da vida ideal, na qual os factores de perturbação não encontram campo para actuar e deteriorar os aspectos saudáveis, que formam o conjunto do indivíduo realizado.
É lento o desenvolvimento do ser em cada aspecto, passando de uma para outra fase, sem marcas inquietadoras de incompletude, de maneira que no próximo estágio se viva com as manifestações do anterior, daquele que já deverá estar ultrapassado e consolidado nos alicerces da individualidade.
Cada indivíduo, porém, alcança o patamar do amadurecimento por meio de experiências diversas.
Uns conseguem crescer sob o estímulo dos ideais e das aspirações que acalentam interiormente; outros o fazem sob a inspiração da beleza, a exteriorizar-se nas artes, na literatura, na cultura em geral; muitos são atraídos pela tecnologia e os diferentes recursos das modernas conquistas; inúmeros são conduzidos pelo amor, pela necessidade da fraternidade que cultivam com acendrado carinho; a grande multidão, no entanto, é empurrada pelo sofrimento, última alternativa para o desenvolvimento dos recursos internos que lhe dormitam no imo. Ninguém há, no entanto, que se impeça o desenvolvimento do ser superior, esmagado momentaneamente pelos perigosos adversários de si mesmo, que são o primarismo, a ignorância, o egoísmo e todo o seu séquito de hediondez.
O ser humano segue uma fatalidade grandiosa: a auto-realização total, sob a atracção do Pensamento Divino que a tudo invade e domina. A sua origem transcendental leva-o de volta, iniludivelmente, à sua Causalidade Superior. Todavia, enquanto não se dá conta dessa obstinada destinação, transita em círculo de estreito âmbito emocional, sem que a força de atracção da Vida lhe produza qualquer influência.
Assim considerando, são todos valiosos, os diferentes aspectos da vida, durante a existência física, que devem ser experimentados de forma total.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 11:22 am

Juventude e velhice
Tornou-se ontológica a forma inamistosa do ser em relação à velhice, que considera como decadência, amargura, soledade, doença e morte, na visão estreita da imaturidade psicológica. Para esse, viver é acalentar sonhos permanentemente juvenis, sensações brutalizantes e de efeito rápido, passando de uma para outra entre insatisfações e conflitos íntimos.
A juventude, diga-se com clareza, não é somente um estado biológico atinente a determinada faixa etária. Mas também todo o período em que se pode amar e sentir, esperar e viver, construir e experimentar necessidades novas e edificantes.
O período juvenil, limitado entre a infância e a idade da razão, é de muita significação para o desenvolvimento real do indivíduo, porque abre os espaços existenciais para a aprendizagem, fixação dos conhecimentos, ansiedades de conquistas e realizações, em um caleidoscópio fascinante. É também o período da imaturidade, do desperdício de oportunidades, porque tudo parece tão distante e farto, que os prejuízos de tempo e produção não têm significado profundo, dando nascimento a futuros conflitos que necessitam ser vencidos.
É jovem, porém, todo aquele que aspira aos ideais de enobrecimento humano, esteja transitando por qualquer período existencial, não importa. Mantendo a capacidade de realizar e realizar-se, de produzir e multiplicar, de renovar e renovar-se, desfruta do largo prazo da juventude real.
A velhice se apresenta quando o indivíduo se considera inútil, quando experimenta o desprestígio da sociedade preconceituosa, que elaborou conceitos de vida em padrões torpemente materialistas hedonistas.
A Ciência médica está a comprovar a cada instante que todos os períodos da vida são ricos de oportunidades para aprender, para crescer e desenvolver a capacidade de fixação dos valores humanos. Os conceitos ortodoxos dos limites para o início da velhice, quando surgem os sinais de decadência orgânica, estão totalmente ultrapassados.
Nesse contexto, a mente é factor importante que gera energias incessantes, num ou noutro sentido, de forma positiva ou destrutiva, e, enquanto se pode pensar com auto-estima e confiança, os limites impostos pela idade desaparecem, para facilitarem a continuação da existência enriquecedora. Assim também, quando o jovem se deixa abater e passa a pensar destrutivamente, encarcera-se nos porões da decadência psicofísica e degenera.
O cérebro, que antes era pouco identificado nas suas incomparáveis produções, como a maior glândula do corpo humano, é hoje conhecido como um extraordinário e incomum conjunto harmónico de setenta e cinco a cem bilhões de neurónios em circuito especializado e complexo, como o mais notável computador que a mente ainda não pode conceber. Suas enzimas, cerebrinas, globulinas e outras secreções comandam as reacções de todo o corpo, trabalhando pela vida física e psíquica. No entanto, essa mente não lhe é fruto de elaboração própria, procedendo de uma fonte geradora que o antecede e sucede ao processo do conjunto neuronal. Pesando em média um quilo e trezentos gramas, absorve oxigénio em quantidade expressiva, vinte por cento de todo aquele que necessita o corpo total. Quando ocorre a morte de cada célula nervosa e a mente trabalha, pesquisa e se esforça para manter os equipamentos em ordem, amplia-se, transformando as suas extremidades em árvores (dentrites), que facultam o fluxo das informações, sem qualquer solução de continuidade, produzindo as maravilhosas sinapses electroquímicas, que mantêm todo o equilíbrio dele mesmo e do organismo em geral.
Ainda desconhecido e pouco utilizado, é centro dinâmico da vida, nas mais complexas operações que se possa imaginar, antena transceptora, que se coloca na direcção das faixas parapsíquicas, sem perder a sua estruturação para os registros e captações no campo do psiquismo normal.
À semelhança dos músculos que, não activados pelo exercício, tendem à fragilidade, à flacidez, quando não movimentado pelas energias mentais renovadoras, perde as possibilidades de produção, porque ao morrerem as células nervosas, as restantes, sem novos estímulos, não se ampliam, falhando na transmissão das mensagens que lhes cabe registrar, encaminhar e responder.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 11:22 am

Durante milénios permaneceu quase desconsiderado da Ciência, havendo sido estudado e descoberto, praticamente, por Gall, médico e anatomista, pai da Frenologia, como Lamarck o fora do Transformismo. Até então, os conceitos se dividiam entre os filósofos, os pais da Medicina e da Patrística religiosa, com as suas superstições e conceitos ultramontanos.
Passando por extraordinários estudiosos, dentre muitos outros Cabanis e Broca, a sonda da investigação foi penetrando a massa cinzenta e decifrando as suas protuberâncias, que hoje nos dão uma ideia, embora ainda muito imperfeita, do seu mundo de infinitas informações por detectar. Nele, portanto, estão as disposições e da velhice, dependendo sobretudo da mente que o vitaliza e movimenta, que o acciona e mantém.
Todavia, muitos crêem que a velhice é sinal de perda de memória, de deterioramento do raciocínio, do desequilíbrio das emoções... Sem dúvida, com o suceder dos anos, a maquinaria orgânica experimenta desgaste e, certamente, diminui a capacidade de produção e eficiência de resultados.
Entretanto, a perda de memória não é sintoma exclusivo do envelhecimento, porquanto muitos factores contribuem para essa ocorrência em qualquer idade, como as enfermidades subtis, quais sejam as infecções urinárias, as intoxicações por medicamentos, a depressão, o mal de Alzheimer, etc. O importante, desse modo, é o estado psíquico do indivíduo, que lhe determina qual a fase em que se encontra e lhe apraz permanecer; se na juventude que se alonga ou na velhice que lhe chega precocemente.
De extraordinário resultado é a acção do trabalho nesse comportamento, facultando o prosseguimento dos deveres, dos estudos, das buscas e realizações novas, sem fadigas nem justificativas de impossibilidade para crescer e permanecer jovem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 11:23 am

Estar desperto
A humanidade em geral vive em estado de sono, em letargo, e, por isso mesmo, padece da enfermidade mais dominadora, que é a ignorância de si, da destinação de cada um, do significado da existência.
Acomodados à situação em que se encontram, os indivíduos queixam-se, mas quase nada fazem para mudar os factores degenerativos do conjunto social, normalmente neles mesmos presentes; lamentam-se, por necessidade masoquista de inspirar compaixão; entregam-se à ocorrência por comodismo, não se esforçando, realmente, para conseguir a superação de todo aparente obstáculo que surge como ameaça ou impedimento ao seu progresso.
A consciência de sono predomina no mundo moderno, em razão das suas concessões ao prazer imediato, sem a consequente proposta e oportunidade para as emoções libertadoras. Assim, a sociedade se divide em grupos que se hostilizam sub-repticiamente, distanciando-se cada vez mais uns dos outros, quando deveriam eliminar as barreiras separatistas, e não manter ignorância sobre as infinitas possibilidades de realização e de despertamento.
Surge, inevitavelmente, o instante em que o ser vê-se induzido a despertar ou permanecer na morte da realidade. Para que consiga acordar do pesado sono a que se submete, é necessário todo o empenho possível, de modo que possa arrebentar as cadeias que o vêm atando ao processo de auto-compaixão e infelicidade, de auto desestima e desrespeito para com ele próprio.
Estar acordado é encontrar-se pleno, consciente da sua realidade interior e das infinitas possibilidades de crescimento que estão ao seu alcance; libertar-se dos medos que o imobilizam na inutilidade; redescobrir a alegria de viver e de agir; ampliar o campo da comunicação com a Natureza e todos os seres; multiplicar os meios de dignificação humana, colocando-os ao alcance de todos; submeter-se à eloquente proposta de iluminação que pode encontrar em toda parte...
O apóstolo Paulo estava tão certo do valor do despertamento da consciência, que em memorável carta aos Efésios, conforme se encontra no capítulo cinco, versículo catorze, conclamou: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te entre os mortos e o Cristo te esclarecerá. Isso porque, sono é forma de morte, de desperdício da oportunidade educativa, esclarecedora, terapêutica, enriquecedora. E nesse sentido, quando se está desperto, Jesus o esclarece, a fim de que avance corajosamente na busca da sua auto identificação.
Todos os triunfadores foram e são pessoas despertas para a sua actividade, o seu compromisso para com a vida, conscientes do próprio valor, sem os pieguismos e fugas psicológicas de auto-desvalorização, de auto-punição. Desfraldando o estandarte da coragem, partem para a batalha a que se entregam, superando os vícios e desenvolvendo as virtudes, no campo imenso da consciência, qual a proposta feita por Krishna a Arjuna, no Bhagavad Gita, essa maravilhosa canção de dignidade psicológica e saga de um triunfador sobre as próprias paixões...
O ser desperto não se permite a astúcia de Sísifo nem a crueldade de Zeus, que tinham necessidade de demonstrar a sua força, o seu poder, na fragilidade do homem imaturo e dormido.
Quando o príncipe Sidarta Gautama fez-se Buda, portanto, quando se permitiu iluminar, porque acordou do letargo, após uma das suas prelecções educativas, foi interrogado por um discípulo:
Senhor, já encontrastes Deus? E se o defrontastes, onde se encontra Ele? O missionário meditou por um pouco e respondeu sem preâmbulos: Após penetrar na realidade de mim mesmo, encontrei Deus no mais íntimo do meu ser, em grandiosa serenidade e acção dignificadora.
Quando se está desperto, as conquistas e encontros são internos, resplandecentes e calmos, poderosos como o raio e suaves como a brisa do amanhecer. Portadores de vida, conduzem o indivíduo na direcção segura de si mesmo, fazendo que possa compreender os que dormem e não se interessam pela decisão de entender-se ou compreender a finalidade da existência.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 11:23 am

Tampouco se irrita, ou se enfastia, ou se perturba com aqueles que o agridem, que o perseguem, que buscam afligi-lo.
Maria de Magdala despertou da loucura em que se encarcerava ao encontrar Jesus, e transformou-se totalmente; Paulo de Tarso despertou, após o chamado de Jesus e nunca mais foi o mesmo; Francisco de Assis aceitou o convite do Mestre e renasceu, abandonando o homem velho e tornando-se cantor da Natureza; Leonardo da Vinci, Galileu, Newton, René Descartes, Pasteur, Albert Schweitzer e muitos outros nos vários campos do pensamento, da Ciência e da Arte, da Religião e do Amor, após despertarem para a realidade, alteraram a própria rota e ergueram a humanidade para um patamar de maior beleza e de mais ampla felicidade.
Estar desperto significa encontrar-se construindo, livre de preconceitos e de limites, aberto ao bem e à verdade de que se torna vanguardeiro e divulgador.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 11:23 am

Alegria de viver
A vida é um poema de beleza, cujos versos são constituídos de propostas de luz, escritas na partitura da Natureza, que lhe exalta a presença em toda parte. Em consequência, a oportunidade da existência física constitui um quadro à parte de encantamento e conquistas, mediante cuja aprendizagem o Espírito se aformoseia e alcança os paramos da realidade. Em todo lugar há sol e harmonia convidando à paz e à participação no seu conjunto feliz. Somente a criatura humana, porém, apresenta-se triste, assinalada pelas urzes morais que carrega das atitudes e acções transactas, dos compromissos mal vivenciados, das realizações desastrosas, transferindo de uma para outra etapa o que poderá lograr de uma vez, caso se resolva pela solução das dificuldades de dentro para fora, a contributo de esforço bem direccionado.
A alegria, pois, de viver, deve ser parte activa do programa de construção pessoal da criatura inteligente. Fruir toda a magia existente no painel universal, retirando as maravilhosas concessões de completude que pairam ao alcance de todo aquele que deseja elevar-se, livre de tormentos e de amarras com o passado.
O destino da criatura é a liberdade, para onde segue com os olhos postos no futuro. Ser livre significa não depender, optando pelo que lhe constitui emulação para a vitória; não ter passado nem inquietar-se pelo futuro, vivendo amplamente o presente em transportes de paz e alegria.
A medida que se amadurece psicologicamente, a alegria de viver constitui uma razão poderosa para o prosseguimento da actividade de iluminação. Tal alegria certamente não impede os episódios de reflexão pela dor, de ansiedade pelo amor, de espera pela saúde, de presença da enfermidade, de angústia momentânea, de inquietação diante do que esteja ocorrendo. Esses fenómenos, que fazem parte do curso existencial, não eliminam a alegria, antes dão-lhe motivo de presença, porque a cada desafio segue uma vitória; após cada testemunho advém uma conquista; a cada empreendimento de dor se apresenta um novo patamar de equilíbrio, fazendo que a alegria seja constante e motivadora para a produção de novos valores. A alegria proporciona ao cérebro maior contribuição de enzimas especiais, encarregadas de produzir saúde, facultando o riso, que é um estimulante poderoso para a fabricação de imunoglobulina salivar (IgA-s), portadora de factores imunizantes, que propiciam o constante equilíbrio orgânico, evitando a invasão de vários vírus e bactérias perniciosos.
Quando se ri, estimulam-se preciosos músculos faciais e gerais, eliminando-se toxinas prejudiciais acumuladas, que terminam por intoxicar o indivíduo. Rir é uma forma de expressar alegria, sem que a gargalhada estrídula, nervosa, descontrolada, tome parte na sua exteriorização.
Risoterapia, hoje, significa um recurso precioso para evitar determinadas contaminações, mas também para auxiliar no restabelecimento de patologias graves, principalmente as infecciosas mutiladoras, as degenerativas da máquina orgânica e vários distúrbios nas áreas emocional e psíquica.
Assevera o Evangelho que raramente Jesus sorria. Normalmente era visto chorar e quase nunca a sorrir. Ele, que se apresentava como o ser mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para servir-lhe de modelo e Guia, como esclareceram os Espíritos ao eminente codificador Allan Kardec. Parece paradoxal que chorasse... Trata-se de uma contradição aparente. Suas lágrimas não eram de sofrimento, mas de compaixão, esse sentimento superior e elevado de co-participação que direccionava às criaturas, que preferiam permanecer na ignorância a aproveitarem Suas lições libertadoras. Era uma forma de expressar ternura pelos enfermos voluntários, que nele teriam a terapêutica eficaz para se livrarem dos males que os amarguravam, e, no entanto, relegavam a plano secundário, aturdidos pela busca do quase nada imediato e fugaz.
Isso está demonstrado quando fala da Sua Boa Nova de Alegria e se apresenta como a Porta das ovelhas, a Luz do mundo, o Caminho, a Verdade e a Vida, o Pastor, o Messias, informando que somos o sal da Terra, as ovelhas, os necessitados de todo jaez, dele necessitados como Condutor e Psicoterapeuta para nossas inumeráveis deficiências e enfermidades da alma.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 11:24 am

O auto-conhecimento revela ao ser as suas possibilidades e limitações, abrindo-lhe espaços para a renovação e conquista de novos horizontes de saúde e plenificação, sem consciência de culpa, sem estigmas.
Por isso, a Psiconeuroimunologia vem demonstrar que o estado de saúde pode ser conseguido pelo próprio indivíduo que se resolve renovar e crer em si mesmo, nas suas imensas reservas de energias, no valor das suas conquistas. Perfeitamente compatíveis com a Lei de Causa e Efeito, as realizações positivas eliminam ou diminuem o peso das negativas e prejudiciais.
A criatura humana é o seu psiquismo. Conforme ele actua, assim se apresentam as manifestações do mundo do Eu e do Self. O pensamento, portanto, bem-construído, age no mecanismo do sistema nervoso, no cérebro, e estes, conjugados, produzem enzimas protectoras que tornam imune o organismo a muitas invasões de agentes destrutivos, propiciando saúde.
A alegria de viver é convite para uma existência rica de produções morais, espirituais, artísticas, culturais, estéticas e nobres.
A fatalidade existencial deixa de ser viver bem, que é uma das metas humanas, para bem viver, que é uma conquista pessoal intransferível, especial, que jamais se altera ou se perde, fomentando felicidade e trabalhando pela paz que todos almejam.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 9:31 pm

7 - DESCOBRINDO O INCONSCIENTE

Análise do inconsciente
O eminente psicanalista Carl Gustav Jung estabeleceu que o inconsciente é um verdadeiro oceano, no qual se encontra a consciência mergulhada quase totalmente. É como um iceberg, cuja parte visível seria a área da consciência, portanto, apenas cinco por cento do volume daquela montanha de gelo ainda pouquíssimo conhecida. A consciência, ainda segundo o mesmo estudioso, pode ser comparada a uma rolha flutuando no enorme oceano.
Tem-se, dessa forma, uma ideia do que significava o inconsciente para o ilustre psiquiatra, que o fora antes de dedicar-se à Psicanálise. Nas suas investigações profundas, procurou detectar sempre a presença do inconsciente, que seria responsável por quase todos os actos e programas da existência humana, desde os fenómenos automatistas mais primitivos, que lhe dariam início, até as inúmeras manifestações de natureza consciente.
Indubitavelmente, nesse oceano encontram-se guardadas todas as experiências do ser, desde as suas primeiras expressões, atravessando os períodos de desenvolvimento e evolução, até o momento da lucidez do pensamento lógico, no qual hoje transita com vistas ao estágio mais elevado do pensamento cósmico para onde ruma.
É muito difícil dissociar-se o inconsciente das diferentes manifestações da vida humana, porquanto ele está a ditar, de forma poderosa, as realizações que constituem os impulsos e atavismos existenciais.
Indispensável, porém, ter-se em mente a presença do Espírito, que transcende aos efeitos e passa a exercer a sua função na condição de inconsciente, depósito real de todas as experiências do larguíssimo trajecto antropossociopsicológico, de que se faz herdeiro nos sucessivos empreendimentos das reencarnações.
O ego participa de todo esse processo como a pequena parte da psique que é auto-consciente, que se identifica consigo mesma. E o Eu, que se conhece na condição de ser, de área própria de energias, que são totalmente diversas dos outros. É a parte pequena de nós que se apercebe das coisas e ocorrências, a personalidade, numa visão que seja detectada pela consciência.
Invariavelmente o Eu pensa somente em si, não compreendendo a imensidade do inconsciente, que é o Eu total, dando margem a situações curiosas, quando as pessoas se referem a acontecimentos que nunca atribuem a si mesmas, informando que não foram elas, isto é, o seu consciente que realizou determinados labores e teve tais ou quais comportamentos, o que as surpreende sempre. Toda vez que a mente consciente dá-se conta de que o inconsciente se encontra envolvendo-a, é tomada por certas expressões de deslumbramento ou choque, já que é a totalidade, o oceano incluindo o iceberg, que vem à tona.
Para Sigmund Freud, tanto quanto para Gustav Jung, o inconsciente somente se expressa através de símbolos, e esses símbolos podem e devem ser buscados para conveniente interpretação através dos delicados mecanismos dos sonhos e da Imaginação Activa, de modo a serem entendidas as suas mensagens.
As manifestações oníricas oferecem conteúdos que necessitam ser interpretados, a fim de facilitarem o desenvolvimento do indivíduo. Mediante a Imaginação Activa, tenha-se em conta que não se trata de ficção no seu sentido convencional, mas de uma forma criativa do pensamento é possível entrar-se no arcabouço dos registos e depósitos do inconsciente, abrindo-lhe as comportas para uma equilibrada liberação, que irá contribuir grandemente para a conduta salutar do indivíduo, proporcionando-lhe uma existência equilibrada.
Permitimo-nos, porém, acrescentar que, também através da concentração, da oração, da meditação, e durante alguns transes nas tentativas das experiências mediúnicas, o inconsciente faculta a libertação de várias das impressões que nele jazem, dando origem aos fenómenos anímicos, estudados cuidadosamente pelo nobre codificador do Espiritismo, com muita justiça, um dos identificadores dos arquivos do inconsciente, embora sob outra designação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 9:32 pm

Nesse extraordinário oceano, ainda segundo os nobres psicanalistas referidos, formidandas forças estão trabalhando, ora em favor, ora contra o ser, que necessita decifrar todos esses enigmas de modo conseguir sua realização interior quanto exterior. Nele se encontram em depósito os mitos e as fantasias, as lendas e superstições de todos os povos do passado e do presente, e, no seu mais profundo âmago, nascem ou dormem as personalidades paralelas que se incorporam à existência individual gerando conflitos e transtornos neuróticos.
O objectivo, porém, da interpretação dessas mensagens, conforme o pensamento dos citados mestres, não é resolver imediatamente os distúrbios de natureza neurótica, e sim utilizar de forma conveniente as suas forças portadoras de energia de crescimento, de elevação, de conhecimento e de libertação.
O grande desafio da existência humana está na capacidade de explorar esse mundo desconhecido, dele retirando todos os potenciais que possam produzir felicidade e auto-realização.
Os indivíduos normalmente se movimentam na vida em estado quase de sono, sem dar-se conta do que acontece à sua volta, sem conscientizar-se das ocorrências nem dos seus mecanismos. Raramente se detêm na reflexão, considerando os objectivos e necessidades da vida em si mesma. Tudo se lhes sucede de maneira automática, fortuitamente, vitimados que se encontram pelos mecanismos fisiológicos em predomínio, até mesmo por ocasião das manifestações de natureza psicológica, o que é lamentável. Em razão disso, vivem inconscientemente, longe da realidade, dispersos, acumulando conflitos e deixando-se arrastar pelos instintos que neles são dominantes.
A existência humana é uma aprendizagem valiosa que não pode ser desperdiçada de maneira vulgar ou vivida utopicamente, qual se fosse uma viagem ao país da ilusão, no qual tudo tem lugar de maneira atemporal, mecânica, destituída de sentido ou de razão.
A marcha do processo da evolução é ascensional, e o ser deve, a cada dia, armazenar experiências criativas quanto iluminativas, que lhe ampliarão o campo de desenvolvimento, levando-o na direcção da sua fatalidade cósmica, que é a liberdade total, a plenitude. Enquanto no corpo, naturalmente sofrerá as consequências, positivas ou negativas, dos seus próprios actos, que são os construtores do seu futuro. Por isso mesmo cabe-lhe viver conscientemente, desperto para a realidade do existir.
Eis por que a concentração é-lhe de valor inestimável, por propiciar-lhe encontrar-se com os arquivos que lhe guardam as impressões passadas que geram dificuldades ou problemas no comportamento actual. Em um nível mais profundo, a meditação é-lhe o instrumento precioso para a auto identificação, por facultar-lhe alcançar as estruturas mais estratificadas da personalidade, revolvendo os registos arcaicos que se lhe transformaram em alicerces geradores da conduta presente.
Por outro lado, a oração, além de lenir-lhe os sentimentos, suavizando as aflições, contribui para a elaboração dos fenómenos da Imaginação Activa, liberando impressões que, por associação, ampliar-lhe-ão o campo do entendimento da realidade, exumando fantasmas e diluindo-os, ressuscitando traumas que podem ser sanados e ficando com um campo mais livre de imagens perturbadoras, para os mecanismos automatistas dos sonhos.
Embora toda essa contribuição valiosa apresentada pela Psicanálise, proporíamos o desdobramento consciente da personalidade, isto é, do Espírito, nas suas viagens astrais, através das quais experimenta sempre, quando lúcido, maior liberdade, assim podendo superar as sequelas dos graves conflitos das reencarnações passadas, em depósito no inconsciente.
Esse mergulho consciente nas estruturas do Eu total, faculta a libertação das imagens conflituantes do passado espiritual e do presente próximo, ensejando a harmonia de que necessita para a preservação da saúde então enriquecida de realizações superiores.
Enquanto o indivíduo não descobre a realidade do seu inconsciente, pode permanecer na condição de vítima de transtornos neuróticos, que decorrem da fragmentação, do vazio existencial, da falta de sentido psicológico, por identificar apenas uma pequena parte daquilo que denomina como realidade.
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Série Psicológica Vol. 8 - Vida - Desafios e Soluções/Joanna de Angelis - Página 2 Empty Re: Série Psicológica Vol. 8 - Vida - Desafios e Soluções/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 9:32 pm

Percebe-se em isolamento, sem direcção própria para a solução dos vários problemas que o afligem e, corri isso, foge para os estados de neurotização nos quais se realiza.
Essa queda emocional faz que desapareça o sentido de religiosidade, porquanto, ainda conforme a análise dos citados investigadores, no inconsciente é que estariam a presença e o significado de Deus, do Espírito, das percepções em torno da Divindade... Para os citados mestres, quando o ser demora-se ignorando as possibilidades do inconsciente, rompe as ligações com o seu Eu profundo, portanto, com os mecanismos que o levariam à compreensão de Deus, da alma e da vida imortal.
Certamente aí encontramos a presença do Espírito, nos refolhos do ser, impregnado pelas lembranças que não chegam à consciência actual, mas que afectam o comportamento de maneira indirecta, proporcionando estados inquietadores e desconhecidos da estrutura do ego. A sua auto identificação, o autodescobrimento, permite o conhecimento das necessidades de progresso, ao tempo que desarticula as dificuldades que foram trabalhadas pelas experiências negativas das existências transactas, cujos resíduos continuam produzindo distonias.
Somente quando se passa a viver a compreensão da realidade interior, descobrindo-se e conservando-se desperto para a acção do pensamento lógico e consciente, é que se liberam os efeitos danosos do passado e se estabelecem novas normas de conduta para o futuro. Adquire-se então liberdade para a acção criativa, sem as amarras da culpa, que sempre se estabelece depois de qualquer atitude irregular, de toda acção prejudicial.
O ser é manifestação do Pensamento Divino, que o criou para a vigorosa realização de si mesmo.
Desse modo, é necessário deixar de ignorar o seu mundo interior, o seu inconsciente, mergulhando no abismo de si mesmo e auto-revelando-se sem traumas ou choques, sem ansiedades ou inquietações, em um processo de individuação.
Toda essa energia de que é portador o inconsciente pode ser canalizada para a edificação de si mesmo, superação dos medos e perturbações, dos fantasmas do cotidiano, que respondem pela insegurança e pelo desequilíbrio emocional do indivíduo.
Com perspicácia admirável Jung estabeleceu que em todas as criaturas estão presentes muitos símbolos, que dormem no seu inconsciente, num grande pluralismo, que deve ser controlado até atingir um sentido de unidade, de unificação dos termos opostos em uma única manifestação de equilíbrio.
Utilizou-se, assim, das expressões yin e yang presentes na existência humana de todos, numa representação do masculino (Yang) e do feminino (Yin). O primeiro é activo, dinâmico, forte, rico de movimento, de calor, a claridade; o outro é passivo, repousante, frágil, sem muita actividade, frio, a sombra... Esses aparentes opostos produzem conflitos, porque, no momento em que se pensa algo fazer, de imediato uma ideia surge em sentido contrário no íntimo para não o realizar; deseja-se prosseguir e, ao mesmo tempo, parar; o desafio surge para tentar conquistas, enquanto outra parte trabalha para permanecer sem novas experiências. São, sem dúvida, as expressões do masculino e do feminino latentes no ser.
Na antiguidade, o misticismo oriental, em forma de sabedoria, trabalhava a pessoa para saber conduzir uma e outra força com equilíbrio, permitindo que houvesse predomínio desta ou daquela, conforme a situação, terminando pela produção do equilíbrio, que é o resultado da harmonia de controle, nos momentos adequados, por tal ou qual manifestação interior.
Nessa fase, a de harmonia, é possível separar-se o que é bom do que é mau, o justo do arbitrário, identificando os opostos e dando um sentido de perfeito equilíbrio a si mesmo, em identificação com o Cosmo. Não será esse o momento da aquisição do pensamento cósmico, quando o Psiquismo Divino se desenvolve no ser humano e ele pode exclamar, qual o fez Jesus Cristo: Eu e o Pai somos Um!
Jung ainda pôde identificar a dualidade existente nas criaturas, a que as denominações de animus e anima, que estão sempre presentes nos sonhos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 9:32 pm

O animus como sendo a representação masculina nas actividades oníricas das mulheres e o anima, nas dos homens, como simbolismo presente das mulheres, que repetem os grandes vultos mitológicos, históricos, religiosos, presentes nas estórias, fantasias e mitos dos povos de todas as épocas, proporcionando associações e vivências psicológicas, conforme a estrutura interior de cada qual.
Concordando com o pensamento do admirável investigador da psique humana, somente nos encorajaríamos a propor que, nessas representações oníricas, muitas das personagens animus e anima são as reminiscências, as revivescências das vidas anteriores arquivadas no inconsciente de cada um, graças ao perispírito ou corpo intermediário entre o Espírito e a matéria.
Jesus, por exemplo, harmonizava as duas naturezas, o animus, quando era necessário usar da energia e vontade forte para invectivar os hipócritas e lutar sem receio pelo ideal do Amor, e o anima, quando atendia os infelizes que O buscavam, necessitados de entendimento e auxílio. Ninguém, como Ele, conseguiu essa perfeita identificação do yang e do yin, provando ser o Espírito mais elevado que Deus ofereceu ao homem para servir-lhe de modelo e guia, conforme responderam os Mensageiros da Humanidade a Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, na questão número 625.
Por excelência, nesse esforço profundo de auto identificação, o amor deve ser trabalhado conscientemente, a fim de desenvolver-se, já que é inerente à natureza humana, proveniente de toda a Natureza, que é Obra do Amor de Deus, que a impregnou desse sentimento, estruturando-a na vibração de harmonia que prevalece, mesmo quando se enfrentam os reflexos dos contrários.
Esse arquétipo do pensamento junguiano o amor faz parte da imensa listagem que foi preparada para traduzir as imagens ínsitas no inconsciente humano, mas que muitos psicanalistas advogam poder ser ampliada de acordo com a aptidão de cada pessoa, tendo em vista as suas próprias experiências na área dos sonhos, crescendo cada vez mais, de modo a atender a todas as necessidades de formulação, sem que se fique aprisionado em uma faixa estreita de representações.
Do inconsciente para o consciente, para a individuação, é que o ser pode harmonizar-se, conquistar a sua paz e saúde total.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 9:32 pm

Processo de individuação
As multifárias experiências da reencarnação deixam no ser profundo infinitas características, que poderíamos denominar como sendo os arquétipos junguianos. Heranças ancestrais, que se transformam em material volumoso no inconsciente, ditando os processos de evolução das ocorrências no ser e que o propelem para as diferentes atitudes comportamentais do cotidiano.
Todos os indivíduos são os somatórios de suas existências transactas, em que as diversas personalidades constroem a sua realidade pensante, com toda a carga de conflitos e lutas vivenciados que os assinalaram profundamente.
Poder mergulhar nesse oceano tumultuado de actividades vividas é a proposta em favor da sua conscientização.
A fim de lograr o êxito, cada qual se deve considerar único, diferente, não obstante com todas as analogias que são comuns aos demais membros da imensa família humana.
Normalmente, o indivíduo toma como padrões, e procura assemelhar-se àqueles que lhe parecem melhores, verdadeiros modelos, esquecendo-se que se torna impossível conseguir resultados positivos, nesse tentame, porque, à medida que imita outros perde a sua identidade, o seu carácter, amoldando-se a fórmulas e ídolos falsos, que também lutam e disfarçam as suas necessidades na exteriorização da personalidade.
O grande trabalho psicológico de crescimento do ser reside na busca de si mesmo. Embora parecido com outros, qual ocorre com o material físico que a todos constitui, cada pessoa é diferente da outra.
Psicologicamente, existem no inconsciente todos os símbolos das diferentes culturas, que se mesclam, formando a realidade individual. Todavia, é indispensável buscar a individuação, isto é, a sua legitimidade, construindo-se idealmente e assumindo-se com os valores que lhe são peculiares, intransferíveis. Nesse processo, deve operar a transformação moral do Si, descobrindo tudo aquilo que lhe é perturbador e tentar superar, por eliminação, sem que esse esforço gere trauma ou insatisfação, assim diluindo as condensações das vivências anteriores, através da conscientização da sua integridade interior em harmonia com as suas manifestações exteriores.
Esse processo pode durar toda a existência, o que é muito saudável, porque o ser se descobre em constante renovação para melhor, liberando-se das cargas negativas que lhe ditavam as reacções e lhe produziam problemas em forma de distúrbios íntimos, afectando-lhe a conduta.
Tornar-se um ser total, original, único, é a proposta da individuação, que liberta a consciência das constrições mais vigorosas do inconsciente dominador. É indispensável, dessa forma, enfrentar o inconsciente com serenidade, descobrindo-o e integrando-o à consciência actual, pelos melhores caminhos que estejam ao alcance. Cada ser encontra a sua própria rota, que deve seguir confiadamente, trabalhando-se sempre, sem culpa, sem ansiedade, sem receios injustificáveis, sem conflitos responsáveis por remorsos...
Embora pertencente a determinado grupo social, deve encontrar os seus próprios interesses, mantendo, simultaneamente, os valores e qualidades que são inerentes a todos, de forma que não se aliene do contexto no qual se movimenta e deve viver.
Por mais se assemelhem os indivíduos, cada ser possui a sua própria estrutura psicológica, sempre resultante das experiências vivenciadas nas diferentes existências físicas. Eis por que, somente a reencarnação explica essa multiplicidade de conteúdos psicológicos nas criaturas, tornando-as distintas umas das outras, já que procedendo do mesmo tronco, cada uma viveu situações mui especiais e diferentes.
Buscando a individuação, percebe-se que as contribuições do mundo exterior imprimem, no ser, valores que não são verdadeiros para o seu nível de maturidade, e que somente possuem legitimidade aqueles que lhe procedem do âmago, do seu inconsciente, agora em sintonia com a consciência lúcida.
Isso oferece muita tranquilidade, porque permite identificar que não se torna necessário, para obter o triunfo, ser igual a ninguém, símile de outrem ou cópia dos modelos que se exibem na mídia, nos sucessivos festivais da ilusão e dos tormentos generalizados.
Cada ser possui uma infinita riqueza no seu mundo interior, que é a herança divina nele jacente, que agora desperta e toma-lhe a consciência, libertando-o dos atavismos perturbadores.
A psique humana, que se constrói como resultado dos símbolos universais existentes, dilata-se na individuação que aguarda ser alcançada por todos os seres pensantes, por outro lado, meta da reencarnação: a conquista do Si, a elevação do Espírito, pairando sobre os destroços das experiências malogradas, transformadas em edificações de paz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 9:33 pm

Os Arquétipos
O conceito de arquétipo, adoptado por Jung, já era conhecido desde Philo Judaeus, referindo-se à Imago Dei, que seria a imagem divina que existe no ser humano. Irinaeus, por sua vez, segundo Jung, afirmava que O criador do mundo não formou estas coisas directamente de si mesmo, mas as copiou de arquétipos exteriores.
Em realidade, o arquétipo procede da proposta platónica em torno do mundo das ideias, primordial e terminal, de onde tudo se origina e para onde tudo retorna.
Jung utilizou-se do pensamento platónico para referir-se a imagens universais, que são preexistentes no ser ou que procedem do primeiro ser desde os tempos imemoriais. Permanecem esses símbolos no inconsciente humano, independendo de quaisquer outras construções psicológicas, dando-lhe semelhança e até uniformidade de experiência, tornando-se uma representação que perdura imaginativamente. Tais imagens são comuns a todos os povos e características da espécie humana desde os seus primórdios, que surgem espontaneamente e têm várias configurações nos mitos e símbolos de todas as culturas.
A palavra arquétipo se origina do grego arkhe, que significa o primeiro, e typon, que significa marca, cunho, modelo, sendo, por isso mesmo, as marcas ou modelos primordiais, iniciais, que constituem o arcabouço psicológico do indivíduo, facultando a identificação da criatura humana.
Existem no ser como herança, como parte integrante do seu processo de evolução.
Muitas vezes esses arquétipos surgem nos sonhos como imagens preexistentes, liberando-se do inconsciente. No entanto, nem todos os símbolos são procedentes dos arquétipos, porque podem ter origem na própria energia do indivíduo, nas suas atuais fixações, traumatismos psicológicos, conflitos, frustrações, ansiedades e desejos. Diferem, os arquétipos, dessa energia inerente ao ser, porque os primeiros têm um carácter universal, enquanto os outros são individuais.
Em se considerando a universalidade dos arquétipos, há uma grande variedade de símbolos que foram classificados por Jung, e posteriormente pelos seus discípulos e sucessores. No entanto, não podem ter um número fixo, porque sempre estão a apresentar-se com características individuais, em variações naturais, decorrentes de padrões e sinais de cada personalidade.
Jung asseverou que o termo alma, adoptado pelas religiões, apareceu naturalmente, em razão do arquétipo, que tem a sua contrapartida psicológica. Na mulher, a alma seria masculina, de existência interior, que se casa com Cristo, no conceito da união paulina e do matrimónio religioso da mulher com Jesus, enquanto que, no homem, é feminina, como sendo a sua musa inspiradora, responsável pela beleza poética, literária e artística em geral. Essa representação psicológica aparece nos sonhos como anima para os homens e animus para as mulheres.
Se um indivíduo tem um sonho com o demónio, não significaria necessariamente que estivesse em contacto com ele, mas com o arquétipo símbolo do mal, que existe no inconsciente de todos os povos desde a sua origem e permanece através dos milénios. Assim também o anjo, o amor, o ódio e outros são símbolos que sempre existiram no íntimo dos seres e que se transmitem através do inconsciente colectivo, exercendo um papel preponderante na linguagem onírica e no comportamento existencial.
Eles surgem e preponderam na vida psicológica dos indivíduos, sem que os mesmos se dêem conta, aparecendo, inclusive, nos acontecimentos banais, comuns do dia a dia.
Quando alguém se refere a outrem, exaltando-lhe o estoicismo ou citando a covardia, está identificando o arquétipo que vive no seu próprio inconsciente e tem um carácter geral, comum a todos os demais. Assim sendo, sempre é encontrado nos outros aquilo que jaz na própria pessoa, o que lhe facilita o reconhecimento.
As criaturas são todas multidimensionais, possuindo características comuns, resultado da perfeita reunião dos arquétipos que constituem cada individualidade. Isto faculta a compreensão da outra, a sua identificação em valores, qualidades e sentimentos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 9:33 pm

Normalmente esses arquétipos aparecem envoltos em símbolos místicos, divinos, com características de realidade ou em forma de fantasias, que os sonhos desvelam de maneira determinante.
Concordando, em parte, com o eminente mestre, agregaríamos que muitos símbolos, que se apresentam como arquétipos, provêm de um outro tipo de herança primordial: a da experiência de cada Espírito pelo imenso oceano das reencarnações. Graças às mesmas, são transmitidas as vivências de uma para outra etapa, prevalecendo como determinantes do comportamento aquelas que foram mais vigorosas, assim estabelecendo, no inconsciente individual e profundo, símbolos que emergem no sonho ou durante a lucidez como conflitos variados, necessitados de liberação.
O processo da reencarnação explica a presença dos arquétipos no ser humano, porque ele é herdeiro das suas próprias realizações através dos tempos, adquirindo, em cada etapa, valores e conhecimentos que permanecem armazenados nos refolhos do ser eterno que é.
Enquanto o insigne mestre situa todos os deuses e génios, heróis e modelos do Panteão grego, inclusive os de outros povos, como sendo a presença dos símbolos geradores dos arquétipos, o estudo das reencarnações demonstra que, mesmo em forma de símbolos, algumas das lendas e mitos presentes na história dos povos são resultantes da inspiração espiritual, de insights experimentados por inúmeras pessoas, assim também confirmando a preexistência do Espírito ao corpo e a sua sobrevivência à morte.
Esses tipos primordiais, retiradas as indumentárias das lendas, que pertencem ao desenvolvimento do pensamento nos seus variados níveis de crescimento até alcançar o racional, o lógico, existiram, não somente na imaginação, mas como realidade que a fantasia adornou e perpetuou em figurações mitológicas.
Certamente, como afirma Jung, esses arquétipos aparecem nos sonhos como personalidades divinas, religiosas, portadoras de conteúdos transcendentais e se apresentam como sobrenaturais, invencíveis. Em muitas circunstâncias, porém, são encontros com seres transpessoais, que sobrevivem à morte e que habitam, não só o mundo das ideias, da concepção platónica, mas o da energia, precedente ao material, ao orgânico, que é causai e atemporal.
Podemos, portanto, em uma visão transpessoal dos acontecimentos, associar os arquétipos a outro tipo de realidade vivida e ínsita no inconsciente profundo o Espírito ditando os comportamentos da actualidade, que são as experiências espirituais, parapsíquicas e mediúnicas. Aprofundar a busca no oceano do inconsciente para eliminar os conflitos decorrentes das várias ocorrências passadas as atuais e as das reencarnações anteriores conseguir a individuação, eis a meta que aguarda aquele que deseja estar desperto, consciente da sua realidade e que luta em favor da sua iluminação interior e felicidade total.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 9:34 pm

8 - AUTO-DESPERTAMENTO INADIÁVEL

O despertar do Si
A fase inicial da vida, sob qualquer aspecto considerado, é a do sono. Por isso mesmo, o psiquismo dorme no mineral, sonha no vegetal, sente no animal, pensa no homem, conforme sintetizou com muita propriedade o eminente filósofo espírita Léon Denis, e prossegue, com a imensa capacidade da intuição, no anjo, adquirindo novas experiências sem cessar, infinitamente.
O ser está fadado à perfeita sintonia com a Consciência Cósmica, que nele dorme, aguardando os factores que lhe propiciem o desenvolvimento, o contínuo despertar.
Despertar, portanto, é indispensável, abandonando o letargo que procede das faixas por onde transitou, libertando-se do marasmo, em forma de sono da consciência, para as realidades transcendentes, desapegando-se das constrições que impedem a marcha, escravizando o Si nas paixões remanescentes, adormecidas, por sua vez, no inconsciente profundo, que prossegue enviando mensagens pessimistas e perturbadoras.
Conscientizar-se do que é, do que necessita fazer, de como conseguir o êxito, constitui, para o ser, chamamento urgente, como contribuição valiosa para o empenho na inadiável tarefa da revolução íntima transformadora.
Não poucas vezes encontramos no comportamento humano as referências ao dormir, estar dormindo, adormecido, caracterizando estados existenciais das criaturas. Certamente, de fato, a maioria está adormecida para as próprias realidades, para os desafios da evolução, para as conquistas do Si.
Imediatamente apaixonada por interesses mesquinhos, mergulhada em sombras ou fascinada pelo doentio narcisismo, prefere permanecer em estado de consciência de sono, a experimentar o despertamento para a lucidez, portanto, para os compromissos em relação à vida e ao crescimento interior, que se lhe apresenta como um verdadeiro parto, no que tem razão. Despertar para a realidade nova da vida é como experimentar um parto interior, profundo, libertador, dorido e feliz.
Outras vezes, alguns que pretendem o acordar da consciência buscam os gurus famosos em cada época, a fim de que eles pensem e ajam sem o esforço pessoal dos que se fazem seus discípulos (cheias), desse modo estimulando-lhes a paralisia dos braços e do corpo em longos quão improdutivos estados de meditação prolongada, em fugas inoportunas aos labores edificantes da vida actual, sempre desafiadora e exigente. Constitui, essa conduta, uma forma de transferência de responsabilidade para longe dos compromissos graves do próprio esforço, que é a única maneira de cada qual encontrar-se com sua realidade e trabalhá-la, ampliando-lhe a capacidade de desenvolvimento.
Felizmente, chega-se ao momento em que os verdadeiros mestres e guias ensinam os caminhos, porém exigem que os aprendizes avancem, conquistando, eles próprios, as distâncias, particularmente aqueles íntimas que os separam do imperecível Si.
A Psicologia, por seu turno, convida o indivíduo a avançar sem a utilização de novas bengalas ou de dependências de qualquer natureza, a fim de ser livre. É compreensível que, em determinados momentos, durante a aprendizagem, a iniciação, o candidato se apoie naqueles que os instruem, liberando-se, a pouco e pouco, de forma a conquistar o seu próprio espaço.
As revoluções do pensamento têm sido muito velozes e se acentuam nesta última década, prenunciadora de uma Nova Era da Consciência, quando os horizontes se farão mais amplos e a compreensão da criatura se tornará mais profunda, particularmente em torno do Si, do Espírito imortal.
Todas as correntes da actual Filosofia, com raras excepções e experimentos das doutrinas psíquicas e parapsíquicas, como ocorre em algumas outras áreas, convergem para o ser permanente e real, aquele que atravessa o portal da morte e volve ao proscénio terrestre em nova experiência iluminativa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Dez 19, 2023 9:34 pm

Como consequência, a busca da realidade vem sendo orientada para o mundo interior, no qual o ser mergulha com entusiasmo e sabedoria, superando os imperativos das paixões perturbadoras, das sensações mais primitivas a que se vinculava.
Essa proposta é muito antiga, porque as necessidades humanas também o são. Pode-se, porém, arrolar no Evangelho de Jesus, que é considerado um verdadeiro tratado de psicoterapia e deve ser relido com visão nova e profunda por todos, particularmente conforme vem ocorrendo com a Psicologia e as demais doutrinas do psiquismo; refere-se, inúmeras vezes, ao estar dormindo, ao dormir, tanto quanto ao despertar.
Quando Jesus foi visitar Lázaro, que parecia morto, acercou-se do túmulo, informou que o amigo dormia e mandou abrir-lhe o túmulo na rocha, convidando-o a que despertasse e saísse das sombras.
Escutando-lhe a voz que ressoou na acústica da alma, o cataléptico despertou e retomou a consciência, vindo para fora do sepulcro, sem a necessidade de qualquer milagre. Jesus percebera que a morte não lhe arrebatara o Espírito, nem rompera os liames vigorosos do perispírito, portanto, estava vivo ainda, porém dormindo.
Tratava-se de um sono orgânico provocado pela catalepsia, porque Lázaro já houvera despertado para a Realidade, razão pela qual ele pôde ouvir o chamado de retorno3.
Seguindo as pegadas de Jesus, o Apóstolo Paulo repetiu a proposta do despertamento inúmeras vezes, em situações diferenciadas, de acordo com o estado de adormecimento em que se encontravam os seus ouvintes ou interessados na sua mensagem.
Numa carta que dirigiu aos romanos, conforme capítulo treze, no seu versículo onze, depois de algumas considerações escreveu o desbravador das gentes: Digo isto, porque sabeis o tempo, que já é hora de vos despertardes do sono4... que retém as pessoas distraídas e distanciadas da Verdade, em permanente indecisão, ou em exigências infindáveis, ou em discussões inúteis, ou em buscas infrutíferas, sem aprofundamento de nenhuma causa, todos mecanismos escapistas para abraçar o conhecimento libertador.
O estado de sono é paralisia da alma, peso na consciência individual e prejuízo na colectiva, que compraz, no entanto, a todos quantos fogem, consciente e inconscientemente, dos compromissos mais graves para com o Si, assim como em referência à sociedade que exploram e perturbam com a sua dependência.
Ainda examinando a problemática do sono, exclamou, em outra carta, que dirigiu aos Efésios, o libertador das gentes, com energia e vitalidade: Desperta, tu que dormes, e levanta-te entre os mortos5.
Evidentemente o apelo é dirigido àqueles que, embora vivendo, são mortos para a realidade do Si, permanecendo em estado de hibernação dos valores admiráveis da sua imortalidade.
Transitam, pelo mundo, os mortos para as emoções superiores, encharcados das paixões a que se aferram em terrível estado de intoxicação, padecendo-lhes as injunções martirizantes. São cadáveres que respiram, em uma alegoria evangélica. Sempre que convidados ao direccionamento superior, aos ideais de enobrecimento, ao agigantamento dos valores éticos, escusam-se e recusam cooperar, afirmando que a vida tem outros objectivos, empanturrando-se de alimentos e gozos, que logo passam, deixando-os sempre vazios e esfaimados. O seu despertar é sempre doloroso, porque se lhes torna difícil abandonar os hábitos doentios e adoptar novos comportamentos, que a princípio se fazem incomuns, incompletos, sem sentido.
Quando está desperto, lúcido para os objectivos essenciais da existência, ergue-se, o indivíduo, e sai do meio dos outros que estão mortos para a realidade.
Por sua vez, prosseguindo na mesma terapia, o renovado apóstolo Pedro, compreendendo e digerindo o que lhe aconteceu, voltou-se para os que o seguiam e admoestou com simplicidade: Tenho por justo, enquanto estou neste tabernáculo, despertar-vos com recordações6...
Vale se considere o corpo como um tabernáculo, no qual é possível a sublimação dos sentidos, tornando-se necessário despertar os demais, mediante recordações de tudo quanto aconteceu e está esquecido; de todas as ocorrências de vida, que agora jazem no olvido; de todos os valores que significaram esperança e dignidade e estão ao abandono. Mediante esse volver a viver o recordar é possível um saudável despertar e um tranquilo viver.
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