LUZ ESPÍRITA
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Artigos sobre a Mediunidade

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Artigos sobre a Mediunidade - Página 9 Empty Re: Artigos sobre a Mediunidade

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 17, 2011 11:06 pm

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Portadores de doenças espirituais, necessitados de tratamento a longo curso, mas que se resolvessem beber a água lustral do Evangelho de Jesus, encontrariam a cura antecipada para os sofrimentos actuais.

No entanto, uma parcela deles, possui a mediunidade aflorando e precisa desenvolvê-la, tornando-se instrumento maleável nas mãos dos Instrutores Espirituais.

Por falta de definição com respeito aos compromissos assumidos no Mundo Espiritual para o labor em beneficio dos sofredores da Erraticidade, são presas fáceis, nas mãos dos Espíritos inferiores, com os quais sintonizam, acarretando-lhes distúrbios emocionais de vária ordem, inclusive obsessões pertinazes de carácter complexo.

Como atendê-los, porém?
Em ambos os casos são dadas orientações para o estudo sistemático das obras da Codificação Kardequiana, a frequência às reuniões doutrinárias, recebendo o benefício do passe e da água fluidificada.

Esta é a fase de desintoxicação dos fluidos grosseiros a que estão habituados, causa das chamadas doenças enigmáticas.

Conforme a disposição de cada um é o interesse que demonstrem em se renovarem moral-espiritualmente, começam a sentir depois de algum tempo os efeitos salutares da terapêutica recomendada, com reflexos imediatos no psiquismo e na saúde física.

Para efeito de uma melhor aclimatação aos hábitos novos que deverão adquirir, hão que encontrar tempo para o estudo e ensejo para as reflexões necessárias.

Como consequência de uma nova ordem de ideias de que vão tomando conhecimento, o melhor seria um convivências na Casa Espírita por um período mínimo de dois anos.

Em seguida, por uma deliberação espontânea solicitar permissão para ingressar no grupo mediúnico de desenvolvimento e posteriormente de desobsessão.

Naturalmente que a decisão final neste particular ficará a cargo dos Mentores Espirituais ou então dos dirigentes encarnados que procurarão seleccionar os necessitados de tratamentos específicos e também os que reúnam as melhores predisposições para esse trabalho de grande responsabilidade, exigindo de cada participante desejo de servir sem exigências, disciplina, e, sobretudo, pontualidade na frequência.

Revista Presença Espírita.

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Artigos sobre a Mediunidade - Página 9 Empty Mediunidade e o seu Desenvolvimento

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 19, 2011 11:17 pm

Therezinha Oliveira

A Mediunidade

É natural que nos comuniquemos com os espíritos desencarnados e eles connosco, porque também somos espíritos, embora estejamos encarnados.

Pelos sentidos físicos e órgãos motores, tomamos contacto com o mundo corpóreo e sobre ele agimos.

Pelos órgãos e faculdades mentais mantemos contacto constante com o mundo espiritual, sobre o qual também actuamos.

Todas as pessoas, portanto, recebem a influência dos espíritos.

A maioria nem percebe esse intercâmbio oculto, em seu mundo íntimo, na forma de pensamentos, estados de alma, impulsos, pressentimentos etc.

Mas há pessoas em quem o intercâmbio é ostensivo.

Nelas, os fenómenos são frequentes e marcantes, acentuados, bem característicos (psicofonia, psicografia, efeitos físicos etc.), ficando evidente uma outra individualidade, a do espírito comunicante.

A essas pessoas, Allan Kardec denomina médiuns.

Médium é uma palavra neutra (serve para os 2 géneros), de origem latina;
quer dizer medianeiro, que está no meio.

De facto o médium serve de intermediário entre o mundo físico e o espiritual, podendo ser o intérprete ou instrumento para o espírito desencarnado.

Mediunidade é a faculdade que permite sentir e transmitir a influência dos Espíritos, ensejando o intercâmbio, a comunicação, entre o mundo físico e o espiritual.

Sendo uma faculdade, é capacidade que pode ou não ser usada.
Sendo natural, manifesta-se espontaneamente, mas pode ser exercitada ou desenvolvida.

Sua eclosão não depende de lugar, idade, sexo, condição social ou filiação religiosa.

Quem apresenta perturbação é médium?
Muitas vezes, ao eclodir a mediunidade, a pessoa costuma dar sinais de sofrimento, perturbação, desequilíbrio.

Firmou-se até um conceito errado entre o povo:
se uma pessoa se mostra perturbada deve ter mediunidade.

Entretanto, a mediunidade não é doença nem leva à perturbação, pois é uma faculdade natural.

Se a pessoa se perturba ante as manifestações mediúnicas é por sua falta de equilíbrio emocional e por sua ignorância do que seja a mediunidade, ou porque está sob a acção de espíritos ignorantes, sofredores ou maus.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 19, 2011 11:18 pm

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Não se deve colocar em trabalho mediúnico quem apresente perturbações.

Primeiro, é preciso ajudar a pessoa a se equilibrar psiquicamente, através de passes, vibrações e esclarecimentos doutrinários.

Deve-se recomendar, também, a visita ao médico, porque a perturbação pode ter causas físicas, caso em que o tratamento será feito pela medicina.

Para o desenvolvimento da mediunidade, somente deve ser encaminhado quem esteja equilibrado e doutrinariamente esclarecido e conscientizado.

Sinais Precursores

A mediunidade geralmente fica bem caracterizada, quando:
* há comprovada vidência ou audição no plano espiritual;
* se dá o transe psicofónico
(mediunidade falante) ou psicográfico (mediunidade escrevente);
* há produção de efeitos físicos (sonoros, luminosos, deslocação de objectos) onde a pessoa se encontre.

Mas nem sempre é fácil e rápido distinguir as manifestações mediúnicas, quando em seu início, das perturbações fisiopsíquicas.

Eis alguns sinais que, se não tiverem causas orgânicas, podem indicar que a pessoa tem facilidade para a percepção de fluidos, para o desdobramento (que favorece o transe) ou que está sob a actuação de espíritos:
* sensação de "presenças" invisíveis;
* sono profundo demais, desmaios e síncopes inexplicáveis;
* sensações ou ideias estranhas, mudanças repentinas de humor, crises de choro;

* "ballonement"
(sensação de inchar, dilatar) nas mãos, pés ou em todo o corpo, como resultado de desdobramento perispiritual;
* adormecimento ou formigamento nos braços e pernas;
* arrepios como os de frio, tremores, calor, palpitações.

Como Desenvolver a Mediunidade


Do ponto de vista espírita, desenvolver mediunidade não é apenas sentar-­se à mesa mediúnica e dar comunicações.

É apurar e disciplinar a sensibilidade espiritual, a fim de tê-la nas melhores condições possíveis de manifestação, e aprender a empregá-la dentro das melhores técnicas e visando as finalidades mais elevadas.

Esse desenvolvimento mediúnico abrange providências de natureza tríplice:

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Artigos sobre a Mediunidade - Página 9 Empty Re: Artigos sobre a Mediunidade

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 19, 2011 11:20 pm

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1. Doutrinária.
O médium precisa conhecer a Doutrina Espírita para compreender o Universo, a si mesmo e aos outros seres, como criaturas evolutivas, regidas pela lei de causa e efeito.

Atenção especial será dada à compreensão do intercâmbio mediúnico, acção do pensamento sobre os fluidos, natureza e situações dos espíritos no Além, perispírito e suas propriedades na comunicação mediúnica, tipos de mediunidade, etc.

2. Técnica.
Exercício prático, à luz do conhecimento espírita, para que o médium saiba distinguir os tipos dos espíritos pelos seus fluidos, como concentrar ou desconcentrar, entender o desdobramento, controlar-se nas manifestações e analisar o resultado delas, etc.

Observação: quando se inicia a prática mediúnica, pode ocorrer de os sinais precursores se intensificarem e ampliarem.
Não pense o médium que seu estado piorou.

É que os espíritos estão agindo sobre os centros de sua sensibilidade e preparando o campo para as actividades mediúnicas.

Persevere o médium, mantendo o bom ânimo e aos poucos, com a educação de suas faculdades, as sensações ficarão bem canalizadas, não mais causando perturbações.

3. Moral.
É indispensável a reforma íntima para que nos libertemos de espíritos perturbadores e cheguemos a ter sintonia com os bons espíritos, dando orientação superior ao nosso trabalho mediúnico.

A orientação cristã, à luz do Espiritismo, leva-nos à vigilância, oração, boa conduta e à caridade para com o próximo, o que atrairá para nós assistência espiritual superior.

Livros consultados:

De Allan Kardec:
- "O Livro dos Médiuns", 2ª parte, caps. XVII e XVIII.

De Léon Denis:
- "No Invisível", caps. XXII e XXV.

Fonte: "Iniciação ao Espiritismo", Therezinha Oliveira - Ed EME

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Artigos sobre a Mediunidade - Página 9 Empty Mediunidade na História

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 20, 2011 9:55 pm

Revista Espírita Allan Kardec, ano III, Nº 9

Alguns factos que evidenciam a presença do Plano Invisível na História:

* Moisés, mediante fenómeno de combustibilidade, recebe do Alto a Tábua dos Dez Mandamentos - manifestação de uma vontade superior visando o despertamento moral dos povos;

* Sócrates, constantemente orientado pelo Guia espiritual, revela-se precursor do Cristianismo.
"Desde a minha infância, graças ao favor celeste, sou seguido por um Ser quase divino, cuja voz me impele a esta ou aquela acção".

* Paulo de Tarso, às portas de Damasco, tem a visão do Nazareno em perfeita configuração luminosa, convertendo-se desse modo em apóstolo e medianeiro do Mestre;

* Os Oráculos eram núcleos de intercâmbio medianímico, onde trabalhavam sibilas, pítons e pitonisas.

Gente de todas as classes sociais, inclusive autoridades públicas, visitavam esses lugares, recebendo orientações as mais diversas;

* César, o grande imperador romano, esteve com a pitonisa Spurina, informando-se que algo muito grave aconteceria na sua vida.
Na data prevista, 15 de Março, segue para o Senado e lá recebe 23 punhaladas;

* Joana D’Arc, heroína francesa, orientada pelas "vozes do Céu", assume a missão de libertar sua pátria do jugo inglês.
Perseguida como herege, submete-se ao sacrifício inquisitorial, mas, no momento extremo, ainda afirma ouvir os espíritos;

* Rainha Vitória, a soberana que mais tempo permaneceu no Poder inglês, passou 30 anos mantendo diálogos com seu ex-esposo Alberto, através do médium John Brown.
As grandes decisões do seu governo tiveram a participação directa d Espírito;

* Catarina da Rússia é chamada às pressas para ver o seu sósia fantasma -, uma entidade materializada que se demorava no trono da Rainha, sendo cercada pela guarda do Palácio.
Alvejado por dois tiros de fuzil desfez-se sem deixar sinal de sua presença;

* Abraham Lincoln, presidente americano, realizava sessões espíritas na Casa Branca.
Ele mesmo era dotado de faculdade mediúnica, chegando ao ponto de antever a sua morte ocorrida no dia 15 de abril de 1865;

* Harriet Beecher Stowe psicografou o conhecido livro "A cabana do pai Tomás".
"Este livro não foi escrito por mim.
Não fiz outra coisa senão tomar nota do que me diziam";

* Dom Bosco, em Turim, no ano de 1883, sonha com o berço da Nova Civilização do III Milénio, que deveria surgir entre os paralelos 15 e 20 do hemisfério;
após 60 anos, no local e época previstos JK constrói Brasília.

Um sem número de factos ainda poderíamos citar.

São realidades trazidas ao conhecimento público pela imprensa leiga, isto é, pelos veículos normais de comunicação.

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Artigos sobre a Mediunidade - Página 9 Empty Mediunidade não é Espiritismo

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 21, 2011 10:37 pm

Jorge Gomes

Há confusões absurdas que estão a ser desfeitas, graças ao maior estudo deste assunto.

É bem o caso de espiritismo não ser mediunidade.
Ele é doutrina.
Ela é fenómeno que está bem longe de só existir ligado aos espíritas.


Tanto a diferença é notória que, em referência concreta da doutrina e do fenómeno às pessoas, foram criados por Kardec os neologismos espírita e médium, naturalmente com significados bem distintos.

O primeiro é o adepto da ideia.
O segundo é a pessoa que tem faculdades mediúnicas
(aquelas que permitem intercambiar informação entre este plano de vida e o post mortem;
o médium é o intermediário entre duas dimensões: a espiritual e a material).

O espiritismo não só em nada se assemelha a bruxarias, superstição ou crendice, como não é já o dissemos também mediunidade.
A mediunidade, enquanto fenómeno paranormal não utilizado, é neutra, serve para o bem ou não.

O espiritismo aponta sempre a edificação do bem.
Mas, na prática, há sempre uma utilização do fenómeno mediúnico!

Aqui devemos falar de mediunismo, que é o já dito fenómeno praticado de acordo com as ideias próprias de quem o pratica, quaisquer que elas sejam.

Existem, por exemplo, os chamados sincretismos afro-religiosos, como a umbanda e outros, e existem, por igual, pessoas habituadas às religiões tradicionais que, talvez por se sentirem insatisfeitas, verificando a existência concreta do fenómeno mediúnico, passam a praticá-lo, juntando-lhe as suas ideias pessoais.

Depois, usam e abusam da palavra espiritismo e dizem-se espíritas sem o serem.

Mas isso pouquíssimo tem a ver com a doutrina espírita.
E porquê «pouquíssimo»?

Simplesmente porque o elo comum, único e singular é a mediunidade.
Mediunidade que é neutra, não tem valores próprios, pois depende dos valores de quem a utiliza e para quê.

Jorge Gomes
- Vice Presidente da Federação Espírita Portuguesa -

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Artigos sobre a Mediunidade - Página 9 Empty Mediunidade, um Resumo

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 22, 2011 9:51 pm

Bismael B. Moraes

No Universo, tudo é energia em suas mais infinitas formas.

Óbviamente, a Terra é apenas como que um grão de areia nos inúmeros sistemas universais e, dentro dela, em graus evolutivos diversos e em aprendizado constante, os seres humanos ainda se debatem ante as Leis da Natureza.

Muitos sequer descobriram a existência dos dois planos - o físico e o espiritual - dos quais todos participamos, independentemente da nossa vontade ou condição racial, política, social, económica ou intelectual, pois o homem não cria nem revoga lei natural ou Lei de Deus.

A mediunidade, que envolve complexas e subtis formas energéticas, é uma faculdade que está latente em todos os indivíduos, podendo apresentar-se ou manifestar-se por vários modos, dependendo do estádio moral de cada médium (que é o intermediário entre o plano físico e plano espiritual, ou seja, serve de mediador entre encarnados - pessoas - e desencarnados - Espíritos, podendo também ser aquele que recebe influência, inspiração, conselho ou ensinamento de entidades espirituais, até, às vezes, sem o perceber).

Allan Kardec sintetiza os médiuns em duas categorias:
aqueles de efeitos físicos (a quem os Espíritos se manifestam por intermédio de movimentos, ruídos, sons, transporte de objectos, etc.) e aqueles de efeitos intelectuais (a quem os Espíritos se apresentam por meio de comunicações inteligentes - por ideias, escritos, desenhos, sinais, palavras etc.).

Como a vida física é efémera (pois cada ser humano só vive pelo tempo necessário de prova que pediu ou de expiação que lhe foi determinada - de poucos minutos a muitos anos de existência terrena -, na lenta caminhada de aprendizado e progresso) e como a vida espiritual é eterna, e descobrindo-se, pelo estudo e pela pesquisa, que o espírito se comunica pelo pensamento, o raciocínio nos mostra, claramente, que somos espíritos encarnados, porque estamos sempre pensando:
nosso corpo frágil, auxiliado pelos cinco sentidos - visão, tacto, audição, olfacto e paladar - é peça material que requer consciência e razão.

Por isso, as diferenças entre os seres da mesma família:
uns já viveram muito, antes, e aprenderam;
outros viveram poucas existências e ainda não aprenderam.


Todos temos algum tipo de mediunidade;
é dom concedido por Deus.

Porém, só alguns possuem as chamadas mediunidades de tarefa:
audiência (de ouvir vozes de Espíritos);
vidência (de ver Espíritos);
psicografia (de escrever o que ditam os Espíritos);
psicopictografia (de pintar sob acção dos Espíritos);
falante (de transmitir pelos órgãos vocais a palavra do Espírito);
xenoglossia (de falar e escrever línguas estrangeiras que não conhece), além de outros tipos de mediunidade.

Há pesquisadores e estudiosos do Espiritismo que classificam acima de cinquenta os tipos de mediunidade.

Existem ainda os casos de médiuns especiais, dotados de aptidões particulares, como os enumera Allan Kardec, no capítulo XVI, em "O Livro dos Médiuns", obra indispensável a quem se predisponha ao estudo sério sobre os tipos de mediunidade.

O médium, para desincumbir-se das tarefas que lhe são confiadas pelo plano espiritual, deve ser diligente, aplicado, sincero, disciplinado e bondoso, evitando o orgulho e a vaidade.

Jamais deverá colocar-se na condição de superior perante os demais irmãos, sejam estes seguidores ou não da Doutrina Espírita, sabendo que é apenas um tarefeiro e que tem como directrizes os ensinamentos dos bons Espíritos e, no que tange aos cristãos, as lições morais de Jesus, para a prática do bem.

"O médium é um companheiro.
É um trabalhador.
É um amigo.

E é sobretudo nosso irmão, com dificuldades e problemas análogos àqueles que assediam a mente de qualquer espírito encarnado".

"Mediunidade não é pretexto para situar-se a criatura no fenómeno exterior ou no êxtase inútil, à maneira da criança atordoada no deslumbramento da festa vulgar.

É , acima de tudo, caminho de árduo trabalho em que o espírito, chamado a servi-la, precisa consagrar o melhor das próprias forças para colaborar no desenvolvimento do bem".

(Ensinamentos do Espírito Emmanuel, no livro "Mediunidade e Sintonia", pelo médium Chico Xavier).

Observação final:
para melhor conhecer essa importante matéria, aconselha-se, no mínimo, ler "O Livro dos Espíritos", analisando cada tópico, e, em seguida, ler "O Livro dos Médiuns", ambos de Allan Kardec, podendo complementá-los com "Espíritos e Médiuns", de Léon Denis, e "Mediunidade", de J. Herculano Pires.

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Artigos sobre a Mediunidade - Página 9 Empty Mediunismo e Mediunidade

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 24, 2011 10:20 pm

Jorge Ândrea dos Santos

A organização psíquica, em sua trilha evolutiva, após deixar a fase animal de característica fragmentária, adquire degrau mais avançado onde o processo de conscientização define o seu atributo.

Na fase animal o psiquismo é fragmentário, não existe ainda um processo de raciocínio, entretanto, pode mostrar, aqui e ali, condições de treinamento em alguns parâmetros.

É o que se observa em certas e determinadas atitudes animais, às vezes, surpreendentes;
algumas delas inatas e próprias da espécie, outras tantas reveladas em adequados exercícios de intenso treinamento.

No reino hominal o psiquismo está como que reunido em todas suas já adquiridas qualidades.

A estrutura psíquica dessa fase é a mais avançada no planeta, cujo processo de conscientização, aliada às experiências, se vai alicerçando com o despertar de novos e importantes factores, onde a responsabilidade representa um dos seus mais seguros pilares.

O homem, em seu avanço intelectual, alargando os conceitos do amor, adquire maiores horizontes dentro do processo evolutivo diante da responsabilidade dos seus actos.

Toda a organização psíquica, fragmentária ou já revestida do processo consciencial e em suas múltiplas e variadas amostragens, participa de fenómenos psicológicos comuns e de outros tantos, mais complexos, que transcendem às sensações da zona consciente, por isso, denominados de paranormais.

Assim teríamos os fenómenos psicológicos e parapsicológicos.

Os primeiros, por pertencerem às percepções do nosso quotidiano, são perfeitamente conhecidos.
Os segundos, transcendendo aos sentidos comuns, de difícil avaliação, são refutados pela maioria e considerados como anómalos ou patológicos.

A fenomenologia paranormal acompanha o psiquismo, mesmo em sua fase fragmentária;
sendo claro e lógico que nesta fase haverá limites perceptivos.

É o caso da percepção paranormal de certos animais, os de maior estrutura no campo da evolução, que participam, como exemplo, de fenómenos de vidência.

Como o animal tem condições de perceber o encarnado, sob certas condições nota o desencarnado, embora não possuindo o senso critico de avaliação.

O animal percebe dentro de seus componentes estruturais, dentro de suas possibilidades sem qualquer critério de raciocínio;
para ele a visão é uma só, registando o que vê sem maiores discernimentos.

Pode acontecer, vez por outra, que a percepção animal tenha, instintivamente, e sem precisões, possibilidades de distinguir o acontecimento.

Mesmo sem condições de avaliação do raciocínio, algo lhe diz que está tendo uma visão:
muitos factos, em animais domésticos, comprovam esta assertiva.

A fenomenologia paranormal torna-se mais bem compreendida na fase hominal, mormente nas organizações psíquicas mais amadurecidas, isto é, os mais bem lastreados pelas experiências que o processo reencarnatório propicia.

Dentre os muitos fenómenos dessa classe, o mais rico e expressivo é o fenómeno mediúnico que, por exigir a tela psíquica consciente como palco de sua manifestação, será o próprio do reino hominal.

O fenómeno mediúnico, observado na multiplicidade de mensagens que o mundo espiritual emite, não pode ser captado pela organização psíquica dos animais, pela sua condição de fragmentação.

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Artigos sobre a Mediunidade - Página 9 Empty Re: Artigos sobre a Mediunidade

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 24, 2011 10:20 pm

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A estrutura psíquica animal não possui unificação de estruturas psicológicas;
entretanto, os animais podem ficar activados pelo campo vibracional do mecanismo em pauta, porém, sem condições de traduzi-lo, animais mais avançados na escala zoológica são tocados pelo evento, e, pelo modo com que se dá a percepção, não pode o fenómeno ser denominado de mediunidade, porquanto não existe o medianeiro específico, mas sim, uma "velada percepção" na dimensão espiritual.

Nestes casos, o fenómeno poderia ser classificado, de modo abrangente, de mediunismo, ficando o termo mediunidade quando existe o mecanismo ideal do medianeiro próprio da espécie animal.

Assim, os fenómenos de mediunismo e mediunidade acompanham as diversas organizações psíquicas, animais e hominais, desde os seus alvores, apresentando variações de acordo com a evolução do psiquismo.

O homem dos nossos dias, devassando os céus com aprimorada aparelhagem, decifrando com grande margem de acertos os infinitamente pequenos, tem, por obrigação, neste século de definições, de buscar nas fontes do psiquismo a multiplicidade dos fenómenos que aí se instalam.

Os fenómenos mediúnicos, já comprovados por inúmeras observações e experiências, tomaram, realmente, bons impulsos após as bem catalogadas observações e experiências kardequianas que lhes deram um valoroso sentido científico.

Os observadores e cientistas interessados, que vieram após Allan Kardec, ampliaram as experimentações e relatos de tal modo que, nos dias de hoje, podemos asseverar, sem receios de erros, que o fenómeno mediúnico, conduzido em bases sadias, representa função desencadeadora de um especializado metabolismo a reflectir na ampliação do lastro espiritual dos seres.

Quando a função é correcta e equilibrada, harmonioso será o resultado;
quando incorrecta e sem bases éticas ajustadas às reacções daí resultantes, serão desalinhadas e doentias.

Devemos ver no fenómeno mediúnico a mais alta expressão psicológica do psiquismo e, como tal, somente exercitada após estudo, conhecimento e boa orientação.

A Doutrina Espírita, bem compreendida e vivenciada, oferece o campo ideal de avaliações da referida fenomenologia;
esta, por sua vez, contribui de modo especial para os alicerces do Espírito.

É de bom alvitre esclarecer aos iniciantes sobre a importância psicológica do processo, evitando sempre que a fenomenologia mediúnica se expresse em bases levianas e por aqueles que se desmandam em interesses vulgares, egoísmos desmedidos, desamor acentuado e, o que é mais grave, pelos que buscam posições de destaque em efémeras vaidades.

Por esses caminhos tortuosos só chegaremos às neuroses, compulsões e obsessões, cujas gradações serão proporcionais à intensidade dos abusos.

Os fenómenos psicológicos representativos da mediunidade, pela delicadeza e sensibilidade da sua estruturação, podem caminhar para posições negativas ou positivas;
tudo na dependência das atitudes de realizações.

Se o processo obedece aos parâmetros éticos desejados, é bem claro e justo que o mecanismo propiciará elevações com reflexo nos impulsos evolutivos dos seres;
se o processo se efectua em práticas destoantes e desajustadas, compreende-se, perfeitamente, o estacionamento do ser, onde as respostas cármicas, quase sempre dolorosas, são o correctivo necessário antes de nova tomada de posição.

Tudo isto quer dizer que, diante de cada etapa reencarnatória, temos a nossa frente um imenso horizonte de possibilidades, onde a fenomenologia mediúnica representa excelente condição de aquisições evolutivas para as estruturas do Espírito, quando as suas propostas são bem compreendidas e obedecidas.

Todo processo que pode determinar, com a prática do Bem, bons impulsos evolutivos, pode propiciar as grandes quedas, quando activado em posições negativas.

Revista "Presença Espírita".

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Artigos sobre a Mediunidade - Página 9 Empty Médiuns Imperfeitos

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Fev 25, 2011 10:27 pm

Vianna de Carvalho (espírito)

Causam estranheza, não poucas vezes, as comunicações mediúnicas procedentes dos Espíritos Nobres através de pessoas insensatas ou portadoras de conduta irregular.

O normal, que prevalece nesta como em qualquer outra actividade, é a vigência da lei das afinidades, mediante a qual, aqueles que são mais simpáticos entre si mais facilmente se mancomunam e intercambiam, do que a ocorrência de fenómenos opostos.

Certamente a predominância da ordem e do equilíbrio em todos os quadrantes da Natureza constitui a base da harmonia.

No que tange aos valores ético-morais o mecanismo é idêntico.

Todavia, com objectivos elevados, as Entidades Superiores, por falta, às vezes, de médiuns que sintonizem com seus relevantes propósitos, utilizam-se daqueles que encontram com duas finalidades:
advertirem-nos através de orientações seguras e auxiliarem pessoas necessitadas ou confiantes que lhes buscam o socorro.

Não se melhorando tais médiuns, mais agravam o seu estado espiritual, pois que não podem justificar-se posteriormente quando chamados à ordem, sob a primária alegação de que ignoravam a gravidade dos deveres de que se encontravam investidos.

Ademais, a mediunidade é neutra, em si mesma, qual um telefone que pode ser utilizado por pessoas boas ou más, de conduta salutar ou reprochável, ricas ou necessitadas, cabendo ao proprietário seleccionar a clientela mediante os critérios que melhormente lhe digam respeito.

A imperfeição, inerente às criaturas humanas, procede dos atavismos que as fixam às faixas primárias das quais procedem e ainda não lograram libertar-se.

Portadoras da faculdade mediúnica, dispõem de precioso instrumento que, dignamente utilizado, as auxiliará no processo de aprimoramento intelecto-moral, superando os limites primitivos e adquirindo mais amplas percepções sobre a vida e sobre si mesmas, com os olhos postos em metas relevantes que as aguardam.

Malbaratar o precioso talento da mediunidade, deixando-a enxovalhar-se sob o uso com finalidades pueris e frívolas, indignas e vulgares acarreta penosas aflições que impõem renascimentos dolorosos, nos quais, a demorada meditação no cárcere carnal deficitário auxiliará o calceta a valorizar os bens do Senhor, que são colocados ao seu alcance para o crescimento íntimo e a felicidade.

Outrossim, a incorrecta utilização dos recursos mediúnicos entorpece os centros de registo e termina quase sempre por desarmonizar o psiquismo e a emoção, levando a patologias muito complexas.

Médiuns ciumentos, imorais, simoníacos, exibicionistas e mentirosos, portadores de outras imperfeições morais pululam em toda parte, descuidados e levianos, acreditando-se ignorados pelas Leis Soberanas e supondo-se portadores de forças próprias que as podem utilizar a bel-prazer sem qualquer responsabilidade nem consequência moral.

Mesmo estes, vez que outra, são visitados pelos Mentores Espirituais compadecidos que deles se acercam para os auxiliar, intentando despertá-los para os deveres e compromissos que lhes dizem respeito.

Cabe, desse modo, a todos os médiuns, a vigilância constante e a oração frequente, a acção caridosa e a disciplina segura, a fim de se precatarem de si mesmos, das suas imperfeições, das interferências dos Espíritos impuros e perturbadores, resguardando-se das ciladas que a necessidade de evolução lhes permite enfrentar, a fim de adquirirem a segurança íntima e o equilíbrio para atingirem mais elevadas faixas vibratórias, nas quais permanece o pensamento divino aguardando ser captado para o progresso da Humanidade.

Não seja, pois, de estranhar a comunicação dos Guias Espirituais através dos médiuns imperfeitos e em meios perniciosos, assim como as mensagens dos Espíritos estúrdios e maus por meio dos instrumentos de sadia moral e equilíbrio espiritual, que os visitam para se beneficiarem, receberem instrução e roteiro, esclarecimento e directriz de libertação.

A imperfeição que se manifesta nos homens ou nos Espíritos indica estágio inferior no qual transita o seu portador, que se deve empenhar para superá-la, trabalhando com acendrado esforço para libertar-se de sua cruel grilheta.

Todos marchamos da sombra em direcção da Grande Luz que nos atrai e que um dia nos banhará em definitivo, eliminando toda mácula e primarismo por acaso ainda existentes em nós.

(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, publicado na Revista O Reformador de Abril de 1991)

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Artigos sobre a Mediunidade - Página 9 Empty Médiuns Irresponsáveis

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 26, 2011 9:41 pm

Manoel Philomeno de Miranda (espírito)

Associou-se indevidamente à pessoa portadora de mediunidade ostensiva a qualidade de Espírito elevado.

O desconhecimento do Espiritismo ou a informação superficial sobre a sua estrutura deu lugar a pessoas insensatas considerarem que, o facto de alguém ser possuidor de amplas faculdades medianímicas, caracteriza-se como um ser privilegiado, digno de encómios e projecção, ao mesmo tempo possuidor de um carácter diamantino, merecendo relevante consideração e destaque social.

Enganam-se aqueles que assim procedem, e agem perigosamente, porquanto, a mediunidade é faculdade orgânica, de que quase todos os indivíduos são portadores, variando de intensidade e de recursos que facultem o intercâmbio com os Espíritos, encarnados ou não.

Neutra, do ponto de vista moral, em si mesma, a mediunidade apresenta-se como oportunidade de serviço edificante, que enseja ao seu portador os meios de auto-iluminar-se, de crescer moral e intelectualmente, de ampliar os dons espirituais, sobretudo, preparando-se para enfrentar a consciência após a desencarnação.

Às vezes, Espíritos broncos e rudes apresentam admiráveis possibilidades mediúnicas, que não sabem ou não querem aproveitar devidamente, enquanto outros que se dedicam ao Bem, que estudam as técnicas da educação das faculdades psíquicas, não conseguem mais do que simples manifestações, fragmentárias, irregulares, quase decepcionantes.

Não se devem entristecer aqueles que gostariam de cooperar com a mediunidade ostensiva, porquanto a seara do amor possui campo livre para todos os tipos de serviço que se possa imaginar.

Ser médium da vida, ajudando, no lar e fora dele, exercitando as virtudes conhecidas, constitui forma elevada de contribuir para o progresso e desenvolvimento da Humanidade.

Através da palavra, oral e escrita, quantos socorros podem ser dispensados, educando-se as criaturas, orientando-as, levando-as à edificação pessoal, na condição de médium do esclarecimento?!

Contribuindo, nas actividades espirituais da Casa Espírita, pela oração e concentração durante as reuniões especializadas de doutrinação, qualquer um se torna médium de apoio.

Da mesma forma, através da aplicação dos passes, da fluidificação da água, brindando a bioenergética, logra-se a posição de médium da saúde.

Na visita aos enfermos, mantendo diálogos confortadores, ouvindo-os com paciência e interesse, amplia-se o campo da mediunidade de esperança.

Mediante o dialogo com os aturdidos e perversos, de um ou do outro plano da vida, exerce-se a mediunidade fraternal da iluminação de consciência.

Neste mister, aguça-se a percepção espiritual e desenvolvem-se os pródromos das faculdades adormecidas, que se irão tornando mais lúcidas, a fim de serem usadas dignamente em futuros cometimentos das próximas reencarnações.

Ser médium é tornar-se instrumento;
e, de alguma forma, como todos nos encontramos entre dois pontos distantes, eis-nos incursos na posição de intermediários.

Ter facilidade, porém, para sentir os Espíritos é compromisso que vai além da simples aptidão de contactá-los.

Desse modo, à semelhança da inteligência que se pode apresentar em indivíduos de péssimo carácter, que a usam egoística, perversamente, ou como a memória, que brota em criaturas desprovidas de lucidez intelectual, e perde-se, pela falta de uso, também a mediunidade não é sintoma de evolução espiritual.

Allan Kardec, que veio em nobre missão, Espírito evoluído que é, viveu sem apresentar qualquer faculdade mediúnica ostensiva, enquanto outros indivíduos do seu tempo, que exerceram a faculdade medianímica, por inferioridade moral, venderam os seus serviços, enxovalharam-na, criaram graves empecilhos à divulgação da Doutrina Espírita que, indevidamente, foi confundida com os maus exemplos desses médiuns inescrupulosos e irresponsáveis.

Certamente, o médium ostensivo, aquele que facilmente se comunica com os Espíritos, quando é dotado de sentimentos nobres e possui elevação, torna-se missionário do Bem nas tarefas a que vai convocado, ampliando os horizontes do pensamento para a imortalidade, para a vitória do ser libertado de todas as paixões primitivas.

Normalmente, e as excepções são subentendidas, os portadores de mediunidade ostensivas, porque se encontram em provações reparadoras, falham no desiderato, após o deslumbramento que provocam e a auto-fascinação a que se entregam por invigilância e presunção.

Toda e qualquer expressão de mediunidade exige disciplina, educação, correspondente conduta moral e social do seu portador, a fim de facultar-lhe a sintonia com Espíritos Superiores, embora o convívio com os infelizes, que lhe cumpre socorrer.

O médium irresponsável, porém, não é apenas aquele que, ignorando os recursos de que se encontra investido, gera embaraços e perturbações, tombando nas malhas da própria pusilanimidade, mas também, aqueloutros que, esclarecidos da gravidade do compromisso, se permitem deslizes morais, veleidades típicas do carácter doentio, terminando vitimados pelas obsessões cruéis.

Todo aquele, portanto, que deseje entregar-se ao Bem, na seara dos médiuns, conscientize-se da responsabilidade que lhe diz respeito, e, educando a faculdade, torne-se apto para o ministério, servindo sempre e crescendo intimamente com os olhos postos no próprio e no futuro feliz da sociedade.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 27, 2011 11:06 pm

João Alberto Vendrani Donha

Um dos cuidados de Kardec e um dos pontos básicos de seu método de trabalho era cercar-se de colaboradores insuspeitos, tanto do ponto de vista material, como do moral.

No primeiro caso, coloca ele os médiuns que não auferem lucros financeiros;
no segundo, os que não cobram em elogios, em promoção pessoal, os que não buscam, enfim, prestígio à custa de sua mediunidade.


Nessa precaução, identificamos mais uma vez a perspicácia científica do Codificador.
Numa época em que os grandes pesquisadores do psiquismo tinham "seus sonâmbulos" à disposição, médiuns esses muitas vezes sustentados ou assalariados pelos cientistas, Kardec só se servia, em seus estudos, de voluntários.

Cercava-se de médiuns que se entregavam ao trabalho desinteressadamente, pelo único ideal de demonstrar à humanidade a verdade da sobrevivência.

Qual a importância dessa maneira de agir?
Todos nós sabemos que o facto mediúnico não ocorre à vontade do médium.

É necessária a colaboração de uma inteligência independente:
o espírito comunicante, provocador do facto.

Pois bem, quando alguém tira seu salário de suas possibilidades mediúnicas, vê-se, esse alguém, na obrigação de produzir fenómenos.
Se não produzi-los, não terá salário.

Agindo dentro dessa obrigatoriedade, quando os fenómenos não ocorrerem ele providenciará, de maneira fraudulenta, sua ocorrência.

Mesmo em se tratando de sonâmbulos (actualmente, na parapsicologia, chamados paranormais), caso em que o fenómeno é anímico, há necessidade de condições favoráveis para a ocorrência dos factos.

Portanto, ainda aqui, o desinteresse é a melhor garantia de sinceridade.
Na maioria dos casos o médium, em sua origem autêntico, sincero e simples, é imediatamente cercado por pessoas gananciosas por dinheiro ou ansiosas por promoção.

Essas pessoas começam a adjectivá-lo de "grande médium", "maior médium", ou a reputar-lhe um "grande e inexplicável poder".

O pobre do médium convence-se disto tudo e começa, por sua vez, a tirar proveito próprio da mediunidade ou a permitir que outros, amigos e familiares, o façam.

Algum tempo mais e ele começa a notar que os fenómenos não são tão regulares e dóceis assim, que vez e outra (principalmente depois que ele começou a ganhar com a mediunidade) os "factos insólitos" não se verificam.

A essa altura, o médium já está tão comprometido, com tantas apresentações, palestras e entrevistas marcadas, que prefere não voltar atrás e continua na tentativa de satisfazer os curiosos.

Leva consigo, então, certos recursos, para serem utilizados caso o fenómeno não ocorra.
Começa a defraudar.


Se uma fraude dessas é descoberta os adversários do Espiritismo generalizam estendendo a denúncia da fraude a todas as apresentações daquele médium e, o que é pior, a todos os fenómenos daquela natureza.

Portanto, nunca poderemos ser realmente espíritas, compreender a fenomenologia mediúnica, interpretar com tranquilidade tudo o que se passa em nosso meio ou o que se faz em nome do Espiritismo, sem estudarmos seriamente Kardec, assimilando seu método e sua prática.

E é com suas palavras que finalizo este artigo:
"De tudo o que ficou dito concluímos que o desinteresse mais absoluto é a melhor garantia contra o charlatanismo"
(Kardec, O Livro dos Médiuns, Cap. XXVIII).

Centro Espírita Luz Eterna - CELE

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Artigos sobre a Mediunidade - Página 9 Empty Médiuns Sensacionalistas

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 28, 2011 10:45 pm

Vianna de Carvalho (espírito)

A frase de João Baptista:
"É necessário que Ele cresça, e que eu diminua", tem actualidade no comportamento dos médiuns de todas as épocas, especialmente em nossos dias tumultuados.

À semelhança do preparador das veredas, o médium deve diminuir, na razão directa em que o serviço cresça, controlando o personalismo, a fim de que os objectivos a que se entrega assumam o lugar que lhes cabe.

A mediunidade é faculdade neutra, a que os valores morais do seu possuidor oferecem qualificação.

Posta a serviço do sensacionalismo entorpece os centros de registo e decompõe-se.

Igualmente, em razão do uso desgovernado a que vai submetida, passa ao comando de Entidades, perversas e frívolas, que se comprazem em comprometer o invigilante, levando-o a estados de desequilíbrio como de ridículo, por fim, ao largo do tempo, empurrando o médium para lamentáveis obsessões.

Entre os gravames que a mediunidade enfrenta, a vaidade e o personalismo do homem adquirem posição de relevo, desviando-o do rumo traçado, conduzindo-o ao sensacionalismo inquietante e consumidor.

Neste caso, o recolhimento, a serenidade e o equilíbrio que devem caracterizar o comportamento psíquico do médium cedem lugar à inquietação, à ansiedade, aos movimentos irregulares das atracções externas, passando a sofrer de irritação, devaneios, e à crença de que repentinamente se tornou pessoal especial, irrepreensível e irreprochável, não tendo ouvidos para a sensatez nem discernimento para a equidade.

Torna-se absorvido pelos pensamentos de vanglória, e, disputado pelos irresponsáveis que lhe incensam o orgulho, levam-no à lenta alucinação, que o atira ao abismo da loucura.

A faculdade mediúnica é transitória como outra qualquer, devendo ser preservada mediante o esforço moral de seu possuidor, assim tornando-se simpático aos Bons Espíritos que o inspiram à humildade, à renuncia, à abnegação.

Quando ao personalismo sensacionalista domina o psiquismo do homem, naturalmente que o aturde, tornando-se mais grave nos sensores mediúnicos cuja constituição delicada se desarticula ao impacto dos choques vibratórios dos indivíduos desajustados e das massas esfaimadas, insaciadas, sempre à cata de novidades e variações, sem assumirem compromissos dignificantes.

S. João Bosco, portador de excelentes faculdades mediúnicas, resguardava-as da curiosidade popular, utilizando-as com discrição nas finalidades superiores.

Santa Brigida, da Suécia, que possuía variadas expressões mediúnicas, mantinha o pudor da humildade, ao narrar os fenómenos de que se fazia objecto.

José de Anchieta, médium admirável e curador eficiente, agia com equilíbrio cristão, buscando sempre transferir para Jesus os resultados das suas acções positivas.

S. Pedro de Alcântara, virtuoso médium possuidor de vários "dons", ocultava-os, a fim de servir, apagado, enquanto o Senhor, por seu intermédio, se engrandecia.

Santa Clara de Montefalco procurava não despertar curiosidade para os fenómenos mediúnicos de que era instrumento, atribuindo-os todos à graça divina de que se reconhecia sem merecimento.

Os médiuns que cooperaram na Codificação do Espiritismo, sensatamente anularam-se, a fim de que a Doutrina fixasse nas almas e vidas as bases da verdade e do amor como formas para a aquisição dos valores espirituais libertadores.

Todo sensacionalismo altera a face do facto e adultera-lhe o conteúdo.

Quando este se expressa no fenómeno mediúnico corrompe-o, descaracteriza-o e põe-no a serviço da frivolidade.

Todos quantos se permitiram, na mediunidade, o engano do sensacionalismo, não obstante as justificações sob as quais se resguardam, desceram as rampas do fracasso, enganados e enganando aqueles que se deixaram fascinar pelos seus espectáculos, nos quais, o ridículo passou a figurar.

O tempo, este lutador incessante, encarrega-se de aferir os valores e demonstrar que a "árvore" que o Pai não plantou "termina" por ser arrancada.

Quando tais aficionados da mediunidade bulhenta se derem conta do erro, caso isto venha acontecer, na Terra, possivelmente, o caminho de retorno à sensatez estará muito longo e o sacrifício para percorrê-lo os desencorajará.

Diante do sensacionalismo mediúnico, recordemo-nos de Jesus, que após os admiráveis fenómenos de socorro às massas jamais aceitava o aplauso, as homenagens e gratulações dos beneficiários, recolhendo-se à solidão para, no silêncio, orar, louvando e agradecendo ao Pai, a Eterna Fonte geradora do Bem.

Mensagem psicografada por Divaldo P. Franco em 1989, transcrita em o Reformador.

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Artigos sobre a Mediunidade - Página 9 Empty Noções Básicas de Mediunidade

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 01, 2011 10:12 pm

Silvio e Clarice Seno Chibeni

1. Introdução

Seja por constituir a base experimental da ciência espírita, seja pelo papel histórico que desempenhou no surgimento do Espiritismo, ou ainda pela importância que assume nas actividades práticas dos Centros Espíritas, a mediunidade merece de cada um de nós a melhor das atenções.

Desincumbindo-nos do dever de estudá-la continuamente, estaremos reunindo condições para a correcta compreensão tanto de sua natureza, como de suas finalidades, e para o discernimento dos muitos enganos de opinião a seu respeito que circulam entre a população leiga e mesmo nos meios espíritas.

Habilitaremo-nos, assim, a dela obter os mais seguros e produtivos resultados, com vistas ao nosso aperfeiçoamento intelectual e moral.

Nunca será demais insistir em que nenhum artigo, folheto ou apostila poderá substituir ou tornar dispensável o estudo daquele que constitui o mais completo e profundo tratado que já se escreveu sobre a mediunidade:
O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.

Assim, os presentes apontamentos devem ser tidos unicamente como uma exposição incompleta de alguns tópicos importantes, destinada a facilitar posteriores contactos com a obra fundamental e a vasta literatura subsidiária que surgiu desde sua primeira edição, em 1861.

2. Definição de Mediunidade

Embora no Vocabulário Espírita que forma o capítulo 32 de O Livro dos Médiuns Kardec tenha dado como sinónimos os termos "mediunidade" e "medianimidade", o uso consagrou o primeiro, que ali é definido através do termo "médium":

MEDIUNIDADE é a faculdade dos médiuns.

Isto posto, resta saber o que é médium.

Kardec fornece a definição deste termo em vários pontos de suas obras, como por exemplo nesse mesmo Vocabulário, onde se encontra:
MÉDIUM. (do latim, médium, meio, intermediário).
Pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens.

A partir dessa definição sucinta, Kardec desenvolve o conceito, que comporta duas acepções distintas, expressas com clareza neste trecho da Revue Spirite: [Nota #1]

ACEPÇÃO AMPLA:

Qualquer pessoa apta a receber ou a transmitir comunicações dos Espíritos é, por isso mesmo, médium, seja qual for o grau de desenvolvimento da faculdade, desde a simples influência oculta até a produção dos mais insólitos fenómenos.

ACEPÇÃO RESTRITA:

Em seu uso ordinário, todavia, esse termo tem uma aplicação mais restrita, aplicando-se às pessoas dotadas de um poder mediador suficientemente grande, seja para a produção de efeitos físicos, seja para transmitir o pensamento dos Espíritos pela escrita ou pela palavra.

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Artigos sobre a Mediunidade - Página 9 Empty Re: Artigos sobre a Mediunidade

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 01, 2011 10:12 pm

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Quando analisamos um texto, um discurso, uma conversa onde o termo médium aparece, é sempre importante reconhecer em qual desses sentidos está sendo empregado, a fim de se evitarem mal-entendidos e mesmo discussões sem fundamento.

Assim, por exemplo, a afirmação de que todos somos médiuns, encontrada em tantos autores (inclusive Kardec: ver O Livro dos Médiuns, parágrafo 159), só deverá ser entendida na acepção abrangente do termo, pois já sabíamos, desde a questão 459 de O Livro dos Espíritos, que todos somos passíveis de receber a influência dos Espíritos, ainda que sob a forma subtil de intuição.

Incorreremos em grave equívoco se concluirmos a partir desse facto que todos somos médiuns no sentido restrito (e usual) da palavra 'médiuns', ou seja, se julgarmos que todos podemos produzir manifestações ostensivas, tais como a psicofonia, a psicografia, os efeitos físicos, etc.

Concluindo, então, temos que a proposição 'Todos somos médiuns' é verdadeira quando o termo 'médiuns' é tomado em seu sentido amplo, e falsa quando tomado no sentido restrito.

Tal circunstância não deve causar estranheza, já que resulta da imperfeição de nossa linguagem, na qual uma mesma palavra pode ter mais de um significado.

Um caso semelhante dessa ambiguidade linguística ocorre, por exemplo, com a proposição 'Todos os homens são mortais', que é verdadeira se o termo 'homens' referir-se unicamente ao corpo material, e falsa se se considerar o ser espiritual.

3. A Natureza da Mediunidade

Limitando-nos daqui para frente à acepção restrita do termo 'médium', que é a mais usual e relevante, estaremos, então, no que se vai seguir entendendo a mediunidade como aquela aptidão especial que certas pessoas possuem para poder servir de meio de comunicação entre os Espíritos e os homens encarnados.

A questão que naturalmente surge neste ponto é a de se determinar qual é a natureza da faculdade mediúnica:
quais as suas causas, por que surge somente em determinadas pessoas e em modalidades e graus diversos, se é passível de desenvolvimento forçado através de alguma técnica, etc.

Tais indagações vêm sendo abordadas com sucesso pelo Espiritismo, que sobre elas já projectou intensas luzes, contribuindo desse modo para que o manto de superstição e misticismo que desde eras imemoriais vem encobrindo a mediunidade fosse removido, e para que, melhor compreendida, pudesse ser correctamente utilizada para os elevados propósitos a que se destina.

Dois aspectos centrais relativos à mediunidade acham-se expostos na resposta à questão que Kardec endereçou aos Espíritos, no parágrafo 226 de O Livro dos Médiuns:

O desenvolvimento da mediunidade guarda relação com o desenvolvimento moral dos médiuns?
- "Não a faculdade propriamente dita se radica no organismo; independe do moral.
O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom ou mau, conforme as qualidades do médium."


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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 01, 2011 10:13 pm

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Na presente secção nos ocuparemos exclusivamente do primeiro desses aspectos: a origem orgânica da faculdade mediúnica.
A questão do emprego bom ou mau dessa faculdade será tratada na secção 6, abaixo.

Como observamos pela resposta dos Espíritos, a aptidão de poder servir de "ponte" entre o mundo espiritual e o mundo material está ligada a factores de ordem orgânica.

Essa constatação, que é reafirmada em vários pontos da obra de Kardec, bem como de outros autores espíritas abalizados, passa frequentemente despercebida à maioria das pessoas, mesmo espíritas, o que acaba inevitavelmente gerando enganos sérios de compreensão e de prática.

Já em 1859 Kardec afirmava, em seu livro Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas (Vocabulário Espírita, item "Médium") que "esta faculdade depende de uma disposição orgânica especial, susceptível de desenvolvimento."
(Ver também O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo 24, parágrafo 12.)

Em O Livro dos Médiuns as referências neste sentido são numerosas:
No parágrafo 94, estudando as manifestações físicas espontâneas, o Codificador obtém dos Espíritos a informação de que "essa aptidão [de ser médium de efeitos físicos] se acha ligada a uma disposição física."

No parágrafo 209, tratando da formação dos médiuns, Kardec raciocina:
"Têm-se visto pessoas inteiramentre incrédulas ficarem espantadas de escrever [mediunicamente] a seu mau grado, enquanto que crentes sinceros não o conseguem, o que prova que esta faculdade se prende a uma disposição orgânica."

Fica assim estabelecido mais um princípio, que destacamos:
A mediunidade não depende das convicções filosóficas ou das crenças religiosas do médium.

Em resposta à questão 19 do parágrafo 223 deste mesmo livro os Instrutores Espirituais continuam esclarecendo:
A mediunidade propriamente dita independe da inteligência bem como das qualidades morais [do médium].

Observamos que aqui aparece a informação adicional de que a mediunidade independe também do desenvolvimento intelectual do médium. [Nota #2]

Com base neste conhecimento, estamos aptos a reconhecer frequentes erros de apreciação sobre a mediunidade, quais os de pôr em dúvida as possibilidades mediúnicas de uma pessoa tão-somente:
1. pelo facto de apresentar comportamento moral deficiente;

2. por ser dotada de poucos recursos intelectuais ou culturais;

3. pelo facto de não ser espírita.

No parágrafo 200 de O Livro dos Médiuns, Allan Kardec registou o importante princípio de que "não há senão um único meio de constatar [a existência da faculdade mediúnica em alguém]: a experimentação."

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Artigos sobre a Mediunidade - Página 9 Empty Re: Artigos sobre a Mediunidade

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 01, 2011 10:14 pm

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Os princípios precedentes já nos possibilitam dirimir algumas confusões que frequentemente surgem entre leigos e mesmo espíritas na apreciação da importante questão do desenvolvimento da mediunidade.

Uma primeira observação básica é a de que se a presença da faculdade mediúnica em uma pessoa independe de sua condição moral, intelectual e de crença, ninguém poderá tornar-se médium tão-somente pelo facto de moralizar-se, ou de estudar, ou de aderir às convicções espíritas.

É evidente que essas atitudes serão de imenso proveito para a criatura, pois a colocarão em condições de compreender e utilizar bem a faculdade mediúnica que porventura possua.

É significativo a esse respeito que Kardec tenha alertado já no terceiro parágrafo da Introdução de O Livro dos Médiuns que muito se enganaria aquele que "supusesse encontrar nesta obra uma receita universal e infalível para formar médiuns."

Lança mão, a seguir, de uma comparação muito clara e objectiva, que esclarece o assunto à saciedade (os destaques são nossos):

Se bem que cada um traga em si o gérmen das qualidades necessárias para se tornar médium, tais qualidades existem em graus muito diferentes e o seu desenvolvimento depende de causas que a ninguém é dado conseguir se verifiquem à vontade.

As regras da poesia, da pintura e da música não fazem que se tornem poetas, pintores, ou músicos os que não têm o génio de algumas dessas artes.

Apenas guiam os que as cultivam no emprego de suas faculdades naturais.
O mesmo sucede com o nosso trabalho.
Seu objectivo consiste em indicar os meios de desenvolvimento da faculdade mediúnica, tanto quanto o permitam as disposições de cada um, e, sobretudo, dirigir-lhe o emprego de modo útil, quando ela exista.

O carácter espontâneo da faculdade mediúnica é ainda destacado no parágrafo 208 de O Livro dos Médiuns (o destaque é nosso):
Se os rudimentos da faculdade [mediúnica] não existem, nada fará que apareçam.

E no capítulo intitulado "Manifestações dos Espíritos" de Obras Póstumas (parágrafo 6, n. 34) encontramos esta rica passagem (destaque nosso):
O desenvolvimento da faculdade mediúnica depende da natureza mais ou menos expansiva do perispírito do médium e da maior ou menor facilidade da sua assimilação pelo dos Espíritos.

Depende, portanto, do organismo e pode ser desenvolvida quando exista o princípio.
Não pode, porém, ser adquirida quando o princípio não exista.

O mestre de Lyon não descuidava nunca de extrair das constatações científicas consequências referentes à nossa conduta, e no presente caso ele o fez (entre outros lugares) no parágrafo 198 de O Livro dos Médiuns, que trata da diversidade das faculdades mediúnicas:
Em erro grave incorre quem queira forçar a todo custo o desenvolvimento de uma faculdade que não possua.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 01, 2011 10:14 pm

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Deve a pessoa cultivar todas aquelas de que reconheça possuir o gérmen.

Procurar à força ter as outras é, antes de tudo, perder tempo, e, em segundo lugar, perder talvez, enfraquecer com certeza, as de que seja dotado.

Encerrando o parágrafo, Kardec transcreve esta comunicação mediúnica de Sócrates, que se notabiliza por sua gravidade:
Quando existe o princípio, o gérmen de uma faculdade, esta se manifesta sempre por sinais inequívocos.

Limitando-se à sua especialidade, pode o médium tornar-se excelente e obter grandes e belas coisas;
ocupando-se de tudo, nada de bom obterá.

Notai, de passagem, que o desejo de ampliar indefinidamente o âmbito de suas faculdades é uma pretensão orgulhosa, que os Espíritos nunca deixam impune.

Os bons abandonam o presunçoso, que se torna então joguete dos mentirosos. Infelizmente, não é raro verem-se médiuns que, não contentes com os dons que receberam, aspiram, por amor-próprio, ou ambição, a possuir faculdades excepcionais, capazes de os tornarem notados.

Essa pretensão lhes tira a qualidade mais preciosa: a de médiuns seguros.

Apenas como exemplo de opinião de um outro autor, corroborativa da de Allan Kardec, vejamos como Emmanuel responde à questão 384 de seu livro O Consolador, questão essa que versa especificamente sobre o tema que estamos focalizando:

Dever-se-á provocar o desenvolvimento da mediunidade?
- A mediunidade não deve ser fruto de precipitação nesse ou naquele sector da actividade doutrinária, porquanto, em tal assunto, toda a espontaneidade é indispensável, considerando-se que as tarefas mediúnicas são dirigidas pelos mentores do plano espiritual.

Logo em seguida, em resposta à questão 386, o credenciado Espírito reitera:
Ninguém deverá forçar o desenvolvimento dessa ou daquela faculdade, porque, nesse terreno, toda a espontaneidade é necessária observando-se contudo, a floração mediúnica espontânea, nas expressões mais simples, deve-se aceitar o evento com as melhores disposições de trabalho e boa-vontade. [Nota #3]

Nós, espíritas, precisamos, portanto, estar vigilantes quanto à opinião, infelizmente tão comum em nosso próprio meio, de que as pessoas devem ser encaminhadas às chamadas "sessões de desenvolvimento mediúnico", que existem em muitas casas espíritas.

São dois os motivos mais frequentemente alegados para esse tipo de recomendação:

1. O empenho e dedicação com que alguém se interesse pelo Espiritismo, sugerindo, segundo julgam, que têm "todas as condições" para exercer a mediunidade.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 01, 2011 10:14 pm

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2. Os desequilíbrios variados de saúde ou de comportamento que a pessoa apresente, notadamente quando venham desafiando a perícia dos médicos.

Ora, no primeiro caso dever-se-ia ponderar que as boas disposições do companheiro deverão ser aproveitadas antes de mais nada em seu aperfeiçoamento intelectual e moral, e, em se tratando de sua colaboração nas actividades do centro espírita, naquele sector ao qual mais se ajuste por sua formação profissional, seus interesses e disponibilidades, quais sejam a condução de estudos, a evangelização infanto-juvenil, a administração, a biblioteca, as visitas fraternas, a costura de enxovais, a faxina, a distribuição de alimentos, a acolhida aos novos frequentadores, etc., ou os trabalhos mediúnicos, se os sinais de mediunidade se apresentarem de forma espontânea.

No segundo caso, que é o mais frequente, seria preciso compreender que o mero facto de a pessoa se encontrar desequilibrada significa que não pode ser inserida no grupo mediúnico, sob o risco de comprometer o seu bom funcionamento.

A mediunidade em si é uma faculdade neutra, que não tem qualquer conexão com os desajustes físicos, mentais e espirituais da criatura.
Estes surgem por motivos específicos, e requerem o tratamento médico, psicológico ou espírita adequado ao caso.

Somente após seu retorno à normalidade é que o companheiro poderá vir a participar, como médium, dos trabalhos mediúnicos, se a faculdade surgir espontaneamente.

O exercício da mediunidade não é recomendável na presença de determinadas enfermidades físicas, como por exemplo, nas doenças contagiosas, ou onde o equilíbrio orgânico esteja "por um fio" e a actividade mediúnica envolva situações que emocionem muito o médium.

No caso dos desequilíbrios mentais e espirituais, o exercício mediúnico não pode nunca ser iniciado, ou continuado.

Um médium nessas condições não poderá contribuir positivamente com nada, além de gerar problemas para o grupo, inclusive facilitando a actuação de Espíritos interessados na instalação da desarmonia, dos melindres, das suspeitas, do enregelamento das relações entre os membros.

O desenvolvimento mediúnico a ser promovido nos centros espíritas não deve nunca ser entendido como o aprendizado de técnicas e métodos para fazer surgir a mediunidade, pois que não os há nem pode haver, mas exclusivamente como o aprimoramento e direcionamento útil e equilibrado das faculdades surgidas espontaneamente, o que pressupõe o aperfeiçoamento integral do médium, através do estudo sério e de seus esforços incessantes para amoldar suas ações às diretrizes evangélicas.

Ressaltemos, outrossim, que os núcleos espíritas não deverão iniciar qualquer trabalho mediúnico, quer de desenvolvimento (no sentido correcto do termo), e muito menos de assistência aos Espíritos enfermos, se não estiverem seguros de que dispõem de colaboradores suficientemente preparados, por seus conhecimentos doutrinários, por seu equilíbrio psicológico e por sua conduta cristã, que disponham de tempo para encetar com regularidade tão delicada tarefa.

4. Os mecanismos da Mediunidade

Na presente secção procuraremos reunir alguns informes sobre os mecanismos da faculdade mediúnica, ou seja, sobre como se dá o fenómeno mediúnico.
A fonte básica continuará sendo Allan Kardec.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 01, 2011 10:15 pm

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Iniciemos com este trecho do capítulo "Manifestações dos Espíritos", parágrafo 6, n. 34, do livro Obras Póstumas (destacamos):

O fluido perispirítico é o agente de todos os fenómenos espíritas, que só se podem produzir pela acção recíproca dos fluidos que emitem o médium e o Espírito.

O desenvolvimento da faculdade mediúnica depende da natureza mais ou menos expansiva do perispírito do médium e da maior ou menor facilidade da sua assimilação pelo dos Espíritos.

Esmiuçando as informações aqui contidas, notamos:

1) O perispírito desempenha papel de capital importância no processo mediúnico.
Daí concluímos que somente o Espiritismo nos poderia fornecer explicações amplas e sólidas sobre a mediunidade, já que somente ele nos dá conhecimento racional e experimental desse "corpo espiritual".

2) Sendo o perispírito "o agente de todos os fenómenos espíritas", e estes só podendo produzir-se pela acção recíproca dos fluidos que emitem o médium e o Espírito, temos como regra sem excepções que ocorrendo um fenómeno espírita necessariamente haverá um médium participando.

Em alguns casos, como em certas manifestações de efeitos físicos, não se nota a presença do médium, mas pelo princípio acima exarado podemos estar certos de que haverá alguém, em algum lugar, servindo de médium, ainda mesmo que este não esteja consciente do papel que desempenha.

Prossigamos na explicitação das demais consequências que se seguem do trecho de Obras Póstumas que citamos no início desta secção.

3) A presença da faculdade mediúnica em alguém liga-se à possibilidade de seu perispírito "expandir-se".
Veremos mais adiante que essa "expansão" pode ser entendida, em outros termos, como a "exteriorização" do perispírito, ou seja, como a sua parcial desvinculação do corpo físico.

4) A efectivação da comunicação exige, além dessa "exteriorização" do perispírito do médium, a assimilação deste com o perispírito do Espírito comunicante, ou seja, tem de haver sintonia entre ambos.

Esse facto importante, de que o médium em geral não é capaz de comunicar-se indiscriminadamente com todos os Espíritos, é ressaltado por Kardec no item que segue ao que acabamos de transcrever (grifamos):

As relações entre os Espíritos e os médiuns se estabelecem por meio dos respectivos perispíritos, dependendo a facilidade dessas relações do grau de afinidade existente entre os dois fluidos.

Alguns há que se combinam facilmente, enquanto outros se repelem, donde se segue que não basta ser médium para que uma pessoa se comunique indistintamente com todos os Espíritos.

Há médiuns que só com certos Espíritos podem comunicar-se ou com Espíritos de certas categorias.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 01, 2011 10:15 pm

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Passando ao exame do assunto do item 3, acima, vamos colher subsídios em André Luiz, o autor espiritual que tanto tem contribuído para a expansão de nosso conhecimento científico acerca da mediunidade.

Em sua obra Evolução em Dois Mundos, ao analisar a fase evolutiva em que se elaborava a faculdade de desprendimento do veículo perispiritual durante o sono (capítulo 17, item "Mediunidade espontânea"), adianta esta valiosa informação (grifamos):

Começaram na Terra os movimentos de mediunidade espontânea, porquanto os encarnados que demonstrassem capacidades mediúnicas mais evidentes, pela comunhão menos estreita entre as células do corpo físico e do corpo espiritual, em certas regiões do campo somático, passaram das observações durante o sono às da vigília, a princípio fragmentárias, mas acentuáveis com o tempo.

Vemos, assim, que o respeitado cientista desencarnado deixa entrever a correlação íntima entre a possibilidade de contacto com a realidade espiritual durante a vigília (mediunidade) e um certo "afrouxamento" das ligações entre as células do perispírito e as suas correspondentes do corpo material.

Prosseguindo, André Luiz explicita mais essa correlação:
Quanto menos densos os elos de ligação entre os implementos físicos e espirituais, nos órgãos da visão, mais amplas as possibilidades na clarividência, prevalecendo as mesmas normas para a clariaudiência e modalidades outras, no intercâmbiio entre as duas esferas.

Reflectindo um pouco sobre as assertivas de André Luiz, verificamos, inicialmente, que não conflitam com a explicação dada por Kardec, em termos da "expansibilidade" do perispírito do médium.

Há, pelo contrário, até um reforço, já que a noção de "expansibilidade" é suficientemente abrangente e flexível para permitir ulteriores elaborações e detalhamentos, dentro da natureza eminentemente progressiva da Doutrina Espírita.

Podemos compreender, deste modo, a expansibilidade do perispírito como a sua faculdade de desvinculação parcial e temporária com relação ao corpo físico, passando, neste estado especial, a partilhar da realidade do mundo espiritual, dela colhendo impressões diversas, sem no entanto perder a possibilidade de actuação sobre o corpo denso.

Utilizando-nos de uma comparação um tanto tosca, a mediunidade seria como se uma pessoa colocasse a cabeça para fora de uma janela e transmitisse, através de gestos com as mãos, ou escrevendo, as informações acerca do que estaria vendo, para alguém que permanecesse no interior do aposento.

Estaria servindo de intermediário entre o "mundo de fora" e o "mundo de dentro", assim como o médium, ao partilhar simultaneamente da realidade espiritual e da realidade material, serve de intermediário entre esses dois "mundos".

Explorando um pouco mais essa analogia, teríamos ainda que quem não é médium estaria na condição de alguém que não conseguisse pôr a cabeça para fora da janela, e nem sequer abri-la, ficando (durante a vigília) inteiramente restrito ao interior da casa.

E, de maneira geral, todos nós somos, durante o sono, como alguém que pula a janela, passando a viver plenamente as impressões do mundo "exterior", com reduzidas possibilidades de comunicar o que presenciamos ao mundo "interior".

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 01, 2011 10:16 pm

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É fundamental deixar claro que o que acabamos de expor não corrobora de modo algum a ideia popular de que no processo mediúnico o Espírito do médium "sai" e "dá lugar" ao Espírito comunicante, que passaria então a servir-se directamente do corpo do médium.

Os Instrutores Espirituais já esclareceram a Kardec, no importante capítulo "Do papel do médium nas comunicações espíritas", de O Livro dos Médiuns, que essa ideia não corresponde à realidade.

A mensagem sempre passa pelo Espírito do médium, mesmo quando ele não guarda disso a consciência ao despertar do transe.

Vejamos o que dizem na sexta questão do parágrafo 223:
O Espírito, que se comunica por um médium, transmite directamente o seu pensamento, ou este tem por intermediário o Espírito do médium?

- "É o Espírito do médium que é o intérprete, porque está ligado ao corpo que serve para falar e por ser necessária uma cadeia entre vós e os Espíritos que se comunicam, como é preciso um fio eléctrico para comunicar à grande distância uma notícia e, na extremidade do fio, uma pessoa inteligente, que a receba e transmita."

Compreendemos então que o comando do veículo físico só pode ser feito pelo seu próprio "dono".
Poderíamos dizer que o corpo material é feito "sob medida" para cada Espírito, e que não "serve" para nenhum outro.

Aliás, temos no Espiritismo uma explicação detalhada de porque tal é o caso, fundamentada no conhecimento que nos propicia do processo de formação do corpo, em que intervém o Espírito.

Assim, a mencionada "exteriorização" de determinadas regiões do perispírito deve ser entendida unicamente como um "afrouxamento" dos laços que o ligam ao corpo material, e jamais como um rompimento desses laços e consequente "desocupação do lugar" para o Espírito comunicante.

Mesmo que ocorresse tal rompimento (o que se dá apenas com a morte), o Espírito estranho não teria como agir sobre as células materiais formadas sob a influência de outro Espírito e para o seu próprio uso.

Portanto, a emancipação do perispírito é apenas uma condição necessária para a sua "penetração" na realidade do mundo espiritual, para que nela colha impressões ou entre em contacto com os Espíritos que pretendam comunicar-se com os encarnados.

É interessante notar que nas questões seguintes à transcrita, os Espíritos frisam - mesmo enfrentando uma oposição inicial de Kardec - que essa é uma regra absoluta, sem excepções, nem mesmo na mediunidade dita "mecânica", ou ainda nos casos de efeitos físicos onde uma mensagem inteligente é transmitida (tiptologia, escrita através de pranchetas, etc).

Vemos, na questão 10 do referido parágrafo, que os Espíritos expressam indirectamente sua desaprovação a esse modo de denominar a mediunidade na qual o médium não guarda consciência do conteúdo da comunicação: o médium jamais actua como máquina, mecanicamente.

5. As Modalidades Mediúnicas

Um aspecto importante dos esclarecimentos de André Luiz vistos acima é que permitem compreender não somente como é que se dá o fenómeno mediúnico, mas também o porquê da existência de diferentes modalidades de mediunidade.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 01, 2011 10:16 pm

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Observamos, através do trechos citados, que a faculdade mediúnica será deste ou daquele tipo conforme a região do organismo em que as células do perispírito apresentem maiores possibilidades de desvinculação das células correspondentes do corpo físico.

Desse modo, segundo o exemplo dado, se é nos órgãos da visão que ocorre a maior liberdade das células do perispírito, a mediunidade assumirá a forma de vidência se nos órgãos da audição, a de audiência se nos da fala, a de psicofonia, e assim por diante.

Devemos notar, no entanto, que os órgãos a que se refere André Luiz são, conforme se depreende de outras passagens de sua obra, não tanto os órgãos periféricos - olhos, ouvidos, mãos, etc. -, mas fundamentalmente as regiões do cérebro responsáveis por seu comando.

De facto, sabemos pelas conquistas da Ciência, que há no cérebro grupos de neurónios (células nervosas) mais ou menos especializados para as diversas faculdades sensoriais e motoras.

No caso da visão, por exemplo, tais neurónios recebem os impulsos elétricos gerados na retina do olho através do nervo óptico, sinais esses que a alma interpreta como imagens.

O mesmo se dá, mutatis mutandis, com os demais sentidos.

No caso das funções motoras, ao comando da alma determinados centros cerebrais enviam, através dos diferentes nervos, impulsos elétricos aos diversos músculos, que então lhes obedecem às ordens, do que resultam os movimentos corporais.

Apresentaremos agora os principais tipos de fenómenos mediúnicos, que se associam às principais modalidades mediúnicas.
Como toda classificação, não é absoluta, pois o estabelecimento de fronteiras nítidas entre diferentes modalidades mediúnicas não é possível.

Kardec dividiu os médiuns em duas grandes categorias:
os de efeitos físicos e os de efeitos intelectuais.

Os primeiros são "aqueles que têm o poder de provocar efeitos materiais, ou manifestações ostensivas";
os segundos, "os que são mais especialmente próprios a receber e a transmitir comunicações inteligentes"
(O Livro dos Médiuns, parágrafo 187).

Para fins didácticos, é conveniente subdividir a categoria de efeitos inteligentes em dois grupos:
efeitos sensoriais (percepção da realidade espiritual na forma de uma impressão dos sentidos) e efeitos intelectuais propriamente ditos (transmissão de uma mensagem inteligente, seja pela palavra escrita, oral, por gestos, etc.).

O quadro abaixo é uma adaptação do que foi elaborado por Jayme Cerviño em seu livro Além do Inconsciente, e reúne, evidentemente, apenas as modalidades mais importantes e conhecidas.

Nesse interessante e original livro, o autor extrai dos estudos clássicos da psicologia experimental e da neurofisiologia, bem como de investigações sérias sobre os fenómenos espíritas, deduções sobre as regiões do encéfalo [Nota #5] associadas às diferentes maneiras pelas quais se produzem tais fenómenos.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 01, 2011 10:17 pm

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Vemos nesses estudos um reforço às ideias de André Luiz, que discutimos acima.

EFEITOS INTELECTUAIS (mediunidade de expressão cortical)

* Efeitos estritamente intelectuais (córtex frontal)

* Intuição
* Psicografia
* Psicofonia
* Psicopraxia

* Efeitos sensoriais (córtex extrafrontal)

* Vidência
* Audiência
* Sensitividade

EFEITOS FÍSICOS (mediunidade de expressão subcortical)

* Telergia
* Sons
* Luzes
* Odores
* Movimentos
* Curas
* Teleplastia
* Materializações
* Somatização
* Transfiguração
* Estigmatização

6. O exercício da Mediunidade

Na secção 3 deste trabalho aprendemos, com Allan Kardec, que se deve fazer uma distinção clara entre a mediunidade enquanto faculdade e o seu uso, ou exercício.

Se a faculdade em si é neutra quanto à condição moral do médium, o mesmo não vale para o seu uso, que pode ser bom ou mal, dependendo do grau evolutivo do médium.

Vimos que, na Introdução de O Livro dos Médiuns, Kardec destaca entre os objectivos da obra a orientação para que a mediunidade seja empregada de modo útil. Um requisito essencial para isso é, naturalmente, a compreensão de sua natureza e mecanismos, para o que o Espiritismo tem contribuído de forma decisiva.

Com seu imenso respeito pela liberdade humana, ele não poderia prescrever normas de conduta para os médiuns de maneira cega, impositiva, sem que os convencesse pelo esclarecimento racional da sua necessidade.

De facto, é facilmente constatável a justeza da afirmação de Kardec, nessa mesma Introdução, de que "as dificuldades e os desenganos com que muitos topam na prática do Espiritismo se originam na ignorância dos princípios desta ciência".

A preocupação de Kardec com as questões da compreensão e do exercício da mediunidade vem sendo partilhada pelos espíritas sérios, que se conscientizaram da necessidade do crescimento espiritual do médium para que sua faculdade tenha um emprego útil.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 01, 2011 10:17 pm

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A esse respeito, notemos que praticamente todos os grandes autores espíritas dos dois planos da vida nos têm legado estudos e lições preciosas sobre a mediunidade e seu objectivo.

Procuraremos, no que se vai seguir, compilar alguns desses ensinamentos.

Comecemos, no entanto, com O Livro dos Médiuns, em cujo parágrafo 226 Kardec endereça a seguinte questão aos Espíritos (questão 3):

Os médiuns que fazem mau uso de suas faculdades, que não se servem delas para o bem, ou que não as aproveitam para se instruírem, sofrerão as consequências dessa falta?

* "Se delas fizerem mau uso, serão punidos duplamente, porque têm um meio a mais de se esclarecerem e não o aproveitam.
Aquele que vê claro e tropeça é mais censurável do que o cego que cai no fosso."

Dádiva com que a misericórdia divina nos informa de nossa natureza de seres imortais, a mediunidade bem empregada reveste as formas de esclarecimento acerca da vida além-túmulo, de consolo para os que perderam a esperança, de advertência salvadora para os equivocados, de amparo para os que cambaleiam, de recursos terapêuticos para os que enfermaram, de despertamento para os sofredores e os trânsfugas do dever que já cruzaram a aduana da morte.

Mal empregada, a mediunidade significa o cultivo da ignorância, a disseminação da dúvida e da mentira, o insuflamento do egoísmo e do orgulho, da vaidade e do personalismo, o verbo e o texto degradantes, o entorpecimento nos vícios e prazeres embrutecidos, a manipulação de forças mentais deletérias, geradoras de desequilíbrios orgânicos e espirituais.

Na lição "Examinando a mediunidade" do livro Encontro Marcado, Emmanuel assevera:
O exercício da mediunidade nas tarefas espíritas exige larga disciplina mental, moral e física, assim como grande equilíbrio das emoções.

E com o iluminado Espírito Camilo, no livro Cintilação das Estrelas (lição 32), aprendemos:
Em mediunidade é importante que o médium se aplique em melhorar-se a si próprio, ampliando as percepções, iluminando-se a cada hora, nas lutas que deve enfrentar, na pauta do quotidiano.

O desenvolvimento da mediunidade marcha ladeando o desenvolvimento do médium. Quanto melhor o indivíduo, maior a sua fulgência mediúnica no bem.

Aprimore-se o homem para que se lhe ampliem as posições de sensibilidade mediúnica.

Têm-se infelizmente observado que muitos agrupamentos mediúnicos desenvolvem suas actividades de forma ritualística, tratando os médiuns como simples máquinas de comunicação.

No momento do intercâmbio, os trabalhadores assumem posturas formais, como que denotando concentração e devoção ao bem, mas que nem sempre se fazem acompanhar das atitudes íntimas correspondentes.

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