HORIZONTES DA FALA - Miramez - João Nunes Maia

O QUE FALA DEMAIS
O santuário da palavra é formação divina, é semente de luz que Deus depositou nos escrínios da alma.
Ele, o Pai Celestial, tudo fez na sequência do amor, para que Seus filhos se eternizassem na felicidade.
Deixou para nós a regulagem de nossos dons, que haveremos de buscar na natureza, nas experiências, através dos canais da dor, para que possamos cumprir a nossa parte na vida perante ela.
O gorjeio de sons, emitidos pelo nosso dom de falar é uma das grandes maravilhas que nos cabe domesticar.
Quem fala demais vai aos poucos perdendo o sentido das ideias alinhadas na conversa, ocupando todo o seu tempo e o seu parceiro, achando que está agradando, sem se colocar no lugar de quem ouve.
Falar demais é um hábito que facilmente passa a vício, e deste à enfermidade que, no começo, requer branda disciplina.
É como um filete de águas que ainda não se tornou cachoeira, porém, se a providência não acudir a tempo, o desgaste de energias e a perda de capacidade tornar-te-ão pessoa indesejada no meio em que vives, e tornarás muito mais difícil a educação da tua voz.
O filete de água passará a cachoeira de proporções indescritíveis, requerendo esforços sobrenaturais para o domínio conveniente.
Façamos como os engenheiros hidráulicos que distribuem as águas em uma metrópole através de canos, com a disciplina das torneiras.
A fala é um manancial que deve ser cuidado, no sentido de beneficiar a todos que nos ouvem.
Coloquemos, pois, uma torneira na boca, para que não ocorra o desperdício da água da palavra, que é por excelência, de ordem celestial.
A energia que consumimos no palavreado é cota sagrada que pertence ao suprimento universal e que, depois de usada como veiculo de comunicação, volta ao manancial infinito com a mensagem que nela imprimimos, pelas mãos dos sentimentos e pela força do verbo.
Sabendo disto, o que deves fazer de agora em diante com o teu dom de falar?
O conselho seguinte é do grande orador evangélico, Paulo de Tarso, quando instruía os filipenses:
"E a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas palavras, ousaram falar com mais desassombro a palavra de Deus" — Filipenses, 1:14.
Paulo era falante, mas falava com equilíbrio, na hora certa e no momento exacto, aproveitando o dom que Deus lhe deu, nas bênçãos de Jesus Cristo.
Quem fala com amor no coração, estimula aos que o ouvem a também conversar com mais desassombro acerca das coisas elevadas, silenciando sem desprezo aos que lhe interrogam ou estimulam para conversações de nível inferior, orando por eles em segredo, para que não se sintam humilhados, como pessoas que ainda não acertaram o caminho da luz.
É da máxima popular que "quem fala demais dá bom dia a cavalo" e certamente é porque não é entendido e por não existir entendimento nas suas conversações, que o animal não vai responder o cumprimento endereçado a ele; assim é que o ser humano, de certa superioridade, não vai responder a fala provinda da imundície da razão mal educada; fica calado, esperando que Deus e o tempo possam despertar aquele que fala mal e que tem as possibilidades de algum dia falar bem, usando o tesouro da palavra como fonte divina, para a divina elevação de outros dons que dormitam.
Meu filho, convidar a Jesus para assistir às tuas conversações, sem que a consciência te condene, é o mesmo que colocar uma estrela na boca, que brilhará dia e noite em teu próprio benefício.
Não fales em demasia, nem fiques calado como uma múmia; conversa como um sábio, que sabe que nada sabe, mas cuja sabedoria é como sal nos alimentos de bom sabor.

0 MAGNETISMO DA PALAVRA
Na vibração da voz, percebemos a qualidade magnética do emissor, sentimos sua presença dentro de nós e respiramos com ele a sua própria atmosfera, consoante com as intenções que se lhe vão na alma.
Ao ouvirmos alguém falar-nos, o bom senso nos pede discernimento e agracia-nos o poder de escolha daquilo que escutamos.
Somos influenciados e influenciamos, quando trocamos ideias com alguém.
A decisão que já tomaste, na mente e no coração, de disciplina dos sentimentos, são suportes de forças espirituais capazes de remover todo o magnetismo inferior, que por vezes vem sutilmente envolvido nas ondas das palavras.
No entanto, se não pertences à escola da auto-educação com Jesus, estarás sujeito a comer o mesmo alimento que o teu companheiro de prosa te oferta, mesmo inconsciente das trocas processadas; eis a lei de justiça, que funciona por força de sintonia das coisas e das pessoas.
O magnetismo da palavra é poderoso agente da paz ou da guerra, de conformidade com o uso que fizermos dele.
É, pois, necessário que eduquemos o nosso modo de ser, abençoando os que nos ofendem e amando aqueles que nos caluniam, e ainda, orando por eles.
Essa é a tónica da liberação.
Quando duas pessoas travam conversações acerca de qualquer assunto, elas respiram os fluidos compatíveis com o que conversam, pela aplicação da lei natural.
A mente é um poderoso laboratório, onde se transformam ondas e raios subtis da natureza, em magnetismo vivo, portador daquilo que realmente somos.
Jesus mostra o lado espiritual da palavra quando, ao ver e sentir o magnetismo causticante daqueles que, vestidos de ovelha, conservam a inferioridade dos lobos, por desconhecerem o amor, assim proclama:
"Raça de víboras, como podeis falar cousas boas, sendo maus?
Porque a boca fala do que está cheio o coração" — Mateus, 12:34.
Não há quem consiga enganar a realidade espiritual.
Se porventura a tua mente criar pensamentos inferiores, e o teu coração alimentar sentimentos negativos, o teu modo de falar o denuncia, porquanto as vibrações da palavra carregam consigo o lixo fétido que te esforças para esconder diante dos outros, e, certamente, não avalias o quanto de mal podes acarretar àqueles que te ouvem.
Pela justiça, és, portanto, responsável pelo que falas ao teu irmão.
Se pretendes envolver o teu ouvinte com o magnetismo superior, não te esqueças de que o fundamento maior é o amor.
Fala com amor, pensa no amor e vive o amor, escolhendo, dentre muitas, uma das suas modalidades.
E exercita a cada dia, uma dessas forças diferentes que objectivam o mesmo fim, o bem comum.
Meu filho, se queres realmente modificar-te ajudando os outros pela palavra, não podes nunca esquecer-te da companhia inseparável da felicidade, que se chama alegria.
Ao saudares o teu amigo, apropria-te da alegria.
No inicio, às vezes, é necessário esforço, mas com a prática, tornarás esse gesto espontâneo.
E essa conquista é valiosa na esfera da educação espiritual, é ouro de luz e despejar-se da tua feição, no coração dos que te ouvem.
E se tudo fizeres por amor, quando usares a palavra ela servirá de veiculo, para que possas realizar fenómenos, nos quais a fé sustentará a tua vida na vida de Deus.
O nosso interesse é que possas compendiar a tua atenção para o aprimoramento da tua fala, no sentido de que a tua palavra seja implexa no magnetismo espiritual de alta linhagem, procedente do Cristo.
Quando falares a alguém, fala serenamente, com critério, com prazer, sem cansar o ouvinte, com prudência, com amor e com alegria, para que o teu magnetismo de esperança e de vida permaneça nos corações dos que te escutam, induzindo-os a uma existência feliz e a uma paz duradoura.

A FALA E A SIMPATIA
Simpatia constitui-se em alguns raios de bondade que nascem do coração e que, pelas vias da palavra, enriquecem o seu conteúdo.
É, por assim dizer, uma sintonia profunda com o amor, é uma lavoura que se inicia no campo imenso do espírito, pedindo ao agricultor cuidados imensuráveis, para que os frutos sejam abundantes e prestáveis.
Quem já deixa mostrar pela expressão, senão pela fala, certos raios de simpatia, está sendo convocado pelo próprio mundo interno a trabalhos valiosos, rumo à auto-educação dos sentimentos, ao aprimoramento dos pensamentos, a reparos profundos na vivência diária.
Todavia, não se constrói uma cidade em um dia, e isso seria muito mais difícil no reino do espirito, que requer da nossa parte muita perseverança, fé e confiança em Deus e em nós mesmos.
Trata-se de uma obra divina, pedindo muito, mas muito tempo, para a devida consolidação.
Entretanto, é bom que comeces e se já não iniciaste, o esforço próprio é a porta pela qual todos os espíritos iluminados passaram, competindo a nós outros seguirmos os seus passos.
Começa o dia dando graças a Deus pela noite, não se esquecendo do apoio da tua feição, deixando alvorecer um sorriso de esperança, fortificando os humores com a paz, com a fé e com o amor, crendo nos valores que Deus te confiou, para que acto e facto nenhum retirem da tua personalidade a serenidade, advinda dessas virtudes evangélicas.
Continua o dia como o sol faz sempre, clareando, sempre vivificando tudo, como sentinela dos céus a trabalhar na Terra.
Sabemos que és dotado de alguma simpatia; ilumina esse estado de alma com a palavra, na orientação do Cristo, falando e ouvindo na sintonia do bem que sempre vives.
Se acordaste com o cheiro da melancolia, não saias do teu aposento com esse ranço constrangedor; copia o cão quando sai da água e exercita a tua mente para esquecer aquilo que te incomoda.
Usa do poder grandioso da prece e não deixes o tempo passar em vão, pois o trabalho é a esponja que ajuda a enxugar as sujeiras da imperfeição.
Podes começar o labor em casa, nos primeiros cumprimentos do dia, com aquela disposição de optimismo, com aquele clima de esperança, que a vida te responderá na mesma dimensão em que te propuseste servir.
Vamos lembrar de um facto que muito ilustra a nossa conversa:
dois discípulos de Jesus, no caminho de Emaús, entabulavam uma conversação acerca das promessas do Mestre e, então, notaram entre eles um homem respeitável, que dava continuação ao assunto enriquecendo os seus valores.
É anotação de Lucas, no capítulo vinte e quatro, versículo trinta e dois:
"E disseram um ao outro:
porventura não nos ardia o coração, quando ele pelo caminho nos falava, quando nos expunha as escrituras?"
Certamente que ardiam os corações dos discípulos pela simpatia, pela força da palavra de Jesus.
Qual o móvel que para ali atraiu o Senhor?
A sintonia de ideias, de emoções, de ideais.
Sintonia é continuação da mesma música; portanto, atrairemos para o nosso convívio aqueles que são a nossa continuação, em matéria de pensar, falar e viver.
Não há engano no conjunto das coisas e dos homens; todos estão ligados por atracções mútuas.
Quando falares a alguém, não te esqueças de que a simpatia é agradável a todos, e que ela é, por excelência, conquista nas bênçãos de Deus, e que a sua evolução depende muito, mas muito, de nós.

NO REINO DA CONVERSA
No reino da palavra, pode-se fazer maravilhas que, por vezes, passam despercebidas entre o Céu e a Terra.
Porém, de vez em quando aparece alguém que toma a sério essa faculdade divina, plasmada no homem pelo verbo de Deus.
O místico tem um prazer indizível de conversar com os outros, mas nunca sai dos limites que a sua consciência aprimorada traçou, pelo respeito e pelo amor que tem â humanidade.
Conhece igualmente o valor do silêncio e como convém ouvir o seu semelhante.
Sabe, por experiência, que a voz estridente desequilibra o próximo e a muito baixa impacienta quem ouve, pois os extremos são forças que se afinizam.
Por isso, deves dar uma tonalidade à tua voz, na cadência do amor, pela força da caridade.
Alcança a brandura na execução do teu verbo, tranquilizando os outros e conferindo-lhes segurança, para e pela vida.
Se já educaste a tua palavra, de maneira a servir de canal para os preceitos do Cristo, não te esqueças de indigitar a força da luz no coração dos que andam contigo, pois é pela fala, e através dela, que asseguramos aos nossos irmãos o reino de Deus, dentro e fora de nós.
Quando o coração é puro, a palavra é uma expressão de luz espiritual que cura toda ordem de enfermidade.
Vejamos o exemplo que ocorreu com o centurião, que tinha o seu servo doente:
"Por isso eu mesmo não me julguei digno de ir ter contigo, porém, manda com uma palavra e o meu rapaz será curado" - Lucas, 7:7.
E Jesus curou o doente pelas vias do verbo, sem que a distância o interrompesse.
Já é tempo de darmos mais valor à nossa palavra, no sentido de educá-la, colocando junto a ela a vigilância, sem faltar a oração, senão o próprio Cristo, lado a lado dos sons articulados.
A exposição de ideias é ato respeitoso, que não devemos esquecer, principalmente na fala que objectiva orientar pessoas.
A lei nos afirma que nada se perde, e a nossa palavra é energia viva circulando em nós, nos nossos ouvintes, e na imensidão da eternidade do Senhor.
Daí a responsabilidade no falar, porque na elocução imprimimos, sem que as nossas sensibilidades... percebam, aquilo que somos.
Quando falamos, liberamos ao" nosso manancial energético uma cota de força, que por lei natural da vida se desprende de nós, com o magnetismo que nos é próprio.
Este poderá curar os enfermos, levantar os caídos e serenar os desesperados, como também criar problemas, aumentando dificuldades para aqueles que nos ouvem, dependendo do modo como empregamos a nossa palavra.
Copiemos Jesus, que fala servindo, ajudando e construindo; que fala compreendendo, perdoando e curando.
Que fala amando, para que na sequência do Seu falar, aqueles que O escutam possam continuar Suas intenções divinas.
O reino da palavra é um campo imensurável da evolução, e Jesus não esqueceu de deixar para nós os métodos indispensáveis da auto-educação, correspondendo aos anseios do espírito imortal.
Meu irmão, se já aprendeste a falar bem, faz da tua boca uma ferramenta de luz, na iluminação do teu próprio destino.

A FORÇA DO DIÁLOGO
Em Lucas, capítulo quatro, versículo quatorze, o Mestre procura evidenciar a parábola do semeador, revelando aos discípulos:
“0 semeador semeia a palavra”. Tira, assim, da letra, o espírito que vivifica, aumentando nos Seus seguidores, a fé, na força do diálogo, colocando a palavra como semente de Deus na boca dos homens.
Ninguém aprende a falar na dimensão do bem sem a presença do Pai Celestial, que Se expressa no mundo pelo canal cósmico chamado Jesus Cristo, que deixou para todos nós a maior de todas as heranças: o Evangelho.
O herdeiro não deve se fazer esquecido desse tesouro eterno nas suas mãos, principalmente se foi dotado da empatia, pois, a esse é que a vida escolhe e chama para o divino concerto da sinfonia universal, de levar a palavra de Deus a todas as criaturas, para que os outros também compreendam com facilidade a essência dos céus, em um punhado de letras que constitui a Boa Nova do Reino.
Começa a praticar os preceitos do Cristo no convívio com os teus semelhantes, amordaçando o impulso da crítica desprezível que instiga somente o ódio, a vingança e o mal-estar.
Vê nos teus irmãos de caminho somente o bem que eles possuem, para que esse bem se multiplique.
Comenta, se essa é a tua natureza, as qualidades nobres dos teus companheiros, mormente dos inimigos.
Esta é uma estratégia dos anjos para que o amor se apure na Terra.
Esta é uma das modalidades da benevolência, companheira inseparável dos santos.
Quem desconhece a força do diálogo?
Nem as crianças.
Estamos entrando na era do espirito, de sorte a valorizarmos as coisas da alma e começando pelas primeiras notas na argamassa da carne é que vamos tocar a sinfonia espiritual na plenitude do eu.
Se a mente é um potencial ainda desconhecido dos homens, a educação desta pode começar de fora para dentro, como seja:
se pensarmos coisas más, não as externarmos; se porventura a vigilância falhar na escolha das palavras, não as repetirmos; se por teimosia da inferioridade vier a repetição, não a escrevermos.
0 essencial é que o esforço próprio nunca, mas nunca, deve deixar de existir.
Tenhamos na palavra um animal carecendo ser domesticado, e essa disciplina, o Evangelho nos ensinará como deverá ser feita.
Começa, que as estrelas de Deus se encarregarão do resto, como têm feito sempre em nosso benefício, desde os primórdios do nosso existir.
E se a tua capacidade espiritual te colocou na faixa da alegria cristã, ela é o lubrificante da palavra mais eficaz que existe.
Os sons do verbo, vibrando com a alegria pura, curam, senão melhoram todas as enfermidades que conheces, dando ensejo à solução dos problemas que acicatam os homens e desorientam os corações.
O diálogo bem orientado faz com que os seres humanos acreditem na felicidade, despertando em todas as criaturas uma coisa divina que se chama esperança.
Já olhaste a beleza da garganta, da boca, dos dentes, da força que sopra para que os sons se harmonizem?
Pois bem, se não, começa hoje mesmo nessa meditação, e descobrirás a grandeza da vida que esquematizou o teu corpo.
E fala, mas fala consciente, como se o diálogo fosse um jacto de luz, a escrever na consciência do irmão que te ouve, estas palavras:
eu te amo, porque tu e eu somos um, na unidade de Deus e de Jesus Cristo.

TU E A VOZ
O talento da alma, quando fundida e refundida nas hostes do amor, faz com que o verbo se ilumine, alcançando maior clarão que os sóis e as estrelas, por ser consciente na difusão do bem que nunca morre.
Todos temos a nossa melodia no ato de falar, sons esses conhecidos pelos nossos amigos.
E uma marca irremovível, quando usamos esse valoroso meio de comunicação.
A tua voz dirá que ali estás, sem que menciones o próprio nome.
Procura, pois, seres reconhecido como a voz do bem, aquela que levanta os caídos e conforta os tristes, cura os enfermos e acalma os desesperados, que assim estarás sempre com Deus, e Ele sempre contigo, em expressão mais visível.
Sê moderado no preambulo da tua fala, pois a palavra educada é economia de força.
Conserva toda a conversação com a disciplina que o assunto requerer; os pensamentos são energias que a vontade modela e o espírito é o escultor das suas próprias ideias, tornando-as harmonia pelas portas dos lábios.
Essa música poderá ficar imortal com a utilidade cósmica de Deus, para a paz de todos.
Em Atos dos apóstolos, capítulo treze, versículo quarenta e quatro, encontramos a grandiosidade da palavra a atrair e educar toda uma cidade:
"No sábado seguinte, afluía quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus".
Essa palavra era consubstanciada no amor, envolvida na caridade e carregada qual árvore frutífera, de suculentos fluidos de alegria cristã.
Desejamos que já tenhas despertado em ti o ponto que queremos desabrochar e o tesouro que tens e que pode sair da tua boca como doação divina, sem que percas um só grama do teu conteúdo de vida, pois, quanto mais deres, mais enriquecerás o teu manancial; que o amor que veste variadas roupas para servir, em todas as latitudes da criação do Senhor, já habite o teu coração.
Ao fim do dia, devemos avaliar o que falamos aos outros, verificando se a prudência nos acompanhou segundo a segundo nas nossas conversações; ver o que erramos, para que no dia seguinte o reparo venha decididamente modificar, se for o caso, o tom da voz e o assunto ventilado.
Se ferimos alguém, revistamo-nos de humildade para as desculpas e assim corrigiremos impulsos e apararemos arestas, para que o homem alcance a condição de super-homem, com alguns sinais dos anjos.
Cuidar do que falamos é higienizar a mente, para que os pensamentos tomem novas formas de comunicação, e as palavras, modalidades diferentes de expressão.
É óbvio que o detractor desconhece a si mesmo, esquece ou ignora que todo maldizente cria em torno de sua personalidade uma atmosfera áspera, degradante, sujeita a ferir profundamente o seu próprio dono.
Por que criticar os nossos semelhantes, se temos erros múltiplos a reparar?
Por que insistir em avivar faltas alheias, se intentamos esconder as nossas?
Por que falar das fraquezas dos outros, quando carregamos um fardo multissecular de inferioridades deprimentes?
O ofensor desconhece que todas as suas agressões nascem dos mesmos erros que combate nos seus irmãos.
Quando a tua consciência começar a reflectir na tua mente os entulhos imprestáveis do mais profundo, sentirás vergonha de ti mesmo, passando a esquecer e desculpar o maldizente, porque assim procedias antes de despertar para o amor.
Deveremos abençoar o mestre tempo que, através do espaço, vem nos amoldando, de sorte a preparar-nos, no sentido de que a nossa voz fale, mas fale bem alto, das qualidades nobres dos companheiros que nos seguem, e daqueles que acompanhamos.
E a boca, com o instrumento incompatível da língua, dará nascimento a uma nova era:
a era do espírito, servindo de canal para que o Cristo converse com a humanidade.

ELOCUÇÃO SUPERIOR
O homem se destaca dos animais inferiores por variadas modalidades, e, dentre essas, a palavra é uma das mais expressivas, por ser um veiculo de entendimento mais rápido daquilo que se deseja transmitir aos outros.
A escrita veio completar, para que nada se perdesse do que se pensa e se fala, sendo guardado como experiência e valores para outras gerações do futuro.
Saber falar é muito bom, para quem sabe ouvir...
Quem desenvolveu a paciência de escutar com sabedoria, percebe o quilate da alma que está falando, sabe por intuição dedutiva a escala evolutiva a que pertence, pelos fluidos que consegue perceber.
A palavra espraia a violência da alma.
Quando a elocução é superior, faz-se, em torno dos que confabulam, uma aura de luz a garantir aos que participam, o clima saudável dos céus.
Vejamos o que nos afirma Jesus em João, 5:24:
"Em verdade, em verdade vos digo:
quem ouve a minha palavra e crê n'Aquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida".
É de se crer que o verbo bem formado nos preceitos elevados de Cristo nos ajuda com mais eficiência a nos libertarmos das próprias inferioridades, saindo da morte da ignorância para a vida plena de uma consciência desperta, de maneira que sintamos a vida dentro da sua eternidade.
Como nos ajuda saber falar!
A progenitura da palavra se enraíza no amor de Deus para connosco.
O ideal do espírito é amanhar a luz do Senhor para a perpetuidade da vida, consubstanciando a vida na Vida Maior.
A alma sopra onde quer que seja, afirma o Evangelho, e o seu sopro, encarnado, é o verbo na sua função divina de falar.
A palavra é o fruto de milénios incontáveis, na escola evolutiva dos filhos de Deus; aprendamos, pois, a soprar, servindo de veículo para a essência do amor.
O elóquio de cada um, mesmo procedendo da mesma lei, difere na sua expressão, nos sons que emite e no magnetismo de que é portador.
Debalde, todos eles carecem de disciplina na sequência da sua função.
São como crianças requerendo o resguardo dos pais e o conhecimento dos mestres.
A conscientização de que precisamos nos educar constantemente é o ponto alto da iluminação interior, é o despertar da alma para a luz da sabedoria espiritual.
Não deixes a tua boca começar o dia falando mal; policia a tua mente, fazendo o que Jesus recomendou no Seu código de preceitos: "Vigiai e Orai".
Ora ao levantar do teu leito com humildade, e vigia o dia todo o que vais falar aos que te rodeiam, para que a tua voz seja uma melodia permanente, de sorte a agradar até os anjos.
Não penses que isso é impossível, pois é caminho de todos os estudantes de boa vontade, que queiram se libertar do peso da ignorância, alcançando os primeiros raios da felicidade.
Mesmo preso nos liames da carne, o céu na alma começa quando sentimos necessidade de aprender com os outros, quando o amor é o móvel desse aprendizado.
A elocução pode tomar variados caminhos, que nem sempre percebemos, e quem pode nos ajudar com alta eficiência são aqueles que não nos toleram, criticando o nosso modo de falar, e os gestos que por vezes fazemos, em muitos casos impensada mente.
Eis porque deveremos orar e perdoar os que nos magoam; quase sempre eles estão com a razão.
A humildade não deve faltar onde há interesse de aprender.
Antes de falar com quem abre os ouvidos para te escutar, lembraste da responsabilidade que carregam as tuas palavras, e pede a Jesus para que fique do teu lado, porque somente a lembrança da Sua magnânima presença te envergonhará, se proferires palavras negativas.
Estas mensagens parecem um pouco insistentes com os leitores, no aprimoramento da fala; todavia, os frutos que serão colhidos desta lavoura, os fartarão o reino da consciência, do ambiente dos espíritos puros, que se chama paz.

O COLÓQUIO E A VIDA
Não existe vida sem intercâmbio e as permutas são incessantes em todos os reinos da criação; no que tange ao homem, os valores que se renovam são imensuráveis, constituindo a própria vida.
Quando falamos, estamos doando alguma coisa aos que nos ouvem e, quando ouvimos, retribuímos a quem se dirige a nós, o que sentimos pela sua fala.
E grandiosa essa transfusão de ideias e, com ela, se operam fluidos imponderáveis, de acordo com os sentimentos de quem a exercita.
Nesse enleio, se ajustam pensamentos e intenções de espíritos desencarnados, da mesma faixa dos assuntos, matizando a atmosfera de cada um com o magnetismo correspondente á disposição íntima individual.
O assunto em que tocamos e os nossos ideais mais profundos criam em torno de nós um campo de força capaz de coligir ideias e assuntos do mesmo teor, como também servem de alimento a entidades espirituais que vibram na mesma dimensão.
0 grande empenho do Cristo e a nossa maior alegria é a transformação do homem, é o cultivo dos dons de que Deus o dotou, é o Evangelho vivido, passo a passo, nas lides de cada dia.
Não há vida sem colóquio, nem colóquio sem vida, e tudo se encadeia pela vontade de Deus que, por amor aos Seus filhos, deixou uma parte para ser feita por nós e, se descuidarmos, responderemos pelas consequências.
Observemos a nossa responsabilidade ao conhecermos Jesus e quando declaramos que O amamos de todo o coração, em João, 1424:
"Quem não me ama, não guarda as minhas palavras" e prossegue, "e a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai que me enviou".
Guardar a palavra do Mestre á amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, é usar as mesmas palavras nas nossas conversações, é pensar e viver bem.
Achar que isso é impossível é criar barreiras à nossa evolução.
Comecemos hoje, neste instante, a luta connosco mesmos, vigiando o que vamos falar, e, em pouco tempo, notaremos uma modificação gradativa e actuante no nosso modo de ser.
Se alguém, por descuido, te ferir, não faças o mesmo, e nem penses em respostas que transformem o ambiente em vingança.
Se alguém usar o dom de falar, projectando em ti a maledicência, não sejas influenciado por ele; esquece as injúrias, abençoando o caluniador com o perdão, e, se possível, ora por ele, para que possas criar em torno de ti uma defesa espiritual de amor, aquele amor universal, apanágio de todos os seres evoluídos.
Conversar demais pode ser indício de desequilíbrio, e falar pouco é desprezar o dom maravilhoso da palavra com a qual foste premiado.
Fala, mas fala até o ponto em que sobre tempo para quem te ouve, porque cedendo oportunidade ao teu semelhante de expor também as suas ideias, não só descarregas os pensamentos acumulados na mente, como também alivias o sistema nervoso, com as vibrações das próprias ideias, além de que, podes aprender com o que compartilha contigo a conversação, através do conhecimento de suas intenções, o que possibilitará que tua ajuda seja mais consciente e proveitosa.
Faze da tua língua uma chama de luz, buscando sempre o combustível no coração, que gera os sentimentos do amor.
Esse trabalho depende de ti.
A vida precisa de colóquio, mas aquele que não se esquece do Cristo.
A falácia perturba o ambiente da comunicação, desinquieta quem ouve, e afasta os amigos do falador.
Geralmente, quem não se habitua a usar o freio na língua é arrogante e não encontra tempo para seleccionar o que diz, tornando-se um presunçoso, capaz de acreditar nas suas próprias fantasias.
Conversa pouco, meditando muito no que vais falar, mas não tanto quanto as múmias.

O meio termo é caminho dos sábios e vivência dos santos.
A boca foi estruturada pela vida para alimentar o corpo e doar alimentos espirituais pelas vias do verbo, carecendo, um e outro, de selecção.
Não te esqueças de analisar, pelas leis naturais, o que comes e, pela mesma lei, o que falas aos outros, ajustando, assim, a harmonia do corpo à do espírito e à ordem do universo infinito de Deus.
Temos uma boca bem melhor que a física, que é mental.
Os pensamentos têm sons, cor e cheiro.
Falamos mentalmente primeiro, para depois então passarmos à conversa física.
Se queres disciplinar o falar, será mais eficaz iniciar a educação mental e a harmonia dos pensamentos, para que possas conversar dignamente nas ondas do bem, do amor e da verdade.
Quando sabemos expor ideias mentalmente, a fala material se ilumina, como no caso dos discípulos do Cristo em Jerusalém, que nos narra o Evangelho, em Atos, 6:7:
"'Crescia a palavra de Deus e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos.
Também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé".
A palavra de Deus, aqui referida, é a palavra educada, é o fraseado evangélico onde o Cristo Se expressa em cada letra, em cada canto dos discípulos, como também, na vivência desses homens de fé.
E quando se consegue fazer esse ambiente onde quer que seja, surgem os fenómenos muito conhecidos de todos:
as curas materiais e morais das criaturas.
É O Céu descendo à Terra como esperança aos desesperados, como luz ofertada às trevas do mundo físico.
É comum observarmos pessoas que, ao se recolherem ao leito para descansar o fardo carnal, dão inicio a uma conversação mental consigo mesmas, sem saberem o que pode resultar disso.
Quando as ideias são carregadas de magnetismo inferior, em primeiro lugar, impressionamos a mente instintiva com os pensamentos que geramos, depois atraímos entidades com as mesmas aspirações, a sugar-nos energias sublimadas que vão nos fazer falta no dia seguinte.
Daí pode-se gerar muitas complicações psico-físicas, surgidas pela ignorância.
Podes treinar a conversação mental e não discordamos desse exercício, pois constitui ele a nossa linguagem no mundo espiritual, como espíritos mais ou menos evoluídos.
E bom que comeces na carne essa escolha abençoada de Deus, a falar com a boca mental, sendo ela o verbo verdadeiro que acompanha a alma por onde quer que seja.
Existem pessoas que têm a faculdade de ouvir os pensamentos e os sons dos mesmos, que são cópias exactas dos sons da palavra física; daí a razão nos dizer da urgência na mudança das nossas ideias, porquanto, no ato de pensar, estamos falando com os nossos companheiros espirituais, frente a frente, talvez sem o percebermos.
Isso acontece em todos os reinos do espírito.
O perigo que ocorre contigo, como encarnado, se processa connosco, desencarnados, no mundo espiritual, em relação aos nossos instrutores maiores e, daí, ao infinito...
Convém, então, darmos início às modificações internas, do nosso modo de pensar, cuidando, da maneira mais inteligente, para não sermos influenciados por ideias maléficas, colocando no lugar delas as sadias conversações, onde o Cristo poderá estar presente, ajudando-nos a falar.

PRONUNCIAR PALAVRAS
Em Atos dos Apóstolos, lemos:
"E divulgava-se a palavra do Senhor por toda aquela região”. Atos, 13:49
É de se notar a alegria dos discípulos de Jesus em falar do Evangelho por onde passavam.
Não escolhiam lugar, nem esperavam pelo tempo para pronunciar as palavras de Deus; eram canais vivos das bênçãos dos céus em favor dos homens.
No entanto, antes de dissertarem sobre a Boa Nova do Reino, competia a cada um viver os preceitos do Mestre, dia a dia, e a humildade os colocava em ambiente favorável, de maneira que pudessem receber advertências dos seus colegas de apostolado, na corrigenda de algumas faltas que poderiam reflectir, em detrimento da mensagem do Cristo.
Quem está estudando connosco na escola do Evangelho não pode pensar em dificuldades, em falta de tempo, em condições psicológicas, em ambiente propício.
A hora está passando, aproveitemos!
Começar é a voz de comando do Senhor e com o tempo notaremos os grandes benefícios advindos do nosso esforço.
Quando estiveres nas linhas da libertação espiritual, ao pronunciares palavras de esperança, de carinho e de alegria aos carentes dessa paz, notarás o estro irrigar os teus sentidos, ampliando-os, para que o Cristo possa aparecer com mais fluência, pelo canal inter-cósmico do teu ser.
E a engenhosa luz do Divino Mestre despejará, pela tua boca, as bênçãos de Deus, em forma de palavras, que consolarão, que orientarão e que despertarão em ti a força indispensável, para que tu salves a ti mesmo, curando todas as tuas enfermidades.
E, se o desleixo empanar a tua vontade e a inércia te envolver com o seu manto de indolência, o apóstolo Lucas te dirá o que poderá acontecer, no capítulo dezassete, versículo trinta e dois, neste curto comentário:
“Lembrai-vos da mulher de Ló".
Quem não quiser petrificar-se na estrada evolutiva, não espere para o amanhã o que hoje se espera de nós.
O começo é tão fácil!
É só começar falando, começar pensando boas coisas, de sorte a ir quebrando ou desintegrando a atmosfera psíquica gerada em torno de nós, pelas conversações inferiores, é começar revigorando o nosso mundo mental, e tudo em nós se renovará.
Para não aprofundar muito, esclarecemos que o mundo celular dá início ao seu desafogo, substituindo o magnetismo negro incrustado nas fibras mais íntimas da matéria, pelos fluidos imponderáveis do bem, que reparam todos os desequilíbrios orgânicos.
E todo o complexo carnal, o psíquico e o espiritual começam a funcionar em plena simbiose de vida, pela força da harmonia.
Vê o quanto podes fazer em teu próprio benefício, pelas tuas próprias palavras, conduzidas em direcção ao amor a Deus e ao próximo.
Pronunciar palavras é coisa muito séria, porque elas são balanceadas pela nossa consciência, seleccionadas pela lei de acção e reacção, acumulando em nós o bem que plantamos pela semente da palavra, e obrigando- -nos a comer, sempre que necessário, o entulho dos sons que emitimos para os outros, como lixo sufocante a colocar
em perigo todos os nossos corpos, materiais e espirituais.
Quem tem um pouco de consciência destas verdades, entra logo para a escola, procurando o contacto com as primeiras letras da grande universidade que se chama reforma íntima, do pensar, do sentir e do viver, procurando pronunciar as palavras rectamente.

A PRONÚNCIA ILUMINADA
A pronúncia iluminada é sempre o consórcio de pensamentos e palavras que se ajustam por sintonia, na dignidade de bons sentimentos.
Se disciplinares os teus pensamentos e educares as tuas palavras, a tua boca se tornará um sol, a aquecer os que ainda permanecem nas sombras da indiferença.
Se queres isentar a tua consciência do peso das tuas acções impensadas, norteia as tuas ideias para a luz do bem.
Sempre é tempo do tempo agir em teu carácter, mas somente uma pessoa tem a chave de tua felicidade — tu mesmo, a quem Deus a entregou para abri-la ou não, à Luz que bate.
Todavia, o Pai Celestial te ajuda no silêncio, a aceitar o amor como norma da própria vida.
Paulo de Tarso, sendo o instrumento de Deus para a reforma dos homens, encontrou em Beréia as condições favoráveis para o plantio da palavra do Senhor, e foi o que fez com toda alegria divina.
Vejamos em Atos dos Apóstolos:
“Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalónica, pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as escrituras todos os dias, se as cousas eram de fato assim“. Atos. 17:11
Eis o preparo da alma, a boa vontade no aprendizado.
Além de ouvir a pronúncia iluminada do servidor de Cristo, examinavam com cuidado os antigos textos dos profetas, encontrando a sintonia das verdades anunciadas pelo gigante do Evangelho.
Assim deves fazer diante dos nossos escritos:
mesmo que o bom senso aprove o que expomos, deves examinar todas as escrituras do bem, para consolidar em teu coração a luz de Deus, partindo para a prática, de minuto a minuto, fazendo desalojar de dentro de ti os sentimentos que não correspondem â escola do amor.
Todo entretenimento deve ser bem vigiado, para que a conversação não venha a desmoralizar os que dele fazem parte.
Se necessitas de higiene física, há necessidade maior no campo mental.
Os nossos pensamentos vasculham todos os nossos corpos para depois atingir o nosso ouvinte, deixando onde passam os resíduos e efervescência da luz, dependendo do modo pelo qual pensamos, falamos.
Diante de algumas destas verdades, o que pensas fazer com as tuas faculdades mentais e de dicção?
Sabemos que és inteligente, e que não vais deixar para outra oportunidade o que podes falar agora neste momento:
eleva para Deus a tua mente e começa a orar em favor dos outros desejando a paz e irradiando o amor para todas as criaturas.
Pois é limpando as vias da tua própria vida interna, para que possas sentir o transito livre da força cósmica de Deus a te legar mais vida, pelo próprio amor que desejares aos teus iguais.
Quando encontras uma pessoa que tem paz na mente e harmonia nas palavras, o teu desejo não é de permanecer com ela o tempo que puderes?
E depois ainda conservas lembranças saudáveis da sua presença.
Essa alma é esforçada no campo das mudanças, é humilde e vive extraindo das suas companheiras e da natureza, lições valiosas todos os dias, no silêncio do tempo. São poucas na Terra, no entanto, existem.
O desejo do mundo espiritual com o Cristo é que elas se multipliquem ao infinito, e que toda a humanidade desperte para esse objectivo de melhorar as condições de pensar e falar, para que o amor puro — aquele amor universal — comece a gerar no coração e na mente de todos os estudantes da verdade que iniciam, para si e para o mundo, a pronúncia iluminada.

A GRANDEZA DA BOCA
Tudo o que foi feito por Deus tem variadas funções, tanto na área material quanto na do espirito.
A boca é uma delas, modelada pelas mãos do tempo, indeterminado pelos homens, com a fórmula guardada pelo arcano da vida.
Paulo e seus companheiros já se certificavam dos valores dos dons e conheciam a escola da disciplina, do coração e da fala.
Eis a sua exposição, quando assim proclama:
“Porém, o que se diz?
A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração, isto é, a palavra da fá que pregamos“. Romanos, 10:8
A boca, aí, é um instrumento de vida por onde passa a luz de Deus, gerada no centro da alma, por vontade d'Aquele que enviou o Cristo ao mundo.
Então, observa a tua responsabilidade em acrescentar o que não deve ser, nesses sons harmoniosos do Senhor.
Quem já sofreu ou sofre o chicotear da própria língua, na carne, e nos centros mais subtis do seu ser espiritual, já entende e respeita as necessidades dos outros em quererem ouvir somente bons conselhos, fala educada e pensamentos puros.
Se ainda não aprendeste, não foi por faltar escola e mestre, livros e instrutores.
Todos eles estão esperando que abras o coração à luz do entendimento.
Há dois mil anos que desceu uma corte divina em direcção à Terra, pela vontade de Deus, com o maior conjunto de preceitos educativos, para que pudéssemos conhecer a nós mesmos e desfrutar da felicidade, que está ainda à espera do nosso querer.
Quem começa a conhecer o Cristo nos Seus fundamentos espirituais, não resiste à Sua magnânima influência, operando-se em seu coração uma metamorfose e ajustando os pensamentos em uma aliança divina com o perdão, com a humildade e com o amor.
A boca, essa pequena abertura do corpo, pode propiciar louvores ao Criador de todas as coisas, e ajudar na co-criação da lavoura do bem, em todas as direcções da Terra, desintoxicando o campo de força da alma que o circunda, e desembaraçando as energias vibrantes que circulam no seu mundo interno, aliviando assim, todas as tensões que lhes prejudica.
O estado de depressão é variável e somente o equilíbrio é eterno, porque fomos feitos para tal.
A teimosia da alma no ódio é por desconhecer o amor. persistência na guerra à portão ter desfrutado da paz, o a demora na vingança, e por se lhes faltar conhecimento e prática será por força do hábito, os pensamentos formarem ideias negativas, cala e não fales, ate que passe impulso da crítica e da maledicência, a injúria e da discórdia, para que não sirvas de motivo de escândalo frente ao bem que pretendes construir, junta mente com Cristo.
Esses convites que estamos formulando, em favor da paz no reino dos homens, são para que estes nos ajudem a transformar a Terra, o mais breve possível, em um reino de luz, onde impere os espíritos já esclarecidos.
Se não estiveres preparado para falar somente coisas certas com os teus companheiros, poderás dar inicio ao monólogo, desde que não abuse desse exercício, para que não venhas a cair no ridículo.
Os grandes homens sempre foram encontrados a entredizer assuntos, para que depois pudessem falar aos outros com mais segurança.
Até os discípulos usavam essa força, condicionando temas de amor para beneficiar as massas sofredoras.
Deixa, meu irmão, a tua boca falar aquilo de que está cheio o teu coração — esperanças espirituais da vida — e Deus recompensará o teu esforço, através da tua própria consciência.

OS OLHOS E A FALA
Os olhos são como acessórios indispensáveis da palavra.
Eles ajudam muito na formação das ideias, e são igualmente canais por onde transita a energia divina, quando educados para tal.
Os sábios espirituais são conscientes dessa força poderosa que possuem; destampam as comportas da visão, quando acham conveniente, em favor dos que sofrem, distribuindo saúde e serenidade para os desesperados, em nome da vida.
O futuro comprovará o valor da palavra e da visão, no reino da terapêutica curativa.
Esses dons são canais que servem a fluidos imponderáveis, nascidos de Deus como estímulos da vida, e acumulados em nós de forma inesgotável, quando respeitamos as leis naturais do Criador; no momento da cura, eles fluem de dentro de quem fala e vê, obedecendo o modo de falar e os sentimentos que imprimimos na visão, para o seu êxito.
O fulcro energético da alma é um laboratório divino, possuindo recursos para todas as nossas necessidades e guardando segredos imensuráveis para o porvir.
O homem de amanhã será o médico de si mesmo, como grande vencedor, porque vencerá a sua própria ignorância.
Se queres saúde, conversa sobre ela.
Se queres alegria, fala dela.
Se queres fé, procura lembrar-te dela constantemente.
Se almejas amor, desperta para ele.
Entretanto, não basta somente pensar, falar, lembrar e despertar; é imprescindível sentir e viver, para que o teu diálogo com os outros encontre na fonte inesgotável do coração a inspiração divina, na doação de luz.
Seguindo esse roteiro, podemos ouvir o conselho do apóstolo, com mais interesse:
"Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente" — Atos, 19:20.
A ciência humana, quando despertar para o valor da palavra educada, vai dar maior atenção à sua disciplina nas universidades, onde o Evangelho do Cristo terá lugar de destaque dentre todos os livros de ensinos transitórios, porque sua mensagem é eterna, reflectindo as leis cósmicas da criação de Deus.
Quando um professor fala em uma sala de aula e sua boca se harmoniza com o amor, desperta nos alunos uma condição refinada de assimilação daquilo que ouvem e ajuda os jovens no respeito e na valorização da vida.
Quando um mestre, no templo de ensino, tem uma visão serena e transmite com ela o magnetismo superior, os seus discípulos sentem maior segurança, e o aprendizado se processa com grandes vantagens.
Alguém já disse com muita propriedade que os olhos também falam e, na verdade, os sons dos olhos se escondem no mistério do próprio olhar.
Quem tem ouvidos de ouvir, no dizer do Cristo, ouve nas subtilezas da visão uma voz suave e encantadora, que nunca será esquecida.
Quando nasce do amor, ela se transforma em mãos invisíveis que escrevem no coração de quem ouve, com letras de luz:
"A paz seja convosco", sendo aquela paz que o mundo não pode dar.
Fala com discernimento e olha com caridade.
Fala com alegria e olha com saber.
Fala com clareza e olha com simplicidade.
Fala com bondade e olha com carinho.
Fala com prudência e olha com perdão.
Fala com sinceridade e olha com amor, para que o teu olhar e a tua palavra sejam sincronizados com Deus e Cristo, com a assistência dos anjos.

A FUNÇÃO DOS LÁBIOS
Os lábios são como mãos do espírito, em dimensão diferente; todavia, sua função não é menor, pois se movimentam pela vontade da alma, fazendo com que seus sons sejam entendíveis na transmissão das ideias.
Já pensaste quantos movimentos a tua boca faz por dia, gastando energia divina, para que as almas se entendam, umas com as outras?
E já meditaste sobre as coisas que são faladas?
A boca é um aparelho valioso do espírito e compete, pois, a cada ser humano, trabalhar bem com essa faculdade grandiosa, entregue a nós por Deus, por misericórdia.
A função dos lábios é de alta importância no concerto dos sons, pois ajudam, cooperam e guardam companheira também de função superior no conjunto do corpo, que é a língua.
Esta pode brilhar como as estrelas, ou escurecer qual os buracos negros do universo, dependendo, assim, da posição que tomar o ser espiritual, que comanda todo o cosmo orgânico.
Tu sabias que és o culpado, quando os teus lábios, senão a tua língua, turvam o ambiente da vida, com palavras e assuntos inferiores?
Que a tua palavra pode operar maravilhas em todos os problemas humanos?
Que a tua fala pode provocar guerras e pestes, por todas as direcções onde andar?
Sabias que a tua boca pode levar aos corações sofredores a luz da esperança e da fé, e despertar em quem sofre a vontade de viver, respirando a atmosfera da felicidade?
Ainda mais, sabias que os teus lábios podem dar cooperação, para conheceres a verdade que liberta?
E sabias que a tua conversa pode servir-te de correntes, a te prender por tempo indeterminado?
Se não, fica consciente disto, meu filho!...
E procura educar-te, pois, sem a disciplina cristã, como vigilância entre teus lábios, não poderás ser feliz, porque não poderás dar felicidade aos outros através da tua boca.
Os lábios, repitamos, são mãos do espírito, encarregados do plantio das sementes da palavra nos corações.
Vê o que vais plantar no terreno alheio.
Em Pedro, segunda epístola, no capítulo três, versículo cinco, encontra mo a função da palavra de Deus, no feitio das coisas:
"Porque deliberadamente esquecem que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água, pela palavra de Deus".
Podemos criar céus e terras felizes nos corações sofredores, tirando água de nós mesmos, daquela que Jesus falava com a Samaritana, a água da vida que nunca secará, e pela palavra, através da boca, dar de beber às multidões sedentas.
E, nesse labor, tornamo-nos espíritos flamantes no estado de ser, comungando com maior facilidade no aprendizado com Jesus Cristo.
A fulgente inteligência alcançará o sentido de todas as dissertações do saber espiritual.
Entretanto, não se adquire isto com facilidade e braços cruzados.
Tal saber é produto de muito esforço na área do tempo indispensável.
Quem consegue dominar a palavra, certamente frequenta a escola da educação da mente e, dessa unidade de aprendizado, beberá a água da divina fonte, de onde se diz:
"quanto mais tira, mais tem para usar".
Antes de te entenderes com qualquer pessoa, faz uma limpeza em tua mente, como se estivesse higienizando um lugar de grande interesse.
Esse trabalho te dará forças novas e, com a ajuda de Deus, através dos anjos, colocar-te-ás na posição de ajudar os outros, pelo processo de falar, mas de falar com dignidade cristã.
A função dos teus lábios será grandiosa, se os educares.

FAÇA-SE A LUZ
0 "Faça-se a luz, e a luz se fez", do Livro Sagrado, é uma prova inconteste da força do verbo divino.
Tudo, na criação do Senhor, obedece à Sua magnânima palavra.
E nós, os filhos do Pai Celestial, somos todos herdeiros dessa força espiritual, para que possamos ajudar na co-criação das coisas, como, por meio da voz, domesticar os nossos impulsos que formam ideias que não devem ser faladas ou comentadas pela cadência dos lábios.
Paulo, falando aos hebreus, no capítulo onze, versículo três, já anunciava essa verdade:
Pela fé, entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das cousas que não aparecem".
Quando os profetas afirmaram que o mundo foi feito do nada, foi por não encontrarem melhor explicação na época.
0 nada aqui referido é a energia divina, a força cósmica, o éter ou o prana dos orientais.
Esse hálito de Deus desprende da Sua majestosa personalidade, como o Seu amor que se estende em toda a criação.
Essa essência é comandada pela mente do pontífice, ajustada na sua palavra e transmutada naquilo que deseja criar.
Tudo o que está feito saiu de um só manjar.
Os espíritos têm poderes semelhantes ao do Pai, dentro dos limites da área em que deverão operar, porém, tais limites somente existem, em se referindo a Deus, pois entre nós outros não há limitação.
De acordo com o grau espiritual de cada alma, se estende a sua acção benfeitora, sua ajuda na obra do bem.
E o tempo que demarcamos para essa escola de aperfeiçoamento se chama eternidade.
Tu, que estás lendo, muitas vezes não atinaste sobre a força da tua palavra, na função de comunicar-te com os outros.
Sentiste que falar é um acto automático, sem que a mente participe?
De facto, pode ser um ato automático, se a inteligência não procurar participar, e a razão não seleccionar o que vais falar com os teus irmãos de caminho, e, neste caso, é provável que o teu verbo comprometa a tua alma, na escala evolutiva a que pertences.
Este é um plantio invisível, mas que se tornará visível pela lei do carma — de tudo que criamos ficamos sendo pais, e se os filhos forem fora da lei, responderemos pela sua desarmonia.
Antes de falar ao teu companheiro, ama-o como teu irmão no ambiente da alegria elevada.
Se for alguém que te feriu, perdoa, antecipando a conversa.
Se o impulso de ódio tomar o teu ser, querendo sufocar teus sentimentos nobres, não fales nada nessa hora.
No silêncio, com Cristo, poderás orar ao Senhor, e, quando a serenidade tornar a revestir o teu ser de ponderação, iluminando a tua palavra, despeja em quem quer que seja o amor mais puro que puderes, porque assim estarás beneficiando, em primeira mão, tu e a tua casa, o teu próximo e a humanidade toda.
O estalo da palavra de um iniciado constitui um fenómeno de ordem superior, porque sempre se opera na arte do "Faça-se a luz".
O homem superior é reconhecido pelo que fala aos outros; distribui sempre esperança, e mostra a quem o ouve, como igualmente faz sentir o céu e Deus bem perto das criaturas, que O pensavam distante dos seus corações, sem nunca sonharem que carregavam consigo esses tesouros incomparáveis.
Ele coloca os anjos a roçarem em nossas faces, a nos abençoar constantemente, e clareiam os nossos sentidos para que possamos ser influenciados pelos espíritos desencarnados, capazes de nos levar á felicidade.
Esse homem elevado foi trabalhado pelo tempo e pela vontade, pelo trabalho e pela oração, pelo desejo e pela acção, pelo amor e pela caridade.
E, nessa linha de Deus e Cristo, começa também a dominar a energia que circula, dando vida aos homens e às coisas, por ela obedecer ao seu comando, nascido do amor.

A MENTE E A CONVERSA
A mente tem profundas ligações com a palavra.
Tudo o que pensas hás de falar, mais cedo ou mais tarde, e é pelo que dizes que ficarás conhecido dentre os outros.
Compete a cada criatura aprender a pensar.
Ora e trabalha na formação dos teus pensamentos, para que a tua palavraseja livre de críticas e de ser julgada pela lei sem piedade.
A mente á o transmissor e a boca, o receptor com alto-falante; a diferença que existe das coisas materiais e que, em muitos casos, pensa-se, mas não se fala, e, é nessa diferença que chamamos os estudantes da verdade para interferirem. Fazes como o guarda-chaves da estrada-de-ferro, que conserva para outra máquina os trilhos que deseja, desviando os pensamentos indesejados, para que eles não saiam na estação da boca.
E, quando por bênção da vida e do teu esforço próprio, estiveres falando ou comentando assuntos elevados, apodera-te de exercícios que conheças, para que a conversação possa se prolongar por mais tempo, como:
posta-te diante de um espelho, faz uma feição bastante alegre sem sair do natural, e procura uma leitura que te agrade, cujo conteúdo seja sempre elevado, vigiando permanentemente para que o teu rosto conserve a luz do sorriso; isso e também uma limpeza mental de muitos problemas difíceis.
Com o tempo, alcançarás resultados indizíveis.
Ao falares ao teu semelhante, podes igualmente aplicar esse método, respeitando certamente as condições do momento e com quem falas.
Sê brando no falar e honesto nos assuntos.
Deves esquecer completamente o mal e, quando, porventura, alguém lembrar-se de coisas que não devem ser comentadas, ajuda-o a esquecer-se do indesejado, lembrando com entusiasmo de casos que honram a personalidade do focalizado.
Não gastes tempo com palavras infrutíferas, nem zombes dos recursos que Deus te deu para viver.
Sê feliz através deles.
Faze um pacto contigo mesmo de nunca mais falares da vida alheia.
Combina com a tua boca nunca julgar
os teus semelhantes.
Ajuda os teus lábios a não se sujarem com palavras que alastram o infortúnio.
Mas, olhai Recorre aos recursos da prece, porque é por intermédio dela que poderás vencer a ti mesmo, e revestir-te da glória de Deus.
Se, a princípio, não conseguires educar os teus pensamentos, esmorecer não e atitude do bom combatente. Investe todos os recursos de disciplina que por vezes tens na alma, com forças do coração, e dome a palavra, para que ela não transmita coisas fora do ambiente do bem, com Jesus.
Depois, voltarás de novo para o campo imenso da mente, com o ideal mais seguro de reformar as ideias, sempre te lembrando do Evangelho, que nos aconselha:
"Aquele que perseverar até o fim, será salvo". Mateus, 24:13
Quantas conversas desprevenidas de luz já sustentamos no percurso da vida?
Quantos assuntos maléficos já multiplicamos durante a nossa existência?
Quantas guerras incentivamos na marcha evolutiva, desfrutando as bênçãos de Deus?
São incontáveis esses nossos erros...
E agora, o que deveremos fazer?
A razão iluminada pelo Senhor nos responde mais alto:
"fazer o contrário, pensar, falar e viver somente o bem, porque para isso fomos feitos pelo Criador!
Felicidade e harmonia, felicidade é amor, felicidade é viver feliz com o nosso Grande Deus e Senhor.
Não esqueças, meu filho, que da mente para a boca existe uma grande avenida, onde transitam milhões de pensamentos formando ideias, que os lábios transformam em palavras, de sorte a muitos escutarem.
Vê a posição que deves tomar, diante dessa responsabilidade.

CORPO E SONS
Desde o cinetismo interatómico aos eléctrons e ao átomo, aos órgãos e ao próprio complexo físico, existe uma micro-sinfonia, orquestração divina, em relação ao Universo.
Os sons do corpo têm profunda analogia com as ideias e pensamentos, porque a alma é comandante da veste terrena, que recebeu por misericórdia das mãos da Vida.
Assim, é de se crer que tocamos a música que nos cabe, por evolução, na escala a que pertencemos na ascensão espiritual.
A mente é responsável pelo refinamento da melodia dos órgãos e do psiquismo, e a boca sopra os sons em alta fidelidade, retractando a música interior.
Podes, em nome de Deus, ser o maestro cristão, a modificar a cadência dos sons emitidos pelo corpo.
Alcançando as primeiras letras da harmonia universal, o teu próprio coração começa a solfejar um sentido diferente de sons, na intimidade do teu mundo misterioso, como prece ao Criador de todas as coisas.
E já que somos aprendizes distantes da realidade, comecemos pelas coisas simples, pelos factos quotidianos, que começam no falar.
Vê o que falas aos teus familiares ao amanhecer do dia, a tua disposição em enfrentar os problemas cotidianos e se já te libertaste daquela pequena indisposição de tristeza, que te assoma a alma de vez em quando.
Podes ser útil aos teus companheiros, e ofertar aos teus irmãos algo que possa fazê-los mais felizes, como o exemplo de não reclamar, de conversar com alegria, de desprendimento, de dar sem esperar dádiva, de não sentir inveja, de orar pelos outros, de ver o bem-estar do teu amigo e não desejar nada que não for teu, para que, no amanhã, esses pequenos esforços se agigantem, abrindo caminhos para outros maiores, e assim, sucessivamente, até a libertação desejada.
Tu sabias que os minerais têm a sua própria música?
Sabias que os animais também fazem parte da grande orquestração de Deus?
Pois essa é uma realidade.
O homem está em fase de aprimoramento, e este trabalho depende muito da disposição de melhorar.
E é com essa intenção que te escrevemos, com todo amor, para que juntos possamos nos educar, apropriando-nos da disciplina, para que a nossa boca, seja da mente ou do corpo, possa transmitir palavras que dignifiquem a própria vida.
O trabalho a fazer é muito grande.
Se o esmorecimento não enfraquecer a nossa vontade, a luz do esforço brilhará com Deus e com Cristo.
Meu filho, já notaste a reacção do teu ouvinte, quando tocas em determinado assunto? As palavras podem
mudar completamente o curso do metabolismo celular.
Podem provocar a morte física e perturbar a alma.
Por que não fazer o contrário, convidando Jesus para testemunhar o que vais falar, e te ajudar a conversar com os teus companheiros?
Para que tenhas assunto de sobra nas tuas conversações, podes recorrer aos livros de alta moral, livros espiritualistas que te ensinam e te mostram os caminhos da educação e do respeito para com os semelhantes.
Procura gravar, no coração, todos os preceitos do Cristo, facilitando a mente na co-criação de ideias e pensamentos enobrecedores.
Coloca a tua boca na escala das bocas de luz, que iluminam todos os caminhos por onde passam, em busca de Deus, canalizando os sons que o corpo achar conveniente descarregar pela boca, transformando-os em harmonia compensadora que estabelece a paz nas criaturas, e vida em quem canta.
Sobre este assunto, ouçamos o Salmo cento e sete, versículo vinte:
"Enviou-lhes a sua palavra e os sarou, e os livrou do que era mortal".

A CONVERSAÇÃO com as células
A citologia moderna nos mostra a célula como pequena vida com determinações próprias na formação do corpo.
Teoria muito mais avançada tinham os grandes mestres do passado, como os iogues iluminados, que conheciam o mundo celular como uma grande sociedade de vidas inteligentes, operando como servos fiéis ao comando da mente activa, assim como da subconsciência, e da consciência profunda do ser humano.
E não ficavam só na teoria; passavam para a prática, dando ordens â mente instintiva do órgão enfermo ou mesmo de todo o corpo, para que fossem retransmitidas às células enfermas.
Eis que aí se manifestava logo a recuperação do doente.
É onde nós queremos chegar, focando a célula como motor electromagnético de alta sensibilidade, como vida microscópica com todos os dons, alguns deles em pleno funcionamento.
Se as células recebem ordens no seu labor permanente, então existe comunicação entre elas e o comando.
O citoplasma é como antena que recebe ordens sob a forma de estímulos, do que deve ser feito para a harmonia do corpo, e o núcleo-plasma é o mandante na função activa de praticar a citólise nas suas irmãs enfermas, que cedem lugar às células jovens, cheias de vida, carregadas de fluidos estuantes da mãe Natureza.
Isso tudo se faz através da palavra que se inter-cruza por entre os triliões de células do soma humano, palavra essa em dimensão diferente da do homem.
Vês o quanto vale a manifestação do espírito nas vestes carnais, e o que ele pode fazer para a sua própria felicidade?
Podes, é certo, dar ordens ao imenso exército que forma o todo do teu corpo, porque tu és o dirigente supremo do agregado celular e, com a evolução desejada e o teu esforço permanente nessa vivência, serás, com pouco tempo, médico de ti mesmo e mestre para mudar o teu próprio destino, se ele estiver errado.
Jesus, quando curava os enfermos de qualquer natureza, banhava o doente em uma corrente imensurável de fluidos curativos, como não esquecia de dar ordens enérgicas às vidas micro-orgânicas para se restabelecerem ou darem lugar às novas células carreadas pelo sangue.
E advertia sempre ao doente:
"Vai e não peques mais..."
Pecar, no referido conceito, é no pensar, falar e comer.
Deves tirar maiores deduções, para que te enriqueças com essa filosofia de equilíbrio espiritual.
Ainda existem muitos mistérios que os homens desconhecem.
Somente o futuro, obediente à evolução das criaturas, poderá rasgar o véu de Ísis e colocar a luz em cima do velador.
A conversação da mente consciente com a instintiva, com os órgãos e com as células é facto verdadeiro, que podes comprovar em ti mesmo.
Entretanto, é indispensável que tenhas fé, porque é ela a condutora da vida, colocando todo o mundo endócrino em conexão com os centros de força, ajustados no corpo astral.
Uma fé robusta, com firmeza na sabedoria, dá ensejo ao corpo de curar a si mesmo, bem como de se libertar dos hábitos inferiores e vícios indesejados, que tanto fazem padecer a alma.
Vamos aprender a conversar com o nosso corpo, dando ordens de harmonia, de paz, de amor, de saúde e de alegria, por ser ele um espelho que reflecte tudo o que pensamos.
Todavia, não é somente falando através da boca, ou pelas correntes mentais que é feita esta ordem.
É igualmente, pela vida que levas, e aí está o perigo de viver às margens da lei de Deus, que se expressa com toda a pureza nos preceitos de Jesus.
Conversa com o teu corpo, com os teus órgãos, com as tuas células, mas aprende, primeiro, como convém conversar.
0 caminho mais seguro é este:
"E tudo o que fizerdes, seja em palavras, seja em acção, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele, graças ao Deus Pai" - Colossenses, 3:17.

A PALAVRA ANTE AS PLANTAS
A planta faz parte integrante da criação de Deus.
E nossa irmã, do reino vegetal, predisposta a todos os dons espirituais em nós aflorados para a glória da vida.
Cabe-nos conhecer, com maior profundidade, o seu modo de ser e o que devemos fazer por ela, porque ela já nos presta relevantes serviços — isto é facto consumado.
Sendo, nossa companheira da retaguarda, por que não dispensar a ela alguns momentos de atenção, compreendendo suas necessidades, aprendendo a conversar na sua dimensão devida?
Sabe qual é a linguagem que ela entende de imediato?
A do amor. Reveste-te de carinho diante das plantas, e notarás uma sensação diferente a correr em toda a sua estrutura.
A seiva se agita na presença benfeitora do espírito, deslizando nas veias do vegetal e enriquecendo todo o sistema da fotossíntese, devolvendo, por gratidão, ao mesmo homem, senão a todos, o produto da sua satisfação:
o oxigénio mais puro que o de seu trabalho comum de cada dia.
O amor faz milagres em todos os reinos, e a palavra pode ser o veículo dessa virtude, por excelência.
Entre os sons das palavras que pronuncias, interliga-se uma gama energética, que por vezes desconheces, responsável pelos valores da conversa, elevando ou degradando.
Essa energia recebe dos sentimentos um plasma espiritual e é fiel ao comando da mente.
Se o amor já tem trânsito livre nas vias do teu verbo, é certo que por onde falares, florescerá a vida, na exuberância da própria vida de Deus.
Se a ignorância mora contigo, como velha inquilina, o provérbio quatorze, versículo vinte e três, nos mostra o resultado:
"Em todo o trabalho, há proveito, meras palavras, porém, levam à penúria".
E comum, nós jardins e quintais, morrerem plantas pelo simples olhar de pessoas invejosas.
A inveja, o ódio e tantos outros estados negativos da alma são conversações mentais com o ponto desejado, que derramam todo o magnetismo que lhes são próprios, paralisando, por vezes, a vida material.
Se a compreensão nos leva a crer nesta verdade, modifiquemos, pois, o nosso modo de falar e de pensar, em favor de todos os reinos criados pelo Pai Celestial.
O benefício maior será de quem aprendeu a conversar bem.
Os pensamentos e a boca, em uma comunicação superior, poderão deixar um saldo de energia divina em tua própria atmosfera individual, ajudando-te no equilíbrio físico e mental.
Se carregas problemas emocionais e variadas fobias, se a tua sensibilidade demonstra múltiplas alergias em teu corpo, algo está te faltando, que podes descobrir pela auto-análise, e que deves consertar em ti mesmo.
Se não conseguires, começa a disciplinar a tua mente e tua boca, em todos os sentidos, permanentemente, sem, contudo, pensar no tempo que vais gastar nessa operação.
Trabalhai... Trabalhai...
Que a vida te compensará com a luz da saúde e com a alegria de viver.
Ama o reino mineral!
Ama o reino vegetal!
Ama o reino animal!
E ama muito aos teus semelhantes, como a ti mesmo, mas nunca te esqueças de amar profundamente a Deus, sobre todas as coisas, que a tua linguagem será sempre de luz, por onde quer que passes.
E como nossa mensagem é dedicada às plantas, que Deus as abençoe, ajudando-nos também a compreendê-las no pedido de socorro, e alegrá-las nas tristezas, com palavras de esperança e de fé.
Não é demais aqui lembrarmos do livro sagrado, que assim dispõe em Deuteronómio, 32:2:
"Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a relva e como gotas de água sobre a erva."
Alinha a tua boca na inspiração do profeta, e verás.

A PALAVRA DIANTE DOS ANIMAIS
Falar com os animais é gesto antigo dos homens de todos os tempos, e essa conversação vem sendo aperfeiçoada com o perpassar dos evos.
As plantas nos compreendem, assim como sentem bem-estar com a nossa palavra de carinho.
Os animais, sendo espécie de maior evolução que estas, levam as criaturas humanas a empreenderem todos os esforços possíveis para compreendê-los melhor, dentro da sua faixa de evolução.
Se gostas dos animais, procura encetar com mais propriedade o seu despertar de consciência, mesmo pertencendo ao nível de adormecimento temporário.
Os animais não devem ficar mais nas fímbrias da ascensão humana.
É de compreensão comum nos dias em que vives, que eles, nossos irmãos menores, andem connosco passo a passo, desfrutando dos meios favoráveis ao seu despertar espiritual, ajudados pelos homens que avançam na dianteira, deslocando-os do debrum da convivência física.
Como não usar da palavra em bom sentido para educar esses nossos amigos?
Eles são fiéis quando encontram sinceridade no comando dos seus superiores.
Os seres humanos, em relação aos animais, são anjos, cabendo-lhes o dever de guiá-los, na grande extensão do instinto é razão, e essa operação disciplinar se faz com a ajuda da palavra, desde que esta seja igualmente educada na escola do amor.
Aproximam-se os tempos em que serás médico de ti mesmo, como também dos outros que ainda não tiverem alcançado esse valor terapêutico, cuja fonte existe dentro de cada ser, e lhe pertence eternamente.
E é a palavra, nas suas infinitas modalidades, o veiculo divino da divina essência espiritual, nas suas divisões correspondentes às necessidades das criaturas.
O magnetismo animal será então um servo, em qualquer empreendimento do bem, da verdade e do amor, sem que possas medir tempo e espaço para praticares a caridade.
Mas, tudo isso acontecerá quando o esprito estiver vivendo nos padrões da conduta do Cristo.
E, para desenvolver mais as tuas capacidades de curar, ajudando a tua palavra com as ideias e pensamentos, deves fazer uso constante de leituras espirituais de alto valor, porque elas têm a sagrada missão, também, de desenvolver em ti, a palavra mental.
Assim, caminharás de forma segura para um futuro glorioso onde a mente pode esquecer a boca e somente comunicar-se pela voz dos pensamentos, cumprindo assim as profecias, de um só rebanho, um só pastor, um só entendimento e uma só linguagem.
Porém, antes de chegar a esse tempo, vamos escutar a palavra do Evangelho, no sentido de abrir caminho para o porvir:
"A vossa palavra seja agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um".
Colossenses, 4:6.
Não somente responder, como também falar a cada coisa, a cada ser vivente.
E é nessa fonte de esperanças, que deves conversar com os animais, para que eles desfrutem também do empuxo evolutivo do reino dos homens.
Tem muito cuidado no falar, que eles são sensíveis e podes feri-los, de sorte a perder todo o teu trabalho.
Fala com carinho, e que teus sentimentos participem dessa virtude.
Fala com amor, e que teu coração seja a fonte dessa glória.
Fala com alegria, e que todo o teu ser comungue com essa nesga dos céus, que se expressa no teu rosto.
Deves compreender que nada se perde na extensão da vida, todo esse labor voltará para o teu coração como herança valorizada, formando um todo para a tua felicidade.

0 VERBO NA EDUCAÇÃO
Toda a natureza ao teu redor obedecerá aos teus apelos, na forma de esforço próprio, quando a educação corresponder â meta prioritária do teu ideal, e a disciplina ao exercício permanente de tua vida.
A mente é um computador grandioso, movida pela energia Ki — ou força cósmica — para as transmutações que se lhes caiam na ordem das necessidades.
Se o teu entendimento esqueceu-se da educação e da disciplina,
serás sempre uma alma infeliz, envolvida em inúmeros problemas morais e espirituais, e certamente, em variadas enfermidades.
Se já dominaste a ti mesmo na área do bem, corta de vez do teu pensamento e da tua fala, ideias e palavras inferiores, pois elas te levam à depressão sem que percebas, caindo com isso nas provações e, em consequência, nas doenças e nas dificuldades que surgem para te corrigir.
Começa hoje o bom plantio, e trabalha com o arado do verbo na lavoura alheia, sem que a exigência perturbe a tua dádiva, para que a a lei te favoreça recompensando-te, no silêncio da vida.
A palavra é um instrumento valioso na arte engenhosa da educação e, quando essa palavra é modulada no clima evangélico de Nosso Senhor Jesus Cristo, ela brilha nos altiplanos da consciência, como a luz da vida.
E para segurança do que falamos, mostraremos a fala do Mestre, anotada por Marcos, no capítulo treze, versículo trinta e um, nesta prosa divina com Seus discípulos:
"Passarão o céu e a Terra, porém, as minhas palavras não passarão".
As palavras de amor, de carinho, de paciência, de gratidão e de fé, quando em sintonia com as leis universais, nunca passarão.
São elas eternas, na eternidade da existência.
A energia acima citada, que move os nossos dons, mesmo no plano do espírito desencarnado, é cândida virgem.
Ela obedece à modelagem dos nossos sentimentos.
Eis porque, se nos faltar a vigilância no pensar, no falar e no agir, responderemos pelos seus desastres.
Tu, que pensas e falas, és alguma coisa na tua vida, e na vida dos outros; os pensamentos e palavras que soltas no ar, irão com o teu endereço, e voltarão para a casa paterna onde foram gerados e, em muitos casos, com companheiros da mesma dinâmica vibratória.
Agora que já estamos em uma lição mais avançada, quase no fim do livro, vamos dizer que em verdade, te não convém somente falar coisas boas aos teus irmãos de caminho, mas pensar e viver rectamente.
Está chegada a hora de modificar a tua vida para uma vida melhor.
Se és educador, usa o verbo para ensinar coisas dignas.
Se és aprendiz, usa o verbo para perguntar sobre assuntos louváveis.
Se és pai, usa o verbo acompanhado do exemplo.
Se és mãe, usa o verbo com amor e disciplina.
Daí, podes estender ao infinito o poder do verbo, no percurso da tua existência.
A palavra na educação é como o sol despontando no amanhecer do dia, e como estrelas brilhando no céu da consciência.
Se o teu coração estiver cheio de amor e bondade, de mansidão e alegria, de esperança e fé cristã, poderás observar que, com a tua palavra, sairá, em direcção aos que te ouvem, uma chama de luz que falará, no silêncio da existência, de Deus, de Cristo e dos anjos, esperando por ti, para a felicidade permanente.

COMO CONVERSAR
Conversar é dom que sobremodo nos agrada, começando ao nos levantarmos do leito, pela manhã, até o retorno a ele.
E ainda, em corpo astral continuas a fala, na faixa de espírito livre.
Certamente, a maior parte do tempo gastamos falando, portando, é imprescindível que aprendamos a conversar como convém.
O como conversar deve ser meta de todos os dias na vida.
A palavra bem acertada poderá ser nossa defesa frente a todos os ataques, em qualquer faixa de vida a que pertençamos, porque ela, educada e disciplinada, é a mesma palavra de Deus.
Tomamos aqui como exemplo a fala do apóstolo Paulo, em Efésios, 6:17:
"Tomai também o capacete da salvação e a espada do espírito, que é a palavra de Deus".
Vejamos o valor da boca:
ela com Jesus, transforma-se em espada de paz, que se defende do mal, plantando o bem no coração das criaturas, e se reveste com o capacete da salvação, por pensar, falar e fazer somente a vontade do Pai Celestial.
A espada do espírito é aquela cuja ponta é enterrada no solo, transformando-se, ou tomando a forma de cruz, símbolo da redenção humana no esplendor da personalidade do Cristo.
A palavra é um plantio divino quando bem orientada, a alvitrar bons sentimentos naqueles que a dominam.
No ambiente do amor, ela dá frutos, cujo sabor é sorvido primeiro pelo seu semeador.
Isto quem nos fala é Timóteo, no capítulo dois, versículo seis:
""O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos".
Quando não, da felicidade de ter doado esse alimento de vida.
Nós aqui deixamos entender um forte estímulo na conversação, para que as pessoas se comuniquem umas com as outras, mas que saibam como convém conversar, dosar as palavras na hora certa, para que elas não sirvam de escândalo no reino do entendimento.
O valor dos sons harmonizados pelos lábios é inestimável, em todos os campos de compreensão.
Já pensaste em encontrares um amigo que há muito não vês e permaneceres calado diante dele e ele perante ti?
Seria um momento desagradável e a alegria não existiria, mas a tristeza, pois a fala, nessas horas, é o veiculo da sintonia, como o canal pelo qual o magnetismo da satisfação transita, pela força do prazer.
Mesmo que já tenhas desenvolvido o dom da telepatia, ele não basta.
Nesses instantes, a boca é o complemento que não pode ser esquecido.
Mas, observa como conversar, cedendo lugar para o teu companheiro compartilhar do assunto lembrado, o que torna a atmosfera harmoniosa, onde a justiça brilha nas linhas do direito.
Os ouvidos também são companheiros inseparáveis da fala, registando, assim, no manejo da vontade, a mensagem das ideias, tudo a serviço do conjunto dos dons, abençoados por Deus a nosso favor.
Conversa com os outros sem alterar-te.
Conversa sem imposição. Conversa sem gastar o tempo sozinho.
Conversa com prazer de falar.
Conversa sem pressa de ser entendido.
Conversa sem expressar inquietação.
Conversa com tranquilidade, para que o teu amor seja doado aos outros, por alegria de ser útil a todos.
Porque Deus está te ouvindo e te ajudando a escutar a palavra alheia.

ESCOLA DA FALA
Uma das mais sublimes melodias que conhecemos na Terra é a fala do homem.
Quando educada na universidade do Cristo, torna-se um cântico em plena homogeneidade com a sinfonia universal.
0 místico, com um simples cumprimento nas ruas, é capaz de devolver a saúde ao enfermo, doando-lhe igualmente, alegria e esperança ao coração.
E é falando que ele enriquece o poder do seu verbo, em um aprendizado maior, sem que o ouvinte participe, por vezes, da sua experiência.
O estudante da verdade sentir-se-á mais feliz quando for consciente da alegria e do amor que está doando, fora o magnetismo sublimado que expande do seu coração e verbo, como essência divina.
Não há ensino nenhum no mundo físico, sem a palavra falada e escrita.
São condições indispensáveis para o aprimoramento das criaturas e, se é função nossa falar, vamos falar bem, para nos educarmos melhor.
Se é falando que se aprende, devemos aprender a ouvir, para melhor aprendermos.
Vejamos Paulo em sua carta aos romanos, capítulo dez, versículo dezassete:
"Assim, a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Cristo".
Até a fé vem também pelos canais da audição, e a audição se processa pela palavra; são duas coisas conjugadas para a unidade do saber.
Se o corpo físico tem em torno de sessenta triliões de células, já meditaste nesse conjunto de unidades vivas emitindo sons de variadas gamas, sincronizando-se com a ave maior no topo do crânio, em busca da paz?
E já pensaste de quantas moléculas se compõem as células, partículas essas também viventes?
E quantos átomos congregam uma molécula?
E quantas partículas formam uma conjuntura atómica?...
Na verdade, essas divisões e subdivisões são infinitas, assim como o macrocosmo é ilimitado, e tudo isso é vida.
São vidas que pululam na vida maior, que é Deus.
Essa simples fala é para mostrar-te que todas essas divisões de infinito a infinito, comunicam-se entre si, têm a sua linguagem, para que a Vida do Senhor Se faça presente na existência da criação.
E quando essa comunicação explode no homem, na feição iluminada do raciocínio, ela deve obedecer a um intercâmbio que alcance a evolução da alma e, para tal, as leis nos ofertam educação e disciplina.
Esse verbo, se fazendo carne, ou apoderando-se dela, invoca todos os seus poderes, cooperando no adiantamento do que passar pelo seu caminho, como e certamente, para a sua própria ascensão espiritual, pois é velho o provérbio, que diz:
é dando que se recebe mais.
Todas as partículas que formam o corpo humano são obedientes â vontade do espírito que as comanda.
Quanto maior a entidade, maior a obediência.
Por isso, é que existem doenças e problemas desde o aparecimento do homem na Terra.
O aumento desses factos processa-se até determinado tempo, por desconhecer a humanidade de onde vêm os desequilíbrios orgânicos, psíquicos e espirituais.
A mente é a grande responsável pela falta de harmonia no todo, por não acompanhar a fala de Deus, pelos meios existentes para educar as criaturas, pois a palavra é um instrumento valioso que tem como janelas os ouvidos, e como porta, a boca.
Deixa, meu filho, o Cristo falar-te, e multiplica a tua voz como sementes nos corações dos outros...
Sementes de boa qualidade, de carinho, de trabalho, de compreensão, de entendimento, de perdão, de afeição pura, para que amanhã sejas um Sol doando luz, porque plantaste luz no coração dos semelhantes.
E foi falando que aprendeste tudo o que sabes.

SONS DE OURO
Sons de ouro são palavras iluminadas pela inteligência e testificadas pelo coração.
São ritmos que somente obedecem às notas do amor.
Os grandes iniciados tinham a primazia de festejar a boca com ideias puras, e os lábios de cantarem melodias do reino de Deus.
Vejamos o que fala a escola do Cristo, em Atos, no capítulo dez, versículo trinta e seis, neste canto de luz:
'"Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, comunicando-lhes o Evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo, este é o Senhor de todos".
Israel aqui citado corresponde à humanidade, para onde Deus canalizou a Sua fala divina por intermédio de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Os sons de ouro vibrados na Terra, pelo Mestre, eram quais sóis da eternidade a brilharem na eternidade da vida.
O Messias de Deus retornou ao lugar de onde veio, e deixou para todos nós a grande herança espiritual, os sons de ouro, que caíram qual chuva de luz nos corações de Seu rebanho, multiplicando dons e favorecendo meios, educando o verbo e estendendo a caridade, facilitando o perdão e consolando os tristes, ajudando na misericórdia e aumentando a compreensão, distribuindo sabedoria e ensejando o amor, por todas as direcções da Terra e dos homens.
E nós, depois de dois mil anos, o que fizemos?
Se fizemos pouco, devemos fazer mais na conjuntura do bem, lado a lado com a verdade que liberta.
E se nada fizemos ainda, poderemos começar agora...
Quando arejamos nossa mente, a boca se torna uma lâmpada acesa em policromias indescritíveis.
A mente fornece a energia, as cordas vocais o pavio, e os sons, a chama a escapar pelos lábios, para que possas clarear os teus próprios caminhos, ajudando também a quem te ouve.
A interlocução é uma oportunidade valiosa para que possas ser útil onde estiveres, e ainda mais para ti, porque recebes bem mais do que dás aos vossos semelhantes.
Meu companheiro!...
Se queres preparar-te para Cristo, os caminhos são cheios de tropeços e de espinhos.
As estradas são estreitas e o teu corpo receberá marcas profundas de todas as espécies, no sentido de testemunhar os teus valores.
Por vezes, a tua natureza física rejeitará a modificação da mente, apresentando incómodos inesperados.
É a luta ensaiando contigo mesmo; não deves esmorecer, porque somos todos imortais, e, quando alcançarmos a vitória, seremos vitoriosos para sempre.
Cuidemos, pois, da nossa lavoura interna, para que o Senhor, chegando junto a nós, encontre frutos de vida.
Sabes como começar?...
Se os pensamentos não obedecerem à tua vontade, cuida de não falar as ideias formadas que descem para a tua boca, porque palavras dissonantes arruínam mais o teu corpo, como também a tua alma.
É preferível permaneceres calado, dando tempo ao tempo, para que este te favoreça.
Se tudo piorar no teu caminho, não esmoreças; continua a auto-educação, que Deus é sempre amor e justiça.
Todo trabalhador é digno do seu salário, principal mente quem labora na área da mente.
Esse gesto provará que estás despertando para a luz espiritual, e a ajuda dos anjos acentuar-se-á com mais clareza para o filho de Deus que tenha boa vontade.
Objectivando os sons de ouro, deves entregar-te totalmente ao Cristo, na luz do Pai Celestial, para que possas receber, na faixa do tempo, a marca luminosa de cidadão universal.

A ARTE DE DISCURSAR
A palavra ajudou muito a humanidade, pois foi falando que os grandes mestres do passado traçaram as directrizes que ainda seguimos com júbilo.
Os académicos de hoje são produtos da sabedoria de ontem, e a arte de falar corresponde ao fio condutor de todas essas experiências, assim como a escrita, que também contém palavras no silêncio das páginas.
Aquele que nasce com a porta aberta do dom de falar não deve perder o tempo precioso em dizer coisas inapreciáveis.
O que falas, escreves com tinta magnética nas folhas sensíveis da tua consciência e, quando a borracha do arrependimento se dispuser a limpar, delongará prazo indeterminado.
Convidamos aos que carregam estrelas na boca a amestrarem os seus próprios pensamentos e palavras, para que não venham a chorar, nos caminhos, o engano que sufocou os germes de luz que queriam esplender em seus corações.
Faz-te humilde, meu irmão, quando falares aos outros, pedindo a eles que cooperem contigo em oração.
É de bom tom que ouçamos Paulo aos colossenses, no capítulo quatro, versículo três, nesse impulso de expressar-se:
"Suplicai ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra a porta à palavra, a fim de falarmos do ministério do Cristo, pelo qual também estou algemado".
Se o homem da Terra estava ainda algemado aos impulsos inferiores, o que dizer da nossa posição, perante o Senhor?
Mas temos de prosseguir, lutando como soldadas de Deus, acompanhando o Grande General — Jesus Cristo — para que possamos quebrar as amarras e falar livremente do ministério do Senhor.
E, se tu que estás lendo, não tens o dom da palavra para falar às multidões, tens o dom de conversar, faculdade inerente a todas as criaturas.
Se ainda não conseguiste aprimorar a tua palavra de cada dia, desperta, que nunca estarás sozinho nessa oficina espiritual de educação.
A dificuldade é somente no começo; depois abrir-se-ão grandes perspectivas e o prazer te moverá com esperanças, para que possas alcançar novas dimensões da palavra.
O orador já consumado na arte de discursar é quem mais encontra horizontes a descortinar à sua frente, referentes ao olhar, aos gestos, à cadência e à expressão, e ainda mais, familiarizar-se-á com os fluidos magnéticos superiores, para fazer, no momento de falar, uma distribuição colectiva, enriquecida pelo amor, que não pode faltar em seu coração.
O pregador deve ser consciente, revestir-se, em certos momentos, de humildade, força essa que tem de transparecer na sua feição.
Em outros momentos, deve revestir-se de energia, bondade, carinho, desprendimento, cordialidade, perdão e acima de tudo, de alegria.
Tu que tens a missão de discursar, haverás de ser um sol diante de todos, porque quem ouve está faminto de alguma coisa que deves possuir com abundância — amor!
Dizem os mestres da palavra e do saber que todo o corpo compartilha connosco no momento em que estamos falando, e também que todo o universo celular tem meios de ouvir, e que o espírito fala através da boca, por recursos que escapam à análise humana.
Se tu, como iniciante, já conseguiste ficar um dia sem proferir palavras inferiores, houve progresso.
Mas não deves permanecer só nisto; passa para uma semana, um mês, um ano e, com esse calor moral, o Cristo te abençoará, para que fiques eternamente nessa graça de Deus.
E, então, os teus lábios mover-se-ão na arte de discursar com Jesus.