LUZ ESPÍRITA
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Quem Perdoa Liberta - José Mario / Wanderley Oliveira

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 02, 2018 8:13 pm

Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os ouvem, retiram-se.
Os maus, ao contrário, se agarram àqueles de quem podem fazer suas presas.
Se chegam a dominar algum, identificam-se com o Espírito deste e o conduzem como se fora verdadeira criança".
O instrutor Calderaro, em recente ciclo de debates promovido aqui no Hospital, orientou-nos a dividir a obsessão em dois grupos, cujas peculiaridades muito nos auxiliam na melhor compreensão do tema.
O primeiro grupo é o das obsessões morais.
Um princípio da Lei de Sociedade na evolução, ou seja, são as vinculações humanas nas quais o interesse é o núcleo central de convergência.
O interesse pessoal é o impulso instintivo da alma que promove o desenvolvimento do afecto.
O interesse é a mola da afectividade no estágio em que nos encontramos nas relações de alma para alma.
O interesse pessoal é a lagarta rastejante que um dia se tornará a belíssima borboleta em busca dos voos do desprendimento e do altruísmo incondicional.
Sem interesse, o afecto não desperta.
No dizer dos Sábios Orientadores da codificação espírita, na questão 895 de O Livro dos Espíritos, o interesse pessoal é o sinal mais evidente da imperfeição humana, porque o egoísmo, como uma crisálida, o mantém nas faixas do ego, convertendo-o em prisão e dor.
Fácil concluir, nessa óptica, que ele é a causa de todas as tragédias que envolveram cidadãos e colectividades que se consumaram nas sendas da história humana.
Foi por conta de interesses contrariados que nasceram a traição, a mágoa, a vingança, o ódio, o espólio e tantas outras enfermidades da afectividade na vida social.
Eles promovem a disputa, estimulam os maus pendores e perturbam a vida mental na direcção da exclusividade, do personalismo e da arrogância.
Eis alguns quadros da convivência que foram resultados de interesses feridos:
amores que derraparam para o ódio; amizades que tombaram no pedregulho do desrespeito e do abuso; sociedades financeiras extirpadas pela avareza; famílias dizimadas pela ambição da posse; elos de afecto sincero corrompidos pela traição.
Na raiz de todos esses dramas estão os interesses contrariados gerando a corrupção do afecto sincero.
Mesmo aqui, nas tragédias do adoecimento afectivo, o interesse pessoal lança a alma às lições essenciais do coração, nas quais, ao longo dos tempos, adquirimos a sabedoria emocional.
Nada existe no homem que não o conduza a caminhos de aprimoramento e libertação.
O segundo grupo sugerido por Calderaro é o das obsessões mentais.
Inicia-se quando o Espírito, cansado da refrega evolutiva vivida entre perdas e ganhos no interesse pessoal, permite-se olhar para seu mundo interior e descobre a mais velha doença da da razão, o remorso ou, mais adequadamente, o primeiro passo na aquisição da consciência lúcida.
O remorso é a ferida consciencial que nos mantém no cativeiro de nossas próprias criações.
Como destaca o Médico Celeste em João, capítulo 8, versículo 34:
"Respondeu-lhes Jesus:
Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado".
Fácil concluir, portanto, que as chamadas obsessões morais são degraus na escalada das obsessões mentais e, consequentemente, dos transtornos mentais.
Com essa divisão didáctica, Calderaro, em sua belíssima explanação, demonstrou que o caminho do adoecimento na trajectória evolutiva do Ser segue uma ordem sequencial da conduta moral egoística para a fragmentação da vida mental. Primeiro vem o interesse pessoal criando a couraça moral do personalismo, depois, quando despontam os primeiros lampejos de consciência lúcida, vem o arrependimento, estabelecendo o clima do remorso.
O personalismo orienta as acções caprichosas e perturbadoras da afectividade no comportamento; o arrependimento enreda a criatura no conflito, aprisionando-a na cela cruel da baixa auto-estima.
Seja em que aspecto se apresente, a obsessão é a ilusão humana de querer que alguém faça ou venha a ser aquilo que gostaríamos que fizesse ou fosse.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 02, 2018 8:13 pm

É a coacção que tentamos impor a outrem em razão de vantagens pessoais.
Um fruto do egoísmo, no qual ainda estagiamos conforme o molde dos interesses pessoais.
Em suma, na ordem natural das reencarnações, primeiramente adoecemos afectivamente pela conduta antes de adoecer mentalmente.
O molde das patologias mentais, seja em que grau for, é o afecto adoecido.
Das neuroses e transtornos de personalidade aos mais severos quadros de doenças mentais, como as psicopatias e psicoses, encontramos essa sequência:
interesse pessoal exacerbado, estado de remorso e perturbação psíquica.
As obsessões morais ou afectivas consolidam-se, inicialmente, no corpo mental inferior como viciações emocionais, ao longo da caminhada milenar, e vão se adaptando em metamorfoses sucessivas na órbita do perispírito, depois no duplo etérico e, por fim, atingem o corpo físico com as chamadas doenças orgânicas de variadas expressões.
Já no grupo das obsessões mentais, a dor que vem dos corpos periféricos para o imo da alma atinge os escaninhos do corpo mental superior, que derrama a luz do arrependimento.
Uma fresta de sensibilidade para que o Ser quebre a concha do egoísmo e penetre nos arquivos de suas atitudes irreflectidas.
A luz que vem de dentro, iluminando as sombras que precisam ser varridas e transformadas.
O preço? O recomeço.
A reencarnação dolorosa na qual o ponto mais sofrível para qualquer um de nós será não ter os interesses pessoais atendidos conforme nossos desejos.
Nesse estágio, a luz que varre a sombra causa igualmente a crise que engendra a dor mental como operação inevitável a caminho da cura definitiva.
Fiquemos, portanto, com esses breves apontamentos para ter o que conversar.
Alguma pergunta?
Cornelius falou por apenas dez minutos.
Entretanto, tive a sensação de estar fazendo um curso de longos dias.
Um mundo novo se abria ao meu campo de reflexões diante das colocações tão simples e, ao mesmo tempo, tão profundas.
Não contendo a curiosidade natural, comecei o debate.
- Parece-me que a palavra de ordem no tema obsessão é domínio. Concorda?
- Sem dúvida! Se pensarmos com atenção no significado da palavra obsessão, perceberemos que, em essência, quer dizer apego a ideias, fixação em propósitos próprios.
Incontrolavelmente encantados pelos próprios interesses, chegamos a ponto de acreditar que temos a melhor solução para tudo e para todos.
Gravitamos na esfera das concepções pessoais sem o mínimo desejo de avançar para as vivências que ultrapassam esse limite.
Nasce, nesse ponto, a compulsão pelo domínio mais cobiçado de todos os tempos:
o ilusório domínio da vida alheia, a colonização do outro. Dizendo amar, queremos que o outro seja e faça conforme nossos desejos, que nada mais são que motivações para vantagens particulares.
É o afecto individualista.
Só queremos dominar ou manter domínio sobre quantos nos tocam afectivamente a alma conforme os interesses próprios.
- Essa compulsão por tomar conta da vida alheia torna a obsessão algo muito corriqueiro?
- Mais do que podemos imaginar!
Quando Marcondes, agora há pouco, reclamava por direitos, não estaria, na verdade, se impondo? Não havia um traço de domínio?
Sem julgar nosso irmão, que carrega dolorosos conflitos na alma, que interesse norteou suas acções?
E, se aceitássemos seu protesto, estaríamos aderindo a propósitos menos saudáveis ao futuro desta tarefa e desta casa em atendimento a desejos pessoais?
Todos, em qualquer tempo, têm o direito de manifestar seus interesses, suas dúvidas, suas discordâncias.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 02, 2018 8:13 pm

Quanto mais avança a civilização, mais somos apologistas da liberdade de expressão.
Sem interesse não avançamos.
Sem interesse não existe chances para o amor.
Contudo, como temos manifestado nossos anseios?
Será que sabemos, com consciência, a natureza do que queremos?
O interesse pessoal continuará fazendo parte de nossa caminhada ascensional, apenas com uma diferença:
já não pensaremos somente naquilo que buscamos.
Colocaremos, também, o interesse alheio na pauta de nossas
cogitações, estabelecendo conciliações, adequações e redireccionamento, quando necessário.
Tudo dependerá da natureza do que cada pessoa busca na vida.
A verdade é que se tornou inerente à raça humana a compulsão pelo domínio em três formas distintas:
o impulso de controlar, a necessidade de reconhecimento pessoal e o desejo por ser o melhor.
Controle, privilégio e exclusividade são manifestações morais do egoísmo que ainda dirige a maioria de nossas decisões e atitudes, experiências afectivas inerentes ao egoísmo humano.
- Cornelius, qual a contribuição para o entendimento do tema obsessão a didáctica em dividi-lo nesses dois grupos sugeridos por Calderaro?
- Desenvolver um diagnóstico realista do quadro que estiver sob nosso acompanhamento.
São duas abordagens elementares que nos permitem melhor avaliar as variedades infinitas das explorações mentais.
Sobretudo, para compreender que, por detrás dos transtornos mentais, existe sempre uma estrutura moral a ser reeducada.
As obsessões morais são estruturadas no compartilhamento, uma busca comum de interesses.
O tratamento para tais casos não poderá ser conduzido como se houvesse a presença de um verdugo e uma vítima, mas sim uma sinergia, um compartilhamento.
A separação abrupta em casos como esses poderá ser desastrosa, conquanto seja o terreno que mais facilmente encontramos chances para tal recurso.
As obsessões mentais, por sua vez, são mais definidas.
A pessoa que se arrependeu está no encalço de um futuro melhor, mas está inserido no ressarcimento consciencial e na reconstrução paulatina de uma história milenar de hábitos e condutas, decisões e interesses.
- Essa didáctica nos ajudaria, então, no modo de acção terapêutica para cada grupo?
- Permite-nos uma acção mais consciente em favor da educação dos envolvidos nos dramas da obsessão.
Quando vocês participarem mais activamente dos chamados trabalhos de desobsessão nos Centros Espíritas, ampliarão, sobremodo, a percepção do que estamos aqui estudando.
Em síntese, poderíamos dizer que as obsessões mentais são os sintomas ou os termómetros de aferição para melhor reconhecimento da estrutura e da proporção das obsessões morais que envolvem o obsediado.
Ao examinar obsessões de quem quer que seja, compete a qualquer servidor consciente esquadrinhar com seriedade a natureza moral que determinou a alteração mental.
Um diagnóstico de profundidade sem o qual a doença mental jamais será compreendida em seu fim reeducativo.
- Já queria mesmo fazer uma pergunta neste sentido - interveio outro membro do nosso grupo de estudos.
Afinal de contas, os Centros Espíritas e os trabalhos de desobsessão funcionam ou não?
Perdoe-me a sinceridade da questão!
É que, depois de tantos enfoques deste outro lado da vida, já não sei mais avaliar com segurança as tarefas doutrinárias de que participei.
Como gostaria hoje de visitar aqueles que foram atendidos em nossa casa para vislumbrar o nível de melhora que obtiveram!
Aliás, pergunto-me: será que melhoraram mesmo?
- Teremos oportunidade para o mister, caro irmão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 02, 2018 8:13 pm

A proposta de nosso curso é preparação e trabalho.
Vocês farão visitas a casas espíritas com este propósito.
Aliás, alguns aqui, como o nosso José Mario, já integram os sectores de atendimento emergencial aos centros doutrinários, e logo estarão com tarefas nos ambientes físicos da Terra.
Os serviços abençoados de desobsessão das casas espíritas são largas portas que se abrem para o bem, em favor das tragédias da obsessão.
Consolo e esclarecimento são distribuídos a mancheias.
Os amigos queridos que se devotam com abnegação a esta actividade consolidam uma das mais ricas experiências no reino do Espírito imortal, em favor do consolo e da educação espiritual da Terra.
A interpretação humana, no entanto, acerca dos resultados da tarefa, quase sempre obedece à visão limitada que o homem encarnado possui acerca das soluções que cada história de dor exige.
Temos, hoje, no meio doutrinário, uma prática comum entre a maioria dos servidores da mediunidade cuja essência se resume a trabalhar sem avaliar resultados, fazer o bem sem olhar a quem.
A prática é boa, mas merece reavaliação e complemento no intuito de melhor servirmos à libertação de consciências que padecem a dor dilacerante dos laços afectivos de domínio e vingança.
A coragem de investigar com sobriedade e desprendimento os efeitos do trabalho, no intuito de ampliar seu raio de benefícios, não pode ser tomada como vaidade e personalismo.
Alguns alegam que aferir resultados envaidece os trabalhadores.
Não discordamos!
No entanto, a pretexto de vigilância, fugiremos do exame sobre a qualidade do ato de doar-se?
A pretexto de não nos envaidecer abandonaremos o afecto para com aqueles que foram beneficiados, evitando a gratidão e o elogio sincero?
Para melhor interpretação dos casos de desobsessão e, consequentemente, melhor adequação da terapêutica, os trabalhadores no campo físico deverão ampliar sua acção investigativa e experimental.
Quem melhor o fez que Allan Kardec em sua tarefa? Perdeu-se esse traço nas relações entre homens e espíritos.
Quando o codificador usou a expressão laboratório do mundo invisível, foi no intuito de conclamar os núcleos doutrinários a fazer ciência no mundo.
Ciência fraterna. Ciência com amor.
Por conta dessa postura, as actividades deste porte no mundo físico obedeceram a um padrão de segurança que tem sua utilidade educativa.
O padrão apenas precisa ser aprimorado diante dos quadros severos de obsessão que campeiam na humanidade actual.
As velhas técnicas de desobsessão verbal, extremamente úteis, já não atendem a contento quando isoladas de uma série de outras iniciativas diante dos casos complexos que batem à porta do Centro Espírita nos dias atuais.
E, sem uma avaliação grupal, sem estudo e pesquisa, como aprimorar?
- Será por essa razão que muitos de nós aqui no Hospital Esperança, mesmo possuindo larga experiência na doutrinação, após décadas de serviços no mundo físico, não temos integrado as equipes socorristas aos abismos?
- Não! É outro o motivo.
Alguns corações queridos, que coleccionaram largas folhas de trabalho prestados ao movimento espírita, ao se internar nesta casa de amor, supõem-se campeões nas actividades que desenvolveram.
Alguns, em autênticos quadros de alucinação e revolta, golpeiam zeladores amorosos deste Hospital com insultos descaridosos por se sentirem tratados com desvalia ante a bagagem que supõem possuir.
Matriculados a contragosto em cursos de aprofundamento são os que mais tumultuam os grupos.
Ainda que convencidos dos ensinos novos, querem fazer valer o que pensam.
Quadros como o que presenciamos há pouco, com Marcondes, são inexpressivos ante os episódios que se recheiam de reacções desequilibradas e até violentas.
Falaremos, oportunamente, sobre técnicas desobsessivas para casos complexos.
Visitaremos, na Terra, alguns casos que temos acompanhado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 02, 2018 8:14 pm

Antes de tudo, vocês farão incursões aqui mesmo no subsolo, estudando com mais minúcias os efeitos da ilusão no campo mental entre religiosos.
Será um curso de auto-conhecimento e auto-exame.
Entretanto, muito antes de tarefas que carecem de aprimoramento e técnica, o assunto mais grave no quadro das nossas necessidades continua sendo a postura íntima no campo do sentimento e da atitude.
Aí reside a limitação mais expressiva para a composição dos grupos socorristas a regiões nas quais será exigida larga capacidade de visão espiritual alicerçada na ausência de preconceitos, na ternura incondicional, na dilatação da resistência mental em ambientes áridos, na extensa soma do poder de concentração e, sobretudo, na vontade férrea de servir e ser útil ao semelhante sem sombras de sentimentalismo.
Como se sabe, essas conquistas não são desenvolvidas com técnicas, mas com o amor aplicado à luz do Evangelho de Jesus.
- Fico pensando, Cornelius - continuou o mesmo participante - na nossa ilusão, como espíritas, trabalhadores da desobsessão, em nos julgarmos prontos para o trabalho quando aqui chegamos!
Na verdade, falo de mim, que militei nessas tarefas por trinta e cinco anos consecutivos.
Paguei meu preço com decepções, embora reconhecesse rapidamente minha incapacidade para auxílios mais profundos nos abismos.
Fui um dirigente disciplinado e carinhoso. Não bastou.
Somente aqui, em nosso curso, me concedi, por caridade, o direito de pensar em quantos no plano físico se encontram equivocados, nas fileiras da doutrina, acerca de nossas reais possibilidades no exercício da mediunidade e das tarefas intercessoras no mundo espiritual.
Seria de bom alvitre escrever-lhes sobre o assunto.
Eu mesmo gostaria, hoje, de enviar um pedaço de papel aos amigos de minha casa espírita e dizer-lhes fraternalmente o que nos espera.
Dizer-lhes que trinta anos de cooperação serviram-me apenas para treinar o coração e o cérebro, nada mais.
- Sim, caro amigo.
Compreendo seu sentimento.
O Hospital Esperança tem aberto canais com o mundo terreno com esse intuito sagrado de esclarecer e alertar.
Despir-se da ilusão da importância pessoal na obra do Cristo é extremamente oportuno.
Os médiuns, dirigentes e assistentes dos serviços da mediunidade com Jesus precisam reexaminar suas possibilidades.
Para nós, um trabalhador encarnado deste sector que permanece integrado com fidelidade por meio século ao labor, guardando as características do bom servidor de Jesus, atinge a condição do aluno em treinamento, que poderá ser admitido nas mais amplas responsabilidades junto ao Hospital sem passar por um preparo mais longo como o que aqui realizamos.
- Quer dizer que durante cinquenta anos é treino?
- Quando vividos com perseverança, renúncia, desejo incansável de aprender, disciplina progressiva, estudo sistemático, devoção ao trabalho, auto-conhecimento constante e intenso desejo de ajudar a dor alheia.
Somente quando fazemos de nossa tarefa espiritual um projecto de vida, amealhamos os recursos morais mínimos para transformar a actividade em caminho de iluminação e promoção pessoal nos roteiros legitimamente cristãos.
- Ah! Me sinto como se tivesse trinta e cinco anos jogados fora!
- Não mensure dessa forma!
Só Deus e você sabem o que teve de transpor para manter-se fiel nestas três décadas e meia.
O que temos de considerar é que existe o tempo do Cristo e o tempo do nosso orgulho.
O tempo do Cristo é elástico e particular a cada individualidade.
O tempo do nosso orgulho é medido pelos anos terrenos, uma medida que muito agrada à nossa vaidade de espíritos que quase nada fizemos pelo bem comum nos últimos milénios de nossa criação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 03, 2018 7:54 pm

Vazios como nos encontramos, pequenas acções de amparo surgem para nós como se fossem a mais meritória acção do universo.
Chegando aqui, verificamos que centenas de anos servindo ao bem constituem um pequeno passo na extensa caminhada de aperfeiçoamento e maturidade espiritual.
Todavia, é um passo muito valoroso.
Não o despreze, caro amigo!
- Está bem, Cornelius!
Não vou desprezar o que fiz, mas isso não muda o que sinto hoje.
- É verdade!
Esse sentimento de tempo perdido, que quase sempre atormenta as almas que seguiram os roteiros da religião, é um sintoma evidente do quanto ainda buscamos Deus fora, e não dentro de nós.
Estar na tarefa de amparo espiritual é uma bênção, contudo, precisamos ter muita lucidez para não confundir acção doutrinária com educação interior.
Frequentemente, uma está desvinculada da outra.
- No meu caso, esteve totalmente desvinculada.
- Daí a advertência sábia de nosso Mestre, em Lucas, capítulo 17, versículo 20:
"E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse:
O reino de Deus não vem com aparência exterior".
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 03, 2018 7:54 pm

Capítulo 03 - Sistema de Mistificação Colectiva
"Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai.
Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele.
Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira"
- João, 8:44.

Após essa resposta inspirada do instrutor, retornei com outras indagações que fervilhavam em minha mente.
- Cornelius, nosso grupo de estudos recebeu, alguns dias atrás, uma súmula dos acontecimentos no Grupo X.
Estamos estudando os relatos e temos conversado entre nós sobre o assunto.
Como não tenho acompanhado presencialmente os factos, ainda hoje, antes de iniciar a tarefa, pensava comigo mesmo sobre quais razões levaram o referido grupo a destinos tão perturbadores na esfera da obsessão.
Será que poderíamos ouvi-lo sobre o tema?
Se a maioria de nós, que estamos fora da matéria, necessita se capacitar com recursos ainda não disponíveis no mundo físico para execuções de labores mais profundos em regiões do submundo astral, será possível que os irmãos do Grupo X, com as percepções limitadas pela encarnação, tenham, de facto, condições de executar os trabalhos de amparo nos abismos da semi-civilização?
- Eles nunca alcançaram os pátios de dor localizados nas profundezas da semi-civilização.
Fazem incursões nas imediações dos abismos, porque ainda não se encontram mental e moralmente preparados para esse género de tarefa.
- Por que, então, asseguram que fazem tais actividades, conforme diz a súmula?
- José Mario, o Grupo X é apenas um entre centenas de grupos espíritas que vêm sendo assolados por um género de obsessão perfeitamente ajustável aos conceitos de nosso benfeitor Calderaro.
Lá, será um fértil campo de trabalho prático para nosso ciclo de estudos.
Teçamos algumas considerações sobre tal episódio da vida mental à luz do Espírito imortal.
Grande grupo de companheiros que reencarnaram, e usufruem dos beneplácitos da luz espírita, são almas arrependidas, tanto quanto nós mesmos.
Cansaram do mal e o evitam a todo custo.
Entretanto, entre o arrependimento e a reparação consciencial vai larga distância, que é preenchida pela expiação, que, em bom conceito, é o conflito travado entre o eu real, que procura se resgatar por entre os escombros maciços, e o eu ilusório.
Expiação é a dor que sentimos por não conseguirmos ser ainda quem gostaríamos de ser.
Para almas tomadas pelo arrependimento torna-se extremamente doloroso o conflito íntimo entre ser quem é ser quem acha que é e ser quem os outros acham que ela é.
Evitar o mal é a postura na qual a maioria expressiva de nossos irmãos de ideal tem encontrado forças para caminhar.
O peso do arrependimento, em forma de culpa e estados interiores de insatisfação, costuma onerar a tal ponto que muitos só conseguem marcar presença nas tarefas, tomar o passe, ler algumas páginas instrutivas e pedir muita ajuda pela oração.
São quadros psicológicos de intensa pressão interior em decorrência do desajuste íntimo.
Como disse:
são almas arrependidas, mas que ainda não aprenderam a construir todo o bem que precisam em favor de sua própria estabilidade consciencial.
Lutam contra os impulsos menos felizes cultivados ao longo de existências sucessivas e se afogam em tormentas mentais conflituantes entre as tendências de ontem e os novos conhecimentos que adquiriram ao se iluminarem com o saber doutrinário.
Eles sabem, por instinto, que o Espiritismo é como um "remédio amargo" que, se não tomarem, estarão em piores condições que aquelas em que se encontravam.
"Largar tudo - raciocinam - seria uma tragédia; todavia, continuar para quê?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 03, 2018 7:54 pm

Parece que a cada dia que mais sei, mais me atormento.
Qual o sentido disso?
Não buscamos a religião para obter paz?
A pouca paz que eu tinha se foi depois que conheci a doutrina.
Aumentaram meus embates comigo mesmo.
Estou confuso, não sei o que fazer.
De que me vale a oração, o trabalho, o estudo, se a cada dia pareço pior?
Nada muda dentro de mim.
Mágoas, revolta e pessimismo se acumulam em minha vida.
Sinto-me um no Centro Espírita, outro fora dele.
A hipocrisia me apavora e consome forças.
Estou muito longe do ideal espírita.
Acho que não tenho a menor chance de me tornar um seguidor de Jesus.
Não sei se conseguirei resistir aos apelos da tentação e do mal".
Confusos e com crises existenciais intermitentes!
Que traço mais saliente poderia qualificar o significado de almas arrependidas?
Somadas aos estados de perturbação encontram-se vinculações de espíritos atormentadores cujo propósito é destruir e impedir o avanço de tais corações.
É ai que se desenham categoricamente as chamadas obsessões mentais, por meio de episódios mais ou menos graves de transtornos psíquicos e emocionais, especialmente no quadro dos transtornos de personalidade e da depressão.
A observação tem nos ensinado que nas obsessões morais, o campo de atracção activamente polarizado para o domínio se encontra no obsessor desencarnado.
Enquanto nas obsessões mentais, o foco ascendente que polariza o circuito está no obsessor encarnado.
Em termos práticos, poderíamos dizer que quem polariza também comanda.
Então, temos sempre um ponto de alimentação e outro de retroalimentação.
Um factor causal e um factor ressonante.
Alguém manda e alguém obedece nos quadros obsessivos.
Os adversários da causa têm informações detalhadas sobre essa condição mental de grande parcela da colectividade espírita.
Sabem eles que, mesmo com intenções nobres de avançar e renovar, contra os anseios de luz existem milénios de trevas.
Exploram, assim, os velhos costumes da alma, dos quais, em verdade, todos somos portadores.
Essa é, sem dúvida, nossa real situação espiritual, isto é, queremos o bem, mas não sabemos como criá-lo.
Queremos o bem sem ainda termos nos desvencilhado do emaranhado de sombras que nos chamam para a retaguarda.
Surgem, assim, as obsessões narradas no fichário do Grupo X, catalogadas como obsessões mentais.
- A súmula diz que os irmãos se encontram a caminho de consolidar uma obsessão por sistema.
De que se trata?
- Uma obsessão por sistema, também classificada como mistificação colectiva, é a adesão de certo número de pessoas a uma estrutura de ideias ou iniciativas na qual se orientam em seus trabalhos práticos e mesmo em sua vida particular.
- Uma mistificação colectiva!
Surpreendente!
- Assim denominamos por se tratar de um embuste do qual raros escapam.
- Raros?
- Em assuntos da mediunidade, considerando o nível moral no qual estagiamos, é impossível não ser enganado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 03, 2018 7:54 pm

A esse respeito, investigando os Espíritos Superiores, Allan Kardec recebeu, no capítulo 20, em O Livro dos Médiuns, item 226, questão 9, a seguinte resposta que muito nos esclarece sobre o tema:
"Médium perfeito seria aquele contra o qual os maus Espíritos jamais ousassem uma tentativa de enganá-lo.
O melhor é aquele que, simpatizando somente com os bons Espíritos, tem sido o menos enganado".
A mentira é um efeito inevitável da ilusão.
E a ilusão é a característica mental básica de nossa etapa evolutiva.
Estar iludido significa estar distante do real, do verdadeiro, do essencial.
Nessa óptica, frequentemente, consciente ou inconscientemente, enganamos a nós e aos outros e vivemos uma vida relativamente afastada daquilo que interessa ao nosso progresso pessoal e grupal.
Não só aos médiuns serve a referida reflexão, esse é um mecanismo peculiar à vida mental de todos os seres em regime de comunhão no universo.
Em João, capítulo 8, versículo 44, encontramos uma excelente referência ao assunto:
"Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai.
Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele.
Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira".
Quando tratamos o assunto mistificação à luz do Espiritismo, é comum conectá-lo ao tema mediunidade.
No entanto, um pouco mais de pesquisa e reflexão nos levará a perceber que se trata de um tema das relações humanas e da saúde mental.
- E quem foi que se disseminou o embuste no Grupo X?
- As falanges organizadas para o mal já utilizam a estratégia dos sistemas há um bom tempo.
Perceberam que existe excessiva credulidade na mente de muitos operários da mediunidade.
Outras vezes, como é o caso em questão, exploram as imperfeições morais dos dirigentes e médiuns que se julgam proprietários incontestáveis da realidade.
A proposta do Espiritismo inclui a fé alicerçada no raciocínio lúcido.
O conhecimento, por si só, não é suficiente para desenvolver tal qualidade.
A ele temos de conciliar a experiência prática, a relação amorosa da equipe, que constrói um clima de confiança edificante, e muito bom senso para que a fé não despenque nos pátios da ingenuidade e da fantasia, que são os alicerces da credulidade.
Ninguém desenvolve fé raciocinada somente por meio de leitura e cultura doutrinária.
A fé é desenvolvida por valores nobres.
Credulidade é o impulso emocional que catalisa nossas crenças no rumo do interesse pessoal.
Este género de mistificação ganha força e amplitude com as interpretações que médiuns e dirigentes atribuem a algumas comunicações mediúnicas.
A imaginação humana acerca dos assuntos do mundo espiritual, mesmo acrescida pelo conhecimento espírita, ainda está muito distante dos verdadeiros panoramas vigentes em nosso plano.
De posse de informes nem sempre filtrados com fidelidade, nossos irmãos constroem histórias e desenvolvem um conjunto de ideias entrelaçadas no intuito de formarem um retrato de acontecimentos e explicações veiculadas pelo contacto com nosso plano.
Em verdade, o Grupo X tem recebido peças avulsas de largo e valoroso quebra-cabeça, que são colocadas por nossos companheiros nos locais inadequados, impedindo um juízo fiel às realidades que os cercam.
Neste momento, demonstram na vivência uma escassa qualidade para o trabalho com Jesus:
a coragem que permite a ousadia de transpor as fronteiras do convencional com objectivos de auxílio e aprendizado.
Eles são leais e muito dispostos a ser úteis.
Almas que genuinamente se arrependeram.
Seus médiuns são dotados de sensibilidade acentuada.
Seus dirigentes têm farto conhecimento e acuidade mental.
Com tudo isso, ainda existe um ponto frágil.
A ousadia tem limites ténues com a arrogância.
O corajoso quase sempre tomba nos braços da excessiva confiança em si mesmo, culminando na acção perturbadora de fixar-se obstinadamente em seus pontos de vista.
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Quem Perdoa Liberta - José Mario / Wanderley Oliveira - Página 2 Empty Re: Quem Perdoa Liberta - José Mario / Wanderley Oliveira

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 03, 2018 7:55 pm

Muitos de nossos irmãos estão, irredutivelmente, crentes de que formaram o quebra-cabeça por inteiro, quando, na verdade, possuem apenas algumas peças do conjunto.
Ao agirem dessa maneira, perturbam o juízo acerca do que estão realizando e participando.
Não abrindo mão do ponto de vista pessoal, atolam na credulidade a pretexto de fé.
Sem coragem para questionar suas teorias, arrojam-se aos precipícios da prepotência.
Nesse passo, espíritos astutos, sob o comando inteligente das falanges adversárias da causa espírita, semeiam a mistificação por meio de sofismas, isto é, ideias aparentemente sólidas que simulam um encontro com a verdade e que, quando submetidas ao crivo da boa lógica e do bom senso, demonstram inconsistência.
Um sistema, que já existe como mistificação em nosso próprio plano de vida, está sendo implantado na mente dos integrantes do Grupo X: a salvação de Lúcifer.
Relembremos aqui o trecho de O Livro dos Médiuns, no item 349:
Alguns Espíritos, mais presunçosos do que lógicos, tentam, por vezes, impor sistemas singulares e impraticáveis, à sombra de nomes veneráveis com que se adornam.
O bom senso acaba sempre por fazer justiça a essas utopias, mas, enquanto isso não se dá, podem elas semear a dúvida e a incerteza entre os adeptos.
Daí, não raro, uma causa de dissentimentos passageiros.
Além dos meios que temos indicado de as apreciar, outro critério há que lhes dá a medida exacta do valor:
o número dos partidários que tais sistemas recrutam.
A razão diz que, de todos os sistemas, aquele que encontra maior acolhimento nas massas deve estar mais próximo da verdade do que os que são repelidos pela maioria e vêem abrir claros nas suas fileiras.
Tende, pois, como certo, que quando os Espíritos se negam a discutir seus próprios ensinos, é que bem reconhecem a fraqueza destes".
Mesmo aqui, em diversos pátios da erraticidade, diversas entidades, por conveniência ou interesse, julgam ser Lúcifer, o pai do mal na Terra.
Essa expressão, mais que um nome pessoal, passou a designar, na história dos desencarnados, uma chancela, uma insígnia.
Essa mentira já tomou conta de cidades inteiras na erraticidade, dirigidas por falsos luciferes.
Temos até mesmo as falanges luciferianas.
Em várias reuniões mediúnicas, espalhadas em pontos diferentes, essa se tornou a tarefa central dos grupos: salvar Lúcifer e trabalhar pelo apressamento da regeneração.
Chega a tal ponto a crença de nossos irmãos do Grupo X que, fascinados pela própria capacidade, julgam estar salvando o mundo de uma catástrofe arrasadora que se daria em breve sob o comando do génio do mal.
Segundo eles, seus médiuns recebem o verdadeiro Lúcifer e o estão socorrendo por intermédio da mediunidade.
Descuidados da humildade e carentes de noções mais abrangentes sobre a hierarquia do mal, julgam-se com credenciais morais para fazer incursões aos mais torpes abismos, resgatando os mais empedernidos espíritos ligados ao grande líder do mal.
Em meio aos socorros, recebem orientações de muitas entidades que estão substituindo ou tomando o nome de componentes de nossa equipe espiritual.
Além disso, começam agora a ter contacto com Francisco de Assis, João Evangelista, Paulo de Tarso, que trazem mensagens directas de Jesus para suas actividades.
Já sabem até mesmo quando Lúcifer reencarnará na Terra e em que condição se dará sua redenção espiritual.
Informes que jamais se originaram de nossas equipes socorristas.
Escravizados na teia do orgulho pessoal, nossos irmãos abriram as portas da vida mental para a entrada de ideias de grandeza que lhes sustentam a insaciável necessidade de importância pessoal.
Diversos grupos no Brasil estão na mesma condição.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 03, 2018 7:55 pm

Fazem parte de um fascínio induzido por colectividades desencarnadas que incendeiam o orgulho e alimentam a vaidade.
Até mesmo por aqui, nos serviços socorristas, por inúmeras vezes, nos defrontamos com criaturas que se dizem filhos de Lúcifer, irmãos de Lúcifer, empregados de Lúcifer e outras denominações diversas, sendo que muitos coordenam multidões de assalariados alegando ser o próprio genitor do mal no mundo.
A experiência de nossos irmãos seria realmente uma vitória caso nosso velho inimigo moral, o orgulho, não maculasse a oportunidade.
- Que experiência, meu Deus! - expressei como ura desabafo.
As colocações de Cornelius abriam um mundo novo de indagações na mente de todos nós, que ali fazíamos aquele curso abençoado para melhor servir.
Mal terminei de expressar minha perplexidade, e Juliano, um dos integrantes, questionou:
- Cornelius, em que estágio se encontra o Grupo X, na mistificação ou na obsessão?
- Caso nossas intercessões não apresentem os efeitos desejados nos próximos meses, tememos que se consolide um processo de obsessão sem retorno.
Tamanha crença eles têm depositado em suas iniciativas que já se sentem realizando uma tarefa para poucos.
Receberam, nos últimos dias, uma orientação suspeita de que apenas oito grupos alcançaram, em todo o Brasil, o ponto no qual se encontram.
Os efeitos de tais descuidos morais vão além, porque agora focam a actividade como um modelo para o futuro, desmerecendo as tarefas convencionais.
Um nocivo sentimento de exclusividade começa a se assenhorear de seus corações.
Ainda esta semana, receberam um contingente de pessoas de outra cidade para conhecer a reunião.
Depois do impacto e da surpresa, os convidados mantiveram silêncio, mas no dia seguinte iniciaram a difamação subtil e desleal ao Grupo X.
Temos, portanto, nesse caso, uma mistificação a caminho de uma obsessão colectiva.
Dentro da divisão proposta por Calderaro, podemos classificar a situação na esfera das obsessões mentais, considerando o nível de patologia psíquica da qual a maioria de seus integrantes é portadora.
- Não existiria ninguém no mundo físico apto a chamar a atenção de nossos irmãos?
- Existe, mas não são ouvidos.
Ainda agora, a pretexto de avaliarem suas próprias iniciativas, começaram a visitar outros grupos que tiveram a ousadia de praticar modelos inovadores de trabalho mediúnico.
Chegaram mesmo a convidar alguns corações respeitáveis da seara para visitar suas actividades.
Tudo em vão!
Quando os amigos fizeram ponderações sensatas, mal tiveram a oportunidade de concluir.
Os dirigentes do Grupo X avaliaram o exame de nossos irmãos como sendo falta de maturidade para lidar com assuntos mais profundos.
- E dentro do próprio grupo não existe um componente sequer que possa apontar os riscos?
- Existem três pessoas muito sensatas que permanecem fora do circuito de entendimento ao qual se entregou a maioria dos membros.
Quando fazem suas reflexões, são discriminados e desconsiderados, como se fossem canais de influenciação negativa, com o objectivo de perturbar a marcha da "missão" que foi entregue ao Grupo X.
Tal ocorrência se encontra em um dos mais belos e oportunos ensinos de O Livro dos Médiuns - Da Identidade dos Espíritos, capítulo 24, item 267, questão 20:
"Muitas vezes, os Espíritos imperfeitos se aproveitam dos meios de que dispõem, de comunicar-se, para dar conselhos pérfidos.
Excitam a desconfiança e a animosidade contra os que lhes são antipáticos.
Especialmente os que lhes podem desmascarar as imposturas são objecto da maior animadversão da parte deles.
Alvejam os homens fracos, para induzi-los ao mal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 03, 2018 7:55 pm

Empregando alternativamente, para melhor convencê-los, os sofismas, os sarcasmos, as injúrias e até demonstrações materiais do poder oculto de que dispõem, se empenham em desviá-los da senda da verdade".
- Compreendo - disse Juliano.
Percebendo que o amigo de estudo encontrava-se satisfeito, retomei minha sede de curiosidade e indaguei:
- Cornelius, eu compreendo a mistificação e a obsessão em assuntos que dizem respeito ao orgulho de médiuns que se empavonam diante de belas mensagens ou obras diversas que partem de benfeitores luminosos.
Diante disso, tenho dificuldade em compreender como o Grupo X pode sentir tanta vaidade de ser instrumento de informes sobre o mundo das sombras astrais!
- Seu sentimento é legítimo, José Mario!
Seria mesmo estranhável se não fosse nossa velha necessidade de projecção pessoal.
Na verdade, o orgulho humano em relação aos tesouros de conhecimento da vida espiritual começa a apresentar uma nova faceta nos dias atuais.
Podemos afirmar que começa a existir na comunidade espírita, em vários grupos mediúnicos, uma nova tendência cultural.
Uma espécie de "missionarismo em relação aos assuntos das trevas".
- Seria algo como possuir uma farta bagagem em relação aos serviços com o submundo?
- Exactamente!
Devido ao novo contingente de informações veiculadas ao mundo físico, por intermédio das mais recentes obras mediúnicas, sobre o modus operandi do reino das sombras e sua organização, muitos companheiros de lide, sob hipnose da vaidade, encastelam-se em interpretações acerca dos factos que presenciam, tirando conclusões apressadas e destituídas de boa fundamentação.
Enxergam um lampejo de novidade e constroem teorias precipitadas, cujo teor, algumas vezes, é completamente afastado da veracidade dos factos e da real capacidade colaborativa em assuntos de socorro aos irmãos na vida astral.
Dessa forma, apegados às suas interpretações, vão edificando um sistema e sendo usados pelas inteligências das trevas, que apenas lhes insuflam ainda mais a sensação de certeza acerca de seus sofismas, consumando, pouco a pouco, uma obsessão colectiva por meio da mistificação.
É assim que, actualmente, encontramos, com certa frequência, em algumas agremiações espíritas, trabalhadores que se supõem detentores de farta experiência técnica, como se fossem exímios magos dos tempos modernos com ampliada capacidade para realizar as mais complexas operações de tratamento da dor humana e influir no destino de quantos estejam assolados pela obsessão cruel e complexa, agindo de forma exagerada na retirada de aparelhos parasitários, na eliminação de doenças sobre as quais nenhum tratamento foi eficaz, nas soluções diante de quadros de magia colocada para atrasar a vida de alguém, no convencimento por meio de técnicas energéticas de chefes de falanges cuja actuação envolve elevado grau na hierarquia das sombras, entre várias outras iniciativas que guardam sempre dilatado senso de importância na escala dos trabalhos doutrinários com os temas da bioenergia e tácticas das trevas organizadas.
- E o que há em comum nesses assuntos em se tratando dos vários grupos mediúnicos?
- O que há em comum é o orgulho do saber, que incendeia o velho arquétipo humano do herói salvador do mundo, repleto de megalomania e sacrifício pelo bem comum.
- Quer dizer que o sistema da salvação de Lúcifer tem proliferado?
- Com muita frequência.
- Mesmo os grupos não se conhecendo, os informes são repassados de maneira idêntica?
- Nem sempre.
Em alguns locais, trocam Lúcifer por magos das trevas, chefes legionários ou dragões.
Enfim, o que há de comum são os arquétipos, isto é, há um quadro de catástrofe social iminente, algo que conspira contra o bem, e o herói salvador que aparece para resolver os problemas super-dimensionando sua importância no processo.
Temos constatado o aumento de casos enquadrados nessa classe das obsessões colectivas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 03, 2018 7:55 pm

- E quando é que a mistificação avança para a obsessão, ou seja, quando deixam de ser apenas enganados e passam a ser dominados?
- Quando há credulidade, há uma super-excitação do imaginário humano.
Nesse estágio, a obsessão sai do terreno da moral, na qual o orgulho é explorado, e passa para o degrau de doença mental ou obsessões mentais, como classifica Calderaro.
- E que nome dar a essa doença?
- Vai depender de sua expressão comportamental.
Inicialmente, podemos chamá-la de delírio místico, no qual o pensamento mágico é o gestor do fanatismo, da prolixidade, da superstição e da adivinhação.
Percebendo que nossa análise convergia para examinar as perturbações do Grupo X, a irmã Railda, que compunha nossa equipe de preparo socorrista, exarou:
- Mas será possível que eles estejam apenas nos braços da doença e da obsessão? Não conseguem ver nada da realidade extrafísica de nosso plano?
- Pelo contrário, amiga querida - respondeu Cornelius com afectuosidade.
O entusiasmo de nossos amigos no Grupo X se justifica sob certos aspectos já considerados.
Eles têm travado contacto com experiências mediúnicas raras, conseguem filtrar vidências de locais ainda não descritos nos livros mediúnicos, captam muitas das engenhosas formas de agir das trevas contra os servidores do bem e até desenvolveram largo poder de lidar com tais inteligências.
O prejuízo fica única e exclusivamente por conta do exagero.
- Exagero?
- O exagero por acreditarem demasiadamente em si mesmos e no valor do que realizam.
- E qual a verdade sobre os espíritos elevados que percebem?
- Eles não estão completamente equivocados, apenas ludibriados pelo orgulho da grandeza pessoal.
Escrevem uma novela com dez capítulos, na qual apenas um deles pertence à realidade dos factos, e os outros nove às suas interpretações pessoais.
As entidades que atuam em nome de Jesus existem de verdade e se dedicam a olhar pelo grupo por intermédio de emissários bondosos.
João Evangelista, Paulo de Tarso, Estêvão e muitos luminares do Cristo abraçam com muito amor os grupos que demonstram tanta coragem e desejo de servir como o Grupo X.
- E por que, então, não os protegem da fascinação em que se encontram?
Não seria justo que isso ocorresse?
- A protecção do Mais Alto, minha irmã, não pode traduzir espírito de acomodação.
Os planos maiores da vida endossam medidas contínuas de amparo ao Grupo X diante das qualidades que apresenta para o serviço que poucos querem realizar com as esferas mais rebeldes da vida espiritual.
Todavia, são nossos próprios irmãos no mundo físico que limitam as chances de socorro e amparo a eles destinadas.
Ninguém alcança um destino sem dar os passos necessários para se deslocar.
- E o que lhes falta para acolher esse amparo?
- A humildade para aquilatarem seu real valor
moral, o entendimento para fortalecerem o escudo defensivo da amizade desinteressada e a misericórdia para estenderem a mão uns aos outros sem espírito de cobrança e expectativa.
- E qual será a saída para eles?
- Nossos irmãos estão examinando as trevas para fora de si, quando deveriam, simultaneamente, investigar as raízes emocionais de tais trevas no imo de si mesmos.
- Muito sensato! - manifestou Railda com olhares de reflexão profunda em seu mundo íntimo.
Cornelius, percebendo que chegava a hora do encerramento de nosso encontro, fez o fechamento de suas ideias.
- Agora que já temos uma ideia inicial do tema obsessão e algumas informações sobre o Grupo X, nosso futuro campo de aprendizado, gostaria de propor-lhes a elaboração de perguntas, para que componham nossas discussões do encontro de amanhã.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 03, 2018 7:55 pm

Temos, ainda, muito a estudar sobre a temática da obsessão, especialmente das obsessões colectivas em Centros Espíritas.
Estudem com mais atenção os detalhes da ficha do Grupo X e faremos mais alguns esclarecimentos em nosso próximo encontro.
Assim que Cornelius terminou de falar, pegamos nossos cadernos de apontamentos e registramos diversas indagações.
Fizemos um levantamento por escrito, com o qual seria estruturada a próxima reunião, e o entregamos ao nosso instrutor.
E quando nos preparávamos para fazer a prece de encerramento, um enfermeiro o chamou à porta.
Aguardamos por um minuto e, ao regressar, ele disse:
- Acabo de receber notícias de Marcondes.
Ele foi internado às pressas no subsolo, após sofrer uma convulsão, assim que deixou nossa sala.
Estarei lhe fazendo uma visita à tarde.
Quem poderia me acompanhar?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 03, 2018 7:56 pm

Capítulo 04 - Efeitos da arrogância na vida mental
"E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda os rins e os corações.
E darei a cada um de vós segundo as vossas obras"
- Apocalipse, 2:23.

Juliano, Railda e eu acompanhamos Cornelius na visitação fraterna a Marcondes.
Chegamos ao subsolo do Hospital Esperança por volta das quinze horas.
As alas destinavam-se a cuidados especiais.
O ambiente já não era o mesmo das alas superiores.
O ar um pouco rarefeito, menos luz.
Muita dor em todos os leitos.
Ainda assim, tudo se mantinha em ordem.
Após nos paramentarmos adequadamente, adentramos o corredor principal, e logo no primeiro quarto fui parado, pelo braço, por um senhor muito idoso, que me indagou:
- O senhor me conhece?
- Não me lembro do senhor, mas sua fisionomia não me é de todo estranha - falei receoso e olhando para Cornelius.
- Fui um espírita muito famoso.
- Entendo.
- O que você veio fazer aqui?
- Uma visita fraterna a um amigo.
- Qual seu nome?
- José Mario.
- Muito prazer, José Mario.
Meu nome é Benevides.
- O prazer é meu - disse meio desconcertado diante do nome que, de facto, era de uma família muito conhecida na comunidade espírita brasileira.
- Quem você veio visitar, José Mario?
- Marcondes.
- Um pobre coitado!
Não se lembra de nada.
- Somos colegas de estudo aqui no Hospital.
- Pode esquecer o estudo, pois tão cedo não sairá daqui.
Aqui é a casa dos espíritas fracassados!
- Que é isso, meu irmão!
Não fale assim!
Temos aqui amparo e carinho!
- Amparo e carinho não nos livram das lembranças.
Nesse caso, é preferível ficar como Marcondes.
Uma mente muda, calada.
Pobre sou eu que já passei dessa fase e agora tenho de olhar para o monstro que fui.
Cornelius, Railda e Juliano mantinham-se quietos e ouvindo, enquanto Benevides falava sem parar.
- Por que fala assim, meu amigo?
- Por acaso não será um monstro todo aquele que desperdiça a riqueza com tolices?
É o meu caso. Tive a riqueza da doutrina e me ocupei demasiadamente com os espíritas e seus problemas, sem cuidar dos meus.
- Os espíritas são credores de atenção assim como qualquer pessoa.
- Depende da atenção que se dá a essa raça!
No meu caso, minha atenção fixou-se na arte de subestimar e encontrar defeitos.
Fui uma serpente em forma humana.
Inteligente, só usei a cultura para maldizer.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2018 7:33 pm

Feri, machuquei e caluniei com o intuito de corrigir.
Os espíritas precisam mesmo é de chicote e paredão.
De onde vim, Ah! De onde vim!
É para lá que tinha de ir a maioria desses trastes hipócritas e sem remissão.
E agora veja no que me transformei!
Veja, José Mario, Veja!
Não consigo conter essa língua viciada.
Tenho veneno na palavra.
Tome muito cuidado comigo, José Mario.
Benevides começou a esbravejar em voz alta alguns adjectivos pejorativos aos espíritas e, contorcendo-se para a frente, adoptou uma postura de vómito.
Sua língua, como se alongasse longitudinalmente, começou a sair de sua boca e a descer sem parar, exalando um odor que queimava nossas narinas.
Literalmente, ele expelia a língua, que se acumulava no chão formando uma massa cor de sangue coagulado, roxa.
Eu me assustei.
Fiquei parado, enquanto via Cornelius tomar providências junto ao posto de enfermagem.
Benevides se contorcia e, entre uma crise e outra, olhava-me fixamente, como se avaliasse minha reacção, sem dizer mais nenhuma palavra.
Seus olhos estavam totalmente avermelhados e sua cabeça afunilou-se no alto e arredondou-se na região do queixo.
A pele parecia marcada por veias escuras, e uma excrescência em forma gosmenta saía pelos poros, à semelhança de um líquido gelatinoso.
A princípio, julguei ser uma ilusão, mas inegavelmente, a cada segundo que passava, sua forma recordava a de uma serpente em pé.
Foi tudo muito rápido.
Padioleiros atentos chegaram para levá-lo de retorno à sua ala.
Eu mal suportava o odor, e fui levado rapidamente ao posto próximo.
Durante alguns minutos, tudo o que tinha no estômago coloquei para fora.
Fiquei extremamente desfasado.
A pressão caiu.
Cornelius, Juliano e os amigos da enfermagem colocaram-me na maca.
Sentia tanto mal-estar que tinha a sensação iminente de desmaio.
Passes revitalizantes foram aplicados.
Um homem de estatura elevada chegou sua boca até meu plexo solar, deu um sopro tão gelado que me arrepiei.
A partir de então, fui me recuperando.
- Está melhor, José Mario? - indagou Cornelius.
- Talvez um pouco alterado.
Tenho a sensação de sono e cansaço.
- Não se entregue agora, José Mario.
Logo vai passar.
É um processo de intoxicação. Continuemos nossa visitação.
- Desculpe-me pelo trabalho, Cornelius.
Vim para ajudar e estou dando trabalho.
- Nada disso, José Mario.
Façamos o seguinte:
vou com Juliano e Railda fazer algumas visitas enquanto você se recompõe.
Estarei no corredor quatro.
Quando se recuperar, voltamos para visitar o nosso Marcondes.
Combinado?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2018 7:33 pm

- Não vejo alternativa, pois me encontro deveras indisposto.
- Passará em alguns minutos.
Enquanto isso, vá pensando no que conversamos hoje cedo:
muitos espíritas estão querendo ir aos abismos, sendo que nem defesas possuem para visitar as alas mais tormentosas do Hospital Esperança...
Cornelius saiu com Juliano e mantive-me deitado, recordando as cenas do que havia presenciado.
Não posso negar: tive medo.
Por mais que utilize palavras acertadas para descrever o ocorrido, jamais conseguirei passar com exactidão a natureza surreal da cena.
Aquela língua que despencava mais parecia uma filmagem cinematográfica, com os típicos efeitos.
Perdoem me a comparação descaridosa, mas somente assim posso dar um toque verbal de realismo ao episódio.
Nunca esquecerei este meu primeiro de muitos contactos com o subsolo do Hospital.
A bondade dos Celestes Guias do amor trouxe, na verdade, uma pequena parcela do inferno para aquela parte desta casa de esperança.
O subsolo do Hospital é uma demonstração clara do amor de Eurípedes Barsanulfo pelos pântanos da dor humana no submundo astral.
Trinta minutos depois, a dupla de amigos regressou para me buscar.
- Vamos ao trabalho, José Mario?
- Sim - levantei ainda sentindo alguma perturbação.
Não era ainda o José Mario de sempre.
Ainda assim, caminhei sob as ordens do benfeitor.
- Vamos à ala de Marcondes, onde se encontram os tratamentos da vida mental para desmemoriados.
- Marcondes... - quando ia perguntar, o próprio orientador completou.
- Está com amnésia total.
- Meu Deus! - exclamou Juliano, que formulou a pergunta mais apropriada.
Por qual motivo?
- A memória - explicou Cornelius, enquanto caminhávamos lentamente pelo corredor -, é uma das potências de ouro da evolução espiritual.
Um departamento sagrado da mente cujas funções são destinadas a servir de arquivo do progresso e repositório dos hábitos.
Ali se arquivam o material de interesse para aquisição da experiência e também os complexos autómatos que se agregam para esculpir as tendências.
- E por que a amnésia localizada em um departamento tão importante da vida mental? - interrogou Juliano.
- Defesa.
- Contra o quê?
- Defesa contra a loucura capaz de provocar as culpas.
- Marcondes carrega muitas culpas?
- Sua vida mental gira na esfera de recordações culposas.
E o mecanismo mental mais saliente, nestes casos, é a auto-punição.
Quando perdeu o controle na sala de estudos hoje cedo, na verdade, escondia de nossa equipe de enfermagem o desejo secreto de suicidar-se.
Preparava uma porção medicamentosa com remédios que adquiriu em contrabando.
- Contrabando! Aqui no Hospital Esperança?
- E por que não?
- Mas...
- Mas! - instigou Cornelius o questionamento do amigo de grupo.
- Eu juro que não entendo! - exclamou Juliano, solicitando-me com o olhar um aval.
- Sei que isso é muito novo para vocês, que ainda não se inteiraram da rotina desta casa.
O Hospital não é um reduto angélico.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2018 7:33 pm

É uma casa de recuperação para dores bem humanas e graves.
Quem espera encontrar aqui a tecnologia dos céus, verá que nos erguemos ao poder de vigílias, cooperação e muito labor.
Nossa capacidade de controle tem limites.
Contudo, para a vida mental subjectiva não existe controle.
Sempre somos surpreendidos por uma reacção, por uma ideia, por um acontecimento ou conduta.
Não existem normas ou padrões suficientes
para gerenciar a vida mental.
Quem poderia prever que, naquele exacto momento, o Benevides teria aquela crise infeliz?
Quem poderia prever sua reacção súbita, José Mario, diante de nosso irmão?
Procedimentos não eliminam possibilidades.
Uma casa com milhares de doentes e outros milhares de auxiliares, por mais organizada que seja, não elimina totalmente as intempéries do desejo e da escolha.
Oportunamente, os levarei até os muros do Hospital Esperança, nas alas de saída dos portais, para que vejam o interesse que tem despertado nosso ambiente nas esferas mais inferiores da erraticidade.
- E como Marcondes conseguiu remédios?
- Com enfermeiros.
- E estes enfermeiros...
- Já não se encontram entre nós.
- Haveria demissões por aqui?
- Auto-demissões.
Eles próprios, ao terem suas acções descobertas, fugiram.
Temos fugas, abandonos, roubos, política e extorsões nesta casa.
- Meu Deus! - externei.
Que dirão muitos espíritas que já pensavam em vir para cá descansar ou trabalhar em um ambiente de luz, distante das mazelas terrenas...
- É bom que se desiludam de "céus" exteriores, José Mario!
Bom será que, ao pensarem no
Hospital Esperança, pensem em carinho, acolhimento e misericórdia, mas, igualmente, em trabalho, educação e desafios.
O melhor lugar para nossa alma se encontra no altar íntimo, no qual podemos guardar o clima que nos pertence por justiça.
Enquanto caminhávamos em direcção à enfermaria de Marcondes, tivemos um diálogo de larga instrução sobre enfermidades que envolvem amnésia após a morte do corpo físico.
Aproximando-nos da enfermaria, começamos a ouvir gemidos e urros repetidos.
Cornelius acalmou-nos com novas instruções sobre a necessidade de nos resguardarmos nos melhores sentimentos.
Entramos e logo vimos o leito de Marcondes.
Ele se encontrava de olhos abertos e virou o rosto para nos olhar.
- Quem é você? - falou, dirigindo a pergunta a Cornelius.
- Sou Cornelius. E você?
- Eu não me lembro - falou com dificuldade de se expressar.
- Somos seus amigos e viemos visitá-lo.
Este é José Mario, ela é Railda e ele é Juliano.
- Obrigado pela visita.
Eu acho que passei por um acidente grave.
Estou aguardando minha família chegar.
Os médicos disseram que já chamaram todos eles.
- E como se sente?
- Com dores fortes aqui - e apontou para os genitais16.
Quando paramos todos de falar, Marcondes fitou o olhar no tecto e, em seguida, sem mais nem menos, adormeceu instantaneamente.
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Quem Perdoa Liberta - José Mario / Wanderley Oliveira - Página 2 Empty Re: Quem Perdoa Liberta - José Mario / Wanderley Oliveira

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2018 7:33 pm

Seu quadro inspirava piedade.
Somente quem o havia visto pela manhã poderia mensurar sua mudança fisionómica e psíquica.
Assim que dormiu, seus ouvidos começaram a expelir uma matéria pastosa avermelhada.
Imediatamente, enfermeiros prestimosos se aproximaram para a higiene e providências de contenção.
Marcondes, assim como muitos naquela enfermaria, passava as agonias da adaptação após a perda do corpo físico.
Uma enorme resistência em esquecer as lembranças da Terra e da vida que tiveram.
Cornelius como um pai amoroso, afagou-lhe a cabeleira e olhou para um retrato do Cristo estampado na parede.
Fechou os olhos e orou pedindo a Deus por nosso irmão.
Não ficamos mais que dez minutos ao lado de Marcondes, dadas suas condições limitantes.
Ao sair, depois de se despedir dos generosos enfermeiros, ele nos instruiu:
- Eis um dos efeitos psicológicos e mentais da velha doença da arrogância.
Para almas iluminadas
com o conhecimento espiritual, permanecer obstinadamente nos braços da arrogância significa prolongar a sementeira de dor em desfavor de nós mesmos.
Marcondes, com a atitude hostil de hoje cedo na sala de aula, apenas depositou a gota d’água que fez transbordar o contingente de instintos que ele mesmo tem cultivado ao longo de séculos.
Cada departamento da mente sofre severas mutilações em seu funcionamento como resultado da atitude arrogante repetidamente praticada.
O desejo converge para a prepotência.
A imaginação sustenta o delírio da grandeza e importância pessoal.
A vontade impregna-se do personalismo.
A memória empalidece e assume funções selectivas.
A personalidade arrogante constrói, na vida mental, o conjunto de características psicológicas que servirão de prisão correctiva por meio de inúmeras perturbações.
Uma das acções da consciência é recordar com o intuito de mapear os caminhos do futuro.
A fixação prolongada em más recordações é o mecanismo produtor da culpa.
Por este motivo, a memória, quando é sistematicamente impedida de registrar os clarões da consciência por meio de atitudes renovadas, organiza-se de forma defensiva
e cria a selectividade, isto é, prontifica-se a esconder temporariamente aquilo que possa ser oneroso ao psiquismo já enfermo.
Tudo começa com pequenos lapsos, até atingir o patamar da amnésia total.
Quando no corpo, esse processo poderá ocorrer na fase adulta, em quadros diversos de alteração da atenção e da capacidade de concentração.
Alguns casos de senilidade precoce, não todos evidentemente, poderão ser efeito de hábitos extremamente arrogantes praticados em uma vida de abusos.
A rigor, a personalidade arrogante tem erupções dominadoras de seu ego que invadem o reino da vida mental com ordens imperativas, determinadas e muitas vezes intransigentes.
É o individualismo em mais alto grau.
O egoísmo é o vírus contaminador, e a arrogância é o conjunto de sintomas decorrentes da acção desse vírus.
O egoísmo é o padrão mental a arrogância é seu reflexo na conduta.
A perda da memória, entre outros variados factores, pode ser um sintoma de personalidade altiva que provocou em seu engenho mental uma disfunção, cujo objectivo é defender a própria criatura de seu estado íntimo.
Culpas e hábitos, complexos afectivos e tendências podem ser melhor administrados pela vontade quando sofrem o bloqueio defensivo do esquecimento temporário.
Mesmo no plano físico, a arrogância já processa essa selectividade no campo da memória, levando a criatura a recordar somente daquilo que lhe interessa na sustentação de seus pontos de vista.
O arrogante não tem a vida afectiva aberta para a sensibilidade em relação aos efeitos desastrosos de sua conduta.
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Quem Perdoa Liberta - José Mario / Wanderley Oliveira - Página 2 Empty Re: Quem Perdoa Liberta - José Mario / Wanderley Oliveira

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2018 7:33 pm

Ele sempre se acredita rigorosamente impecável, correto e feliz nas suas decisões, anulando suas próprias chances de avaliar as más sementes plantadas pelo caminho.
Marcondes está com enorme dificuldade em se perdoar pelos acontecimentos em sua existência pregressa.
Quando encarnado, o cérebro cumpria sua função defensiva, agora experimenta a dilatação do cosmo mental.
Mais sensibilidade, menor poder de acção da vontade sobre o subconsciente e predominância de desejos inconfessáveis.
Tudo o que seria possível ocultar na matéria revela-se aqui no plano espiritual.
Como regista de forma sábia o livro do Apocalipse, capítulo 2, versículo 23:
"E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda os rins e os corações.
E darei a cada um de vós segundo as vossas obras".
Colhemos as sementes que plantamos.
O dever nos chama para o serviço de amparo no Hospital Esperança, mas, de forma alguma, a esperança exclui a educação ou a dor, se necessárias forem.
Fora da matéria estamos submetidos aos mesmos princípios de progresso do homem encarnado.
Guardadas as proporções vibratórias que determinam uma nova ordem no dinamismo da Lei Divina, todos estaremos frente a frente com nossa própria consciência.
Por essa razão, torna-se imperiosa a campanha para chamar os irmãos espíritas encarnados a examinar com cuidado fraternal a natureza de suas atitudes.
- Estou impressionado! - manifestou Juliano Marcondes era um hoje cedo, e agora, naquele leito, parece ser outra pessoa. Irreconhecível!
- De facto! - expressei em concordância.
- Vocês têm razão.
Entretanto, Marcondes é, na verdade, o que vemos agora.
Seu desabafo durante nosso estudo, hoje cedo, nada mais foi que um dos efeitos da obsessão que já carrega de longa data.
- Obsessão?
- Sim, Juliano. Obsessão!
- Mas...
- Obsessão sem presença de obsessor.
Isso lhe é novo?
- É que estamos tão habituados a conceituar obsessão dentro da classificação de Kardec, no capítulo 23, de O Livro dos Médiuns, item 237:
"(...) o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas.
Nunca é praticado senão pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar.
Os bons Espíritos nenhum constrangimento infligem".
- É isso mesmo, Juliano.
E neste mesmo capítulo, no item seguinte, número 238, é definido:
"A obsessão consiste na tenacidade de um Espírito, do qual não consegue desembaraçar-se a pessoa sobre quem ele atua".
Quase sempre definimos obsessão como um acontecimento nocivo, desprovido de justiça e fortuito ou seja, que acontece à revelia da vontade e do proceder de quem sofre a obsessão.
O codificador, em O Livro dos Médiuns, priorizou a análise desse tema com enfoque nos médiuns, no entanto, não deixou de estender seu exame sobre as mais variadas situações de obsessão.
Essa tenacidade a que alude Allan Kardec é um dos elementos fundamentais do conceito de obsessão sob a óptica da socialização humana.
A imposição do pensamento sobre a vida alheia, o desrespeito à liberdade de caminhar de outrem. Se pensarmos assim, veremos que as relações humanas são preenchidas por relações exploratórias.
Obsessão, se quisermos formar um juízo mais adequado, é conviver com coacção, tolher, conduzir conforme a vontade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2018 7:34 pm

Avaliando assim, no estágio moral de nossas manifestações nos encontramos em regime de obsessão colectiva.
Criamos uma malha social na qual nos envolvemos e aceitamos seus princípios, quase sempre voltados para os reflexos do egoísmo cristalizado no psiquismo humano.
Qualquer desejo de se impor à liberdade alheia, seja com que pretexto for, é violação ao livre-arbítrio alheio.
A mãe chamará de educação, o pai de correctivo, o professor dirá que aplica a orientação, o amigo dirá que age no intuito de ajudar.
Entretanto, qual de nós poderá afiançar com exactidão a natureza profunda de nossas acções ao interferir na vida de nosso próximo?
Qual de nós poderá negar a ilusão dos costumes?
Existem pais, mães, professores, amigos e as mais diversas formas de convivência nas quais existe a presença da enfermidade da imposição, do apego e do controle.
Em quaisquer dessas situações, ninguém poderá, em são juízo, dizer que alguém quer o mal de outrem, que alguém quer se vingar de alguém.
A vingança é apenas um dos móveis da obsessão, e não seu único viés de vinculação.
Por isso, obsessão é também, e mais ainda, o desejo de dominar a vida de outrem por alguma razão que nos pareça justa ou necessária.
Temos aqui nesta ala mães e pais, educadores e religiosos, profissionais e amantes que, em nome do amor, feriram e destruíram sonhos, magoaram e desorientaram mentes.
Todos alegam ter feito tudo em nome do dever que lhes competia.
Poucos de nós enxergamos nossa subtil tendência de dominar, nossa arrogância em querer tomar conta da vida de outrem.
Mas com intenções nobres de acertar, fixadas com seu modo de pensar, entregaram-se à fascinação da arrogância de conduzir e gerir os destinos de quem mais diziam amar.
Como esclarece Kardec:
uma tenacidade em dominar, isso é a obsessão.
Aquilo que hoje cedo lhes mostramos na teoria em nosso curso poderá ser comprovado aqui nesta ala.
Marcondes é um exemplo desse quadro.
- Se Marcondes está obsediado, onde está o obsessor?
- Nem sempre obsessor e obsediado residem no mesmo "endereço geográfico".
Podem ter sido separados pela reencarnação ou pela desencarnação.
A obsessão se concretiza muito mais por cordões energéticos do que pela actuação local de obsessor sobre obsediado.
Marcondes desenvolveu muitos valores morais.
Foi pai, deu vida a quatro lindos filhos, venceu a jogatina que lhe era um costume antes de conhecer a doutrina, retirou a esposa de uma situação caótica de analfabetismo e deu-lhe afecto, cultura e família.
Dedicou-se ao serviço público com esmero até a aposentaria.
Foi um bom vizinho.
Como espírita, era devotado, assíduo e estudioso.
Tudo isso pesou favoravelmente em seu campo mental para lhe elevar o plano de consciência na sua evolução e o fazer credor da atenção dos Bons Espíritos, que anseiam pela promoção humana.
Seu núcleo moral de ilusão foi a arrogância. Hábitos envelhecidos no costume de controlar.
Sua ficha de valores concedeu-lhe créditos de amparo e atenção.
Ao examinarmos a ficha reencarnatória de Marcondes, ficamos surpresos em saber que, há duzentos anos, ele foi um dos maiores líderes extremistas dos jacobinos na Revolução Francesa.
Uma alma inquieta, revoltada com as injustiças, experiente médico na França e político de temperamento austero.
Morreu assassinado de forma trágica.
Marcondes é um caso típico de obsessão mental por arrependimento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2018 7:34 pm

Como espírita actuante e conhecedor das questões espirituais, deu passos decisivos em seu destino renovador.
Trouxe para a condição de filho seu próprio assassino de outrora, do tempo dos jacobinos, livrando-se de um pesado ónus consciencial.
Homem de temperamento altivo, passou a ser mais brando após essa desvinculação mental, ingressando em um período de relativo serenamento mental.
Entretanto, não se livrou das matrizes deixadas nos corpos profundos, onde se gravam os códigos da obsessão.
É no corpo mental inferior que são feitos os registros mais graves dos quadros de dominação.
Por essa razão, ainda hoje, qualquer contacto mental entre pai e filho, mesmo separados pelos universos vibratórios, significa um desafio de refazimento no caminho de ambos.
Eles guardam, entre si, ligações magnéticas ressonantes que interagem em regime de enfermidade dos sentimentos.
Digamos que a obsessão de Marcondes, assim como a da maioria destes internos no subsolo do Hospital Esperança, é desvinculação a caminho da solução.
Para se ter uma ideia mais justa das subtilezas da obsessão, durante a noite, quando os homens na humanidade dormem no corpo físico, muitos corações vinculados por esses laços de inimizade varam as camadas fluídicas e batem à porta desta casa à procura de seus elos.
Muitos deles sem consciência do que procuram.
Apenas sabem que aqui se encontra algo que lhes é caro.
Para atender a essa demanda de educação e tratamento, criamos encontros de apaziguamento.
Desdobrados do corpo, nossos irmãos são tratados em macas, e alguns chegam mesmo a cooperar connosco com a doação ectoplásmica aos serviços de socorro.
A maioria, entretanto, vem reclamar reencontros, contas a quitar e apelos por justiça. Temos uma sala apropriada ao mister, que se tornou um pequeno fórum de causas espirituais.
Profissionais competentes, com experiência jurídica, e psicólogos preparados na vivência evangélica conduzem, com sabedoria e muito tato, os diálogos que são realizados com cautela e atenção.
Para alguns deles, o Hospital Esperança é uma penitenciária que aplicou a pena justa aos seus vínculos.
Para outros, somos proteccionistas.
Duas noites atrás, o filho de Marcondes o procurou nestas dependências.
Mesmo não havendo o encontro presencial, ambos tiveram agravamento de seus estados mentais, sem conhecimento das causas, em face da simples proximidade do campo energético de suas auras.
Assim é a obsessão.
A separação necessariamente não significa término.
Somente um estudo detalhado do capítulo da dinâmica da vida afectiva entre os homens poderá nos dar uma noção mais legítima do que é uma constrição mental.
Casais reencarnados, mesmo separados matrimonialmente, duelam dentro e fora da matéria.
Duplas afectivas, independentemente dos componentes morfológicos sexuais, convivem mentalmente durante décadas mesmo após instantes de prazer ou de convívio destrutivo.
Mães, pais e filhos criam a teia mental da família e nela se ajustam, sustentando elos que dobraram os séculos.
Quaisquer ligações que envolvam a vida afectiva podem ser a maior fonte de tesouros da alma ou campos de batalhas intermináveis nos roteiros do ódio, da traição e da adversidade intencional.
Obsessão e amor, lados de uma mesma moeda.
Afecto e desafecto, experiências submissas à escolha de cada um, que tecem no manto da vida os fios invisíveis dos cordões energéticos.
A obsessão de hoje foi o amor de ontem.
O amor que sofreu os golpes da traição, da má orientação, da dominação e do apego.
Só existe obsessão onde existem laços.
Quase sempre laços afectivos ou de interesse.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2018 7:34 pm

Amor e egoísmo juntos, quais joio e trigo.
Compreendeu, Juliano?
- Creio que sim!
Ao findar daquele dia, quando fui repousar, olhei para as estrelas e comecei um profundo exame em mim mesmo.
Lembrei-me de Benevides, que até aquele momento me causava um profundo mal-estar.
Pensei na minha intensa e instantânea perda de vitalidade nas câmaras do subsolo e, por fim, recordei-me de Marcondes naquele estado crítico.
Perguntava a mim mesmo, diante de tudo, o que significa um serviço de apoio aos abismos da humanidade.
Perguntava a Jesus, na oração, se algum dia eu poderia cooperar nessa frente abençoada de serviço regenerador.
Como as respostas não se faziam claras à minha ingénua sede de saber, detive-me a pensar no que parecia ser o mais sensato, ou seja, no quanto minha arrogância apagou da memória uma vastidão de culpas e falhas que deixei no caminho ao longo da reencarnação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2018 7:34 pm

Capítulo 05 - Quesitos para os serviços socorristas ao submundo astral
"E havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias!
E ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor"
- Actos, 9:10.

No dia seguinte, logo pela manhã, retornamos à sala de nossos estudos preparatórios.
Não me continha de ansiedade para continuarmos o debate em torno do tema obsessão.
Desde o dia anterior, as perguntas anotadas pelo grupo não saíam de meus pensamentos.
Após os benefícios da oração, Cornelius considerou:
- Amigos, analisando as várias questões registadas na última reunião de estudos, gostaria de manifestar algumas considerações educativas.
Pelo que percebi, dilata-se a curiosidade de vocês em relação ao Grupo X, nosso futuro laboratório de aprendizado.
O trabalho com almas da semi-civilização é um acto virtuoso, de proporções inconcebíveis.
Qualquer desapreço de nossa parte aos esforços dos irmãos no Grupo X é descaridade e invigilância.
Qual de nós, no lugar de nossos companheiros, faria algo melhor?
Não falharíamos ante os apelos do orgulho? Não nos sentiríamos especiais por realizar uma tarefa a que poucos se dispõem e não medem sacrifícios para exercê-la?
Analisemos o assunto e formulemos nossos juízos a título de aprendizado, entretanto, com todo o engano pelo qual passam os amigos no plano físico, Eurípedes Barsanulfo deu-nos liberdade irrestrita de amparo e socorro para com eles. Quaisquer apontamentos sobre a natureza moral de suas lutas nada mais deve significar que um alerta para nós próprios.
Jesus escolheu uma pecadora para anunciar a imortalidade, convocou um defensor implacável da lei religiosa para divulgar ao mundo os seus ensinos e colocou um comerciante perspicaz e iludido no conjunto de seus apóstolos.
Maria de Magdala, Saulo e Judas são expressões da misericórdia celeste.
Tecerei ponderações sobre as perguntas elaboradas por todos vocês, tomando por base que o Centro Espírita sob nosso foco é a extensão de nossa família espiritual, suplicando socorro, carinho, apoio e orientação.
Longe de nós quaisquer intenções de menosprezá-los ou julgá-los.
Que em nossos sentimentos, o melhor de nós próprios seja a luz do nosso raciocínio.
Os integrantes das legiões luciferianas não vieram sozinhos até o Grupo X.
Foram trazidos por mentes ardilosas que querem dizimar os esforços legítimos de ascensão daquele núcleo de espiritualização.
Seus médiuns abriram horizontes mentais para aspectos ainda desconhecidos da maioria dos trabalhadores da tarefa mediúnica na vida física.
Penetraram vales sombrios; alcançaram regiões com completa ausência de ética e pudor; descobriram ardis envolvendo a organização da comunidade espírita que nenhum livro mediúnico, até então, registou no mundo físico; visualizaram tácticas totalmente movidas por tecnologias avançadas para travar o progresso de casas espíritas; aprenderam a investigar vibrações e formas perispirituais pertencentes à fauna e flora da erraticidade; puderam visitar vales nos quais religiosos cristãos falidos consciencialmente são castigados e acompanharam muitos que, ainda no corpo físico, são levados a tais paragens; estiveram na presença de espíritos que sofreram mutação em seu corpo espiritual jamais mencionada nos registos da literatura espírita; aprenderam a detectar a vibração dessas mutações quando lúcidos, no corpo físico; viram de perto os aparelhos parasitas e sua implantação nos corpos inferiores dos seres humanos; acompanharam socorros a locais de dor no mundo espiritual, cujo ambiente é capaz de colocar em "coma mental" qualquer alma desavisada das realidades de tais locais; foram aos pântanos, aos lagos gelados de enxofre, aos presídios abaixo do solo terreno.
Experimentaram vivências dolorosas que lhes custaram estados psíquicos de dor e vazio quando acordados na vida corporal.
Nem por isso, como já mencionamos anteriormente, tiveram o alcance que julgam ter conquistado nos abismos profundos da erraticidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Out 07, 2018 7:34 pm

Digamos que fizeram um curso básico para incursões profundas, aos reinos primitivos da semi-civilização, em um futuro próximo.
De posse da bagagem abençoada no serviço desinteressado, conseguiram um piso intelectual que nos permitiu nortear informações valorosas sobre as actividades de socorro aos ambientes mais abandonados do planeta.
Agora que se encontram de posse de um incomparável volume de informações, sentem-se privilegiados, exclusivos, sofrendo o assédio da arrogância, que é filha dilecta do orgulho.
Jesus, em Mateus, capítulo 17, versículo 21, orienta:
"Mas esta casta de demónios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum".
De facto, nossos amigos lidam com almas sagazes, inteligentes e intensamente dispostas a quaisquer atitudes antiéticas.
São espíritos assalariados por uma das falanges mais organizadas nas esferas inferiores da vida espiritual, os dragões.
Habitantes da mais antiga sociedade na hierarquia da maldade, os dragões são espíritos agressivos e amantes do poder.
Objectivam dominar e gerenciar a Terra. Uma casta de demónios que requer a oração da conduta recta e o jejum da ilusão da arrogância, a fim de que tenhamos condições de realizar algo em favor deles próprios.
Usam, actualmente, os escravos de uma facção dissidente que desejou encabeçar o título de sucessores legítimos de Lúcifer, fundadores da falange luciferiana.
Os conflitos no reino dos dragões, também chamado Vale do Poder, são de todos os tempos da história.
Facções e facções surgiram ao longo dos séculos em tais paragens, reflectindo a luta pela soberania.
E por que os adversários do Grupo X se utilizam de escravos desta facção?
Por que eles próprios não adentram as dependências da casa? Foram algumas das perguntas que vocês registaram para nosso encontro de hoje. Boas indagações!
Com esta estratégia, os dragões pretende se preservar desta visão mais ampla que adquiriram os encarnados.
Sabem que o Grupo X bateu às portas do abismo e, por mais um pouco, lá penetrarão.
Pensando assim, para não correrem o risco de ter sua vida social desnudada, buscam confundir informações e destruir as que já circulam no plano físico.
Não querem que o mundo físico se esclareça acerca da hierarquia das trevas e obtenha informações sobre sua tecnologia.
Criam a dúvida e a descrença no Grupo X acerca das notícias reveladas.
Querem embaraçá-los e depois separá-los.
Não adiantaria desuni-los com uma convicção tão sólida.
Primeiro confundem, depois imputam o golpe de morte por meio da discórdia e da inimizade.
São inteligências preparadas nas questões do mundo íntimo da raça humana, almas experientes nos assuntos que envolvem o mando, o controle, e as estratégias de dominação e guerra.
No intuito de complicar, exageram as noções adquiridas pelo grupo, explorando o sentido de grandeza já existente na postura dos dirigentes e médiuns.
Insuflam ideias desmedidas sobre a natureza do que fazem, causando-lhes sensação de importância e supremacia, tais como:
"vocês conseguiram chegar aos abismos onde ninguém foi até hoje", "agora têm a chave para salvar a humanidade", o único grupo que esteve em contacto com o verdadeiro Lúcifer", "ninguém jamais ousou esse tipo de contacto mediúnico com os dragões".
Os seguidores de falanges luciferianas, na condição de assalariados dos dragões, estão hipnotizados por meio de micro-implantes na região que tangencia o centro de força frontal no perispírito.
São completamente controlados.
De fora do Centro Espírita, comandam-lhes o pensamento, assumindo uma personalidade que já fazia parte do imaginário desses espíritos quando actuavam nas suas falanges de origem.
Incendeiam, na mente de seus serviçais, a ideia de que aquela casa espírita quer destruir Lúcifer e todos os seus seguidores.
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