LUZ ESPÍRITA
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Quem Perdoa Liberta - José Mario / Wanderley Oliveira

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Quem Perdoa Liberta - José Mario / Wanderley Oliveira - Página 6 Empty Re: Quem Perdoa Liberta - José Mario / Wanderley Oliveira

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 15, 2018 8:11 pm

Capítulo 13 - A Psicologia dos Dragões: Desconfiar Uns dos Outros
"E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?" - Mateus, 7:3.

As informações trazidas sobre a sociedade dos dragões aguçou-me o interesse de aprendizado.
Depois de devidamente autorizado, fui compulsar os documentos na biblioteca do Hospital.
Queria avidamente conhecer detalhes daqueles seres.
Como viviam, como se alimentavam, qual sua aparência, quais seus sentimentos, qual futuro os aguardava.
Passava horas lendo e relendo os apontamentos organizados em livros de história e ciência.
Fotos, vídeos e uma farta colecção de implementos davam ares de um pequeno museu consagrado aos irmãos do Vale do Poder.
Em tudo percebia o respeito e o amor dos escritores, pesquisadores e coleccionadores em relação aos dragões.
Apetrechos e tecnologia usada por dragões que foram resgatados atiçavam ainda mais minhas reflexões.
Em cada peça que tocava através das vitrines hermeticamente vedadas, sentia os mais diversos tipos de emoção, ainda ignoradas ao meu autoconhecimento.
Era como se aqueles aparelhos e bens pessoais tivessem vida.
A psicometria, ou capacidade de ler as informações pelas mãos, dava-me possibilidade de experimentar, no campo mental, a vivência de algumas cenas.
Algumas delas chegaram a me assustar.
Em cada exposição havia um número que nos permitia consultar no computador a origem de sua história.
Cheguei a um canto no qual estavam dispostos livros, folhas escritas, cartilhas e pergaminhos.
Deparei-me com um livro chamado Porta Larga, o Caminho da Perdição Humana.
Dotado de uma força magnética incomum, puxava meu olhar como um ímã.
Queria passar adiante e conhecer outras peças da exposição, mas é como se um visco me mantivesse preso àquela pequena vitrine.
Não conseguindo superar o ímpeto, coloquei a mão sobre o vidro.
Páginas escritas à mão saltaram-me no campo mental.
Eram passadas com rapidez incomparável, como um filme acelerado.
Apesar disso, conseguia entender todo o conteúdo.
Algumas palavras foram escritas em cor vermelha.
No entanto, em uma das páginas havia um gráfico.
Como se desse uma ordem involuntária, parei o livro naquele ponto.
Olhava para aquele gráfico com atenção redobrada.
Não me era estranho.
Onde o teria visto?
Com um pouco de esforço, recordei uma das noites de sessão mediúnica no Grupo X, na qual o médium Antonino desenhou no papel, sob inspiração de digna benfeitora de nossa equipe, uma réplica perfeita do que via agora.
O tema central do livro era a arrogância, que na perícia intelectual de seu autor é a porta larga da humanidade para uma nova "queda dos anjos", ou um novo exílio.
O gráfico em forma de círculo era uma antítese do bem, cujo núcleo era a rebeldia humana acerca das provas do viver.
Uma autêntica monografia sobre como explorar as imperfeições humanas para atingir a colonização do pensamento humano.
Dizia os informes que a "obra-prima" trouxe as mais expressivas graduações ao seu escritor.
Recebera o título de dragão por mérito aos serviços prestados à comunidade.
Seu autor ocupou o mais célebre cargo na corte francesa pertencente ao reinado da Casa de Valois.
Condecorado com honras militares no Vale do Poder foi aceito, novamente, sua adesão à ordem draconiana depois de uma grave "falência", segundo a concepção dos dragões quando reencarnado nos roteiros da política francesa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 15, 2018 8:11 pm

Por mais que me interessasse pelas demais peças em exposição, aquele livro não me saía da cabeça.
A imagem do médium Antonino vinha constantemente a meu campo mental, a ponto de, espontaneamente, por um processo inconsciente, vê-la estampada na capa do livro.
Senti-me embaraçado e compulsivamente curioso com o ocorrido.
Para minha alegria, Cornelius chegou ao ambiente.
Faria uma breve passagem pela biblioteca para nos acompanhar na pesquisa, que era parte integrante dos nossos cursos, sob sua tutela.
- Que bom que você chegou, meu amigo!
- Já sei!
- Sabe?
- A porta larga.
- Sim, é isso mesmo.
Encontro-me completamente sem saber o que está acontecendo.
Desde que vi o livro, perdi meu senso de controle mental.
- É natural!
O magnetismo do livro é hipnótico.
Por vezes, chega a acumular tanta energia potencial que altera a cor da vitrine, obrigando a um asseio periódico.
- Posso saber mais detalhes do livro?
- Venha comigo!
Coloque a mão esquerda sobre a vitrine.
Coloquei a mão sobre o vidro, enquanto Cornelius espalmou sua mão direita sobre minha cabeça.
Fechei os olhos ante uma tonteira inesperada e comecei a ver cenas vivas de uma reunião comemorativa.
Assustei-me com a forma dos presentes.
Eram seres humanos, mas apenas os olhos e o formato das pernas faziam-me lembrar um corpo de homem.
Os dedos dos pés e das mãos eram mais longos e mais espaçados.
Nariz muito saliente, boca muito comprida e lábios grossos.
A cor da pele era um verde-musgo brilhante, intensamente oleosa e escamada no tórax e na face.
A cabeça recordava, de fato, perdoe-me a comparação que é fiel, um lagarto.
Meu maior estupor ficou por conta das pequenas caudas que traziam como se fossem antenas na altura do cóccix, umas mais compridas e outras menos, a ponto de se arrastarem no chão.
Quem olhasse poderia imaginar, em princípio, que seria uma fantasia, mas a perfeição dos detalhes, na medida em que analisava os
movimentos daqueles seres, não deixava nenhuma possibilidade de ser algo que alguém pudesse vestir e desvestir.
Eles eram aquilo que eu estava vendo.
Uma mutação dos seres que se adaptaram, em milénios de vivências mentais, na esteira do mal.
Abraçavam-se mutuamente e com sorrisos estridentes sorviam um licor embriagante.
Era a festa de graduação do autor do livro.
Após a cena, Cornelius, percebendo meu estado de completa alteração fisiológica, fez-me recobrar os sentidos.
Espantado com tudo o que vi, pedi para me assentar, com a respiração alterada.
- Foi uma criação de minha mente, Cornelius?
- Queria que fosse, José Mario!
Como queria!
- O que vi é real?
- Tão real quanto o que está sentindo.
- Nem sei o que estou sentindo.
- Com que palavra você definiria seu instante emocional.
- Descrença - falei depois de pensar alguns segundos.
- A palavra é perfeita.
Este o estado que toma conta da maioria das comunidades da semi-civilização.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 15, 2018 8:12 pm

- Por que a descrença?
- Falta de ideal e compromisso com o bem.
Que estratégia de domínio mais inteligente poderia existir em um planeta de provas e expiações?
Retirar o anseio de progresso é colocar os continentes à mercê
dos ideais enfermiços destas comunidades.
A descrença patrocina os mais doentios quadros da conduta humana.
O vazio existencial, a desistência dos ideais nobres, o medo de viver, a busca do prazer efémero, a compulsão pelo destaque por meio da força e da violência, a disputa que leva às guerras, à doença mental e a outras formas de doenças morais são alguns dos efeitos da descrença, que estrutura a infelicidade terrena e multiplica os reféns da culpa e da falta de sentido para progredir.
A arrogância é o contrapeso da descrença.
Quem não conquistou a capacidade de estar em plenitude, de nutrir-se de ideais legítimos e honestos, debate-se exaustivamente na compulsiva necessidade de afirmação do ego.
A arrogância é a defesa dos fracos e o trampolim dos desmotivados.
Impor-se a qualquer custo, ser o melhor, destacar-se e ser reconhecido são algumas das neuroses recorrentes da personalidade arrogante.
Uma doença da vida mental profunda que nos leva a um dos mais desconhecidos géneros de obsessão: a obsessão pacífica, um capítulo específico nos assuntos da relação mental.
- Obsessão pacífica?
- É a sinergia de mentes, uma troca.
É o tipo de obsessão que caracteriza inúmeros grupos doutrinários.
Segundo a expressão de Calderaro, são as obsessões morais.
- Mas esse processo de troca e sintonia, conforme aprendemos nos cursos, só acontece quando há a presença de interesses comuns.
Nossos irmãos no Grupo X e em outros agrupamentos espíritas estariam enquadrados nessa situação?
- É exactamente nesse passo que encontramos as chamadas obsessões pacíficas, subtis.
Aquelas que nos devolvem a nós mesmos.
Entre os amigos queridos do Grupo X encontramos ainda o traço do interesse pessoal a se exprimir em larga escala.
Sem dúvida, como já ponderamos oportunamente em nossos encontros, são almas arrependidas sob o travo da expiação.
Cultivam novas aspirações em relação ao futuro, mas ainda se encontram como os lírios de esperança nos charcos da arrogância.
A mais habitual propriedade psicológica da arrogância que expressa a vida mental de Espíritos arrependidos é a resistência em admitir a presença subtil de suas manifestações personalistas.
Nossos irmãos ainda não aprimoraram a noção de autoconhecimento suficientemente.
De forma inconsciente, ainda se debatem na areia movediça da personalidade arrogante.
Desejosos de sair, conquanto ainda sugados pela força dos hábitos.
- E, assim, os adversários do trabalho encontram brechas mentais para se inserir em suas acções?
- Brechas mentais que oscilam conforme a mutação natural da evolução do ser.
Hoje alguém pode encontrar larga faixa de sintonia com a mente de alguém, todavia, daqui há vinte e quatro horas ou dentro de dez dias essa faceta da personalidade poderá estar completamente vedada a qualquer acção mental de obsessores.
Por isso não será incorrecto, também, classificar as obsessões pacíficas como intermitentes ou sazonais.
- Cornelius, falando de mim mesmo, sempre achei que meu temperamento firme fosse uma virtude.
Ouvindo suas considerações, coloco-me inteiramente na condição de um homem arrogante, inflexível.
Nós, espíritas, somos tão arrogantes assim?
- Sem generalizações, irmão querido.
Enorme parcela de espíritas, particularmente o grupo egresso das prisões do Vale do Poder, são almas com largos compromissos de redenção, adquiridos a custo de prepotência e altivez.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 15, 2018 8:12 pm

- Você pode me ajudar a pensar quais são a formas mais comuns nas quais a arrogância aparece em nossas atitudes, a fim de melhor me avaliar?
- A personalidade arrogante é inquieta, sente-se sobre o peso de severas obrigações, exige demais de si mesma.
São criaturas quase sempre muito criativas, práticas, pensam e falam o que pensam, ouvem pouco.
Seu tónus emocional básico é de ansiedade, o que as leva à pressa e a emanações de irritabilidade contínua.
Daí alguns sintomas de suas atitudes, tais como: impaciência e precipitação.
Essa inquietude interior é confundida com valor
de realização. E, de facto, ninguém pode negar a capacidade realizadora de criaturas inquietas.
No entanto, esse traço moral constitui um empecilho nos relacionamentos humanos.
Os danos principais podem ser computados por meio da franqueza mórbida, da ausência de limites, que alcança as raias da impertinência e da imprudência.
Ainda podemos verificar múltiplas formas de acção desse estado íntimo de inquietude, que patrocina a intolerância, a rigidez, a disputa e o principal e mais desastroso comportamento que intoxica as relações, isto é, a compulsão por colonizar o pensamento alheio.
- Já que não estou ainda com tanta coragem para falar de minha própria arrogância, posso lhe fazer uma pergunta meio egoísta para não me sentir tão só nessa enfermidade?
- Permita-se isso, José Mario.
Não exija de si mesmo em excesso.
- Ana, com sua dificuldade em controlar o que fala, é uma personalidade arrogante?
- Quando nos fixamos nos aspectos sombrios uns dos outros, perdemos nossa capacidade de motivar e educar.
Somente mantendo o sentimento no melhor que cada um possui conseguiremos caminhar juntos nos ajudando mutuamente.
A palavra confiar significa fiar com, dar a fiança a, isto é, tecer juntos o manto protector da amizade pela fé uns nos outros.
Sem indulgência para com as imperfeições será impossível relações de confiança, e sem confiança não podemos prever os rumos que tomarão o relacionamento de quem quer que seja, porque a desconfiança expulsa a misericórdia da convivência.
Nas lutas de cada dia, o descuido com a fala por parte de Ana tem agravado todos os factores de discórdia.
Essa franqueza mórbida, tomada como sinceridade, perde seu valor quando inspirada na arrogância de nos supor com obrigações de corrigenda uns sobre os outros, esquecendo, em nossos lances de pretensão, que somente uma pessoa é capaz de imprimir o reflexo da verdade na consciência - a própria pessoa.
Tornamo-nos arrogantes todas as vezes que achamos que alguém tem de acreditar no que enxergamos sobre ele, ainda que isso seja uma verdade.
- Sendo sincera, ela não ajuda Antonino a perceber suas próprias necessidades?
- No fundo, essa é a intenção legítima de Ana, mesmo carregando uma total ausência de habilidade para aplicá-la na convivência.
Devemos estar cientes, meu caro amigo, de que penetrar o terreno sagrado do mundo alheio exige perícia cristã.
Ainda mais em se tratando de almas tão arrependidas quanto nós.
- O arrependimento agrava a situação?
- O estado de arrependimento torna nossa vida mental dotada de larga susceptibilidade, ou, em outras palavras, tornamo-nos muito magoáveis e melindrosos.
Melindre, então, é sintoma de arrependimento?
- É sintoma de orgulho, de escassa inteligência emocional.
Entretanto, em almas afligidas pela expiação das lutas íntimas é também um limite protector imposto pela mente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Out 15, 2018 8:12 pm

- Uma defesa?
- Exactamente.
- Jamais pensei no melindre dessa forma.
- Algumas pessoas já se cobram demais e formam um quadro psicológico de inflexibilidade, uma severidade consigo mesmas.
Qualquer correctivo aplicado sem a suavização da confiança e da bondade torna-se um propulsor de más energias na vida afectiva.
- Parece-me que confiança e bondade estão faltando no Grupo X!
- Nossos irmãos advogam o ideal do afecto.
Não esqueçamos jamais que afecto para almas em via de redenção consciencial é apenas uma aspiração.
Contra os anseios de luz cultivados por Ana, Calisto e Antonino existem milénios de desvios nos roteiros da infidelidade, da traição e do ódio.
A amizade é um alvo para o qual os melhores sentimentos do Grupo X são dirigidos.
O tempo lhes trará frutos da sementeira que estão plantando.
Por agora é apenas semeadura.
- Por que Antonino veio com tanta insistência em minha mente quando toquei no livro?
- As cenas que você presenciou por intermédio da psicometria foram vividas no lançamento do livro nas escolas da maldade no Vale do Poder.
O dragão graduado e autor do livro é o próprio Antonino.
- Meu Deus! Como pode?
De dragão a médium?
- Não foi bem assim que as coisas aconteceram.
Entre esse período, no século XVI e a sua actual existência corporal, passaram-se mais de quatrocentos anos.
Muitos factos se sucederam a ponto de sua trajectória terminar nos calabouços como prisioneiro e persona non grata à hierarquia da maldade.
E, depois, como você já está informado, ele regressou ao corpo nas levas de espíritos que foram resgatados e recambiados às fileiras da doutrina.
- Mas como compreender o que houve entre esse momento de glórias efémeras, com seu livro, e a condição de prisioneiro nos calabouços do Vale do Poder?
- As organizações da maldade na sub-crosta obedecem a princípios escusos.
Eles são, portanto, as primeiras vítimas da ausência de uma ética que resulte em benefícios reais e duradouros.
Existe muita traição e injustiça onde predomina o interesse pessoal.
- Eu jamais podia imaginar que a arrogância seria a base da psicologia das trevas.
- Um dos resultados comportamentais da arrogância é o apego aos nossos pontos de vista, que causa a sensação de estarmos certos, ou seja, é a base de nossas certezas irredutíveis.
Essa convicção obstinada em tudo é prejudicial, mas o terreno no qual ela faz mais destruição é na convivência.
Dotados dessa certeza, alicerçada em filetes da verdade, são sustentadas cizânias que emperram ou atrasam os mais caros ideais de serviço e progresso.
Julgamentos e exames parcialmente correctos são expedidos uns contra os outros, alegando fidelidade à verdade e sinceridade.
Esse o móvel principal da personalidade arrogante:
supor-se dono da verdade.
Sob o rigor dessa perspectiva psicológica tudo pode se tornar alimento para defender uma tese de desaprovação com a qual espíritas vão desmoralizando espíritas, criando celeumas dispensáveis, ónus vibratórios para os grupamentos e manchando a excelsitude de instituições.
Assuntos da doutrina que envolvem o mundo espiritual e as leis que regem nossa vida mental, decisões tomadas por órgãos unificadores, atitudes de oradores, médiuns, homens e mulheres públicos na comunidade, o formato escolhido por determinada casa para trabalhar, o conteúdo de um livro mediúnico, o modelo a ser seguido para uma prática doutrinária, entre outros assuntos, tornam-se alvo das mais severas críticas, que alcançam o patamar de injustiça, maledicência e conduta anti fraternal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 16, 2018 8:01 pm

Decerto ninguém deve ser impedido do exame, todavia, o rigor que alimenta a discórdia ou rebaixa não passa de uma denúncia da natureza enfermiça dos juízos que temos feito, ainda que sejam verdades irretocáveis.
Para nossa arrogância é muito difícil admitir que alguém, além de nós, possa conduzir as decisões ou destinos de qualquer responsabilidade em nome do Cristo.
Eis a nossa luta milenar desde que aceitamos segui-Lo.
No fundo, com raríssimas e honrosas excepções, continuamos duelando pela posse da verdade.
Se a determinação ou postura moral de definição, que é uma qualidade elencada por Jesus, não vier acompanhada de algo que efectivamente contribua para trazer a luz do discernimento e cristianizar relações, pode não passar de simples projecção de velhas sombras interiores que ainda não descobrimos em nós próprios.
Na palavra do Mestre isso foi assim descrito em Mateus, capítulo 7, versículo 3: vemos a trave no olho alheio e não vemos o argueiro no nosso.
Compreendeu, José Mario?
- Sim - respondi tão absorto nas reflexões que nem percebi o que falei.
Aquele dia de visitação educativa foi o primeiro de muitos que fiz àquela biblioteca, que constituía um património de humanismo e organização.
Em tudo constatei o respeito e a seriedade que
os benfeitores do bem consagram ao ser humano, mesmo que atolado nas mais profundas habitações da maldade ou da ignorância.
Se o homem no mundo físico ainda se estarrece ao saber, pela mídia, sobre as condições de vida adversas e diversas de muitas comunidades ainda pouco conhecidas na casa planetária, qual não será sua sensação quando aqui estiver e perceber que o ecossistema na psicosfera da Terra abriga inimagináveis tipos de vida, costumes, morfologia e raças.
Somente quando passei a me consagrar aos estudos sobre as mutações das cadeias genéticas da raça humana, pude compreender a razão de inúmeros comportamentos do homem comum pertencente à sociedade moderna.
Por consequência, tais estudos tornaram-me mais sensível e fraterno em relação aos irmãos do Grupo X, porque muitas dessas criaturas de diversos reinos passaram a frequentar e integrar as actividades daquele grupo.
Onde actuam os dragões, com eles caminham a história, as sub-raças, as forças naturais que fazem parte de seu histórico, de sua antropologia.
Lembrei-me, então, de Nosso Senhor ao dizer em João, capítulo 14, versículo 2:
"Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito.
Vou preparar-vos lugar".
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 16, 2018 8:02 pm

Capítulo 14 - Início de uma nova Etapa
"Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros" - João 13:14.

Já se passavam três anos de idas e vindas junto ao Grupo X.
Entre erros e acertos, caminhávamos para um desfecho nas experiências que tanto nos ensinaram.
A cena do lava-pés marcou uma etapa para os irmãos encarnados em inesquecível reunião no Grupo X.
Dona Modesta, incorporada no médium Cláudio, literalmente solicitou água e toalha e lavou os pés de todos.
A dor e a amargura de nossos irmãos no plano físico sensibilizavam a todos na esfera extra-física.
Os termos do acordo com as trevas, após a cena do lava-pés, foram rigorosamente cumpridos.
Antonino abandonou o Grupo X.
Ana manteve-se na presidência e Calisto debandou para a formação de uma nova casa.
A presença da mágoa e da confusão no entendimento perduraria por longa data.
A cisão e a desunião tão destacadas pelas vozes da maledicência no plano físico não tinham a menor importância para nós, diante da crueldade da dor que nossos
irmãos sentiam naquele instante em razão das decepções, agastamentos e da frustrante sensação da separação.
Acontecimentos sombrios, que não é necessário detalhar, mantiveram, ainda por longos anos, a convivência perturbadora entre os membros mais envolvidos emocionalmente com os factos.
Fora do corpo ainda se digladiaram em uma série de episódios lamentáveis recheados de cobrança, injúrias, raiva e descontrole.
No terreno dos ensinos de Calderaro, nossos irmãos estavam inclusos nos limites da obsessão moral com a obsessão mental.
Antonino trazia na alma um torturante sentimento de fracasso por se afastar das tarefas em busca de novas vivências.
Ana trazia o coração moído pela contrariedade dos acontecimentos inesperados.
Amava Antonino, com quem nem sequer poderia partilhar a convivência dali para a frente.
Calisto, impassível em seu afecto, negava sua dor e preenchia o vazio com visões futuristas para seus projectos, sempre alegando que Lúcifer e seus asseclas conseguiram o que queriam.
É verdade que ninguém poderia lhe tirar a razão, embora fosse essa uma visão com foco completamente distante das necessidades mais reais no aprendizado que ora se encerrava.
Incrivelmente, a par da dor dos integrantes do Grupo X, diversas situações que se encontravam, por assim dizer, "amarradas", tiveram novos rumos de uma hora para outra.
Tanto na vida pessoal quanto nos projectos doutrinários houve um afrouxamento vibratório e novos ares surgiram para todos.
Em consenso, nossas equipes socorristas retiraram boa parcela das providências de defesa em face das mudanças de cenário.
A lição estava consumada.
Imputar a obsessores e inimigos espirituais do Cristo a responsabilidade pela desarmonia e tropeços na tarefa é, no mínimo, uma atitude de fuga de nossas próprias limitações que não queremos enxergar.
É inegável a actuação dos adversários, entretanto, a história do Grupo X foi composta de todos os fundamentos característicos do modo de agir dos opositores do bem quando planeiam emperrar as actividades das agremiações consoladoras do Espiritismo.
Infelizmente, tinha de aceitar algo que minha razão, ainda intoxicada pelas noções do mundo físico, não admitia:
os centros espíritas não só estão abrindo a porta para a obsessão colectiva, mas estão convidando os antagonistas do bem a entrar.
A minha incursão na escola bendita do socorro e amparo levou-me a perceber que, se não fosse a misericórdia dos corações bondosos de nossos benfeitores, já estaríamos completamente abatidos em nossos ideais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 16, 2018 8:02 pm

Nossos irmãos amados deram o que podiam de melhor, e a misericórdia não os abandonou em tempo algum.
Assim como eles, qual de nós poderia afirmar, com a consciência pacificada, que nos sairíamos melhor nas lutas que lhes aferiram?
Enquanto no mundo físico os olhares corrompidos da multidão lhes assinalavam a queda e o fracasso, por nossa vez, julgamos que nossos irmãos são credores do nosso incondicional respeito e carinho.
Melhor seria, evidentemente, que conseguissem se manter juntos por mais tempo, até a que a vida chamasse cada um a seu caminho particular de ascensão.
Dessa forma, imunizar-se-iam das mágoas e dores que por ora lhes castigam a intimidade.
As lutas ainda prosseguiam depois das difíceis decisões que tomaram nossos irmãos.
Sob a orientação de Cornelius, tomamos providências urgentes de amparo.
Mais do que nunca, nos era solicitado o amor incondicional para com todos eles.
Realmente o que se sucede a uma desunião com mágoas é trágico.
De todos, sem dúvida alguma, Antonino foi alvo das nossas maiores atenções.
Alguns dias depois do ocorrido, em certa manhã, quando saía para o trabalho profissional, ele estava em oração compungida.
Solicitava amparo diante das amarguras de seu coração.
Lágrimas eram derramadas, enquanto orava com peito arfante.
Um dilacerante sentimento de fracasso tomava conta do médium.
Suas indagações justas e seus pedidos límpidos nos deixavam emocionados.
A queixa mais marcante do médium, no entanto, era sobre suas actividades espirituais.
Que faria agora?
Que rumo tomaria ante o inesperado?
Teria se precipitado ou o caminho era esse?
Depois de décadas de trabalho assíduo e perseverante, pela primeira vez ele se via sem trabalho, sem compromisso e sem grupo.
A dor da solidão e do desamparo castigava o coração de Antonino.
Dona Modesta, sempre prestimosa e com afecto muito especial para com o médium, solicitou-nos prepará-lo para um encontro nocturno, quando ele se afastasse do corpo físico pelo sono.
Tomamos as providências necessárias.
Acalmamos o servidor e, durante a noite, Antonino, em suave desdobramento do corpo, acompanhou-nos à sala específica no Hospital Esperança para o encontro programado.
Dona Modesta, acompanhada por Cornelius e Eurípedes Barsanulfo, vieram ter com o médium.
O benfeitor Barsanulfo aproximou-se e disse:
- Meu filho, rogo a Deus por ti!
Antonino baixou a cabeça, como se desejasse se ajoelhar, mas o benfeitor não permitiu.
- Mantenha-se de pé, meu filho.
É assim que Jesus precisa de ti.
Erga a fronte no trabalho honesto e prossiga confiante nos dias vindouros.
Esqueça as advertências daqueles que te falaram em fracasso e abandono de nossa parte.
O trabalho começando agora e temos muito por fazer nos séculos vindouros, permita Deus!
Recorda que aqueles que te assinalaram a queda, apenas se importam contigo.
Amam-te como podem e apenas querem o teu bem.
Perdoa-lhes por não te darem quanto gostarias ou do modo como desejavas.
Perdoa a ti também por não saberes compreender as lições, como seria o ideal.
A estrada para Jesus é povoada de armadilhas de ilusão e testes de resistência moral.
Eu te abençoo e o louvo pelo esforço incomparável que fizeste para oferecer o melhor na prova que se encerra.
Conheço-te os caminhos de outrora nos desfiladeiros de longas vidas, e somente uma palavra me resta dizer diante dos testemunhos de agora:
avança um tanto mais.
Guarda seu coração sereno porque a missão que te confiamos continua pelos dias afora.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 16, 2018 8:03 pm

A tarefa a ti confiada na mediunidade é um canal de luz de tão larga expansão que não consegues aferir sua intensidade.
Multidões de almas, aqui mesmo no Hospital Esperança, depositam dilatadas esperanças nos seus esforços tão corajosos para disseminar os ensinos escritos que abrem os horizontes do discernimento e ampliam os ares dos conceitos espirituais no mundo físico.
Sou portador da palavra de centenas desses corações, que me pediram, pessoalmente, que lhe trouxesse essa declaração assinada por todos eles, como um preito de gratidão e, a um só tempo, de estímulo para que, nos dias vindouros, você se recorde, sempre que perder amigos no mundo físico, em experiências como a sua, dilata a amizade no mundo espiritual.
Se no mundo físico torna-se necessária a experiência da solidão temporária, estejas certo que, de nossa parte, estaremos cada dia mais próximos e envolvidos com o teu coração generoso e puro.
Avança!
Tome, isso te pertence e ficará guardado aqui no Hospital para que possas ler quando desejar.
Aqui está o aval que todos nós ratificamos para a continuidade de nossos laços.
- Eu agradeço por seu amor incondicional, Eurípedes!
Antonino não conseguia falar mais nada diante do acontecido.
Pegou o pequeno pergaminho, que lembrava os velhos papiros das escrituras sagradas, no qual mais de duzentas assinaturas de servidores do Hospital Esperança lhe endossavam a caminhada.
Mais uma vez, a misericórdia alimentava nossas almas e supria com a energia essencial da vida aquele médium afadigado pelo bom combate com suas próprias mazelas.
Terminado o encontro, dona Modesta, com uma pequena equipe, deu o braço a Antonino e disse:
- Chega de consolo!
Vamos trabalhar, Antonino?
- Estou com a senhora, dona Modesta.
Varamos o espaço em direcção ao Rio de Janeiro.
Chegamos à Tenda Umbandista Espírita Pai João de Angola, onde nos aguardavam inúmeras responsabilidades.
Pai Zequinha, com uma vidência mediúnica a toda prova, avistou-nos a distância e, quando entramos nas dependências físicas da Tenda, ele expressou em voz alta:
- Já te esperava faz tempo, Antonino.
Vamos trabalhar.
Entrevista
Perguntas formuladas pelo médium Wanderley Oliveira à Maria Modesto Cravo sobre o conteúdo do livro.
Por que nos magoamos, dona Modesta?
Todo sofrimento, segundo Buda, é causado pelo apego.
A mágoa é um sofrimento psicológico decorrente de perturbações emocionais graves.
Sua causa básica é o apego que temos ao que pensamos sobre como algo ou alguém deveria ser.
Quanto mais ilusão, mais magoada será a criatura.
Ilusão! Eis um tema desafiante mesmo!
Por que nos iludimos?
Porque somos egoístas.
E todo egoísta espera que a vida sempre vá lhe atender integralmente as expectativas.
Iludir significa ter um entendimento incompleto e irreal, uma percepção egocêntrica do mundo e das pessoas.
A ilusão na relação humana, por exemplo, é mais comum com as pessoas com quem convivemos.
E qual a razão disso?
Por supormos, em nosso egoísmo, que sabemos tudo sobre as pessoas de nossa convivência.
Judas interpretou as intenções de Jesus erroneamente, diga-se de passagem, e supondo ajudar O entregou para que Ele assumisse o poder romano.
Sabemos como essa história terminou.
A mágoa de Judas consigo mesmo.
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Quem Perdoa Liberta - José Mario / Wanderley Oliveira - Página 6 Empty Re: Quem Perdoa Liberta - José Mario / Wanderley Oliveira

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 16, 2018 8:03 pm

E o que a senhora me diz da ilusão sobre a vida?
É pior que a ilusão da convivência, porque construímos uma ilusão sobre como achamos que o mundo deve ser, gestando, com essa atitude, todo tipo de preconceito possível para não ter de aceitar a realidade dos factos.
Seria coerente afirmar que o tema central deste livro é o perdão?
Os apontamentos desse livro falam-nos de misericórdia.
O rompimento com os fios da mágoa por meio da atitude de misericórdia, o caminho mais curto para o perdão.
Por que é o caminho mais curto?
Quando somos misericordiosos na atitude, conseguimos a leveza de viver de modo incondicional em relação às imperfeições alheias.
Isso subtrai de nosso campo mental o peso de arrastarmos uma relação que já foi contaminada pela desconfiança e pela mágoa.
Usar de misericórdia seria algo como nem ter de perdoar porque não nos ofendemos?
É muito difícil, em nosso estágio de evolução, não nos ofender.
O que muda quando usamos a misericórdia é que permitimos emocionalmente a aceitação.
A aceitação é uma expressão da bondade e do amor que nos enseja ter um olhar de compaixão.
Podemos chamar tudo isso de compreensão.
Quando compreendemos, ainda que a mágoa se aloje por algum tempo, conseguimos movimentar o melhor de nós mesmos para despertar o melhor que existe no outro e romper com a doença emocional que se transformaria, futuramente, em ressentimento.
Os integrantes do Grupo X não foram misericordiosos?
A desconfiança expulsa a misericórdia.
E, sem misericórdia, a ofensa não encontra uma porta de saída.
E do que os integrantes do Grupo X desconfiavam?
Da competência uns dos outros.
Competência!
Sim.
Essa não é uma palavra típica entre nós, espíritas.
O que significa?
Essa é uma palavra com dilatado significado evangélico.
Jesus, líder e mestre incomparável, acreditou sempre nas competências morais e espirituais de quantos passaram por seu caminho, instaurando a psicologia da iluminação por meio da promoção pessoal.
Se você preferir, substitua por habilidades ou qualidades.
Por que desconfiamos das qualidades uns dos outros?
Mais um efeito do nocivo orgulho que nos venda os olhos, super-valorizando-nos em detrimento do outro.
Se é tão difícil reorientar nossa vida mental para acreditar no valor alheio, não menos trabalhoso
é saber o que fazer com o que sentimos quando a luz do outro brilha mais que a nossa.
Infelizmente, nessa situação temos adoptado um comportamento que mata a confiança.
Qual comportamento?
A agressividade do autoritarismo nas relações.
O que é considerado autoritarismo nas relações?
Toda forma de exclusão do diálogo.
Toda forma de agir que conspire contra a conversa franca e fraterna, o bom humor e a alegria conjunta de realizar algo que todos sentem bem-estar em realizar.
Mas... Isso é possível?
Por que me pergunta isso?
Porque tenho visto muita escassez nesse assunto em nossos ambientes espíritas.
Não posso te contestar quanto aos fatos. Mas existem, também, muitas pessoas no Espiritismo entre as quais existe um clima de respeito mútuo aos valores uns dos outros.
Poderíamos, então, dizer que perdoar é dar mais valor às qualidades alheias?
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Quem Perdoa Liberta - José Mario / Wanderley Oliveira - Página 6 Empty Re: Quem Perdoa Liberta - José Mario / Wanderley Oliveira

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 16, 2018 8:03 pm

Não penso desta forma.
Por qual razão?
Perdão é algo para usar quando já pulamos os dois primeiros passos da cadeia de excelência da caridade cristã.
Pode explicar sobre essa cadeia de excelência?
O estudo da resposta dada pelos Tutores da Verdade a Allan Kardec, na questão 886 de O Livro dos Espíritos, é um tratado incomparável de sabedoria acerca da conduta do amor fraternal.
Consultados pelo Codificador sobre qual o conceito de caridade como a entendia Jesus, eles declararam:
Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas".
Antes do perdão, existem duas atitudes fundamentais que expressam o amor em movimento - a benevolência e a indulgência.
Perdão só será necessário quando não aplicamos as duas.
A benevolência tem como sinónimo a misericórdia.
Benevolência é aplicar a bondade ou o bem a alguém.
Nas relações humanas, ser benevolente é focar incondicionalmente os aspectos luminosos de alguém.
Essa é a maior fonte de protecção para não nos ofendermos, porque a ofensa, em um conceito mais prático, significa penetrar e remexer com nossa própria sombra.
No entanto, quando não conseguimos isso, ainda temos outra chance antes de nos enquadrar nas grades da ofensa.
É a indulgência.
Como conceitua José, Espírito Protector, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo X, item 16:
'A indulgência não vê os defeitos de outrem, ou, se os vê, evita falar deles, divulgá-los.
Ao contrário, oculta-os, a fim de que se não tornem conhecidos senão dela unicamente (...)".
A benevolência da misericórdia acende a luz, e a indulgência acciona a protecção para que as sombras íntimas não a arrasem com o vendaval da perturbação.
Quando vemos os defeitos alheios, ainda temos a possibilidade de aplicar a misericórdia e reverter o quadro interno de nossos sentimentos, elevando-os ao patamar de compreensão e bondade.
Nesse clima, conseguimos o respeito às diferenças e ainda podemos realizar a sublime tarefa de enaltecer a benevolência, por meio da aplicação de uma conduta de honestidade emocional com a qual podemos iluminar as sombras que percebemos no outro.
Todavia, quando não conseguimos um estágio produtivo na benevolência e na indulgência, inevitavelmente se instalará a ofensa.
Muitos conceituam ofensa como uma mágoa diante de sérias lesões e perdas.
Pensando com sabedoria, vamos perceber que ofensa é não aceitação.
Toda vez que não aceitamos algo ou alguém, já existe ofensa.
Ofensa, no sentido espiritual, é toda vez que nosso interesse é contrariado.
Nessa óptica, quando nossas expectativas não são atendidas, quando nossos interesses são feridos, quando não compreendemos o modo de agir de alguém ou quando não entendemos as razões de um acontecimento estamos sendo feridos emocionalmente, é isso também se chama mágoa.
Parece que a maioria de nós está mesmo é no terceiro estágio!
Jesus sabia que seria assim.
Por isso recomendou perdão o tempo todo, inclusive que perdoássemos setenta vezes sete.
E como acrescentou Chico Xavier, "setenta vezes sete o mesmo erro".
Perdoar é mesmo se libertar?
Libertar-nos da prisão que nós mesmos construímos para nós.
Vivemos, quase todos, gastando um dilatado volume de energia para manter a opinião negativa que temos acerca de uma pessoa, instituição, ideia ou assunto.
Não conseguindo a protecção da benevolência e nem da indulgência, sentimo-nos ofendidos por alguém ou por algo não ser como gostaríamos que fosse.
Formamos, assim, um parecer, um julgamento, e passamos décadas mantendo esse ponto de vista, sem abertura para revisá-lo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 16, 2018 8:04 pm

Para nós, que conhecemos as verdades espirituais e estamos em longo curso de aprimoramento, semelhante teia vibratória da mágoa torna-se uma exaustiva sobrecarga perante a vida.
E o que fazer para nos libertar?
Perdoar parece uma arte!
Se você pensar bem, perdoar é a arte de aceitar.
Significa entender que tudo acontece por uma razão que impulsiona o progresso, mesmo nas mais indignas e cruéis situações.
Às vezes, nos sentimos impotentes diante deste tema.
Como ter maior compreensão e aceitação para com as pessoas com as quais não conseguimos ser benevolentes nem indulgentes.
Que sugestão nos daria?
Escrevam uma carta para cada uma delas.
Digam tudo o que gostariam de lhes dizer.
Reclamem, falem do mal que lhes causaram, mas digam também que desejam mudar e comecem a descrever como querem vê-los e senti-los.
Escrevam cada uma das cartas em épocas diferentes.
Se tiverem uma foto da pessoa, olhem para ela, relembrem os instantes de dor e, caso tenham momentos de afecto, resgatem-nos.
Após escreverem as cartas, orem e pensem em Jesus abraçando-vos com terno amor.
Simples assim!
Experimente.
E depois entregamos a carta?
Não. Quando já tiverem escrito todas as cartas que gostariam, vão para um lugar na natureza, acendam uma pequena fogueira e coloquem-nas uma a uma.
É o encerramento do ciclo, é a figura simbólica da transformação.
E depois de tudo isso ficamos livres?
Ficarão caso se mantiverem no patamar mais elevado da cadeia de excelência da caridade, sendo sempre benevolentes com todos, jamais insinuando ou se referindo a qualquer um deles com ironia, deboche, raiva ou descaridade.
É algo como virar uma página na vida.
Talvez seja por conta destas explicações que Ermance Dufaux nos orienta tanto em relação ao afecto na convivência!
Afecto é um resultado natural de quem permeia a benevolência e a indulgência.
Nós já nos encontramos muito cansados de nós mesmos em razão do volume de atitudes infelizes ao longo de várias reencarnações.
Ninguém tolera mais a cobrança, a expectativa exagerada, a imposição de regras.
Tudo isso é tomado pelo coração humano, já tão sofrido, como um abuso.
Mais do que nunca a tolerância expressa em enternecido afecto é um alimento essencial na manutenção das boas relações.
Quando iluminamos a vida alheia com alegria, compreensão, gentileza, autêntica aceitação de suas limitações e acolhimento fraternal, não há quem resista ao desejo ardente de caminhar, avançar, fazer esforços para que os projectos de amor e os compromissos compartilhados em comum sejam levados avante com alegria e motivação.
É necessário dizer que o afecto cristão do qual estou tratando aqui é legítimo, sai do coração sem interesse que não seja o de demonstrar a alegria de conviver.
A alegria de ser amigo de alguém, de poder amparar e aprender juntos.
O Grupo X abortou essa espontaneidade por tanto focar as sombras uns dos outros.
Faltou naquele grupo alguém que amasse por amar.
Alguém que algo fizesse por querer verdadeiramente continuar juntos.
Esse é o resultado da ausência de benevolência e indulgência no coração humano.
Passamos a viver quase que por uma obrigação que nos une.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 16, 2018 8:04 pm

Só quando compreendemos e aceitamos, podemos ser afectivos no conceito cristão da palavra, isto é, aceitar o outro na sua particularidade, na sua limitação e, ainda assim, conseguir amá-lo ardentemente, erguendo-o para um mundo novo na transformação pessoal, acolhendo-o de modo envolvente de tal forma que ele se sinta compelido a acreditar em si mesmo.
Só quem ama com esse ardor pode iluminar o coração alheio.
E somente assim, a maioria de nós, já exauridos pelos erros, conseguirá estender a mão e abrir o coração para igualmente acatar a bondade alheia que nos fará ser alguém melhor.
Então, o segredo é realmente, como já disse a senhora na introdução do livro, acreditar mais uns nos outros?
O segredo é investir incondicionalmente na luz que cada pessoa tem dentro de si.
Ter alma aberta para identificar essa luz, ser um exímio desbravador dos talentos espirituais alheios.
Ser um headhunter, um caçador de talentos da alma.
Ajudar o outro a se surpreender consigo mesmo.
A palavra mais transformadora dos tempos modernos, a fiel tradutora do amor em acção, é colaboração.
Ser colaborativo, somar, incentivar, um treinador de emoções.
Que seria de nós se Deus, o Cuidador por excelência, não acreditasse em Seus filhos, criaturas ávidas pelo amor paternal?
O Pai é benevolente e acredita em nós.
Brilhe a vossa luz!
O Pai é indulgente e ilumina nossas sombras, concedendo-nos o melhor.
Que fazeis de especial com sua luz?
Perdão, todavia, é para nós, que ainda não aprendemos que o amor é a mais libertadora conquista para quem deseja a felicidade genuína.
E a maledicência nesse contexto, dona Modesta?
O que você quer perguntar? Seja claro!
A maledicência machuca quando é dirigida a nós.
Como saber o que devemos aproveitar das palavras mal ditas?
Ouçam suas consciências, antes de tudo, tenham atitude respeitosa com a opinião alheia, absorvam as críticas que acrescentam ao bem e tenha muita atenção com o lixo.
Atenção com o lixo?
Na sua casa, o lixo não recebe uma atenção especial?
Sim.
Pois então!
Ele não tem um lugar reservado para não ficar espalhado?
Sim.
É colocado em lugar muito asseado e requer cuidados para não contaminar, não é mesmo?
Sim, é isso mesmo.
Faça o mesmo com o lixo das críticas infundadas e despropositadas.
Coloque-as no recipiente adequado para evitar contaminação e ser destinadas aos depósitos do esquecimento e da transformação.
E que recipiente é este?
Maledicência é lixo e, como tal, espalha o odor que incomoda.
Se as pragas não tivessem uma função na natureza, Deus não as teria criado.
A maledicência tem também uma função para quem faz e para quem recebe.
O ato verbal de mentir, caluniar, escandalizar, em verdade, é um mecanismo de liberação do inconsciente.
Seja em que nível esteja o maledicente, ele vomita pela maledicência sua sombra pessoal.
Todavia, toda maledicência é um escândalo e, como assevera Jesus, em Mateus, capítulo 18, versículo 7, "Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!"
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 16, 2018 8:04 pm

Como exímio psicólogo da alma, Ele esclareceu que não nos furtaríamos do mal da boca imunda, mas não nos deixou órfãos de orientação sobre qual seria o recipiente mais adequado para reciclar a sujeira verbal, com a clássica e esquecida advertência, em Lucas, capítulo 6, versículo 28:
"Bendizei os que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam".
É como a técnica de escrever a carta que nos recomendou?
Certamente.
Tenho uma curiosidade a esse respeito!
Expresse-a.
Essa técnica da carta é usada no Hospital Esperança?
Você não se lembra do caso do pastor Jânio?
Sim, recordo-me.
Na tribuna da humildade, usamos com frequência a técnica da escrita terapêutica.
Muitos conferencistas, quando não conseguem externar seus sentimentos espontaneamente, como fez Jânio, escrevem diversas cartas para serem lidas na tribuna e, depois as comentam com o público.
Por que as cartas nos ajudam?
Porque tomamos contacto com sentimentos ignorados.
Escrever é uma arte e, como tal, é terapêutica, porque faz a alma ir ao encontro do que sabe e sente sobre determinado assunto.
O que nos orienta a fazer para melhorar nossos sentimentos na convivência?
Educarem-se para manterem o pensamento no melhor que cada pessoa possui.
A comunidade espírita é composta de almas em fase de projecção psicológica.
Quem projecta é porque já está investigando suas próprias mazelas.
A multidão que queria apedrejar a mulher em praça pública estava em metamorfose espiritual, sentindo culpas diante de sua sombra pessoal.
Se fossem almas que odiassem e se nutrissem do mal, o apelo do Cristo para atirar a primeira pedra não seria ouvido.
Entretanto, todos se retiraram em exame consciencial.
Eram pessoas boas, apenas desavisadas e com enorme dificuldade de enxergar a trave no próprio olho, conforme o ensino de Jesus.
Por vezes, sentimos ser tão difícil manter mos a mente no lado bom de certas pessoas!
Se conseguirem, pelo menos, desfazerem as mentalizações provenientes dos seus conceitos acerca delas, já darão um grande passo.
A psicologia da iluminação proposta por Cristo não incentiva a negação do que sentimos.
Ninguém terá o mesmo amor por alguém que o tenha ferido ou cometido algum deslize.
A questão de manter-nos no que há de melhor em nosso próximo não nos impedirá completamente de experimentarmos antipatia, indisposição e mal-estar na convivência com algumas pessoas.
O que vamos fazer com o que sentimos é que se torna, para nós, um desafio educativo.
A senhora teria algo mais a dizer sobre o assunto que estamos conversando?
Se possível for, gostaria que fosse novamente reproduzido o texto Apelo por Concórdia, de nosso benfeitor Eurípedes Barsanulfo, como epílogo desta obra.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 16, 2018 8:04 pm

Apêndice
"E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo" - Mateus, 20:27.

A noite adentrava pela madrugada.
Foram reunidos no salão principal do Hospital Esperança, entre outros, um expressivo grupo de líderes de Minas Gerais, ligados ao coração de Eurípedes Barsanulfo.
Os integrantes do Grupo X, igualmente, vieram todos ouvir o apelo do venerável apóstolo do bem, que assim se exprimiu em incomparável humildade:
- "Irmãos de lide, Jesus seja a nossa inspiração!
Diante das batalhas íntimas no longo aprendizado da educação espiritual, vezes sem conta somos assaltados pelo derrotismo e pela indiferença.
Necessário aferir o entendimento no intuito de melhor orientar nossos passos.
União não é tarefa simples de se concretizar.
Concórdia é o trabalho lento e gradativo de vencer a carapaça de nosso egoísmo em direcção a novas experiências.
Nesse momento atribulado e de aferições pelo qual passa a Terra, concórdia é trabalhar pelo possível em detrimento do que seria o ideal.
Preferível avançar alguns passos que estacionar ou recuar ante as oportunidades de realização em conjunto.
Concórdia é entendimento.
Não existe união sem entendimento, que é a capacidade humana de superar suas diferenças sem extingui-las, caminhando juntos em busca de ideais e realizações comuns.
Concórdia requer autenticidade perante a consciência, trabalho digno que motive o entendimento e a oração da indulgência - alimentos para pacificar as relações.
Ninguém se fará servo de todos conforme a directriz de Jesus, caso não edifique a condição de servo de si mesmo.
Ser servo de si mesmo é domar a fúria implacável e milenar do ego, colocando-o a serviço das nobres aspirações que começam a povoar nossos corações na direcção da luz.
'Assim não deve ser entre vós, orientou nosso Pastor.
O círculo das relações legitimamente cristãs haverá de oferecer nova modalidade de convivência, que motive mudanças inadiáveis, em nosso próprio favor.
O medo e o ciúme, a desconfiança e a expectativa exacerbada são raízes de inumeráveis conflitos.
Sentimentos que patrocinam a insegurança, o mal-entendido e a malquerença.
A concórdia, portanto, é tecida com os fios afectivos da lucidez e da fraternidade.
Não nos iludamos com o sentimentalismo, que é o afecto cego e desorientado, desprovido de consciência, frágil.
Somente quem olha para si e reconhece com honestidade a natureza de suas sensações, mesmo as mais indesejáveis, é capaz de entender o que realmente sente por aqueles que diz amar.
Por trás de muitos impulsos afectivos aparentemente enobrecedores, escondem-se antigas tendências de espezinhar com verniz.
Chega a hora de olharmos para dentro e domesticá-las.
Nada é impuro na natureza.
Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros'
O amor é um desafio.
Possuídos ainda por grilhões impiedosos de arrogância e narcisismo, com enorme facilidade descuidaremos da vigilância sobre nossa compulsão em querer ser o maior.
Ao contrário, aquele que quiser tornar-se o maior seja vosso servo', afiançou nosso Guia e Modelo.
O servo de todos será aquele que consolidar em si mesmo a permanente conexão com o self glorioso, de onde brotam os sentimentos de pacificação, desprendimento, serenidade e completude.
No clima interior de ligação com as correntes superiores da vida, o servo alegra-se naturalmente com o êxito do próximo, percebe a utilidade das ideias alheias, cuida em respeitar os limites, pondera sempre que pode para alcançar o melhor, e distancia-se dos arroubos na paixão por cobranças que irritam e asfixiam.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 16, 2018 8:05 pm

Nesse coração ponderado e justo nasce a psicosfera da paz, que abre as portas para o entendimento.
O servo de todos mantém vínculo com o Mestre.
Enquanto o ego patrocina a loucura, o servo de todos mantém-se atento e em sintonia com as Ordens Maiores que fluem, ininterruptamente, nas correntes da vida em estuante equilíbrio.
A mudança no sistema de relações nos ambientes redivivos da mensagem cristã constitui o apelo por concórdia, que verte do Mais Alto em direcção à nossa sensibilidade.
Disciplinar a compulsão pela importância pessoal.
Olhar sem subterfúgios para nosso intenso desejo em brilhar perante os outros.
São sentimentos inevitáveis!
Nada mais natural depois de tanto tempo apegados a nós próprios!
Negá-los, isso sim, constitui um obstáculo ao crescimento.
'Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos'
Não gostamos de ser criticados.
Repudiamos a possibilidade de que alguém seja mais querido que nós mesmos.
Sentimo-nos injustiçados quando alguém nos corrige naquilo de que precisamos.
Chegamos a nos alegrar com os tropeços alheios para nos fazer mais fortes perante outrem.
Não conseguimos conter o impulso maledicente da língua para diminuir o brilho do outro.
Raramente nossa alegria com o êxito de alguém representa consciência do bem pela Obra do Cristo.
Fazemo-nos indiferentes ante as habilidades que florescem nos companheiros de tarefa.
O melindre azorraga-nos quando uma decisão é tomada sem nossa participação.
A inveja nos assalta, impiedosamente, quando alguém produz algo mais criativo e valoroso que nós.
Adoptamos a teimosia quando não queremos seguir as recomendações com que não concordamos.
Disputamos cargos e títulos como se, à luz da Boa Nova, isso fosse privilégio e indício de espiritualização.
A presunção entorpece-nos aponto de acreditarmos ter todas as respostas para a vida alheia.
Invadimos o mundo íntimo das pessoas como se tivéssemos um alvará de quebra dos limites tão somente por acreditar-nos bons o suficiente para entender o que se passa por dentro do coração alheio.
Elegemos modelos de condutas, estabelecendo rótulos com os quais expedimos juízos de suposta verdade sobre o comportamento de nossos amigos.
Olhemos com mais carinho esses sentimentos sem cobrar-nos tributos morais.
Essa é a mais cristalina verdade sobre nós mesmos, da qual não devemos nos envergonhar!
Se alguma razão há para nos envergonharmos, é a de não fazermos nada para transformar a natureza egocêntrica, sob a qual ainda nos encontramos escravizados.
Nos lances conflituosos da vida interpessoal, os percalços não se encontram fora, mas dentro de nós próprios.
Essa gama de reflexos no terreno de nossos sentimentos responde pelas decepções e perdas amorosas.
A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo?
O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria!
Jesus nos aceita em Sua Obra como somos.
Entre nós, porém, grassam disputas enfermiças e desgastantes para aferir quem é o maior.
As relações são perturbadas pelas subtilezas do orgulho, criando gládios intermináveis que entorpecem os raciocínios, minam as forças morais e convidam à obsessão.
Na tarefa cristã existem trabalhos de variadas envergaduras.
Isso não significa que existam servidores mais ou menos importantes.
O serviço do Evangelho no mundo é urgente.
Nem por isso somos essenciais.
O aprendiz das letras cristãs deve regozijar-se pelo facto de estar na Vinha do Senhor.
Os formadores de opinião vigiem suas expressões de trabalho.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 16, 2018 8:05 pm

Não confundamos capacidade realizadora com preparo cristão.
Quanto mais conhecimento e tempo no contacto com as verdades espíritas, mais riscos de se apegar às convicções pessoais.
A experiência costuma causar a sensação de grandeza e acerto.
Nesse clima de descuido, surgem as expressões mais destrutivas da arrogância que nos é pertinente.
Achamo-nos capazes o bastante para esquadrinhar com precisão o que vai na alma do semelhante.
As tarefas não nos colocam maiores uns perante os outros.
Elas nos engrandecem perante a nós mesmos.
Quaisquer sentimentos derivados da necessidade de realce são indícios de enfermidade moral.
Assim não deve ser entre vós.
O clima espiritual de muitas organizações cristãs atuais periclita por deixar de estudar as razões sistémicas que as têm enfraquecido.
Pequenos gestos de desamor, ou mesmo a simples ignorância sobre o que verdadeiramente sentimos uns pelos outros, são fagulhas perigosas no sistema das relações aptas a incendiar as mais caras afeições.
Sejamos francos!
Todavia, vigiemos as expressões da sinceridade mórbida, aquela em que expressamos a realidade do que sentimos, mas nutrindo expectativas de adaptar o próximo aos nossos sentimentos.
A honestidade emocional connosco é potente profilaxia contra a arrogância.
Assumamos sem receios nossa falibilidade escolhendo rever nossas convicções, especialmente as que temos em relação àqueles com os quais ainda não tenhamos nos harmonizado.
Rever convicções é ter a coragem de analisar os factos sob outra perspectiva.
Isso nos levará aos novos aprendizados.
A concórdia não existirá apenas com sonhos fantasistas, abraços de saudade e desculpas passageiras.
São necessárias atitudes.
Atitudes de amor para connosco também.
A atitude de amar-nos tanto quanto merecemos:
um desafio de proporções graves para almas com pouco discernimento entre egoísmo e auto-amor.
A paz seja entre vós.
Regressem aos seus corpos com o sentimento de esperança reavivado em suas almas".

§.§.§- Ave sem Ninho
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