Série Conde J. W. Rochester - ALMA DE MINH’ALMA / MARIA GERTRUDES
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Re: Série Conde J. W. Rochester - ALMA DE MINH’ALMA / MARIA GERTRUDES
O pior, para ela, era o interesse que a prima despertava nos homens.
Todos corriam para ela, enquanto dela ninguém se lembrava.
Nicolau, desde que soubera que Mayra não era sua irmã verdadeira, derretia-se por ela, atendendo a todos os seus pedidos.
A triste criatura foi se envolvendo naquela tela de ciúmes e inveja e sua mente tomou-se um repasto de entidades de baixo teor vibratório, perseguidores cruéis de um passado longínquo e a pobre moça começou a tecer um plano para afastá-la de seu caminho, antes que seu pai também lhe desse parte de sua herança.
A mãe partilhava de suas ideias, porque não simpatizava com Mayra, desejando ajudar afilha, infeliz no amor.
Aliás, tão infeliz quanto ela, que do marido apenas tinha o nome.
Alex Norobod não se incomodava com sua presença, nada que vinha dela o interessava.
Mulher de mente fútil e desocupada, interessava-se em diminuir a moça.
A Sra. Norobod, que não mais existia, era a única pessoa a quem elas demonstravam certo respeito.
Antes que Mayra se mudasse da fazenda com o pai, elas vingar-se-iam daquele belo rosto e de seus modos nobres, não perdiam por esperar.
Kóstia voltou com Nicolau para á cidade. Kréstian estava decidido a ficar, pois, sentia multa falta de sua família, principalmente de Mayra.
- Que bom! Ainda bem que ficaste, Kréstian, tudo aqui ficou muito triste sem tua presença.
Fala-me, agora que temos tempo para tudo!... - pedia-lhe a irmã, agarrando-o pelo braço e descendo uma pequena elevação até um canteiro de jasmins.
- Como nos velhos tempos?
- Sim, Kréstian, como nos velhos tempos!
E as moças? Não me escondas nada, arranjaste namorada?
Kréstlan passou a contar-lhe seus namoricos, os passeios de barco, as carruagens, os teatros, alguns clubes que frequentavam com Kóstia.
Acompanhava-o às reuniões, cuja finalidade era extinguir a servidão que atrapalhava o progresso da pátria russa e extirpar o analfabetismo, o pior inimigo do espírito servil dos mujiques.
- E, Nicolau?
Está feliz com a nova vida? — quis saber, interessada.
- Nicolau confessou-me várias vezes as suas ambições, e lamenta porque não foste ficar com teu verdadeiro pai.
No fundo, Nicolau acha que papai jamais deveria ter escondido tua verdadeira identidade.
Mandou dizer-te que teu quarto está todo mobiliado, aguardando-te.
Precisas ver que luxo...
Móveis parisienses, cortinados e enfeites dignos de ti, do amor que teu outro pai, o Sr. Wladimir, te dedica.
A jovem ouvia-o atenta, incentivando-o a falar tudo sobre a suas vidas.
Lembrava-se saudosa do outro irmão e com curiosidade perguntou:
- Nicolau já se interessou por alguém?
- Curioso, nosso irmão é muito estranho e nem se importa com as moças que sempre o visitam e o convidam para os saraus.
- É mesmo?
- Sim, Mayra. Outro dia, peguei-o a abraçar teu xale.
Lembra-te daquele azul que a Sra. Norobod te deu?
- Está com Nicolau?
Ah! é por isto que dei falta... pensei que o houvesse perdido, mas conta-me direito, o que é mesmo que ele estava fazendo com o meu xale?
- Conto-te, mas jamais lhe diga o que vou te contar...
Estávamos sós, em casa.
O Sr. Wladimir tinha saído para um jogo de póquer em casa de amigos.
Todos corriam para ela, enquanto dela ninguém se lembrava.
Nicolau, desde que soubera que Mayra não era sua irmã verdadeira, derretia-se por ela, atendendo a todos os seus pedidos.
A triste criatura foi se envolvendo naquela tela de ciúmes e inveja e sua mente tomou-se um repasto de entidades de baixo teor vibratório, perseguidores cruéis de um passado longínquo e a pobre moça começou a tecer um plano para afastá-la de seu caminho, antes que seu pai também lhe desse parte de sua herança.
A mãe partilhava de suas ideias, porque não simpatizava com Mayra, desejando ajudar afilha, infeliz no amor.
Aliás, tão infeliz quanto ela, que do marido apenas tinha o nome.
Alex Norobod não se incomodava com sua presença, nada que vinha dela o interessava.
Mulher de mente fútil e desocupada, interessava-se em diminuir a moça.
A Sra. Norobod, que não mais existia, era a única pessoa a quem elas demonstravam certo respeito.
Antes que Mayra se mudasse da fazenda com o pai, elas vingar-se-iam daquele belo rosto e de seus modos nobres, não perdiam por esperar.
Kóstia voltou com Nicolau para á cidade. Kréstian estava decidido a ficar, pois, sentia multa falta de sua família, principalmente de Mayra.
- Que bom! Ainda bem que ficaste, Kréstian, tudo aqui ficou muito triste sem tua presença.
Fala-me, agora que temos tempo para tudo!... - pedia-lhe a irmã, agarrando-o pelo braço e descendo uma pequena elevação até um canteiro de jasmins.
- Como nos velhos tempos?
- Sim, Kréstian, como nos velhos tempos!
E as moças? Não me escondas nada, arranjaste namorada?
Kréstlan passou a contar-lhe seus namoricos, os passeios de barco, as carruagens, os teatros, alguns clubes que frequentavam com Kóstia.
Acompanhava-o às reuniões, cuja finalidade era extinguir a servidão que atrapalhava o progresso da pátria russa e extirpar o analfabetismo, o pior inimigo do espírito servil dos mujiques.
- E, Nicolau?
Está feliz com a nova vida? — quis saber, interessada.
- Nicolau confessou-me várias vezes as suas ambições, e lamenta porque não foste ficar com teu verdadeiro pai.
No fundo, Nicolau acha que papai jamais deveria ter escondido tua verdadeira identidade.
Mandou dizer-te que teu quarto está todo mobiliado, aguardando-te.
Precisas ver que luxo...
Móveis parisienses, cortinados e enfeites dignos de ti, do amor que teu outro pai, o Sr. Wladimir, te dedica.
A jovem ouvia-o atenta, incentivando-o a falar tudo sobre a suas vidas.
Lembrava-se saudosa do outro irmão e com curiosidade perguntou:
- Nicolau já se interessou por alguém?
- Curioso, nosso irmão é muito estranho e nem se importa com as moças que sempre o visitam e o convidam para os saraus.
- É mesmo?
- Sim, Mayra. Outro dia, peguei-o a abraçar teu xale.
Lembra-te daquele azul que a Sra. Norobod te deu?
- Está com Nicolau?
Ah! é por isto que dei falta... pensei que o houvesse perdido, mas conta-me direito, o que é mesmo que ele estava fazendo com o meu xale?
- Conto-te, mas jamais lhe diga o que vou te contar...
Estávamos sós, em casa.
O Sr. Wladimir tinha saído para um jogo de póquer em casa de amigos.
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Re: Série Conde J. W. Rochester - ALMA DE MINH’ALMA / MARIA GERTRUDES
Estava tudo silencioso.
Creio que Nicolau pensou que eu também houvesse saído.
A porta do quarto, entreaberta, dava para espioná-lo sem que ele me visse.
Vi que ele tirava de uma caixa que fica embaixo de seu leito, algo azul.
Não resistindo à curiosidade, querendo saber o que ele guardava na caixa, continuei olhando.
Mayra, era o teu xale azul, reconheci-o logo.
Quase Interferi, quando o vi beijá-lo e abraçá-lo como se tivesse abraçando uma pessoa.
Nunca lhe contes Isto.
Ele jamais me perdoará.
Espantada com a revelação Mayra ficou vermelha como uma cereja.
- Por que será que ele fez isto? - indagou inocentemente.
- Talvez esteja apaixonado por ti - argumentou em tom de brincadeira.
Foi o que me passou pela cabeça, agora sabendo que não és nossa irmã verdadeira.
Para mim, nada alterou, continuas sendo a mesma, amar-te-ei como minha Irmã, para sempre.
- Para mim também, Kréstian, nada mudou, tanto é que nem me interessa deixar nossa vida simples, mesmo com esse dinheiro que Sra. Norobod deixou.
- Papai está disposto a mudar-se, então para a tua chácara?
- O Sr. Wladimir levou a importância para negociar e papacha o aguarda.
Talvez seja melhor sairmos daqui.
Papacha, daqui uns tempos, Kréstian, não conseguirá fazer todo o serviço.
Tenho vontade de me mudar, pois sinto um perigo nos rondando, tenho terríveis pesadelos - confessou Mayra, sentindo-se vulnerável às vibrações de Sónia e Sácha, que tudo faziam para magoá-la.
- Ninguém te fará nenhum mal, estarei sempre por perto para defender-te.
Que mal poderiam fazer-te, Mayra?
- Não sei, Kréstian... sinto perigo de morte.... calafrios...
O Espírito do Sr. Norobod foi afastado... porém, meus pesadelos continuam, deixam-me, no dia seguinte, com fortes dores no corpo.
Não é apenas impressão...
- Vem comigo para S. Petersburgo, lá estarás fora de seus ataques maldosos.
- Esperemos para ver o que papacha decidiu.
Catienka precisa de mim para ajudá-la no serviço doméstico, agora que temos algumas ovelhas e renas a mais.
Papacha está multo feliz com os rublos que lhe dei para comprá-las.
Conforme o acordo entre Sumarokov e Kóstia quanto ao emprego da quantia que a Sra. Norobod legara à neta, foi adquirida uma chácara perto de São Petersburgo, porém, o ex-proprietário só iria desocupá-la no final do ano.
Nesse ínterim, Sumarokov ia ajeitando suas coisas e se acostumando à ideia da mudança, que começava a alegrá-lo.
Finalmente, o mujique confessava-se interessado em sair da fazenda Norobod.
A esposa ficara grávida e ele precisava pensar no futuro de sua família.
A gravidez de Catienka foi anunciada com a maior festa, e decidiram que deveriam se reunir para comemorarem a chegada do irmão.
As coisas se encaminhavam venturosas.
Só Alex não estava muito feliz com aquelas notícias todas.
Não queria perder o valioso empregado, mas se conformava, pensando em melhor futuro para ele e sua família, por quem tinha muita consideração. Pável decidira-se a ficar com ele.
A escola progredia, atraindo mais pessoas para a redondeza e alguns comerciantes que buscavam a vila para explorar suas mercadorias.
A pequena escola prometia abrir um vasto campo cultural, sendo imitada por outras fazendas e aldeolas.
A presença de Pável era muito importante.
Creio que Nicolau pensou que eu também houvesse saído.
A porta do quarto, entreaberta, dava para espioná-lo sem que ele me visse.
Vi que ele tirava de uma caixa que fica embaixo de seu leito, algo azul.
Não resistindo à curiosidade, querendo saber o que ele guardava na caixa, continuei olhando.
Mayra, era o teu xale azul, reconheci-o logo.
Quase Interferi, quando o vi beijá-lo e abraçá-lo como se tivesse abraçando uma pessoa.
Nunca lhe contes Isto.
Ele jamais me perdoará.
Espantada com a revelação Mayra ficou vermelha como uma cereja.
- Por que será que ele fez isto? - indagou inocentemente.
- Talvez esteja apaixonado por ti - argumentou em tom de brincadeira.
Foi o que me passou pela cabeça, agora sabendo que não és nossa irmã verdadeira.
Para mim, nada alterou, continuas sendo a mesma, amar-te-ei como minha Irmã, para sempre.
- Para mim também, Kréstian, nada mudou, tanto é que nem me interessa deixar nossa vida simples, mesmo com esse dinheiro que Sra. Norobod deixou.
- Papai está disposto a mudar-se, então para a tua chácara?
- O Sr. Wladimir levou a importância para negociar e papacha o aguarda.
Talvez seja melhor sairmos daqui.
Papacha, daqui uns tempos, Kréstian, não conseguirá fazer todo o serviço.
Tenho vontade de me mudar, pois sinto um perigo nos rondando, tenho terríveis pesadelos - confessou Mayra, sentindo-se vulnerável às vibrações de Sónia e Sácha, que tudo faziam para magoá-la.
- Ninguém te fará nenhum mal, estarei sempre por perto para defender-te.
Que mal poderiam fazer-te, Mayra?
- Não sei, Kréstian... sinto perigo de morte.... calafrios...
O Espírito do Sr. Norobod foi afastado... porém, meus pesadelos continuam, deixam-me, no dia seguinte, com fortes dores no corpo.
Não é apenas impressão...
- Vem comigo para S. Petersburgo, lá estarás fora de seus ataques maldosos.
- Esperemos para ver o que papacha decidiu.
Catienka precisa de mim para ajudá-la no serviço doméstico, agora que temos algumas ovelhas e renas a mais.
Papacha está multo feliz com os rublos que lhe dei para comprá-las.
Conforme o acordo entre Sumarokov e Kóstia quanto ao emprego da quantia que a Sra. Norobod legara à neta, foi adquirida uma chácara perto de São Petersburgo, porém, o ex-proprietário só iria desocupá-la no final do ano.
Nesse ínterim, Sumarokov ia ajeitando suas coisas e se acostumando à ideia da mudança, que começava a alegrá-lo.
Finalmente, o mujique confessava-se interessado em sair da fazenda Norobod.
A esposa ficara grávida e ele precisava pensar no futuro de sua família.
A gravidez de Catienka foi anunciada com a maior festa, e decidiram que deveriam se reunir para comemorarem a chegada do irmão.
As coisas se encaminhavam venturosas.
Só Alex não estava muito feliz com aquelas notícias todas.
Não queria perder o valioso empregado, mas se conformava, pensando em melhor futuro para ele e sua família, por quem tinha muita consideração. Pável decidira-se a ficar com ele.
A escola progredia, atraindo mais pessoas para a redondeza e alguns comerciantes que buscavam a vila para explorar suas mercadorias.
A pequena escola prometia abrir um vasto campo cultural, sendo imitada por outras fazendas e aldeolas.
A presença de Pável era muito importante.
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Re: Série Conde J. W. Rochester - ALMA DE MINH’ALMA / MARIA GERTRUDES
69 - O atentado
Sácha, no entanto, estava sombria com a sua falta de sorte e dava sequência ao Infeliz plano para ferir a jovem prima, cuja beleza e carisma não suportava.
Planeava desfigurar-lhe o rosto, para que ninguém mais a admirasse.
Iria queimá-la, depois cortaria seu cabelo, prendendo-a longe da casa, no mato, e, assim, ela se vingaria de toda a humilhação que sua presença lhe causava.
Contratou um criado que se simpatizava com ela, oferecendo-lhe alguns copeques para que a auxiliasse.
Prometeu-lhe outros favores e conseguiu organizar seu plano.
Queria que fosse antes do pai e do irmão chegarem de São Petersburgo, pegando-a de surpresa e indefesa.
Assim fez.
Mayra, diariamente, levantava-se cedo paira tratar dos amimais.
O servo chamou-a, dizendo-lhe que uma de suas ovelhas havia pulado a cerca e se encontrava enroscada num cipoal, não muito longe dali.
Explicou-lhe que tentara soltá-la, mas não havia conseguido sozinho e pedia-lhe ajuda.
Inocentemente, a jovem acompanhou-o.
Andaram alguns metros, alcançaram o pequeno mato, quando um vulto apareceu, inesperadamente, com a cabeça encoberta por um capuz.
Era Sácha, que vinha cumprir sua promessa maldosa.
Ajudada pelo criado, jogou-a no chão e prendeu suas mãos com uma corda, cobrindo sua cabeça com um pano escuro.
Mayra gritou, mas naquela hora ninguém a ouviria.
Outros ruídos abafavam seus gritos.
Sácha pegou um pedaço de pau e bateu-lhe na cabeça, desmaiando-a.
Com uma binga, acendeu uma tocha para desfigurar- lhe o rosto.
O criado, penalizado da beleza da moça, não sabendo até que ponto chegara a maldade da patroa, pensando ser apenas uma brincadeirinha, tentou impedi-la daquele gesto terrível.
Mayra, nesse ínterim, com o calor do fogo a sufocá-la, teve uma reacção de desespero, recuperou-se da vertigem e conseguiu se levantar, mas tornou a cair no chão, afastando a perigosa chama com as duas mãos que, amarradas na frente, a protegeram de tão desastroso atentado, enquanto o pano que cobria seu rosto era destruído pela chama.
Ao se curvar sobre Mayra, no chão, Sácha perdeu o seu capuz.
Furiosa por ter sido descoberta, avançou contra a prima com uma tesoura na mão.
A moça parecia ter enlouquecido.
- Segura-a! — gritou para o criado, que conhecia Mayra, e não tinha intenção de machucá-la.
Vou cortar- te o cabelo, este capim amarelo!
O criado segurou Mayra e Sácha cortou-lhe os lindos cabelos louros.
Depois disso, ele deixou-a ir.
Muito contrariada com a actuação do criado, descarregou nele sua raiva com uns tabefes e voltou para casa, cuspindo fogo pelas ventas como se fosse um pequeno dragão vermelho.
- Não consegui fazer tudo o que queria.
Aquele tolo do Mítia há de me pagar! — comentava com a mãe, que se preocupava com o desfecho que sua fúria pudesse provocar.
Orientou-a e pediu-lhe para reflectir um pouco.
Sónia era doidivanas, mas seu coração não era tão perverso.
- Talvez fosse melhor ter acontecido somente isto.
Imagina se a tivesses queimado ou coisa pior lhe acontecido.
Herdaste bem o génio de teu avô.
Nada adiantou suas maldades.
Sácha, no entanto, estava sombria com a sua falta de sorte e dava sequência ao Infeliz plano para ferir a jovem prima, cuja beleza e carisma não suportava.
Planeava desfigurar-lhe o rosto, para que ninguém mais a admirasse.
Iria queimá-la, depois cortaria seu cabelo, prendendo-a longe da casa, no mato, e, assim, ela se vingaria de toda a humilhação que sua presença lhe causava.
Contratou um criado que se simpatizava com ela, oferecendo-lhe alguns copeques para que a auxiliasse.
Prometeu-lhe outros favores e conseguiu organizar seu plano.
Queria que fosse antes do pai e do irmão chegarem de São Petersburgo, pegando-a de surpresa e indefesa.
Assim fez.
Mayra, diariamente, levantava-se cedo paira tratar dos amimais.
O servo chamou-a, dizendo-lhe que uma de suas ovelhas havia pulado a cerca e se encontrava enroscada num cipoal, não muito longe dali.
Explicou-lhe que tentara soltá-la, mas não havia conseguido sozinho e pedia-lhe ajuda.
Inocentemente, a jovem acompanhou-o.
Andaram alguns metros, alcançaram o pequeno mato, quando um vulto apareceu, inesperadamente, com a cabeça encoberta por um capuz.
Era Sácha, que vinha cumprir sua promessa maldosa.
Ajudada pelo criado, jogou-a no chão e prendeu suas mãos com uma corda, cobrindo sua cabeça com um pano escuro.
Mayra gritou, mas naquela hora ninguém a ouviria.
Outros ruídos abafavam seus gritos.
Sácha pegou um pedaço de pau e bateu-lhe na cabeça, desmaiando-a.
Com uma binga, acendeu uma tocha para desfigurar- lhe o rosto.
O criado, penalizado da beleza da moça, não sabendo até que ponto chegara a maldade da patroa, pensando ser apenas uma brincadeirinha, tentou impedi-la daquele gesto terrível.
Mayra, nesse ínterim, com o calor do fogo a sufocá-la, teve uma reacção de desespero, recuperou-se da vertigem e conseguiu se levantar, mas tornou a cair no chão, afastando a perigosa chama com as duas mãos que, amarradas na frente, a protegeram de tão desastroso atentado, enquanto o pano que cobria seu rosto era destruído pela chama.
Ao se curvar sobre Mayra, no chão, Sácha perdeu o seu capuz.
Furiosa por ter sido descoberta, avançou contra a prima com uma tesoura na mão.
A moça parecia ter enlouquecido.
- Segura-a! — gritou para o criado, que conhecia Mayra, e não tinha intenção de machucá-la.
Vou cortar- te o cabelo, este capim amarelo!
O criado segurou Mayra e Sácha cortou-lhe os lindos cabelos louros.
Depois disso, ele deixou-a ir.
Muito contrariada com a actuação do criado, descarregou nele sua raiva com uns tabefes e voltou para casa, cuspindo fogo pelas ventas como se fosse um pequeno dragão vermelho.
- Não consegui fazer tudo o que queria.
Aquele tolo do Mítia há de me pagar! — comentava com a mãe, que se preocupava com o desfecho que sua fúria pudesse provocar.
Orientou-a e pediu-lhe para reflectir um pouco.
Sónia era doidivanas, mas seu coração não era tão perverso.
- Talvez fosse melhor ter acontecido somente isto.
Imagina se a tivesses queimado ou coisa pior lhe acontecido.
Herdaste bem o génio de teu avô.
Nada adiantou suas maldades.
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Re: Série Conde J. W. Rochester - ALMA DE MINH’ALMA / MARIA GERTRUDES
Norobod teve um fim triste e, segundo me contaram, voltou do túmulo para pedir desculpas depois de ter atormentado tanta gente.
Ah! minha filha, começo a pensar que o mal por si só não vale a pena.
Deixa de perseguir a tua prima, ela vai se mudar, logo deixará teu caminho livre...
- Eu queria que ela se fosse muito feia, muito feia, para que ninguém mais gostasse dela! - esperneou a infeliz criatura.
- Deixa disto, Sácha! - recriminou-a a mãe.
Se teu pai souber, poderá te punir, mandando-te para um convento!
Sácha temia o pai e a ameaça que lhe fizera diversas vezes por suas atitudes indelicadas.
Seu ódio a transtornava.
Conseguiu apenas cortar o cabelo da prima e machucar de leve o seu rosto.
Disposta a não desistir, iria procurar alguém mais activo que Mítia para ajudá-la a exercer sua vindicta.
Quando Mayra conseguiu chegar em casa, todos ficaram apavorados com seu aspecto e queriam saber o autor daquela façanha.
Para não prejudicar a prima, embora ela não merecesse sua misericórdia, calou-se, dizendo que fora vítima de um bando de ciganos assaltantes.
Sumarokov e outros homens procuraram, em vão, os ciganos pilhadores.
Não encontraram nenhuma pista, nem souberam notícias deles por perto.
Como podia ter acontecido essa agressão à luz do dia?
Sácha esperava o pior, mas nada aconteceu, e sua vítima não a denunciou.
Nem assim ela se emendou e continuou a provocá-la, agora mais discretamente.
Mayra a evitava para não criar complicações.
Estas atitudes levaram-na a animar seu pai e Catienka a se mudarem o mais rápido possível, receosa de um novo atentado da prima infeliz e com isso magoar o Sr. Alex Norobod, seu tio, a quem tanto devia favores.
Tudo estava acertado entre Alex e Sumarokov, quando chegaram de viagem Kóstia, ansioso por ver a filha, e Nicolau cheio de presentes, trazendo na alma grandes esperanças.
Sácha conseguiu apenas arranhar o rosto de sua prima, deixando seus cabelos danificados com o estranho corte, feito à força, no entanto, nada serviu para diminuir sua beleza.
Catienka, com uma tesoura, aproveitou o resto de seu cabelo e introduziu um novo corte, que a tornou ainda mais atraente, pois o novo modelo obrigava-a a usá-los soltos pelos ombros, penteado diferente dos modelos costumeiros das jovens russas.
Seu aspecto chamou mais atenção do que antes, despertando olhares de admiração.
Sempre havia alguém encantado a admirá-la, enquanto Sácha não conseguia disfarçar sua inveja.
Iulián Sumarokov finalmente decidira mudar-se para o pequeno sítio.
Queria que seu filho nascesse na nova terra, feliz com o novo rumo de suas vidas.
O mujique tomava nova alma e, para comemorar tão feliz decisão, convidou os vizinhos para uma festa no terreiro de sua isbá.
A alegre festa duraria um domingo inteiro.
Mandou avisar os tios e Iulián, exigia que pelo menos seu filho mais velho estivesse presente, para se despedirem da antiga condição de servos.
Kóstia, jubiloso, congratulava-se com eles, vendo que mais uma família era libertada da antiga servidão.
Aproveitou o ensejo para que ele e o camarada Iahgo reunissem os mujiques e os conscientizassem de seus direitos, modificando um pouco a velha mentalidade de seus irmãos camaradas.
Ah! minha filha, começo a pensar que o mal por si só não vale a pena.
Deixa de perseguir a tua prima, ela vai se mudar, logo deixará teu caminho livre...
- Eu queria que ela se fosse muito feia, muito feia, para que ninguém mais gostasse dela! - esperneou a infeliz criatura.
- Deixa disto, Sácha! - recriminou-a a mãe.
Se teu pai souber, poderá te punir, mandando-te para um convento!
Sácha temia o pai e a ameaça que lhe fizera diversas vezes por suas atitudes indelicadas.
Seu ódio a transtornava.
Conseguiu apenas cortar o cabelo da prima e machucar de leve o seu rosto.
Disposta a não desistir, iria procurar alguém mais activo que Mítia para ajudá-la a exercer sua vindicta.
Quando Mayra conseguiu chegar em casa, todos ficaram apavorados com seu aspecto e queriam saber o autor daquela façanha.
Para não prejudicar a prima, embora ela não merecesse sua misericórdia, calou-se, dizendo que fora vítima de um bando de ciganos assaltantes.
Sumarokov e outros homens procuraram, em vão, os ciganos pilhadores.
Não encontraram nenhuma pista, nem souberam notícias deles por perto.
Como podia ter acontecido essa agressão à luz do dia?
Sácha esperava o pior, mas nada aconteceu, e sua vítima não a denunciou.
Nem assim ela se emendou e continuou a provocá-la, agora mais discretamente.
Mayra a evitava para não criar complicações.
Estas atitudes levaram-na a animar seu pai e Catienka a se mudarem o mais rápido possível, receosa de um novo atentado da prima infeliz e com isso magoar o Sr. Alex Norobod, seu tio, a quem tanto devia favores.
Tudo estava acertado entre Alex e Sumarokov, quando chegaram de viagem Kóstia, ansioso por ver a filha, e Nicolau cheio de presentes, trazendo na alma grandes esperanças.
Sácha conseguiu apenas arranhar o rosto de sua prima, deixando seus cabelos danificados com o estranho corte, feito à força, no entanto, nada serviu para diminuir sua beleza.
Catienka, com uma tesoura, aproveitou o resto de seu cabelo e introduziu um novo corte, que a tornou ainda mais atraente, pois o novo modelo obrigava-a a usá-los soltos pelos ombros, penteado diferente dos modelos costumeiros das jovens russas.
Seu aspecto chamou mais atenção do que antes, despertando olhares de admiração.
Sempre havia alguém encantado a admirá-la, enquanto Sácha não conseguia disfarçar sua inveja.
Iulián Sumarokov finalmente decidira mudar-se para o pequeno sítio.
Queria que seu filho nascesse na nova terra, feliz com o novo rumo de suas vidas.
O mujique tomava nova alma e, para comemorar tão feliz decisão, convidou os vizinhos para uma festa no terreiro de sua isbá.
A alegre festa duraria um domingo inteiro.
Mandou avisar os tios e Iulián, exigia que pelo menos seu filho mais velho estivesse presente, para se despedirem da antiga condição de servos.
Kóstia, jubiloso, congratulava-se com eles, vendo que mais uma família era libertada da antiga servidão.
Aproveitou o ensejo para que ele e o camarada Iahgo reunissem os mujiques e os conscientizassem de seus direitos, modificando um pouco a velha mentalidade de seus irmãos camaradas.
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Re: Série Conde J. W. Rochester - ALMA DE MINH’ALMA / MARIA GERTRUDES
70 - Nicolau e Mayra
Nicolau trouxe um belo rapaz moreno, amigo da capital para conhecer sua família e, para o seu sossego, Mikhail encantara-se com a amiga, Sácha.
Logo os dois jovens estavam de namorico às escondidas.
A fogosa menina, acostumada a namorar os tímidos jovens do lugar, alegrou-se com o ousado rapaz.
Para ele, que frequentava altas rodas de São Petersburgo, aquela burguesinha não passava de uma tímida donzela.
Nicolau afastou-se feliz porque estava livre para conversar com sua família e se aproximar da bela Irmã, que não lhe saía da cabeça.
Mayra, por sua vez, desde que Kréstian lhe falara sobre as atitudes estranhas de Nicolau e o episódio do xale, começou a rememorar toda a sua vida, sua Infância, seus irmãos e seu relacionamento com eles.
O carinho que lhe tinham, considerando-a como uma Irmã multo querida, não poderia ser de outra forma.
Nicolau era diferente dos outros, sempre arredio, modo que a levou a pensar que ele a queria menos que os outros, por ser mulher.
Ultimamente, sonhava com ele, recordava-se de seu modo ao olhá-la, envergonhando-se de seu carinho, afastando-se a qualquer demonstração de afecto que viesse por parte dela.
Logo ela que se sentia tão feliz com todos e fazia questão de distribuir com toda sua família, sem excepção, seus beijos, sua ternura e seu carinho.
Olhavam-se de longe, sem contudo se aproximarem.
A festa começou cedo e só terminaria na madrugada.
O mujique queria alegrar toda a vizinhança.
O tempo estava frio e várias fogueiras foram acesas e colocados os samovares do lado de fora para aquecerem.
Em rodas alegres, ao som das mazurcas, os dançarinos mostravam toda a sua técnica; cada um se esmerava mais na elegância e na folia.
Os músicos deixavam que seus instrumentos vibrassem a música russa, extravasando sua saga e seu melancólico romantismo.
Os convidados cantavam antigas canções em que a alma eslava parecia brotar do solo da Mãe Rússia, ora em lamentos, ora em ostensivas alegrias, até explodir na dança, o que mais amavam, batendo palmas num crescente de harmonia, onde os russos deixavam passar toda a sua alegre energia.
Nicolau convidou a irmã para dançarem, sem a antiga timidez, mas com o desejo enorme de ficarem juntos até o amanhecer.
Quem os visse juntos por todos os cantos, nem acreditava que eram dois irmãos e começaram a notar o interesse de Nicolau pela irmã, cuja presença, antigamente, ignorava.
Apenas Sumarokov não via com bons olhos aquela súbita aproximação dos dois, começando a se preocupar.
Recordava-se de que sua Anna havia comentado que seus filhos deveriam crescer, respeitando-a como verdadeira irmã.
Este foi um dos principais motivos de Anna para aceitar a mentira do marido.
O par que ali dançava aos olhos de todos, não parecia de irmãos, mas um casal enamorado.
Quando a música cessou e os dançarinos foram descansar, o pai interferiu, vendo-os em doce colóquio enquanto descansavam da movimentada polca.
- O que fazem tão afastados dos outros?
Vem Mayra, vem Nicolau — Sumarokov, olhando em sua volta, rodou nos pés e perguntou a Nicolau:
— Teu amigo, onde está?
- Refere-se a Mikhail?
- Onde está? - como quem diz, vai procurá-lo.
- Deve estar em algum canto com Sácha - brincou Nicolau com um ar malicioso.
- Tomara que Mikhail goste dela e queira namorá-la - Mayra respirou aliviada.
Com esse namoro, a prima a esqueceria um pouco.
- A propósito, o Sr. Alex estava falando em levá-la para um convento.
Pobrezinha! Não lhe desejaria tal sorte!
Nicolau trouxe um belo rapaz moreno, amigo da capital para conhecer sua família e, para o seu sossego, Mikhail encantara-se com a amiga, Sácha.
Logo os dois jovens estavam de namorico às escondidas.
A fogosa menina, acostumada a namorar os tímidos jovens do lugar, alegrou-se com o ousado rapaz.
Para ele, que frequentava altas rodas de São Petersburgo, aquela burguesinha não passava de uma tímida donzela.
Nicolau afastou-se feliz porque estava livre para conversar com sua família e se aproximar da bela Irmã, que não lhe saía da cabeça.
Mayra, por sua vez, desde que Kréstian lhe falara sobre as atitudes estranhas de Nicolau e o episódio do xale, começou a rememorar toda a sua vida, sua Infância, seus irmãos e seu relacionamento com eles.
O carinho que lhe tinham, considerando-a como uma Irmã multo querida, não poderia ser de outra forma.
Nicolau era diferente dos outros, sempre arredio, modo que a levou a pensar que ele a queria menos que os outros, por ser mulher.
Ultimamente, sonhava com ele, recordava-se de seu modo ao olhá-la, envergonhando-se de seu carinho, afastando-se a qualquer demonstração de afecto que viesse por parte dela.
Logo ela que se sentia tão feliz com todos e fazia questão de distribuir com toda sua família, sem excepção, seus beijos, sua ternura e seu carinho.
Olhavam-se de longe, sem contudo se aproximarem.
A festa começou cedo e só terminaria na madrugada.
O mujique queria alegrar toda a vizinhança.
O tempo estava frio e várias fogueiras foram acesas e colocados os samovares do lado de fora para aquecerem.
Em rodas alegres, ao som das mazurcas, os dançarinos mostravam toda a sua técnica; cada um se esmerava mais na elegância e na folia.
Os músicos deixavam que seus instrumentos vibrassem a música russa, extravasando sua saga e seu melancólico romantismo.
Os convidados cantavam antigas canções em que a alma eslava parecia brotar do solo da Mãe Rússia, ora em lamentos, ora em ostensivas alegrias, até explodir na dança, o que mais amavam, batendo palmas num crescente de harmonia, onde os russos deixavam passar toda a sua alegre energia.
Nicolau convidou a irmã para dançarem, sem a antiga timidez, mas com o desejo enorme de ficarem juntos até o amanhecer.
Quem os visse juntos por todos os cantos, nem acreditava que eram dois irmãos e começaram a notar o interesse de Nicolau pela irmã, cuja presença, antigamente, ignorava.
Apenas Sumarokov não via com bons olhos aquela súbita aproximação dos dois, começando a se preocupar.
Recordava-se de que sua Anna havia comentado que seus filhos deveriam crescer, respeitando-a como verdadeira irmã.
Este foi um dos principais motivos de Anna para aceitar a mentira do marido.
O par que ali dançava aos olhos de todos, não parecia de irmãos, mas um casal enamorado.
Quando a música cessou e os dançarinos foram descansar, o pai interferiu, vendo-os em doce colóquio enquanto descansavam da movimentada polca.
- O que fazem tão afastados dos outros?
Vem Mayra, vem Nicolau — Sumarokov, olhando em sua volta, rodou nos pés e perguntou a Nicolau:
— Teu amigo, onde está?
- Refere-se a Mikhail?
- Onde está? - como quem diz, vai procurá-lo.
- Deve estar em algum canto com Sácha - brincou Nicolau com um ar malicioso.
- Tomara que Mikhail goste dela e queira namorá-la - Mayra respirou aliviada.
Com esse namoro, a prima a esqueceria um pouco.
- A propósito, o Sr. Alex estava falando em levá-la para um convento.
Pobrezinha! Não lhe desejaria tal sorte!
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Re: Série Conde J. W. Rochester - ALMA DE MINH’ALMA / MARIA GERTRUDES
- Seria óptimo para corrigir seus arroubos - e brincou Sumarokov:
- Deveria mandar a mãe, também!
Ambos começaram a rir, porque a fama das duas não era das melhores, e Mayra corrigiu-os:
- Não façam troça.
Devemos ajudá-las, no fundo comportam-se assim para chamarem a atenção do tio Alex - era a primeira vez que Mayra se referia ao Sr. Alex como tio.
Um pensamento passou pela cabeça de Sumarokov, nunca ouvira a filha chamar Kóstia de pai e, com orgulho, pensou:
- Ainda sou o verdadeiro pai, a quem ela sempre chamará papacha.
Ofereceu-lhe o braço e conduziu-a ao meio da festa.
Nicolau, desejoso de estar a sós com ela, contrariado os seguiu.
Kóstia conversava, animado, com um grupo de mujiques, não perdia tempo em reforçar suas ideias liberais, forçando-os a raciocinarem em termos de se transformarem em empregados assalariados, pois o próprio czar assim o queria.
Era a nova mentalidade que o país tinha que assumir, começando pelos camponeses analfabetos e sem perspectivas.
Os três aproximaram-se do grupo e ficaram por ali, participando daquela importante conversa, que para muitos só servia para aumentar a confusão na cabeça do povo.
Mas, era assim que, paulatinamente, se conseguia modificar a mentalidade de mujiques como Iulián Sumarokov.
A festa serviu de prelúdio para algo muito importante que começava a acontecer na alma de Mayra; o desabrochar da mulher.
Seu coração experimentava, ao lado de Nicolau, alegrias que ela mesma não sabia explicar.
A cada momento perto dele, uma nova emoção.
Queria comentar essa sensação com Kréstian, com Catienka, mas sentia-se envergonhada.
Amava Nicolau, não como o amava antes, mas de uma forma totalmente diferente.
Os sentimentos que sentia por ele, nunca seriam iguais aos que sentia por Kréstian, Pável e Iulián.
Aqueles dias foram, para ela, a constatação de que entre os dois havia algo forte, inusitado, capaz de arrebatá-los para uma alegria jamais experimentada.
A timidez foi sendo substituída por uma maior aproximação, e toda a família percebeu que estavam enamorados.
Suas atitudes carinhosas e polidas, o facto de estarem sempre juntos, olhos nos olhos o tempo inteiro, deixavam transparecer que um tímido romance havia surgido entre os dois.
Kóstia também notara o idílio e viu naquele relacionamento seu grande aliado para conseguir a companhia da filha.
Se ela quisesse segui-lo, Sumarokov não poderia impedi-la.
Wladimir incentivava o rapaz, animando-o a levá-la para S. Petersburgo, lá era o seu lugar, com ele, seu verdadeiro pai.
Que Iulián o deixasse cuidar um pouco de sua filha!
Afinal ele tinha tantos filhos, e agora um novo filho a caminho.
Quem sabe viria uma menina?
- Deveria mandar a mãe, também!
Ambos começaram a rir, porque a fama das duas não era das melhores, e Mayra corrigiu-os:
- Não façam troça.
Devemos ajudá-las, no fundo comportam-se assim para chamarem a atenção do tio Alex - era a primeira vez que Mayra se referia ao Sr. Alex como tio.
Um pensamento passou pela cabeça de Sumarokov, nunca ouvira a filha chamar Kóstia de pai e, com orgulho, pensou:
- Ainda sou o verdadeiro pai, a quem ela sempre chamará papacha.
Ofereceu-lhe o braço e conduziu-a ao meio da festa.
Nicolau, desejoso de estar a sós com ela, contrariado os seguiu.
Kóstia conversava, animado, com um grupo de mujiques, não perdia tempo em reforçar suas ideias liberais, forçando-os a raciocinarem em termos de se transformarem em empregados assalariados, pois o próprio czar assim o queria.
Era a nova mentalidade que o país tinha que assumir, começando pelos camponeses analfabetos e sem perspectivas.
Os três aproximaram-se do grupo e ficaram por ali, participando daquela importante conversa, que para muitos só servia para aumentar a confusão na cabeça do povo.
Mas, era assim que, paulatinamente, se conseguia modificar a mentalidade de mujiques como Iulián Sumarokov.
A festa serviu de prelúdio para algo muito importante que começava a acontecer na alma de Mayra; o desabrochar da mulher.
Seu coração experimentava, ao lado de Nicolau, alegrias que ela mesma não sabia explicar.
A cada momento perto dele, uma nova emoção.
Queria comentar essa sensação com Kréstian, com Catienka, mas sentia-se envergonhada.
Amava Nicolau, não como o amava antes, mas de uma forma totalmente diferente.
Os sentimentos que sentia por ele, nunca seriam iguais aos que sentia por Kréstian, Pável e Iulián.
Aqueles dias foram, para ela, a constatação de que entre os dois havia algo forte, inusitado, capaz de arrebatá-los para uma alegria jamais experimentada.
A timidez foi sendo substituída por uma maior aproximação, e toda a família percebeu que estavam enamorados.
Suas atitudes carinhosas e polidas, o facto de estarem sempre juntos, olhos nos olhos o tempo inteiro, deixavam transparecer que um tímido romance havia surgido entre os dois.
Kóstia também notara o idílio e viu naquele relacionamento seu grande aliado para conseguir a companhia da filha.
Se ela quisesse segui-lo, Sumarokov não poderia impedi-la.
Wladimir incentivava o rapaz, animando-o a levá-la para S. Petersburgo, lá era o seu lugar, com ele, seu verdadeiro pai.
Que Iulián o deixasse cuidar um pouco de sua filha!
Afinal ele tinha tantos filhos, e agora um novo filho a caminho.
Quem sabe viria uma menina?
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Re: Série Conde J. W. Rochester - ALMA DE MINH’ALMA / MARIA GERTRUDES
71 - Despedindo-se do passado
Embalado por aquela esperança, no dia seguinte Kóstia quis rever o local onde depositara Mayra ao nascer.
Era uma despedida pela qual seu coração ansiava, como se ali pudesse explicar à filha todo o amor que lhe ia na alma.
Mayra ainda não se aproximara dele como uma filha, tratando-o com respeito, com certa reserva que o machucava, enquanto ele ansiava por tê-la aconchegada a seu peito, levá-la a passeios, proteger, enfim, seu único tesouro.
O pobre homem esperava pacientemente o momento oportuno.
Já conseguira que Iulián se mudasse para perto de S. Petersburgo e seu coração pressentia que seu sofrimento estava chegando ao fim.
Não censurava o discreto namoro dos dois irmãos.
Nicolau e Kréstian haveriam de convencê-la.
Sua consciência lhe ditava que não devia obrigá-la a acompanhá-lo, ou exigir-lhe o amor filial, que pertencia a Sumarokov.
Por coincidência, Kréstian e Mayra queriam visitar o mesmo local, apanhar as últimas azuis do bosque, antes que os camponeses viessem revirar a terra para uma nova plantação de trigo.
Ficou combinado o passeio, a despedida dos belos campos, daquele horizonte que admiraram juntos tantas vezes, sonhando com o porvir.
Tudo mudava em seus destinos.
O Espírito que naquela existência atendia pelo nome de Sácha, acompanhava o grupo com o maior desvelo, auxiliando seu amado, desejando sua felicidade.
Foi encontrá-lo na despedida, naquele palco de dor, quando junto a ele seu ser também se debateu nas sombras da angústia e do desespero, até que a compreensão maior o fizera perceber que somente o tempo, o divino remédio que sarna as dores do coração, poderia aliviá-los de tão cruel sorte.
Seu Espírito acompanhou-os nos prados floridos; Kóstia não se lembrava, em toda a sua vida, de sentir paz igual, nem mesmo quando descobrira a filha, tão parecida à sua amada e desejou-a paira esposa.
Sua alma ainda esteve opressa pela preocupação do futuro.
Envergonhava-se pelo súbito interesse que ela lhe despertara, desejos do homem vulgar e solitário...
Queria que sua filha o chamasse de pai, o tratasse tão carinhosamente como o fazia a Sumarokov.
Sentiu que o futuro lhe pertencia.
Junto ao ser que Sácha lhe deixara para alegrar sua vida laboriosa e solitária.
Se não fora o Ideal abraçado junto aos mujiques, talvez estivesse morto em sua grande solidão.
Aquela menina, doce e meiga, inocente e bela, era sua filha e ele não tinha coragem de apertá-la nos braços, tocam seus cabelos e dizer-lhe:
Filha querida, sou teu pai, aceita-me como tal.”
A saudade de sua Sácha acalmara-se assim que a encontrara, mesmo desconhecendo que ela era sua filhinha pobre abandonada.
Ele não tinha culpa.
Se conhecesse o passado, jamais a teria pedido em casamento.
Sentiu junto de si a amada Sácha, como se ela estivesse ali presente, naquele passeio, ou talvez tivesse vindo também para se despedir.
A saudade de tê-la perdido ainda doía no peito.
Onde estaria sua alma querida?
Estaria ali acompanhando seus passos?
Ouvindo seus pensamentos?
Guardava a certeza de que um dia se reencontrariam no Além, mas cabia a Deus, somente a Ele, o Criador, permitir-lhes um novo reencontro.
A morte não destruía os laços do Espírito, mas perguntava-se atormentado:
- Quando, Meu Deus, verei o meu amor?
E o tempo se calava e a voz de Deus parecia zombar de seu sofrimento, como as tenras flores pareciam brincar com o vento.
A cabana em ruínas ainda estava lá, desafiando o tempo, como se esperasse o fim da história para depois desabar, desabando consigo a tormenta de que foi a muda e silenciosa testemunha.
Suas paredes falavam mais alto que as mais eloquentes palavras.
Era a despedida.
Embalado por aquela esperança, no dia seguinte Kóstia quis rever o local onde depositara Mayra ao nascer.
Era uma despedida pela qual seu coração ansiava, como se ali pudesse explicar à filha todo o amor que lhe ia na alma.
Mayra ainda não se aproximara dele como uma filha, tratando-o com respeito, com certa reserva que o machucava, enquanto ele ansiava por tê-la aconchegada a seu peito, levá-la a passeios, proteger, enfim, seu único tesouro.
O pobre homem esperava pacientemente o momento oportuno.
Já conseguira que Iulián se mudasse para perto de S. Petersburgo e seu coração pressentia que seu sofrimento estava chegando ao fim.
Não censurava o discreto namoro dos dois irmãos.
Nicolau e Kréstian haveriam de convencê-la.
Sua consciência lhe ditava que não devia obrigá-la a acompanhá-lo, ou exigir-lhe o amor filial, que pertencia a Sumarokov.
Por coincidência, Kréstian e Mayra queriam visitar o mesmo local, apanhar as últimas azuis do bosque, antes que os camponeses viessem revirar a terra para uma nova plantação de trigo.
Ficou combinado o passeio, a despedida dos belos campos, daquele horizonte que admiraram juntos tantas vezes, sonhando com o porvir.
Tudo mudava em seus destinos.
O Espírito que naquela existência atendia pelo nome de Sácha, acompanhava o grupo com o maior desvelo, auxiliando seu amado, desejando sua felicidade.
Foi encontrá-lo na despedida, naquele palco de dor, quando junto a ele seu ser também se debateu nas sombras da angústia e do desespero, até que a compreensão maior o fizera perceber que somente o tempo, o divino remédio que sarna as dores do coração, poderia aliviá-los de tão cruel sorte.
Seu Espírito acompanhou-os nos prados floridos; Kóstia não se lembrava, em toda a sua vida, de sentir paz igual, nem mesmo quando descobrira a filha, tão parecida à sua amada e desejou-a paira esposa.
Sua alma ainda esteve opressa pela preocupação do futuro.
Envergonhava-se pelo súbito interesse que ela lhe despertara, desejos do homem vulgar e solitário...
Queria que sua filha o chamasse de pai, o tratasse tão carinhosamente como o fazia a Sumarokov.
Sentiu que o futuro lhe pertencia.
Junto ao ser que Sácha lhe deixara para alegrar sua vida laboriosa e solitária.
Se não fora o Ideal abraçado junto aos mujiques, talvez estivesse morto em sua grande solidão.
Aquela menina, doce e meiga, inocente e bela, era sua filha e ele não tinha coragem de apertá-la nos braços, tocam seus cabelos e dizer-lhe:
Filha querida, sou teu pai, aceita-me como tal.”
A saudade de sua Sácha acalmara-se assim que a encontrara, mesmo desconhecendo que ela era sua filhinha pobre abandonada.
Ele não tinha culpa.
Se conhecesse o passado, jamais a teria pedido em casamento.
Sentiu junto de si a amada Sácha, como se ela estivesse ali presente, naquele passeio, ou talvez tivesse vindo também para se despedir.
A saudade de tê-la perdido ainda doía no peito.
Onde estaria sua alma querida?
Estaria ali acompanhando seus passos?
Ouvindo seus pensamentos?
Guardava a certeza de que um dia se reencontrariam no Além, mas cabia a Deus, somente a Ele, o Criador, permitir-lhes um novo reencontro.
A morte não destruía os laços do Espírito, mas perguntava-se atormentado:
- Quando, Meu Deus, verei o meu amor?
E o tempo se calava e a voz de Deus parecia zombar de seu sofrimento, como as tenras flores pareciam brincar com o vento.
A cabana em ruínas ainda estava lá, desafiando o tempo, como se esperasse o fim da história para depois desabar, desabando consigo a tormenta de que foi a muda e silenciosa testemunha.
Suas paredes falavam mais alto que as mais eloquentes palavras.
Era a despedida.
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Re: Série Conde J. W. Rochester - ALMA DE MINH’ALMA / MARIA GERTRUDES
72 - Tesouro de minh’alma
Como se a cena se desenrolasse diante de si, ampliando sua visão de Espírito, Nicolau voltou seus olhos para aquele grabato, onde se emocionou inexplicavelmente, muito mais que Kóstia ou a própria Mayra. Dominado por uma alegria forte, pediu, educado:
- Deixem-me aqui, um pouco.
Foi neste exacto lugar onde meu Espírito outrora veio encontrar o tesouro de minh’alma —, disse, sem se importar com o que pensassem dele.
Kóstia afastou-se, enquanto Kréstian foi apanhar as flores para a Irmã.
Mayra levada pelo mesmo sentimento, Irmanada no mesmo eflúvio, acompanhou de perto a emoção de Nicolau, emoção que também lhe pertencia, como um elo que os transformasse numa única pessoa.
Mayra parecia uma visão, tão bela e amada criatura, não era sua irmã, mas a alma de sua alma.
- Alma de minh’alma, como eu te busquei, sabendo- te tão perto de mim!
Anjo adorado, nunca mais quero apartar-me de ti!
Tais palavras pareciam encontrar eco em seu coração, como se as tivesse ouvido certa vez numa madrugada fria de outono, a embalar sua alma.
Todo seu ser pendia para Nicolau, como se entre ele e ela, a separação jamais existisse.
- Eu sempre te amei, mais que todos, Nicolau.
Acompanhei-te sempre, e nunca me quiseste como irmã.
Agora sei o que nos perturbava, querias-me para ti.
Precisávamos sentir o amor fraternal, superar juntos as dificuldades, unir nossos sonhos e conquistar a felicidade que nos espera.
Alma de minh’alma...
— Mayra, casa-te comigo?
— Sim. Agora nada nos impede.
Selaram o encontro com um doce beijo, unindo seus corações que Já se encontravam prometidos e enlaçados pela eterna lei, a lei da atracção celeste das almas.
— Se fôssemos irmãos pelos laços da matéria, o que farias, Nicolau?
— Ainda assim continuaria te amando como mulher, mas sempre te aceitando como minha irmã amada...
Como se a cena se desenrolasse diante de si, ampliando sua visão de Espírito, Nicolau voltou seus olhos para aquele grabato, onde se emocionou inexplicavelmente, muito mais que Kóstia ou a própria Mayra. Dominado por uma alegria forte, pediu, educado:
- Deixem-me aqui, um pouco.
Foi neste exacto lugar onde meu Espírito outrora veio encontrar o tesouro de minh’alma —, disse, sem se importar com o que pensassem dele.
Kóstia afastou-se, enquanto Kréstian foi apanhar as flores para a Irmã.
Mayra levada pelo mesmo sentimento, Irmanada no mesmo eflúvio, acompanhou de perto a emoção de Nicolau, emoção que também lhe pertencia, como um elo que os transformasse numa única pessoa.
Mayra parecia uma visão, tão bela e amada criatura, não era sua irmã, mas a alma de sua alma.
- Alma de minh’alma, como eu te busquei, sabendo- te tão perto de mim!
Anjo adorado, nunca mais quero apartar-me de ti!
Tais palavras pareciam encontrar eco em seu coração, como se as tivesse ouvido certa vez numa madrugada fria de outono, a embalar sua alma.
Todo seu ser pendia para Nicolau, como se entre ele e ela, a separação jamais existisse.
- Eu sempre te amei, mais que todos, Nicolau.
Acompanhei-te sempre, e nunca me quiseste como irmã.
Agora sei o que nos perturbava, querias-me para ti.
Precisávamos sentir o amor fraternal, superar juntos as dificuldades, unir nossos sonhos e conquistar a felicidade que nos espera.
Alma de minh’alma...
— Mayra, casa-te comigo?
— Sim. Agora nada nos impede.
Selaram o encontro com um doce beijo, unindo seus corações que Já se encontravam prometidos e enlaçados pela eterna lei, a lei da atracção celeste das almas.
— Se fôssemos irmãos pelos laços da matéria, o que farias, Nicolau?
— Ainda assim continuaria te amando como mulher, mas sempre te aceitando como minha irmã amada...
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Re: Série Conde J. W. Rochester - ALMA DE MINH’ALMA / MARIA GERTRUDES
73 - Pai..
Kóstia voltou à cabana, preocupado com a demora.
Vendo-os enlaçados, raspou a garganta.
Já havia compreendido os sentimentos do rapaz em relação a sua filha, apoiava aquela união como solução de seus propósitos.
Feliz em ver concretizado seus sonhos, felicitou-os:
- Minha filha, - era a primeira vez que ele a tratava assim - tudo feirei para que tua felicidade se concretize.
Farás tua escolha, tua casa em S. Petersburgo te espera.
Mayra, timidamente soltou-se de Nicolau, parecia que a terra inteira não comportava sua ventura e, longe do olhar severo de Sumarokov, ela pode expandir seu carinho e a ternura filial que ele despertava em seu coração, confundindo-a:
- Pai...
Àquele título, Wladlmir estremeceu emocionado, desejando naquele momento abraçá-la, ainda assim aguardou que ela continuasse, mas o som ficava como uma nota harmoniosa a entoar em seus ouvidos.
- Pai -, repetiu para se acostumar ao próprio som - deixa-me primeiro preparar papacha, depois irei para S. Petersburgo.
Esperemos que nasça o filho dele e de Catienka.
Minha separação seria um golpe muito grande para ele.
Nascendo a criança, ele se entreterá com ela e poderemos pensar em nós.
Irei contigo, espontaneamente, pai, porque meu destino é junto a ti e Nicolau.
A felicidade de Kóstia era muito grande, sua filha compensava-o de todo seu sofrimento.
Repetia silenciosamente consigo mesmo:
ela me chamou de pai!
Recordou-se de uma frase de Fédor Dostoievski, o escritor russo, a que ele muito admirava e repetiu alto:
— Meu Deus! Um minuto inteiro de felicidade!
Afinal, não basta isso para encher a vida inteira de um homem?...
Mãos entrelaçadas, os dois enamorados saíram da isbá como se estivessem saindo do túnel do tempo, com a alma repleta de promessas e juras de união.
Por vários séculos tentaram se unir.
Nesta encarnação, o destino os unira como irmãos.
Mesmo assim, nada seria pior que viverem separados.
Ambos tinham grande missão a cumprir e eram gratos ao destino que lhes proporcionou a ventura de serem mais que irmãos, almas entrelaçadas para o infinito.
Kréstian, vendo-os de mãos dadas, olhou surpreso para Mayra, seus irmãos tinham enlouquecido.
Nicolau, muito esperto, ocupara o seu lugar no coração dela, mas logo recebeu a notícia de que eles iam se casar e a surpresa deixou-o calado e abafado como se não fizesse parte daquele enlevo.
Com as mãos cheias de azuis do bosque, ofertou-as à irmã, muito sem graça.
Como uma fada, Mayra quebrou o encanto do irmão:
- Serás sempre o meu mais terno amor, o meu adorado irmãozinho!
Mas, Kréstian não queria brincadeira com ninguém e foi andando na frente sem olhar para trás, enciumado daquele namoro.
Novo golpe abalou a alma de Sumarokov, que não concordava com aquela união, para ele incestuosa.
Decididamente, aquela união não tinha cabimento.
Foi preciso que todos falassem um pouco em sua cabeça.
O Sr. Alex, Kóstia, Catienka e Pável, aprovavam o enlace.
Somente ele se opunha à felicidade do casal.
Aos poucos, envolvido com a mudança, o mujique foi aceitando os factos que não tinha forças para mudar.
Kóstia voltou à cabana, preocupado com a demora.
Vendo-os enlaçados, raspou a garganta.
Já havia compreendido os sentimentos do rapaz em relação a sua filha, apoiava aquela união como solução de seus propósitos.
Feliz em ver concretizado seus sonhos, felicitou-os:
- Minha filha, - era a primeira vez que ele a tratava assim - tudo feirei para que tua felicidade se concretize.
Farás tua escolha, tua casa em S. Petersburgo te espera.
Mayra, timidamente soltou-se de Nicolau, parecia que a terra inteira não comportava sua ventura e, longe do olhar severo de Sumarokov, ela pode expandir seu carinho e a ternura filial que ele despertava em seu coração, confundindo-a:
- Pai...
Àquele título, Wladlmir estremeceu emocionado, desejando naquele momento abraçá-la, ainda assim aguardou que ela continuasse, mas o som ficava como uma nota harmoniosa a entoar em seus ouvidos.
- Pai -, repetiu para se acostumar ao próprio som - deixa-me primeiro preparar papacha, depois irei para S. Petersburgo.
Esperemos que nasça o filho dele e de Catienka.
Minha separação seria um golpe muito grande para ele.
Nascendo a criança, ele se entreterá com ela e poderemos pensar em nós.
Irei contigo, espontaneamente, pai, porque meu destino é junto a ti e Nicolau.
A felicidade de Kóstia era muito grande, sua filha compensava-o de todo seu sofrimento.
Repetia silenciosamente consigo mesmo:
ela me chamou de pai!
Recordou-se de uma frase de Fédor Dostoievski, o escritor russo, a que ele muito admirava e repetiu alto:
— Meu Deus! Um minuto inteiro de felicidade!
Afinal, não basta isso para encher a vida inteira de um homem?...
Mãos entrelaçadas, os dois enamorados saíram da isbá como se estivessem saindo do túnel do tempo, com a alma repleta de promessas e juras de união.
Por vários séculos tentaram se unir.
Nesta encarnação, o destino os unira como irmãos.
Mesmo assim, nada seria pior que viverem separados.
Ambos tinham grande missão a cumprir e eram gratos ao destino que lhes proporcionou a ventura de serem mais que irmãos, almas entrelaçadas para o infinito.
Kréstian, vendo-os de mãos dadas, olhou surpreso para Mayra, seus irmãos tinham enlouquecido.
Nicolau, muito esperto, ocupara o seu lugar no coração dela, mas logo recebeu a notícia de que eles iam se casar e a surpresa deixou-o calado e abafado como se não fizesse parte daquele enlevo.
Com as mãos cheias de azuis do bosque, ofertou-as à irmã, muito sem graça.
Como uma fada, Mayra quebrou o encanto do irmão:
- Serás sempre o meu mais terno amor, o meu adorado irmãozinho!
Mas, Kréstian não queria brincadeira com ninguém e foi andando na frente sem olhar para trás, enciumado daquele namoro.
Novo golpe abalou a alma de Sumarokov, que não concordava com aquela união, para ele incestuosa.
Decididamente, aquela união não tinha cabimento.
Foi preciso que todos falassem um pouco em sua cabeça.
O Sr. Alex, Kóstia, Catienka e Pável, aprovavam o enlace.
Somente ele se opunha à felicidade do casal.
Aos poucos, envolvido com a mudança, o mujique foi aceitando os factos que não tinha forças para mudar.
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Re: Série Conde J. W. Rochester - ALMA DE MINH’ALMA / MARIA GERTRUDES
Dois meses depois, Nicolau e Kóstia regressariam e acompanhariam sua mudança para a chácara, antes que a criança nascesse.
O sítio era uma Jóia, muito bem planeado, o solo enriquecido por um pequeno riacho.
O mujique teria o resto de sua vida para plantar, colher, criar o gado vacum, renas e outros animais.
Semanas depois de instalados, nasceu enfim, uma linda menina, pele clara, cabelos ruivos, olhos azuis como os
seus e muito parecida com a mãe.
Colocaram-lhe o nome de Arma em homenagem à falecida esposa.
Dispensável é tecer a felicidade do casal e de todos que acompanharam a cena.
Meses depois, quando Catienka estava forte e a menina desenvolta, Mayra, elegantemente vestida, seguia com o pai, o noivo e Kréstian para S. Petersburgo, prometendo voltar brevemente.
Seu pai e Catienka ficaram acenando a mão, olhando a rica carruagem desaparecer no horizonte.
- Tantos filhos criados e agora nos resta apenas uma - disse o pai fazendo caminhos e brincando com a pequenina boneca que esperneava no colo de Catienka.
Annochka, minha Annochka, matuchka!
Rochester Ituiutaba, MG, Primavera de 1998.
O sítio era uma Jóia, muito bem planeado, o solo enriquecido por um pequeno riacho.
O mujique teria o resto de sua vida para plantar, colher, criar o gado vacum, renas e outros animais.
Semanas depois de instalados, nasceu enfim, uma linda menina, pele clara, cabelos ruivos, olhos azuis como os
seus e muito parecida com a mãe.
Colocaram-lhe o nome de Arma em homenagem à falecida esposa.
Dispensável é tecer a felicidade do casal e de todos que acompanharam a cena.
Meses depois, quando Catienka estava forte e a menina desenvolta, Mayra, elegantemente vestida, seguia com o pai, o noivo e Kréstian para S. Petersburgo, prometendo voltar brevemente.
Seu pai e Catienka ficaram acenando a mão, olhando a rica carruagem desaparecer no horizonte.
- Tantos filhos criados e agora nos resta apenas uma - disse o pai fazendo caminhos e brincando com a pequenina boneca que esperneava no colo de Catienka.
Annochka, minha Annochka, matuchka!
Rochester Ituiutaba, MG, Primavera de 1998.
Ave sem Ninho- Mensagens : 122575
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal
Re: Série Conde J. W. Rochester - ALMA DE MINH’ALMA / MARIA GERTRUDES
74 - Alma de minh’alma
Oh! alma da minha alma, quantas vezes eu te busquei!
Como te procurei!
Por ti desci aos abismos infernais, vasculhei oceanos, campinas, prados, veredas, escalei montanhas imensas e viajei o cosmo inteiro.
Movi céus e nuvens e, finalmente, te encontrei.
Sim, encontrei-te, na madrugada gelada, numa choça perdida nos rincões do mundo a gemer num catre de dor, quando começavas a emitir os primeiros vagidos e a sentir o hálito da noite fria...
Oh! frágil flor dos meus sonhos, tu parecias esquecida da paternidade divina!
Mas bem perto de ti eu me encontrava, vitalizando-te com minhas vibrações. .
Eras tu, minha pobre criança, nascendo para o mundo inóspito da maldade humana.
Ninguém a escutar teus clamores inocentes, mas eu te ouvi, alma de minha alma e aqui estou para te ofertar todo o meu amor.
Quem me fez encontrar-te?
Não sei, não mo perguntes, coração alado.
Foi a Providência Divina?
Sim... que a ti me conduziu.
Séculos e séculos se passaram, desde a última vez que te avistei.
Por que te separaste de mim, adorável criatura, encerrando-me na cela da saudade e do tormento?
Querias punir-me?
Já não me bastava viver privado de tua presença?...
Que felicidade experimentei ao te ouvir liberando os primeiros vagidos e forçando teus minúsculos pulmões!
Não sabes de teu destino?
És criança, tenro rebento abandonado numa fuma escura e escondida aos olhos do mundo, mas eu te encontrei, amor de minha vida, e agora, queira Deus eu não mais me aparte de ti.
Prometo-te, sim, prometo-te, mesmo que tais promessas te pareçam vãs, o importante agora é redimir-me e ofertar-te minha aliança.
Venho a ti, doce fada, ninho das minhas mais caras lembranças, esperança de meu viver e luz da minha redenção.
Perdoa-me, terno e adorável ser, pois, sem ti, tudo é desolação, dor e saudade.
Hei-de redimir-me dos tristes ais que sofreste por mim!
Sou teu destino e o alento de tua vida, juro ser teu para sempre, meu anjo adorado!
Nicolau Nikolai Sumarokov (Espírito)
§.§.§- O-canto-da-ave
Oh! alma da minha alma, quantas vezes eu te busquei!
Como te procurei!
Por ti desci aos abismos infernais, vasculhei oceanos, campinas, prados, veredas, escalei montanhas imensas e viajei o cosmo inteiro.
Movi céus e nuvens e, finalmente, te encontrei.
Sim, encontrei-te, na madrugada gelada, numa choça perdida nos rincões do mundo a gemer num catre de dor, quando começavas a emitir os primeiros vagidos e a sentir o hálito da noite fria...
Oh! frágil flor dos meus sonhos, tu parecias esquecida da paternidade divina!
Mas bem perto de ti eu me encontrava, vitalizando-te com minhas vibrações. .
Eras tu, minha pobre criança, nascendo para o mundo inóspito da maldade humana.
Ninguém a escutar teus clamores inocentes, mas eu te ouvi, alma de minha alma e aqui estou para te ofertar todo o meu amor.
Quem me fez encontrar-te?
Não sei, não mo perguntes, coração alado.
Foi a Providência Divina?
Sim... que a ti me conduziu.
Séculos e séculos se passaram, desde a última vez que te avistei.
Por que te separaste de mim, adorável criatura, encerrando-me na cela da saudade e do tormento?
Querias punir-me?
Já não me bastava viver privado de tua presença?...
Que felicidade experimentei ao te ouvir liberando os primeiros vagidos e forçando teus minúsculos pulmões!
Não sabes de teu destino?
És criança, tenro rebento abandonado numa fuma escura e escondida aos olhos do mundo, mas eu te encontrei, amor de minha vida, e agora, queira Deus eu não mais me aparte de ti.
Prometo-te, sim, prometo-te, mesmo que tais promessas te pareçam vãs, o importante agora é redimir-me e ofertar-te minha aliança.
Venho a ti, doce fada, ninho das minhas mais caras lembranças, esperança de meu viver e luz da minha redenção.
Perdoa-me, terno e adorável ser, pois, sem ti, tudo é desolação, dor e saudade.
Hei-de redimir-me dos tristes ais que sofreste por mim!
Sou teu destino e o alento de tua vida, juro ser teu para sempre, meu anjo adorado!
Nicolau Nikolai Sumarokov (Espírito)
§.§.§- O-canto-da-ave
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