LUZ ESPÍRITA
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Série Conde J. W. Rochester - ALMA DE MINH’ALMA / MARIA GERTRUDES

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 24, 2016 10:54 pm

O pior, para ela, era o interesse que a prima despertava nos homens.
Todos corriam para ela, enquanto dela ninguém se lembrava.
Nicolau, desde que soubera que Mayra não era sua irmã verdadeira, derretia-se por ela, atendendo a todos os seus pedidos.
A triste criatura foi se envolvendo naquela tela de ciúmes e inveja e sua mente tomou-se um repasto de entidades de baixo teor vibratório, perseguidores cruéis de um passado longínquo e a pobre moça começou a tecer um plano para afastá-la de seu caminho, antes que seu pai também lhe desse parte de sua herança.
A mãe partilhava de suas ideias, porque não simpatizava com Mayra, desejando ajudar afilha, infeliz no amor.
Aliás, tão infeliz quanto ela, que do marido apenas tinha o nome.
Alex Norobod não se incomodava com sua presença, nada que vinha dela o interessava.
Mulher de mente fútil e desocupada, interessava-se em diminuir a moça.
A Sra. Norobod, que não mais existia, era a única pessoa a quem elas demonstravam certo respeito.
Antes que Mayra se mudasse da fazenda com o pai, elas vingar-se-iam daquele belo rosto e de seus modos nobres, não perdiam por esperar.
Kóstia voltou com Nicolau para á cidade. Kréstian estava decidido a ficar, pois, sentia multa falta de sua família, principalmente de Mayra.
- Que bom! Ainda bem que ficaste, Kréstian, tudo aqui ficou muito triste sem tua presença.
Fala-me, agora que temos tempo para tudo!... - pedia-lhe a irmã, agarrando-o pelo braço e descendo uma pequena elevação até um canteiro de jasmins.
- Como nos velhos tempos?
- Sim, Kréstian, como nos velhos tempos!
E as moças? Não me escondas nada, arranjaste namorada?
Kréstlan passou a contar-lhe seus namoricos, os passeios de barco, as carruagens, os teatros, alguns clubes que frequentavam com Kóstia.
Acompanhava-o às reuniões, cuja finalidade era extinguir a servidão que atrapalhava o progresso da pátria russa e extirpar o analfabetismo, o pior inimigo do espírito servil dos mujiques.
- E, Nicolau?
Está feliz com a nova vida? — quis saber, interessada.
- Nicolau confessou-me várias vezes as suas ambições, e lamenta porque não foste ficar com teu verdadeiro pai.
No fundo, Nicolau acha que papai jamais deveria ter escondido tua verdadeira identidade.
Mandou dizer-te que teu quarto está todo mobiliado, aguardando-te.
Precisas ver que luxo...
Móveis parisienses, cortinados e enfeites dignos de ti, do amor que teu outro pai, o Sr. Wladimir, te dedica.
A jovem ouvia-o atenta, incentivando-o a falar tudo sobre a suas vidas.
Lembrava-se saudosa do outro irmão e com curiosidade perguntou:
- Nicolau já se interessou por alguém?
- Curioso, nosso irmão é muito estranho e nem se importa com as moças que sempre o visitam e o convidam para os saraus.
- É mesmo?
- Sim, Mayra. Outro dia, peguei-o a abraçar teu xale.
Lembra-te daquele azul que a Sra. Norobod te deu?
- Está com Nicolau?
Ah! é por isto que dei falta... pensei que o houvesse perdido, mas conta-me direito, o que é mesmo que ele estava fazendo com o meu xale?
- Conto-te, mas jamais lhe diga o que vou te contar...
Estávamos sós, em casa.
O Sr. Wladimir tinha saído para um jogo de póquer em casa de amigos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 24, 2016 10:54 pm

Estava tudo silencioso.
Creio que Nicolau pensou que eu também houvesse saído.
A porta do quarto, entreaberta, dava para espioná-lo sem que ele me visse.
Vi que ele tirava de uma caixa que fica embaixo de seu leito, algo azul.
Não resistindo à curiosidade, querendo saber o que ele guardava na caixa, continuei olhando.
Mayra, era o teu xale azul, reconheci-o logo.
Quase Interferi, quando o vi beijá-lo e abraçá-lo como se tivesse abraçando uma pessoa.
Nunca lhe contes Isto.
Ele jamais me perdoará.
Espantada com a revelação Mayra ficou vermelha como uma cereja.
- Por que será que ele fez isto? - indagou inocentemente.
- Talvez esteja apaixonado por ti - argumentou em tom de brincadeira.
Foi o que me passou pela cabeça, agora sabendo que não és nossa irmã verdadeira.
Para mim, nada alterou, continuas sendo a mesma, amar-te-ei como minha Irmã, para sempre.
- Para mim também, Kréstian, nada mudou, tanto é que nem me interessa deixar nossa vida simples, mesmo com esse dinheiro que Sra. Norobod deixou.
- Papai está disposto a mudar-se, então para a tua chácara?
- O Sr. Wladimir levou a importância para negociar e papacha o aguarda.
Talvez seja melhor sairmos daqui.
Papacha, daqui uns tempos, Kréstian, não conseguirá fazer todo o serviço.
Tenho vontade de me mudar, pois sinto um perigo nos rondando, tenho terríveis pesadelos - confessou Mayra, sentindo-se vulnerável às vibrações de Sónia e Sácha, que tudo faziam para magoá-la.
- Ninguém te fará nenhum mal, estarei sempre por perto para defender-te.
Que mal poderiam fazer-te, Mayra?
- Não sei, Kréstian... sinto perigo de morte.... calafrios...
O Espírito do Sr. Norobod foi afastado... porém, meus pesadelos continuam, deixam-me, no dia seguinte, com fortes dores no corpo.
Não é apenas impressão...
- Vem comigo para S. Petersburgo, lá estarás fora de seus ataques maldosos.
- Esperemos para ver o que papacha decidiu.
Catienka precisa de mim para ajudá-la no serviço doméstico, agora que temos algumas ovelhas e renas a mais.
Papacha está multo feliz com os rublos que lhe dei para comprá-las.
Conforme o acordo entre Sumarokov e Kóstia quanto ao emprego da quantia que a Sra. Norobod legara à neta, foi adquirida uma chácara perto de São Petersburgo, porém, o ex-proprietário só iria desocupá-la no final do ano.
Nesse ínterim, Sumarokov ia ajeitando suas coisas e se acostumando à ideia da mudança, que começava a alegrá-lo.
Finalmente, o mujique confessava-se interessado em sair da fazenda Norobod.
A esposa ficara grávida e ele precisava pensar no futuro de sua família.
A gravidez de Catienka foi anunciada com a maior festa, e decidiram que deveriam se reunir para comemorarem a chegada do irmão.
As coisas se encaminhavam venturosas.
Só Alex não estava muito feliz com aquelas notícias todas.
Não queria perder o valioso empregado, mas se conformava, pensando em melhor futuro para ele e sua família, por quem tinha muita consideração. Pável decidira-se a ficar com ele.
A escola progredia, atraindo mais pessoas para a redondeza e alguns comerciantes que buscavam a vila para explorar suas mercadorias.
A pequena escola prometia abrir um vasto campo cultural, sendo imitada por outras fazendas e aldeolas.
A presença de Pável era muito importante.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 24, 2016 10:54 pm

69 - O atentado

Sácha, no entanto, estava sombria com a sua falta de sorte e dava sequência ao Infeliz plano para ferir a jovem prima, cuja beleza e carisma não suportava.
Planeava desfigurar-lhe o rosto, para que ninguém mais a admirasse.
Iria queimá-la, depois cortaria seu cabelo, prendendo-a longe da casa, no mato, e, assim, ela se vingaria de toda a humilhação que sua presença lhe causava.
Contratou um criado que se simpatizava com ela, oferecendo-lhe alguns copeques para que a auxiliasse.
Prometeu-lhe outros favores e conseguiu organizar seu plano.
Queria que fosse antes do pai e do irmão chegarem de São Petersburgo, pegando-a de surpresa e indefesa.
Assim fez.
Mayra, diariamente, levantava-se cedo paira tratar dos amimais.
O servo chamou-a, dizendo-lhe que uma de suas ovelhas havia pulado a cerca e se encontrava enroscada num cipoal, não muito longe dali.
Explicou-lhe que tentara soltá-la, mas não havia conseguido sozinho e pedia-lhe ajuda.
Inocentemente, a jovem acompanhou-o.
Andaram alguns metros, alcançaram o pequeno mato, quando um vulto apareceu, inesperadamente, com a cabeça encoberta por um capuz.
Era Sácha, que vinha cumprir sua promessa maldosa.
Ajudada pelo criado, jogou-a no chão e prendeu suas mãos com uma corda, cobrindo sua cabeça com um pano escuro.
Mayra gritou, mas naquela hora ninguém a ouviria.
Outros ruídos abafavam seus gritos.
Sácha pegou um pedaço de pau e bateu-lhe na cabeça, desmaiando-a.
Com uma binga, acendeu uma tocha para desfigurar- lhe o rosto.
O criado, penalizado da beleza da moça, não sabendo até que ponto chegara a maldade da patroa, pensando ser apenas uma brincadeirinha, tentou impedi-la daquele gesto terrível.
Mayra, nesse ínterim, com o calor do fogo a sufocá-la, teve uma reacção de desespero, recuperou-se da vertigem e conseguiu se levantar, mas tornou a cair no chão, afastando a perigosa chama com as duas mãos que, amarradas na frente, a protegeram de tão desastroso atentado, enquanto o pano que cobria seu rosto era destruído pela chama.
Ao se curvar sobre Mayra, no chão, Sácha perdeu o seu capuz.
Furiosa por ter sido descoberta, avançou contra a prima com uma tesoura na mão.
A moça parecia ter enlouquecido.
- Segura-a! — gritou para o criado, que conhecia Mayra, e não tinha intenção de machucá-la.
Vou cortar- te o cabelo, este capim amarelo!
O criado segurou Mayra e Sácha cortou-lhe os lindos cabelos louros.
Depois disso, ele deixou-a ir.
Muito contrariada com a actuação do criado, descarregou nele sua raiva com uns tabefes e voltou para casa, cuspindo fogo pelas ventas como se fosse um pequeno dragão vermelho.
- Não consegui fazer tudo o que queria.
Aquele tolo do Mítia há de me pagar! — comentava com a mãe, que se preocupava com o desfecho que sua fúria pudesse provocar.
Orientou-a e pediu-lhe para reflectir um pouco.
Sónia era doidivanas, mas seu coração não era tão perverso.
- Talvez fosse melhor ter acontecido somente isto.
Imagina se a tivesses queimado ou coisa pior lhe acontecido.
Herdaste bem o génio de teu avô.
Nada adiantou suas maldades.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 24, 2016 10:54 pm

Norobod teve um fim triste e, segundo me contaram, voltou do túmulo para pedir desculpas depois de ter atormentado tanta gente.
Ah! minha filha, começo a pensar que o mal por si só não vale a pena.
Deixa de perseguir a tua prima, ela vai se mudar, logo deixará teu caminho livre...
- Eu queria que ela se fosse muito feia, muito feia, para que ninguém mais gostasse dela! - esperneou a infeliz criatura.
- Deixa disto, Sácha! - recriminou-a a mãe.
Se teu pai souber, poderá te punir, mandando-te para um convento!
Sácha temia o pai e a ameaça que lhe fizera diversas vezes por suas atitudes indelicadas.
Seu ódio a transtornava.
Conseguiu apenas cortar o cabelo da prima e machucar de leve o seu rosto.
Disposta a não desistir, iria procurar alguém mais activo que Mítia para ajudá-la a exercer sua vindicta.
Quando Mayra conseguiu chegar em casa, todos ficaram apavorados com seu aspecto e queriam saber o autor daquela façanha.
Para não prejudicar a prima, embora ela não merecesse sua misericórdia, calou-se, dizendo que fora vítima de um bando de ciganos assaltantes.
Sumarokov e outros homens procuraram, em vão, os ciganos pilhadores.
Não encontraram nenhuma pista, nem souberam notícias deles por perto.
Como podia ter acontecido essa agressão à luz do dia?
Sácha esperava o pior, mas nada aconteceu, e sua vítima não a denunciou.
Nem assim ela se emendou e continuou a provocá-la, agora mais discretamente.
Mayra a evitava para não criar complicações.
Estas atitudes levaram-na a animar seu pai e Catienka a se mudarem o mais rápido possível, receosa de um novo atentado da prima infeliz e com isso magoar o Sr. Alex Norobod, seu tio, a quem tanto devia favores.
Tudo estava acertado entre Alex e Sumarokov, quando chegaram de viagem Kóstia, ansioso por ver a filha, e Nicolau cheio de presentes, trazendo na alma grandes esperanças.
Sácha conseguiu apenas arranhar o rosto de sua prima, deixando seus cabelos danificados com o estranho corte, feito à força, no entanto, nada serviu para diminuir sua beleza.
Catienka, com uma tesoura, aproveitou o resto de seu cabelo e introduziu um novo corte, que a tornou ainda mais atraente, pois o novo modelo obrigava-a a usá-los soltos pelos ombros, penteado diferente dos modelos costumeiros das jovens russas.
Seu aspecto chamou mais atenção do que antes, despertando olhares de admiração.
Sempre havia alguém encantado a admirá-la, enquanto Sácha não conseguia disfarçar sua inveja.
Iulián Sumarokov finalmente decidira mudar-se para o pequeno sítio.
Queria que seu filho nascesse na nova terra, feliz com o novo rumo de suas vidas.
O mujique tomava nova alma e, para comemorar tão feliz decisão, convidou os vizinhos para uma festa no terreiro de sua isbá.
A alegre festa duraria um domingo inteiro.
Mandou avisar os tios e Iulián, exigia que pelo menos seu filho mais velho estivesse presente, para se despedirem da antiga condição de servos.
Kóstia, jubiloso, congratulava-se com eles, vendo que mais uma família era libertada da antiga servidão.
Aproveitou o ensejo para que ele e o camarada Iahgo reunissem os mujiques e os conscientizassem de seus direitos, modificando um pouco a velha mentalidade de seus irmãos camaradas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 24, 2016 10:54 pm

70 - Nicolau e Mayra

Nicolau trouxe um belo rapaz moreno, amigo da capital para conhecer sua família e, para o seu sossego, Mikhail encantara-se com a amiga, Sácha.
Logo os dois jovens estavam de namorico às escondidas.
A fogosa menina, acostumada a namorar os tímidos jovens do lugar, alegrou-se com o ousado rapaz.
Para ele, que frequentava altas rodas de São Petersburgo, aquela burguesinha não passava de uma tímida donzela.
Nicolau afastou-se feliz porque estava livre para conversar com sua família e se aproximar da bela Irmã, que não lhe saía da cabeça.
Mayra, por sua vez, desde que Kréstian lhe falara sobre as atitudes estranhas de Nicolau e o episódio do xale, começou a rememorar toda a sua vida, sua Infância, seus irmãos e seu relacionamento com eles.
O carinho que lhe tinham, considerando-a como uma Irmã multo querida, não poderia ser de outra forma.
Nicolau era diferente dos outros, sempre arredio, modo que a levou a pensar que ele a queria menos que os outros, por ser mulher.
Ultimamente, sonhava com ele, recordava-se de seu modo ao olhá-la, envergonhando-se de seu carinho, afastando-se a qualquer demonstração de afecto que viesse por parte dela.
Logo ela que se sentia tão feliz com todos e fazia questão de distribuir com toda sua família, sem excepção, seus beijos, sua ternura e seu carinho.
Olhavam-se de longe, sem contudo se aproximarem.
A festa começou cedo e só terminaria na madrugada.
O mujique queria alegrar toda a vizinhança.
O tempo estava frio e várias fogueiras foram acesas e colocados os samovares do lado de fora para aquecerem.
Em rodas alegres, ao som das mazurcas, os dançarinos mostravam toda a sua técnica; cada um se esmerava mais na elegância e na folia.
Os músicos deixavam que seus instrumentos vibrassem a música russa, extravasando sua saga e seu melancólico romantismo.
Os convidados cantavam antigas canções em que a alma eslava parecia brotar do solo da Mãe Rússia, ora em lamentos, ora em ostensivas alegrias, até explodir na dança, o que mais amavam, batendo palmas num crescente de harmonia, onde os russos deixavam passar toda a sua alegre energia.
Nicolau convidou a irmã para dançarem, sem a antiga timidez, mas com o desejo enorme de ficarem juntos até o amanhecer.
Quem os visse juntos por todos os cantos, nem acreditava que eram dois irmãos e começaram a notar o interesse de Nicolau pela irmã, cuja presença, antigamente, ignorava.
Apenas Sumarokov não via com bons olhos aquela súbita aproximação dos dois, começando a se preocupar.
Recordava-se de que sua Anna havia comentado que seus filhos deveriam crescer, respeitando-a como verdadeira irmã.
Este foi um dos principais motivos de Anna para aceitar a mentira do marido.
O par que ali dançava aos olhos de todos, não parecia de irmãos, mas um casal enamorado.
Quando a música cessou e os dançarinos foram descansar, o pai interferiu, vendo-os em doce colóquio enquanto descansavam da movimentada polca.
- O que fazem tão afastados dos outros?
Vem Mayra, vem Nicolau — Sumarokov, olhando em sua volta, rodou nos pés e perguntou a Nicolau:
— Teu amigo, onde está?
- Refere-se a Mikhail?
- Onde está? - como quem diz, vai procurá-lo.
- Deve estar em algum canto com Sácha - brincou Nicolau com um ar malicioso.
- Tomara que Mikhail goste dela e queira namorá-la - Mayra respirou aliviada.
Com esse namoro, a prima a esqueceria um pouco.
- A propósito, o Sr. Alex estava falando em levá-la para um convento.
Pobrezinha! Não lhe desejaria tal sorte!
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 24, 2016 10:55 pm

- Seria óptimo para corrigir seus arroubos - e brincou Sumarokov:
- Deveria mandar a mãe, também!
Ambos começaram a rir, porque a fama das duas não era das melhores, e Mayra corrigiu-os:
- Não façam troça.
Devemos ajudá-las, no fundo comportam-se assim para chamarem a atenção do tio Alex - era a primeira vez que Mayra se referia ao Sr. Alex como tio.
Um pensamento passou pela cabeça de Sumarokov, nunca ouvira a filha chamar Kóstia de pai e, com orgulho, pensou:
- Ainda sou o verdadeiro pai, a quem ela sempre chamará papacha.
Ofereceu-lhe o braço e conduziu-a ao meio da festa.
Nicolau, desejoso de estar a sós com ela, contrariado os seguiu.
Kóstia conversava, animado, com um grupo de mujiques, não perdia tempo em reforçar suas ideias liberais, forçando-os a raciocinarem em termos de se transformarem em empregados assalariados, pois o próprio czar assim o queria.
Era a nova mentalidade que o país tinha que assumir, começando pelos camponeses analfabetos e sem perspectivas.
Os três aproximaram-se do grupo e ficaram por ali, participando daquela importante conversa, que para muitos só servia para aumentar a confusão na cabeça do povo.
Mas, era assim que, paulatinamente, se conseguia modificar a mentalidade de mujiques como Iulián Sumarokov.
A festa serviu de prelúdio para algo muito importante que começava a acontecer na alma de Mayra; o desabrochar da mulher.
Seu coração experimentava, ao lado de Nicolau, alegrias que ela mesma não sabia explicar.
A cada momento perto dele, uma nova emoção.
Queria comentar essa sensação com Kréstian, com Catienka, mas sentia-se envergonhada.
Amava Nicolau, não como o amava antes, mas de uma forma totalmente diferente.
Os sentimentos que sentia por ele, nunca seriam iguais aos que sentia por Kréstian, Pável e Iulián.
Aqueles dias foram, para ela, a constatação de que entre os dois havia algo forte, inusitado, capaz de arrebatá-los para uma alegria jamais experimentada.
A timidez foi sendo substituída por uma maior aproximação, e toda a família percebeu que estavam enamorados.
Suas atitudes carinhosas e polidas, o facto de estarem sempre juntos, olhos nos olhos o tempo inteiro, deixavam transparecer que um tímido romance havia surgido entre os dois.
Kóstia também notara o idílio e viu naquele relacionamento seu grande aliado para conseguir a companhia da filha.
Se ela quisesse segui-lo, Sumarokov não poderia impedi-la.
Wladimir incentivava o rapaz, animando-o a levá-la para S. Petersburgo, lá era o seu lugar, com ele, seu verdadeiro pai.
Que Iulián o deixasse cuidar um pouco de sua filha!
Afinal ele tinha tantos filhos, e agora um novo filho a caminho.
Quem sabe viria uma menina?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 24, 2016 10:55 pm

71 - Despedindo-se do passado

Embalado por aquela esperança, no dia seguinte Kóstia quis rever o local onde depositara Mayra ao nascer.
Era uma despedida pela qual seu coração ansiava, como se ali pudesse explicar à filha todo o amor que lhe ia na alma.
Mayra ainda não se aproximara dele como uma filha, tratando-o com respeito, com certa reserva que o machucava, enquanto ele ansiava por tê-la aconchegada a seu peito, levá-la a passeios, proteger, enfim, seu único tesouro.
O pobre homem esperava pacientemente o momento oportuno.
Já conseguira que Iulián se mudasse para perto de S. Petersburgo e seu coração pressentia que seu sofrimento estava chegando ao fim.
Não censurava o discreto namoro dos dois irmãos.
Nicolau e Kréstian haveriam de convencê-la.
Sua consciência lhe ditava que não devia obrigá-la a acompanhá-lo, ou exigir-lhe o amor filial, que pertencia a Sumarokov.
Por coincidência, Kréstian e Mayra queriam visitar o mesmo local, apanhar as últimas azuis do bosque, antes que os camponeses viessem revirar a terra para uma nova plantação de trigo.
Ficou combinado o passeio, a despedida dos belos campos, daquele horizonte que admiraram juntos tantas vezes, sonhando com o porvir.
Tudo mudava em seus destinos.
O Espírito que naquela existência atendia pelo nome de Sácha, acompanhava o grupo com o maior desvelo, auxiliando seu amado, desejando sua felicidade.
Foi encontrá-lo na despedida, naquele palco de dor, quando junto a ele seu ser também se debateu nas sombras da angústia e do desespero, até que a compreensão maior o fizera perceber que somente o tempo, o divino remédio que sarna as dores do coração, poderia aliviá-los de tão cruel sorte.
Seu Espírito acompanhou-os nos prados floridos; Kóstia não se lembrava, em toda a sua vida, de sentir paz igual, nem mesmo quando descobrira a filha, tão parecida à sua amada e desejou-a paira esposa.
Sua alma ainda esteve opressa pela preocupação do futuro.
Envergonhava-se pelo súbito interesse que ela lhe despertara, desejos do homem vulgar e solitário...
Queria que sua filha o chamasse de pai, o tratasse tão carinhosamente como o fazia a Sumarokov.
Sentiu que o futuro lhe pertencia.
Junto ao ser que Sácha lhe deixara para alegrar sua vida laboriosa e solitária.
Se não fora o Ideal abraçado junto aos mujiques, talvez estivesse morto em sua grande solidão.
Aquela menina, doce e meiga, inocente e bela, era sua filha e ele não tinha coragem de apertá-la nos braços, tocam seus cabelos e dizer-lhe:
Filha querida, sou teu pai, aceita-me como tal.”
A saudade de sua Sácha acalmara-se assim que a encontrara, mesmo desconhecendo que ela era sua filhinha pobre abandonada.
Ele não tinha culpa.
Se conhecesse o passado, jamais a teria pedido em casamento.
Sentiu junto de si a amada Sácha, como se ela estivesse ali presente, naquele passeio, ou talvez tivesse vindo também para se despedir.
A saudade de tê-la perdido ainda doía no peito.
Onde estaria sua alma querida?
Estaria ali acompanhando seus passos?
Ouvindo seus pensamentos?
Guardava a certeza de que um dia se reencontrariam no Além, mas cabia a Deus, somente a Ele, o Criador, permitir-lhes um novo reencontro.
A morte não destruía os laços do Espírito, mas perguntava-se atormentado:
- Quando, Meu Deus, verei o meu amor?
E o tempo se calava e a voz de Deus parecia zombar de seu sofrimento, como as tenras flores pareciam brincar com o vento.
A cabana em ruínas ainda estava lá, desafiando o tempo, como se esperasse o fim da história para depois desabar, desabando consigo a tormenta de que foi a muda e silenciosa testemunha.
Suas paredes falavam mais alto que as mais eloquentes palavras.
Era a despedida.
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72 - Tesouro de minh’alma

Como se a cena se desenrolasse diante de si, ampliando sua visão de Espírito, Nicolau voltou seus olhos para aquele grabato, onde se emocionou inexplicavelmente, muito mais que Kóstia ou a própria Mayra. Dominado por uma alegria forte, pediu, educado:
- Deixem-me aqui, um pouco.
Foi neste exacto lugar onde meu Espírito outrora veio encontrar o tesouro de minh’alma —, disse, sem se importar com o que pensassem dele.
Kóstia afastou-se, enquanto Kréstian foi apanhar as flores para a Irmã.
Mayra levada pelo mesmo sentimento, Irmanada no mesmo eflúvio, acompanhou de perto a emoção de Nicolau, emoção que também lhe pertencia, como um elo que os transformasse numa única pessoa.
Mayra parecia uma visão, tão bela e amada criatura, não era sua irmã, mas a alma de sua alma.
- Alma de minh’alma, como eu te busquei, sabendo- te tão perto de mim!
Anjo adorado, nunca mais quero apartar-me de ti!
Tais palavras pareciam encontrar eco em seu coração, como se as tivesse ouvido certa vez numa madrugada fria de outono, a embalar sua alma.
Todo seu ser pendia para Nicolau, como se entre ele e ela, a separação jamais existisse.
- Eu sempre te amei, mais que todos, Nicolau.
Acompanhei-te sempre, e nunca me quiseste como irmã.
Agora sei o que nos perturbava, querias-me para ti.
Precisávamos sentir o amor fraternal, superar juntos as dificuldades, unir nossos sonhos e conquistar a felicidade que nos espera.
Alma de minh’alma...
— Mayra, casa-te comigo?
— Sim. Agora nada nos impede.
Selaram o encontro com um doce beijo, unindo seus corações que Já se encontravam prometidos e enlaçados pela eterna lei, a lei da atracção celeste das almas.
— Se fôssemos irmãos pelos laços da matéria, o que farias, Nicolau?
— Ainda assim continuaria te amando como mulher, mas sempre te aceitando como minha irmã amada...
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73 - Pai..

Kóstia voltou à cabana, preocupado com a demora.
Vendo-os enlaçados, raspou a garganta.
Já havia compreendido os sentimentos do rapaz em relação a sua filha, apoiava aquela união como solução de seus propósitos.
Feliz em ver concretizado seus sonhos, felicitou-os:
- Minha filha, - era a primeira vez que ele a tratava assim - tudo feirei para que tua felicidade se concretize.
Farás tua escolha, tua casa em S. Petersburgo te espera.
Mayra, timidamente soltou-se de Nicolau, parecia que a terra inteira não comportava sua ventura e, longe do olhar severo de Sumarokov, ela pode expandir seu carinho e a ternura filial que ele despertava em seu coração, confundindo-a:
- Pai...
Àquele título, Wladlmir estremeceu emocionado, desejando naquele momento abraçá-la, ainda assim aguardou que ela continuasse, mas o som ficava como uma nota harmoniosa a entoar em seus ouvidos.
- Pai -, repetiu para se acostumar ao próprio som - deixa-me primeiro preparar papacha, depois irei para S. Petersburgo.
Esperemos que nasça o filho dele e de Catienka.
Minha separação seria um golpe muito grande para ele.
Nascendo a criança, ele se entreterá com ela e poderemos pensar em nós.
Irei contigo, espontaneamente, pai, porque meu destino é junto a ti e Nicolau.
A felicidade de Kóstia era muito grande, sua filha compensava-o de todo seu sofrimento.
Repetia silenciosamente consigo mesmo:
ela me chamou de pai!
Recordou-se de uma frase de Fédor Dostoievski, o escritor russo, a que ele muito admirava e repetiu alto:
— Meu Deus! Um minuto inteiro de felicidade!
Afinal, não basta isso para encher a vida inteira de um homem?...
Mãos entrelaçadas, os dois enamorados saíram da isbá como se estivessem saindo do túnel do tempo, com a alma repleta de promessas e juras de união.
Por vários séculos tentaram se unir.
Nesta encarnação, o destino os unira como irmãos.
Mesmo assim, nada seria pior que viverem separados.
Ambos tinham grande missão a cumprir e eram gratos ao destino que lhes proporcionou a ventura de serem mais que irmãos, almas entrelaçadas para o infinito.
Kréstian, vendo-os de mãos dadas, olhou surpreso para Mayra, seus irmãos tinham enlouquecido.
Nicolau, muito esperto, ocupara o seu lugar no coração dela, mas logo recebeu a notícia de que eles iam se casar e a surpresa deixou-o calado e abafado como se não fizesse parte daquele enlevo.
Com as mãos cheias de azuis do bosque, ofertou-as à irmã, muito sem graça.
Como uma fada, Mayra quebrou o encanto do irmão:
- Serás sempre o meu mais terno amor, o meu adorado irmãozinho!
Mas, Kréstian não queria brincadeira com ninguém e foi andando na frente sem olhar para trás, enciumado daquele namoro.
Novo golpe abalou a alma de Sumarokov, que não concordava com aquela união, para ele incestuosa.
Decididamente, aquela união não tinha cabimento.
Foi preciso que todos falassem um pouco em sua cabeça.
O Sr. Alex, Kóstia, Catienka e Pável, aprovavam o enlace.
Somente ele se opunha à felicidade do casal.
Aos poucos, envolvido com a mudança, o mujique foi aceitando os factos que não tinha forças para mudar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 24, 2016 10:56 pm

Dois meses depois, Nicolau e Kóstia regressariam e acompanhariam sua mudança para a chácara, antes que a criança nascesse.
O sítio era uma Jóia, muito bem planeado, o solo enriquecido por um pequeno riacho.
O mujique teria o resto de sua vida para plantar, colher, criar o gado vacum, renas e outros animais.
Semanas depois de instalados, nasceu enfim, uma linda menina, pele clara, cabelos ruivos, olhos azuis como os
seus e muito parecida com a mãe.
Colocaram-lhe o nome de Arma em homenagem à falecida esposa.
Dispensável é tecer a felicidade do casal e de todos que acompanharam a cena.
Meses depois, quando Catienka estava forte e a menina desenvolta, Mayra, elegantemente vestida, seguia com o pai, o noivo e Kréstian para S. Petersburgo, prometendo voltar brevemente.
Seu pai e Catienka ficaram acenando a mão, olhando a rica carruagem desaparecer no horizonte.
- Tantos filhos criados e agora nos resta apenas uma - disse o pai fazendo caminhos e brincando com a pequenina boneca que esperneava no colo de Catienka.
Annochka, minha Annochka, matuchka!

Rochester Ituiutaba, MG, Primavera de 1998.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 24, 2016 10:56 pm

74 - Alma de minh’alma

Oh! alma da minha alma, quantas vezes eu te busquei!
Como te procurei!
Por ti desci aos abismos infernais, vasculhei oceanos, campinas, prados, veredas, escalei montanhas imensas e viajei o cosmo inteiro.
Movi céus e nuvens e, finalmente, te encontrei.
Sim, encontrei-te, na madrugada gelada, numa choça perdida nos rincões do mundo a gemer num catre de dor, quando começavas a emitir os primeiros vagidos e a sentir o hálito da noite fria...
Oh! frágil flor dos meus sonhos, tu parecias esquecida da paternidade divina!
Mas bem perto de ti eu me encontrava, vitalizando-te com minhas vibrações. .
Eras tu, minha pobre criança, nascendo para o mundo inóspito da maldade humana.
Ninguém a escutar teus clamores inocentes, mas eu te ouvi, alma de minha alma e aqui estou para te ofertar todo o meu amor.
Quem me fez encontrar-te?
Não sei, não mo perguntes, coração alado.
Foi a Providência Divina?
Sim... que a ti me conduziu.
Séculos e séculos se passaram, desde a última vez que te avistei.
Por que te separaste de mim, adorável criatura, encerrando-me na cela da saudade e do tormento?
Querias punir-me?
Já não me bastava viver privado de tua presença?...
Que felicidade experimentei ao te ouvir liberando os primeiros vagidos e forçando teus minúsculos pulmões!
Não sabes de teu destino?
És criança, tenro rebento abandonado numa fuma escura e escondida aos olhos do mundo, mas eu te encontrei, amor de minha vida, e agora, queira Deus eu não mais me aparte de ti.
Prometo-te, sim, prometo-te, mesmo que tais promessas te pareçam vãs, o importante agora é redimir-me e ofertar-te minha aliança.
Venho a ti, doce fada, ninho das minhas mais caras lembranças, esperança de meu viver e luz da minha redenção.
Perdoa-me, terno e adorável ser, pois, sem ti, tudo é desolação, dor e saudade.
Hei-de redimir-me dos tristes ais que sofreste por mim!
Sou teu destino e o alento de tua vida, juro ser teu para sempre, meu anjo adorado!

Nicolau Nikolai Sumarokov (Espírito)

§.§.§- O-canto-da-ave
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