LUZ ESPÍRITA
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Página 1 de 3 1, 2, 3  Seguinte

Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Out 02, 2014 9:37 am

ABORRECENTE, NÃO.
SOU ADOLESCENTE!

VERA LÚCIA MARINZECK DE CARVALHO

É com muito carinho que dedico este livro a minha amiga Patrícia, autora de quatro livros de sucesso, que encerrou sua carreira de escritora para fazer outra tarefa no plano espiritual.
Nossa amiga não vem mais à Terra, mas seu amor se espalhou entre nós.

Rosângela

Primavera, 1999

Camila bateu com força a porta do quarto, deitou na sua cama e exclamou raivosa:
"Vou chorar até me desmanchar em lágrimas, como diz vovó!"

E o choro veio.
"Por que será que vovó às vezes é tão chata?
Ainda bem que é só às vezes, gosto tanto dela!" — Resmungou de novo.

Camila achava sua avó Esmeralda o máximo.
Mas ela não podia vê-la chorando que falava:
“Menina, um dia você vai desmanchar de tanto chorar".
"Ora, bolas, só choro quando tenho razão ou porque não me dão razão.
É melhor chorar mesmo, ninguém me entende!"

— Ca — gritou seu irmão Leonardo -, a Bia está no telefone.
Você vai atender?
— Claro que vou, seu pirralho!
Pulou da cama, abriu a porta e o irmão estava lá, parado.

Olhou-a aborrecido e resmungou:
— Faço o favor de lhe chamar e você me ofende.
A garota preferiu não discutir com o irmão para não deixar Bia esperando ao telefone.
Apenas murmurou:
— Está bem, desculpe-me!

Ele virou as costas e afastou-se.
Camila gostava do irmão, ele era dois anos mais novo, mas o achava tão imaturo!
Era peralta, vivia aprontando, mas era amoroso.
Se pelo menos ele não mexesse tanto em suas coisas e não lhe aborrecesse com suas peraltices e malcriações...

Esqueceu que queria chorar.
Ana Beatriz, sua amiga Bia, tinha ido a uma festa e certamente tinha novidades para lhe contar.

Já estava conversando havia tempo quando Rejane, a empregada, veio lhe dizer:
— Camila, dona Lúcia telefonou na vizinha e pediu para que você desligasse o telefone que ela quer lhe falar.
"Mais esta — pensou.
Não posso fazer nada nesta casa!"

Ainda ficou uns minutos, não dava para desligar, Bia ainda tinha de contar como foi o final da festa.
Despediram-se e ela ficou perto do telefone, esperando.
Tocou, era sua mãe.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Out 02, 2014 9:37 am

— Camila, por favor, queria ligar aí e não conseguia!
Não vou almoçar em casa, diga a Rejane para fazer o de costume.
Volto à noite. Cuide de seu irmão e juízo!

Camila foi dar o recado.

Leonardo estava vendo televisão e, ao escutar, comentou:
— Coitada da mamãe, trabalha muito!
Será, Ca, que papai conseguirá pagar a mensalidade do nosso inglês?
Também não quero sair do judo.
— É, Leo, a situação financeira está difícil, espero que mamãe não perca o emprego.

Camila suspirou.

"Bem, agora que tudo está calmo, poderei ir chorar de novo.
Chorar? Não estou mais com vontade.
Por que estava chorando mesmo?
Ah, sim, papai não me deixou ir á festa numa república, que é uma casa em que moram só estudantes.

Estou revoltada.
Além de um 'não', tenho de escutar:
'Camila, minha filha, você é muito nova para ir nessas festas, lá vão garotos mais velhos'.

"Mais velhos! Não sou criança! – Resmungou com raiva.
Injustiça não me deixarem ir em nada, ou quase nada!"

Mas, pensando bem, já não estava com vontade de ir mais, depois que Bia lhe falou:
"Na festa, ontem, me chamaram de pirralha, um garoto me disse que a festa era para adultos, não vou mais nessas festas e não irei na de hoje.
Cristiano nem me olhou e ficou com uma menina".

Bia estava ofendida e com razão. Nem ela queria mais ir à tal festa, que gerara tanta discussão em casa.

— Que feriado escolar chato! — Resmungou.
— Por que tudo para você é chato? – Indagou Leo.
Para mim não é. Vou depois do almoço à casa do Fabiano, vamos jogar bola.
Seria bom se eles inventassem mais feriados escolares, mais reuniões, assim teríamos mais folga.

— E acabaríamos sem aprender – replicou Camila.
— Bem, vou ver se algumas amigas vêm aqui em casa.
Mariana, sua melhor amiga, e Sara vieram à tarde e conversaram animadas.

— Gostava das festas de família, era bom encontrar com os primos e fazer bagunça, mas agora não acho graça — falou Sara.
— Pois eu gosto. Não tenho muitos primos, só dois, somos amigos e ficamos conversando.
Acho reuniões familiares importantes, é gostoso sermos unidos e saber que podemos contar com eles — falou Mariana.

— Eu prefiro festa de amigos, com muita gente que não conheço — expressou Camila.
Mas não gosto de me sentir deslocada.
Queria ir numa festa vestida com uma roupa maravilhosa que chamasse a atenção de todos.

— Se muitas pessoas me olharem, fico envergonhada — sorriu Mariana.
— Pois eu gosto de ser alvo de atenção! — exclamou Camila.
— Olhem quem fala, logo você, Ca, que é tímida! — falou rindo Mariana.
— Era, não sou mais — defendeu-se a garota.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Out 02, 2014 9:38 am

E cada uma imaginou a festa de seus sonhos, e a tarde passou depressa.
À noite sua mãe chegou cansada e ainda foi fazer algumas tarefas, guardar roupas, preparar o lanche.

Depois de lancharem, Leo ligou a televisão, mas sua mãe desligou.
Camila trocou um olhar com o irmão, vinha bronca.

— Trabalho o dia inteiro, estou cansada, chego em casa e vocês dois, que nem aula tiveram, não foram capazes de fazer nada para me ajudar.
Leo, você comeu na sala, por que não limpou o que sujou?
Você, Camila, por que não guardou para mim as roupas que Rejane passou?
Vocês já estão grandes e devem ter responsabilidades.

— Sou grande para muitas coisas e criança para outras.
Não aguento mais isso! — Resmungou Camila.

— É verdade! — Disse a mãe.
Você é criança para certas coisas e bem grandinha para outras.
Questão de ponto de vista.
Para mim você já deve ter algumas responsabilidades, como me ajudar e entender que ainda não tem idade para ir a certos lugares.

Mas o assunto não tem nada a ver com idade, mas com telefone.
Quero lhe pedir, Camila, que não o use tanto.
Queria lhe dar um recado, tento, tento e nada.

Que nervoso! Tenho de ligar para a vizinha para pedir que você desligue para que eu consiga falar.

— Foi a Bia quem ligou — defendeu-se Camila.
— Filha, telefone foi feito para recados, deve ser rápida ao usá-lo.
Vocês se encontram todos os dias, já conversam tanto!
Não quero mais você horas nesse telefone. Não quero!

O pai, Osmar, chegou também cansado e escutou o final da conversa.

Após, os cumprimentou e falou:
— A conta de telefone está alta, vou descontar da sua mesada, Camila.
É melhor usá-lo menos.

— Não sou eu, o Leo também fala muito - acusou a garota.
— Eu não! — Defendeu-se Leonardo.
— Bem, é melhor entrarmos num acordo.
Vamos todos usar menos o telefone — falou a mãe.

Lúcia foi com Osmar até a cozinha.
Camila sentou-se no sofá, aborrecida.
— Ca — disse Leo - é melhor cooperarmos.
Se não fizermos economia, adeus aulas de inglês.

— Isso não! — Exclamou ela, pensando no "gato" do Rogério, que estudava na sua sala.
— Coitados, papai e mamãe trabalham muito — suspirou o menino.
— É... Mas você, pirralho, não cumpriu a sua parte.
Olha a bagunça que fez!

Leo levantou-se e começou a arrumar a sala.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Out 02, 2014 9:38 am

Camila pensou:
"Meu irmão tem razão, papai e mamãe trabalham, se esforçam para nos dar o melhor.
Devo cooperar!"

Seus avós, os pais de Lúcia, chegaram: o avô Basilo e a avó Matilde.
Era dia de fazer o Evangelho no Lar e eles vinham sempre para participar.
Reuniram-se na sala.
Leo assistia a um programa, achou ruim, mas nada disse.
Quando eram crianças, a mãe lia para eles O Evangelho da meninada*.

Agora, com eles adolescentes, liam e estudavam o Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec.
Todos gostavam, após conversavam por minutos, trocando ideias sobre os problemas de cada um.
Depois da leitura do Evangelho e comentários, a avó ou Leonardo sempre liam algo que achavam bonito ou interessante.

Naquela noite, vó Matilde leu do livro Sinal verde 1 o capítulo Perante os Amigos.

Camila gostou muito, parecia que era para ela as frases:
"O amigo é uma bênção que nos cabe cultivar no clima da gratidão".
"Se Jesus nos recomendou amar os inimigos, imaginemos com que imenso amor nos compete amar aqueles que nos oferecem o coração."

— Eu — disse Leo — continuo com o mesmo problema, Ricardo me persegue.
Estou evitando brigar com ele, estou mesmo, mas ele é briguento, mandão, já bateu em diversos garotos na escola e está me provocando.
Sei que posso enfrentá-lo, luto judo, mas como me foi recomendado, evito.

— Isso, filho — disse o pai - demonstramos ser o mais forte quando conseguimos superar a agressividade.
Continue evitando esse garoto.
— Eu quero pedir aos bons espíritos que me ajudem a não perder o emprego.
A situação na empresa está difícil, rogo para Jesus orientá-los — disse Lúcia.

Camila olhou para a mãe, que estava preocupada, pois, se fosse demitida, iriam passar por dificuldades financeiras.
Pediu com fervor a Jesus para que os orientasse.

Vó Matilde orou em voz alta:
— Jesus, permita que os bons espíritos estejam connosco nos orientando para o bem, e que nós os escutemos e tenhamos força para repelir as más influências, seja de encarnados ou desencarnados.
Neste momento que estamos juntos, possamos receber fluidos benéficos da natureza.
Vamos repelir tudo de ruim que temos em nós, receber gratos as boas coisas e tudo fazer para permanecermos com as energias positivas.
Agradecemos a Deus, a Jesus, pelos espíritos bons e protectores, e que o Pai nos abençoe.

A reunião acabou, Osmar levantou-se, foi para a cozinha e começou a trabalhar.
— Trouxe serviço para casa, papai? – Indagou Camila.
— Não, filha, estou fazendo um acerto nas contas a pagar de nossa casa.

A garota olhou a conta do telefone e se envergonhou, estava alta.

Lenita, uma amiga de sua mãe, chegou.
Morava perto, veio buscar um livro emprestado e ficou conversando com Lúcia na varanda.
Camila, mesmo sabendo que era errado, ao ouvir falar seu nome parou no hall para escutar.

— Lenita — disse Lúcia - você que teve filhos adolescentes, me diga:
quando eles entram nesta fase, quais são os sintomas?
— Você diz sintomas como se fosse doença — riu Lenita.
Não é! Mas sim uma fase bonita da vida da gente.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Out 02, 2014 9:38 am

— Alguns dizem ser aborrecência — expressou Lúcia.
É que quero entender Camila para ajudá-la.

— Nessa idade, uns mais novos, outros com alguns anos mais, passam por uma transformação, saem da fase infantil para a mocidade.
E você faz muito bem em tentar entendê-los.
Tive cinco filhos, um perto do outro, e cheguei à conclusão de que tudo deve ser visto com maturidade.

Uns gostam de ficar muito tempo tomando banho, outros não gostam de fazê-lo.
As meninas, talvez mais sensíveis, choram muito e à toa e gostam de se trancar no quarto.
Alguns resolvem comer muito ou fazer perigosos regimes.

Quase todos se julgam não-amados e incompreendidos.
Aquele "ninguém me entende" é muito repetido.
De facto, para muitas coisas são grandes; para outras, novos e imaturos.

— Que fazer? — Perguntou Lúcia.
— Continuar como sempre, tentando orientá-los, às vezes sendo firme e pondo limites.
Com os meus não dei muita importância quando eles queriam fazer algo como crianças, mas prestei atenção para que não fizessem coisas antes da hora.

Certamente obriguei a tomar banho e impliquei com os demorados.
Muitos nessa fase são desajeitados, crescem rápido e parecem não saber lidar com seu tamanho, são estabanados, mas precisam prestar atenção para não derrubarem a casa. Lúcia, o que pode nos preocupar são os que querem emoções perigosas.

Aja como sempre, com carinho, protecção, cuidado e energia.
Tudo isso é amor e esse afecto é o que nos sustenta sempre.

Camila sentiu-se envergonhada por estar escutando e afastou-se devagar.
Resolveu ligar para Mariana.
Tinha de contar a alguém o que escutara.
Prometeu a si mesma que seria rápida.

— Oi, Ma! Você sente sua mãe preocupada com você?
— Mamãe está preocupada demais, tem muitos problemas, mas acho que não é comigo.
Não faço nada para isso — respondeu Mariana.
— É que.... — Camila narrou à amiga o que escutou.

— Isso é bom, é sinal de que sua mãe quer o melhor para você e está tentando compreendê-la.
— Pais têm cada uma.
Ora querem nos entender, ora nos chamam de aborrecentes. – acrescentou Camila.
— Será que não exageramos e aborrecemos mesmo? — Indagou Mariana.
— É, até pode ser. — Camila lembrou da bronca por usar muito o telefone e tratou de se despedir.
— Ma, amanhã a gente se fala. Tchau!

Foi para seu quarto e se pôs a pensar:
"Mamãe quer me ajudar, quer me entender, ela me ama e isso é bom.
Mas eu não estou fazendo nada, está tudo certo comigo".

Foi dormir, no dia seguinte teria de levantar cedo.
Encontrou as amigas na escola.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Out 02, 2014 9:38 am

— Fale da festa, Bia — pediu Mariana.
Bia falou um pouco sem entusiasmo.
Todas já sabiam o que ocorrera na festa.
— Já nos contou tudo por telefone — falou Sara.
— Acho que estamos falando muito ao telefone — disse Camila.

— Minha mãe está implicando — falou Mariana.
— A minha também — confessou Beatriz..
E com razão, ontem fiquei horas ao telefone.
— Falando da festa! — Suspirou Mariana.
— Não posso nem lembrar que parece que vejo aquele garoto metido a dizer:
"Pirralha, o que faz aqui esta menininha?" — Lamentou Beatriz, sentida.

— Que chato! Festa de criança é uma babaquice, e os mais velhos nos repelem — queixou-se Camila.
— A solução é nos reunirmos com a turma de nossa idade — opinou Mariana.

Foram para a sala de aula.
Camila tinha de prestar bastante atenção, estava com notas baixas em matemática.
Queria recuperar, não queria repetir a série.
Se isso acontecesse se se separaria das colegas, amigas de anos.
Resolveu estudar.
A tarde Mariana foi à sua casa.

— Ca, estou chateada, aborrecida, triste...
— O que aconteceu?
— Você não conta para ninguém?
Acho que meu pai arrumou outra mulher e quer se separar de minha mãe. — Mariana começou a chorar.

— Calma, Ma, não faça drama – aconselhou Camila.
Fale com seu pai, peça a ele para pensar melhor.
— Já fiz e sobrou para mim.
Papai ficou nervoso e exigiu que eu não me intrometesse.
Mamãe disse que não quer que eu interceda por ela e que é para eu não me meter onde não sou chamada.

— Fique quieta, Ma, deixe que eles resolvam.
Cuide de você!
— Não é fácil, eu os amo e quero-os juntos! — Choramingou Mariana.

— Nem sempre os pais ficam juntos, irá continuar a amá-los e eles a você.
Logo estará moça, formada e irá trabalhar, casar, sei lá, e sairá de casa.
Procure não aumentar a discórdia, ore bastante, vibre por eles com amor e não se aflija, quem sabe eles resolvem ficar juntos?
Casamento é complicado!

— Não entendo — expressou Mariana -, na semana passada fui ao casamento de uma prima, os noivos estavam tão apaixonados e felizes!
Mamãe falou que quase todos os casamentos são assim, os dois enamorados e alegres.
Que todos deveriam se casar com mais idade, ela e papai se casaram muito jovens.

Que quando são mais maduros, sabem melhor o que fazem.
Eu não sei o que acontece, o tempo passa e muitas uniões acabam.
— Que bom seria se todos os casados fossem felizes para sempre e o amor durasse — suspirou Camila.

Mudaram de assunto.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Out 02, 2014 9:39 am

À tarde Leo chegou em casa machucado.
Brigou. Camila, resmungando, foi ajudá-lo.

— Mamãe irá ficar brava com você.
Brigar é feio!

A mãe chegou e levou um susto.

— Leonardo, o que aconteceu?
— Ricardo. Mamãe, por favor, me deixe explicar.
Ricardo estava chantageando alguns meninos, pedia dinheiro para não bater neles.
Fez isso com Guilherme, o coitado está com o pai desempregado e tinha só o dinheiro do livro que ia comprar.
Guilherme está adoentado, ele é franzino. Não deu, interferi.
Ricardo me deu um tapa no rosto, então briguei com ele.

Quando viram que eu levava a melhor, alguns garotos interferiram e o surraram.
Tive que interferir novamente, acabamos todos na directoria.
Sem medo. falamos ao senhor Farias o que ocorria.

Ele nos repreendeu, deveríamos ter contado o que acontecia para ele.
Fomos dispensados e Ricardo ficou, acho que irão conversar com os pais dele.
Guilherme me agradeceu, e os meninos me chamaram de corajoso.

— Leo — disse Lúcia, suspirando - é bom defender o fraco do forte.
Só que não agiu certo brigando.
Creio que eu deveria ter ido na escola.
Por favor, filho, não brigue mais, prometo a você que intercederei se houver uma próxima vez.
Fique longe de Ricardo.
Vá se lavar, passarei remédio depois do banho.

"Leo é o máximo" — pensou Camila, e disse:
— É isso aí, garoto!
Só que tome cuidado com ele, poderá querer se vingar.

Arrependeu-se de ter falado ao notar que a mãe preocupou-se.

— Vou amanhã à sua escola — disse ela.
— Viu o que você fez? — Indagou Leonardo.
Deixou mamãe preocupada.
— Não me fale assim!
Não é porque deu uma de valente na escola que tenho medo de você! — Respondeu Camila, em tom alto.

— Rebelde sem causa!
Vá arrumar uma causa! — Exaltou se o garoto.
— Que causa? — Perguntou Camila, enfezada.
— Sei lá, quem tem de arrumar é você. Garota chata!
— Parem com isso e já! — Ordenou a mãe.

Leonardo foi para o banheiro e Camila para seu quarto.
"Rebelde? — Foi procurar no dicionário, para ver se encontrava outros significados além daquele que conhecia.
Que se revolta, teimoso, indomável, etc. Será que sou isso?"
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Out 02, 2014 9:39 am

Sua avó Esmeralda, a mãe de seu pai, que era viúva, estava sempre dizendo isso a ela e o pirralho do irmão repetia.
Sua avó não era ruim, ao contrário, muito boa, estava sempre auxiliando seus pais, ajudando sua mãe, que sempre trabalhou fora.

Eles ficavam muito na casa dela.
E a avó lhes dava muitos presentes.

"Não quero ser rebelde!
Se pelo menos achasse uma causa para responder:
Sou por isso! Mas por quê? Para ser independente?
Para fazer o que com a independência?
Xii, parece que vejo d. Pedro I gritar:

'Independência ou morte.' Mas liberdade para quê?
Até que seria bom, mas...
É melhor eu pensar até achar uma causa.
E se não achar? Então é melhor não ser rebelde..."

Ainda bem que encontrou Raquel ao ir para a aula de inglês.
Foram conversando.

— E aí, Ca, o Rogério tem lhe falado?
— Que nada! Ele é tímido ou não está mesmo interessado em mim — respondeu Camila.
— Já lhe disse, fale você com ele ou esqueça-o — aconselhou Raquel.
— Não tenho coragem, acho que é melhor esquecê-lo.
Se as finanças não melhorarem lá em casa, sairei do inglês e eu só o vejo nesta escola.

— Puxa, conversa com ele!
Ânimo garota! — Motivou Raquel, se despedindo.
Camila, ao entrar na escola, viu Rogério parado lendo recados no quadro de avisos.
Aproximou-se, sentiu as pernas trémulas, resolveu seguir os conselhos da amiga.

Quase engasgou ao falar:
— Oi, Rogério!
Você fez a lição número trinta e sete?
É difícil, não acha?
— Oi, Camila! Tudo bem?
Fiz, acho que vou acertar todas.
Só tive dificuldade em uma questão do exercício, mas meu pai me ajudou.

Um garoto, amigo dele, o chamou e ele saiu sem se despedir.

Camila suspirou:
"Acho que estou mesmo apaixonada!"
E como sempre a aula de inglês passou rápido e ele só se despediu dela com um tchau.
"Poderia ter conversado mais comigo se não fosse aquele garoto chamá-lo.
Bem, mas Já é alguma coisa, vou contar para a Bel."

Em casa, telefonou para a amiga, que não estava.
Pensou em ligar para as outras meninas do tipo, mas lembrou da bronca da mãe e desistiu.
“ Amanhã falo tudo a elas."
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Out 02, 2014 9:39 am

Aguardou ansiosa o dia seguinte.
O Centro Espírita que frequentavam era muito organizado.

No sábado à noite, às seis e meia, havia encontro de pais e evangelização infantil para os filhos em três séries:
os pequeninos, até cinco anos, na primeira classe; de seis a oito na segunda;
e de nove a onze na terceira, embora alguns de onze fossem para a Mocidade, que também era dividida em duas classes, de doze a quinze anos e outra para os mais velhos.

Leonardo estava na terceira fase do Infantil e Camila na primeira da Mocidade.
Eles gostavam muito, como também seus pais iam com prazer.
Reuniam-se para ouvir palestras ou para conversar sobre problemas comuns e isso os ajudava muito.

Mirna, uma mãe que frequentava o grupo, que era também psicóloga e espírita estudiosa, estava conversando com os pais, orientando-os principalmente em como resolver os problemas com os filhos.

Lúcia comentou um dia, quando voltavam do Centro Espírita para casa:
— Mirna é boa profissional e pessoa, ela tem nos dito para não descontar nos filhos nossas ansiedades e preocupações.
Recomenda-nos a repartir com vocês nossos problemas e é o que vou fazer.
Estou com medo e preocupada.
Trabalho há doze anos nessa firma.

Lá tenho amigos, gosto dos patrões, mas a empresa não está bem e tememos que venha a fechar.
Certamente, se isso acontecer, iremos passar por dificuldades.
Estou triste também pelos donos, lutam valentemente para que isso não aconteça, e pelos colegas, são pessoas que precisam...

— Mamãe, você arrumará outro emprego – animou-a Leonardo.
— Não está fácil! — Lúcia suspirou.
Estou dizendo isso a vocês para que me entendam.
Se Eu ficar nervosa, me compreendam.
Não quero descontar em vocês...

— Lúcia — falou Osmar - peço-lhe para não se preocupar tanto, daremos um jeito.
Vamos cooperar, não é crianças?
— Hum! — Resmungou Camila, que não gostava que a chamassem de criança.
Sorriu, entendeu que para os pais ia ser criança por muito tempo.
— Eu vou! — Exclamou Leonardo.
Não vou deixar mais a sala suja, vou fazer tudo bem-feito, estudar mais e não brigar.

— Falando em brigar, como está Ricardo? — Perguntou Lúcia.
— Quieto! — Respondeu Leonardo.
O bom nisso tudo é que me tornei grande amigo de Guilherme.
Ele é legal. Sabem que o pai dele arrumou emprego?

*
Na quarta-feira sua mãe chegou com a triste notícia:
a empresa em que ela trabalhava fechou, os donos indemnizaram todos e as portas foram fechadas.

Rejane inquietou-se:
— Puxa, dona Lúcia, que ruim, como uma coisa puxa outra!
Certamente também ficarei sem emprego.
— Rejane, por enquanto tudo fica como está.
Vou procurar outro trabalho.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Out 02, 2014 9:39 am

Camila trancou-se no quarto. Teve medo.
Ficou apreensiva e pensou:
"Vou me desmanchar em lágrimas". Mas não o fez.

Pensou na sua avó Esmeralda, que lhe dizia:
"Só chorar não resolve".
Teve pena de sua mãe, era tão dedicada ao emprego.
Também se entristeceu pelos colegas dela, conhecia muitos deles, eram pessoas agradáveis e alguns estavam com mais idade, não seria fácil para eles.

"Mamãe está triste — concluiu.
Quando sou eu que fico assim, ela vem me agradar, quer saber o que se passa para me ajudar.
Será que não devo fazer o mesmo?
Acho que todos gostam de agrados".

Lúcia estava em seu quarto, no escuro, e Camila bateu na porta.

— Mamãe, posso entrar?
— Sim. O que quer? — Respondeu Lúcia.

Camila entrou, a mãe estava sentada numa poltrona, chorando.
A garota ajoelhou perto, encostou a cabeça no colo dela.

— Não chore, mamãe!
— Estou desabafando!
É triste o que aconteceu, lutamos para evitar a falência, todos estão desgostosos, tristes e apreensivos.

— O papai está empregado... — Consolou a mocinha.
— Graças a Deus!
Filha, Geraldo e Sónia, que trabalhavam lá havia vinte anos, estão agora desempregados e Helena, a filha deles, está doente, com câncer.

Camila teve vontade de pedir novamente para a mãe não chorar, como dizia a sua avó a ela, porém percebeu a diferença, ela fazia por motivos tolos e sua mãe tinha sérios.
Admirou-a, não chorava por ela, mas pelos amigos, colegas que ficariam desempregados, e pelos donos, que certamente estariam em situação pior.

Levantou, abraçou a mãe, passou as mãos pelos seus cabelos e disse com sinceridade:
— Mamãe, não fique triste assim. Amo você!
— Obrigada, filha!
Agora me deixe sozinha, preciso pensar um pouco.

Camila saiu.
Lúcia se pôs a pensar na atitude da filha e sorriu.
Às vezes tinha dificuldade em lidar com os filhos, Mirna estava ajudando-a como a outros pais.

Teve ímpeto, quando ela bateu na porta, gritar para que não a enchesse, para que a deixasse em paz.
Mas ainda bem que seguiu o conselho de Mirna, foi tão bom receber o beijo, o apoio da filha.
"E — concluiu - quando não sabemos lidar com certas situações, é bom se aconselhar com outros".

O pai os reuniu à noite.
— Filhos, espero que compreendam nossas dificuldades.
Lúcia e eu decidimos diminuir as despesas para que não venhamos a nos endividar.
Sinto muito, mas teremos de tirá-los do inglês e Leonardo do judo.

Os dois ficaram tristes, nada falaram, entenderam.
Camila foi para o quarto aborrecida.
Não veria mais o Rogério, chorou até dormir.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Out 03, 2014 8:45 am

Na quinta-feira foi sua última aula.
Não se despediu de ninguém, se o fizesse iria chorar.
Olhou para o Rogério, tão lindo!
Sentiu-se infeliz, mas não falou nada para os pais, para não entristecê-los mais ainda.

Leonardo foi à sua última aula de judo e chegou em casa eufórico.

— O que aconteceu, Leo?
Pensei que voltaria arrasado.
Não foi hoje sua última aula de judo?

— Conversei com meu professor, falei a ele toda a verdade, ele pensou um momento e me propôs:
"Leo, seria uma pena você deixar o judo, gosta tanto.
Não cobrarei sua mensalidade e poderá treinar como sempre, até que tudo se normalize em sua casa.
Só que você passará a me ajudar duas vezes por semana com as aulas dos meninos pequenos.
Aceita?" Concordei na hora.
Espero, mamãe, que não se oponha, não atrapalhará em nada, ainda mais que saí do inglês.

— Está bem, filho — concordou Lúcia.
“Leo se virou — pensou Camila.
Bom, pelo menos vai continuar no judo.
Ah, se eu arrumasse um modo de continuar no inglês...
Já sinto saudade do Rogério".

No sábado seguinte, no encontro no Centro Espírita, Lúcia contou aos outros pais seu problema e lhe foi oferecido um trabalho temporário numa clínica.
Seria atendente, ficaria no lugar de duas funcionárias que tirariam férias, seria por um mês e meio.

— Vejam que bom — disse Lúcia quando estavam indo embora - começarei na outra semana, na segunda-feira.
Estou pensando em fazer um curso de computação à noite, quero estar mais preparada para competir no mercado de trabalho.

"QUE bom ver mamãe mais animada!" – Pensou Camila.
Neide e Apolo, um casal muito simpático que havia anos se dedicava a instruir, orientar sobre a Doutrina Espírita, resolveu convidar Mirna, a psicóloga, para que uma vez por mês fosse à reunião conversar com a Mocidade, um sábado com a primeira turma e no outro com a outra classe.

Na primeira aula, os jovens ficaram um pouco inibidos, conversaram sobre alguns problemas.

— Em casa não me deixam falar — queixou-se Rodrigo.
Meu irmão mais velho diz que eu só abro a boca para falar besteira.
— Também sinto falta de atenção, quero chegar em casa e falar o que me aconteceu, são importantes para mim, mas não querem me ouvir — falou Marô.

— O ser humano gosta mais de falar do que ouvir — esclareceu Mirna tranquilamente.
Para todos nós o que nos acontece é importante, e para os outros nem tanto.
Vocês devem entender que com todos de casa acontecem factos.
Se o pai chegar cansado e estiver com problemas, apreendam que quer descansar, ficar quieto, ler o jornal para se distrair.

E a mãe, se trabalha fora, muitas vezes tem muito que fazer em casa ou também está exausta.
Não devem chatear-se, não é falta de atenção ou amor, é cansaço, problemas.
Assim, quando eles não estão a fim de conversar, falem o mais importante.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Out 03, 2014 8:45 am

— Minha mãe reclama que eu só vejo problemas ou dou problemas — queixou-se Luiza.
— Tente entendê-la, Luiza.
Será que essas reclamações não têm um pouco de verdade?
Será que você, garota, está se comportando devidamente?
Procure não ser problema e nem dar preocupações.
Vocês passam por um período muito bonito, são jovens, sadios, inteligentes e lindos.

O encontro foi muito interessante.
Camila saiu com Mirella, que também era colega de classe na escola.

— Ca, me acho feia, sem graça, quase que falei para Mirna, mas fiquei com vergonha.
Mamãe me diz que é besteira, que sou bonita, mas sei que não.
Meus seios são grandes e...

— Acho que foi uma óptima ideia da dona Neide e do senhor Apolo nos dar um dia para que juntos resolvamos nossos problemas.
Se não falou hoje, fale da próxima vez.
Também estou com um problema:
todas as minhas amigas já ficaram menstruadas e eu não...

Separaram-se.
Camila ficou à noite pensando no Rogério.
Não o viu mais. Queria muito encontrar com ele, mas não sabia nem seu telefone.
Resolveu dormir.

Na segunda-feira, no recreio, Mirella se queixou:
— Sou tão feia!
Só visto camisetas para tentar esconder meus seios, são grandes e horríveis.

Cada uma reclamou de uma coisa e Beatriz teve uma ideia.
— Não vamos ter a aula de ciências, a professora Leonor irá faltar.
Em vez de ficarmos fazendo a lição na classe, por que não pedir para conversar com a Sílvia, que trabalha na directoria da escola?
Ela é tão atenciosa e boazinha!

Aplaudiram a ideia e com permissão lá se foram.

Sílvia, muito simpática, escutou-as sorrindo e esclareceu:
— Nada de complexo!
Todos nós temos nossos valores.
Você, Mirella, não tem seios grandes, é que eles se desenvolveram primeiro que o das amigas.
São normais e, se forem um pouco maiores, lembro-a das diversidades, somos diferentes.

Que chato se tudo ou todos fossem iguais!
A beleza está na diferença.
Nessa idade umas se desenvolvem primeiro que as outras.
Sara tem os seios pequenos, mas quando desenvolver, talvez fiquem maiores que os seus, Mirella.

E você, Camila, não se preocupe, a primeira menstruação não tem idade certa para vir.
Depende de muitos factores, para algumas meninas ela vem mais cedo;
para outras, mais tarde. Tudo normal!

Depois de muitas perguntas e respostas esclarecedoras, sentiram-se aliviadas e resolveram deixar de lado os complexos, principalmente porque entenderam que eram normais.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Out 03, 2014 8:46 am

Ao saírem cruzaram com um grupo de garotos.
Parecia, pelas suas expressões, que eles tinham problemas parecidos.

— Eles também têm seus complexos – cochichou Beatriz.
— É só não os alimentar, como disse Sílvia, que eles morrem de fome.
Temos de olhar de frente nossos complexos e resolver que eles não nos incomodarão mais e eliminá-los.

O meu vai morrer, decretei sua morte neste instante.
Não vou alimentá-lo. Acabou!
Sou normal! Que alívio — Exclamou Camila.

— Mesmo se não fosse normal, deveria eliminá-los complexos só prejudica.
No meu prédio tem uma menina que é paraplégica, anda na cadeira de rodas.
Será que ela tem complexo? – comentou Sara.

— Ela até que tem motivos — falou Beatriz.
Será heroína se lutar contra eles e vencer.
Se uns conseguem matar o complexo, ela também pode.
É melhor viver sem eles.

Como disse Sílvia, se você o alimenta, se fica pensando o que os outros podem achar, só sofre.
Deve dar valor ao que você é e não à opinião que outros podem ter de nós.
O importante é se achar capaz e ampliar essa capacidade.

— Você entendeu direitinho o que Sílvia nos disse — Camila falou sorrindo.
— Não quero ser uma pessoa que acata fácil a opinião dos outros.
Mas como mamãe diz, sábio é aquele que analisa e acolhe as experiências boas de outras pessoas — expressou Beatriz.

— E Sílvia é estudada, entende, explicou muito bem.
Gostei! — Exclamou Mirella.

Camila e Leonardo estavam cooperando em casa.
A garota estava preocupada com suas notas de matemática.
"Que matéria chata!" — pensava.

Conversou com sua professora de matemática e acharam uma solução.

— Camila, queria fazer um curso na parte da tarde e não tenho com quem deixar meus dois filhos pequenos, eles ficam com minha mãe pela manhã para que eu possa dar aulas, mas à tarde ela trabalha.
Esse curso é muito importante para mim, são duas semanas.
Pago-lhe a passagem do ónibus e após o curso darei aulas a você também em minha casa, até que se recupere.
Aceita ficar com eles para mim?

A garota entusiasmou-se, conversou com a mãe, esta permitiu.
Foi puxado. Camila saía da escola, corria até sua casa, almoçava e pegava o ónibus, chegava na casa de dona Cecília quando esta já estava saindo.

Os dois garotos, um de quatro e outro de três anos, eram bonzinhos.
A casa da professora era simples, a mocinha entendeu que sua mestra também tinha dificuldades financeiras.
Não só ficou com os garotos como fez alguns serviços e brincou muito com os meninos.

Deu certo, dona Cecília fez o curso e após deu aulas para ela, que entendeu as dificuldades e até achou que se enganara, a matemática não era chata.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Out 03, 2014 8:46 am

Para seu alívio, recuperou as notas, já não ia ficar de recuperação em nenhuma matéria.
E como lhe fez bem ter resolvido sozinha esse problema!
Aconteceu o segundo encontro com Mirna, a psicóloga, e foi emocionante.

Ela indagou:
— Qual é o maior problema que vocês têm com os pais?
Ou melhor: Qual é a maior preocupação deles em relação a vocês?
Foram ditas algumas:
gravidez, medo das más companhias, reprovação na escola;
e todos foram unânimes: drogas.

Samuel, o Samuca, pediu para falar, ele era extrovertido, louro, com sardas pelo rosto, muito agradável e bonito.

A turma quietou-se e ele disse:
— Pedi opinião para minha mãe e achamos juntos que seria interessante eu contar a vocês minha experiência, a triste...
Fui convidado para ir numa festinha.
Não era do pessoal da minha turma, era de uns garotos da escola e não os conhecia direito.

Mas eles são de causar inveja, vestem-se na moda, são alegres, não ligam para o estudo, e eu tolamente desejei ser como eles.
A festa seria na casa da Mércia, pois seus pais estavam viajando.
Os convidados contribuíam com uma quantia em dinheiro e a festa seria um sucesso.

Mas, sabendo que meus pais não iam deixar, resolvi mentir, disse a mamãe que ia no aniversário de Lu, um amigo de infância, e que ia dormir na casa dele.

E lá fui eu para a festa.
Caco me apresentou a outros que eu não conhecia.
Não tinha muita gente, havia algumas meninas, som alto e bebidas e, de repente, drogas, cigarros de maconha e cocaína.
"'Nunca usou? Cara, você é um bobo, não sabe o que está perdendo!
Eí, o carinha aqui nunca provou.'

Caco riu alto.
A turma me cercou, me examinando, e uma garota zombou:
'Por que veio aqui? Há sempre a primeira vez.
Vamos dar a você para que experimente'.

Riram, eu me apavorei e uma outra menina se aproximou:
'Não se apavore, garoto, você está entre amigos.
É uma honra começar connosco.
Se estiver com medo, caia fora ou fique e conhecerá o que é bom!'

"Falavam, falavam, eu não sabia o que fazer, no íntimo uma vozinha me pedia:
'Cai fora, Samuca! Vá embora!' E eles me motivando.
Uma garota me beijou e disse: 'Toma! Toma!'"

Samuel fez uma pausa e enxugou umas lágrimas.

O silêncio era total, todos da classe olhavam para ele, que continuou a falar:
— E eu experimentei, aspirei o pó branco, a cocaína.
Que sensação estranha!
Nunca senti uma euforia como aquela, me tornei outro.
Para mim tudo estava liberado, não tinha obstáculo, tudo lindo, dancei, ri, me senti livre, achando que poderia até voar.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Out 03, 2014 8:46 am

Até que uma das garotas sentiu-se mal, apagou, como diziam, desmaiou no meio da sala, ficou caída no chão.
E eu achando tudo certo e maravilhoso.
Ainda bem que um dos convidados, que embora menor de idade estava com o carro dos pais, disse:
"A festa acabou, desligue o som, cada um para sua casa, vou levar esta garota para um pronto-socorro.

Se ela morrer aqui, Mércia terá problemas.
Paro o carro na porta do hospital e largo-a lá, eles que cuidem dela;
depois, ela que se vire, quem mandou se exceder?"

"Caco me puxou, me vi na rua rindo sem parar e cada um foi para um lado, andei e parei num jardim, sentei num banco, não tinha sono e ria muito.

Foi me dando vertigem, enjoo e vomitei muito.
Melhorei, resolvi ir para casa.
Toquei a campainha muitas vezes.
Mamãe, quando me viu, abriu a porta assustada.

'O que aconteceu, Samuel?
Me esforcei para falar, não conseguia coordenar os pensamentos, tentei inventar uma desculpa:
'E que briguei com o Lu e...'
'Você está bem? Bebeu? Usou drogas?' — Indagou papai, falando a palavra drogas baixinho.

Olhei para eles e ri.
'Você não está bem.' – Falou papai.
'Vamos levá-lo ao pronto-socorro!' – Expressou mamãe.
'Não, creio que não é preciso.
Vou colocá-lo no chuveiro, a pulsação está normal' – disse papai.

Me deram um banho e me colocaram na cama.
Meus pais ficaram comigo, não dormi, comecei a ter visões estranhas, às vezes caía de um precipício, em outras seres monstruosos acercavam-se de mim, tive anseios e me apavorei.

Melhorei horas depois, me acalmei e dormi.
Quando acordei, tomei outro banho, mamãe pediu que me alimentasse, depois os dois me chamaram para uma conversa na sala.

'Conte tudo, Samuel — pediu mamãe.
Telefonei para o Lu, ele me disse que não teve festa na casa dele e que nem o viu'.
Tive vontade de chorar e o fiz.
Me envergonhei, e foi depois de minutos que consegui falar e lhes contei tudo.

Mamãe chorou, papai se entristeceu e disse:
'Filho!'
Aí chorei mais. Conversamos por horas, queriam saber se eu tinha motivos para fazer o que fiz.
Creio que não se têm motivos, só desculpas, e eu nem isso tinha.
'Vou tirá-lo desse colégio' — disse mamãe.

'Não, Samuel tem de enfrentar o problema' — decidiu meu pai.
"Errei, entendi que bobeei e meus pais perderam a confiança em mim.

Aceitei as consequências.
Não saio mais sozinho, se vou a algum lugar meus pais me levam e buscam.
Estou indo a uma psicóloga, não tenho mais mesada e até que prove o contrário, não sou digno de confiança."
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Out 03, 2014 8:47 am

Samuel suspirou e Marcelo indagou:
— Samuca, como se sente depois dessa experiência?
— Um perfeito idiota!
Não, idiota é um doente. Um bobo!
Sei lá. Vou fazer quatorze anos e já me meti numa fria.
Não deveria ter ido nessa festa, me arrependo bastante, e lá, vendo o que acontecia, deveria ter ido embora.

Souberam mexer com meu orgulho e eu caí na deles.
Embora actualmente esteja mais difícil forçar alguém a se drogar, as pessoas oferecem drogas normalmente.
Papai telefonou para o hospital para se informar sobre a garota;
ela quase entrou em coma por uma overdose.

Depois telefonou para o tio de Mércia, informando o que aconteceu, e este chamou os pais dela.
Passei a evitar essa turma.

Caco que me procurou, mas fui sincero com ele:
“Caco, não quero isso para mim, por favor".
Não gostou?" — Perguntou ele.
"Não quero!" — respondi.

Houve insistência tentadora.
Tenho sido firme, não quero.
Entristeço toda vez que me lembro de mamãe chorando e papai preocupado, não deveria ter feito isso.

Sabem por que estou falando isso a vocês?
Porque minha experiência com a droga foi um aprendizado.
Creio que seria um candidato a ser um viciado, um dependente.
Sabem por quê? Porque gostei.
Sim, me senti bem, embora depois tenha sido horrível ver aquelas figuras grotescas, o enjoo.

Por isso que muitos não recusam a segunda, a terceira e pensam:
paro quando quiser. Mas não é bem assim.
Vicia-se e é difícil sair porque a maioria gosta, como eu, embora compreendi que é melhor ter alegrias com o que é verdadeiro e duradouro.

Tenho sonhos, sempre os tive.
Quero ser engenheiro, casar, ter filhos, mas será que isso aconteceria se me tornasse um viciado?
Não, isso não vale a Pena. Sabem o que concluí também?

Que com o efeito da droga, para mim tudo era normal.
Ainda bem que não fiz algo errado, porque ia me doer muito.
Com ela me tornei um bobo alegre, alegria falsa, passageira.

Meu pai me levou num lugar onde garotos se drogam, muitos já não se importam nem com a higiene, outros parecem transformados, soube de que muitos deles roubam, se prostituem para ter dinheiro.

São todos infelizes.
Vi-os, emocionei-me e chorei.
Muito triste! Não quero isso para mim.

— Samuel, você repetiria isso tudo? — Perguntou Mima.
— Não! Não quero ser um dependente.
Quero realizar meus sonhos.
E sabem por que falo isso a vocês?
Para que não caiam nessa. Poderia dizer só as coisas ruins.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Out 03, 2014 8:47 am

Mas sabemos que se fosse só ruim, por que muitos as usam?
Como diz meu pai, a droga é envolvente, parece linda e maravilhosa externamente, mas é terrível, horroroso o seu efeito, internamente.
Só os tolos se envolvem. Não experimentem.
Ninguém precisa disso! Nada que é falso dura.

— Estamos na hora — disse Mima.
Agradeço a você, Samuel, pela sua coragem.
E não caia em outra, garoto, seja forte!

Camila foi para casa chocada, comentou por dias o que escutou.
E passou a ser mais esperta.
Nada de se envolver em situações de risco.

A direcção do Centro Espírita resolveu promover palestras sobre o assunto para os pais, para as crianças e reuniram as duas classes da Mocidade.
Foram convidados médicos, psicólogos, pessoas que trabalham em grupos de apoio a drogados.
Foi muito proveitoso.
Ficaram todos sabendo o que era droga, como era usada, seus perigos, sensações, etc.

Camila impressionou-se com os dados estatísticos de desencarnes, sequelas e tantos acontecimentos ruins que envolvem um dependente químico.
Muito se falou sobre drogas na Mocidade.

Marcelo comentou:
— Sabe que cheguei à conclusão de que tem muito a ver esse estudo com a religião?
— Você está gostando, Marcelo?
Por que chegou a esta conclusão? — Perguntou Neide, a coordenador.

Marcelo sorriu ao responder:
— Se o Espiritismo nos recomenda a compreensão e o estudo para progredir, evoluir, deve dar metas de bem viver.
Reconheço que as drogas são uma ameaça à integridade do ser humano.

Acho que um drogado não consegue entender bem nenhuma religião, e como é melhor prevenir que remediar...
Nosso Centro Espírita está de parabéns, aprendi muito nessas palestras, nessas conversas informativas, sinto-me apto pelo conhecimento a evitar situações de risco e nunca experimentá-las, e até aconselhar outros a não fazê-lo.

— O objectivo da Mocidade Espírita – expressou Neide tranquilamente — é ensinar a Doutrina aos jovens, e temos feito isso.
Mas vimos a necessidade de orientá-los em outros assuntos do interesse de vocês.
É bom fazer isso em grupo e com pessoas que sabem orientar.

Todas as religiões deveriam orientar seus jovens.
Só dizer que não pode, que não presta, é vago;
falar e provar o porquê esclarece, e aqui usamos a verdade.

O falso prazer não conduz a nada, por nada devemos nos envolver em situações de risco que nos trarão sofrimentos.
Vimos nesse estudo extra muitas situações vexatórias, perigosas, como também as dificuldades que pode passar o indivíduo dependente se desencarnar viciado.
E inteligente não procurar acções que nos trarão reacção de dor.
Quem quer falar quais são as drogas mais conhecidas e usadas?

Samuel pediu para falar.

— Cocaína é uma substância extraída das folhas de uma planta, é um estimulante, deixando o usuário mais excitado.
Pode ser aspirada, injectada ou fumada, que é o crack.
Ela diminui o apetite, causa insónia, dores de cabeça, náuseas, vómitos e muitas outras coisas, e a pessoa viciada, além disso, pode ter delírios, tremores, convulsões, e pode ocorrer parada cardíaca e respiratória.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Out 03, 2014 8:47 am

"O crack, como já disse, é a cocaína fumada e é a mais perigosa forma da coca.
Ela age directamente nos neurónios, aumenta a pressão arterial, levando ao risco de enfarte e derrame.

É muito perigosa e tem matado muito aqui no Brasil.
Vicia rápido, o efeito passa depressa, levando a pessoa a usá-la cada vez mais.
“Também conheço a maconha, que é fumada, levando também ao vício e quase sempre seu usuário procura outras drogas.

Há a heroína, a cola de sapateiro.
Todas perigosas e danosas."
– Não podemos esquecer — disse Marô – do álcool e do cigarro, que são também muito prejudiciais à saúde e à sociedade.
O álcool tem sido a causa de acontecimentos desastrosos.

— Muito bem, Marô, sua opinião foi boa.
Mas agora me respondam: Por que vocês não usam drogas?
As respostas foram diversas.
— Porque sei que fazem mal.
— NÃO sou tolo, se me vício estou arruinado.

— Sou livre e não quero ser escravo de nenhum vício.
— Elas podem nos envolver com o falso prazer e depois acabar com a gente.
— Sorte minha que não tomo drogas, e ao ver pessoas, às vezes amigos, usando-as, penso que se não fizer nada por medo de ser chamada de careta será covardia, porque careta é aquele que tacha os outros.
E agora, com esses ensinamentos, me sinto mais confiante para falar com eles e pedir que parem ou que pensem melhor no assunto. — disse Luiza.

— Quando decidi não usar drogas é porque tenho auto-estima, segurança e gosto de viver — falou Camila, empolgada.
— O bom disso tudo — opinou Rodrigo — é que compreendi que um drogado não consegue atinar a complicação em que se meteu e que a desintoxicação pode ser dolorosa e demorada.

— Todos que decidem se drogar deveriam saber dos perigos que correm.
Creio que é a falta de informação que leva muitos a entrar nessa encrenca.
Neide se deu por satisfeita, a turma assimilou bem o assunto.

Na escola, Camila conversou com as amigas sobre as drogas.

— É de arrepiar, mas ouvi dizer que uma garota da oitava série saiu com um rapaz e que encontraram com sua turma.
Ela fala que foi obrigada, ninguém sabe, mas tomou drogas e foi estuprada.
Foi uma confusão.

A família dela ainda achou que errara por ter saído escondida e com um cara que não sabia bem quem era.
Foi um horror, a polícia a achou com pouca roupa e toda machucada — falou Roberta.

— Que deprimente! Vamos mudar de assunto! — Pediu Camila.
— Ah, não! — Exclamou Sara.
Vou contar a vocês o que aconteceu com minha vizinha.
A garota sempre foi rebelde, não queria estudar e se envolveu com pessoas que se drogam.

Coitada da mãe dela, é viúva e faz tudo pela filha!
Isso já vem acontecendo há tempo, é internada, sai e fica boazinha uns tempos, arruma confusão de novo, e a mãe sempre acudindo.
Para ter dinheiro se prostituiu.
Mas, numa internação, conheceu um garoto que também estava tentando se livrar das drogas e começaram a namorar, pareciam apaixonados.

Ela foi passar uns dias na casa dele, quando saíram do hospital.
Os pais ficaram esperançosos, confiantes, pensavam que um ajudaria o outro.
Mas, num final de semana, o garoto foi à casa dela.
A mãe, coitada, fez tudo para agradá-lo, os dois saíram e voltaram drogados.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Out 03, 2014 8:47 am

Ele ficou agressivo, prendeu a mãe e ela em casa, bateu nelas, riscou-as com a faca, deu tanto na garota que ela ficou toda marcada, uma vizinha chamou os pais dele, que vieram buscá-lo.

Ele estava péssimo, levaram-no para o hospital.
Os pais dele falaram que a droga o faz ficar agressivo e que ele já tinha tentado matar a mãe com um revólver, atirou, mas ainda bem que pegou no braço.

Acabou a história de amor.
A menina está assustada, machucada, quieta e com medo.
Essa vizinha, a mãe da garota, se queixa de que não receber apoio e que a filha não tem amigos bons.

Mas, como mamãe diz, é difícil quem não se envolve com drogas sair com ela, e minha mãe não quer que eu lhe tenha amizade, acha que não tenho maturidade para estar em situação de risco, e eu concordo!
Sabem como comentam, posso ser tachada de garota de programa ou de drogada.

— É difícil! — Exclamou Camila.
Que situação! A garota precisando de apoio e é tão complicado lhe dar.
Se pelo menos tivesse certeza de que realmente não quer mais se drogar...
É um caminho perigoso o de quem se mete com tóxico.

— De difícil retorno. Entrar é fácil, mas para sair é preciso muita vontade e ajuda — falou Mariana.
— Por isso, garotas, devemos ser prudentes.
Se somos candidatas a ser felizes, não vamos nos envolver com esses venenos.
Nada de tóxicos! — Entusiasmou-se Camila.

— Nada! — Repetiram.
E há muitas histórias, factos ocorridos por todo lado, e nenhuma com final feliz.
Tóxico é veneno que não só corrói o corpo mas prejudica também o espírito.

Venceu o contrato de Lúcia no seu trabalho temporário, e outra amiga arrumou outro emprego também por tempo limitado e com a remuneração menor.
Era num bazar de objectos usados, seria por vinte e um dias, sem folga.

— Vou aceitar — disse Lúcia - não quero parar e nem ter de dispensar Rejane.
Mas, nesse tempo, a avó Esmeralda ficou doente, a família se preocupou, gostavam dela, estava sempre ajudando todos, cuidou muito dos netos, principalmente de Camila e Leonardo, que moravam perto.
Era mãe de Osmar e tinha mais dois filhos, mas todos trabalhavam fora.

Quando venceu o período de trabalho de Lúcia, ela resolveu não procurar outro e cuidar da sogra.
Como já fazia algum tempo que a mãe de Camila recebeu o dinheiro da indemnização, se reuniram para ver o que fariam com ele.

— Troque de carro, mamãe — pediu Camila.
— Compre um novo — opinou Leonardo.
— Não, meus filhos, isso é imprudência, é melhor guardar.
Se demorar a encontrar outro emprego, esse dinheiro servirá para completar o orçamento.
Depois temos dona Esmeralda doente, talvez venhamos a precisar — falou Lúcia.

— Obrigado, querida — emocionou-se Osmar.
— Estou preocupado com mamãe.
Sou grato a você por querer cuidar dela.
— Ela já nos ajudou tanto...
Depois é sua mãe, avó das crianças, e sempre foi tão boa. Faço com prazer.

Dona Esmeralda piorou, Lúcia ficava muito na casa dela, às vezes até dormia lá.
Foram vinte e sete dias corridos e preocupantes.
Camila chorava, não queria que a avó desencarnasse.
Mas, pondo em prática o que aprendera, orava com fé pedindo o melhor para ela.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Out 03, 2014 8:48 am

— Queria que vovó sarasse — choramingou a garota.
Seu pai a abraçou e consolou:
— Todos nós, filha, temos um tempo para estar encarnados.
Mamãe aproveitou bem esse tempo e ela não teme a desencarnação.

Se sarar será maravilhoso para nós, que desfrutaremos mais de sua companhia, mas se desencarnar, temos de entender que a vida continuará para ela.
No plano espiritual estará sadia e feliz.

Dona Esmeralda foi internada na U.T.I. de um hospital por três dias e desencarnou.
Foi uma desencarnação tranquila, como tinha sido sua vida.
Camila achou o velório deprimente, sua tia Iolanda, que não era espírita, chorou muito.

A garota também teve vontade de chorar, mas preferiu orar junto de seus pais para a avó, querendo que estivesse tranquila, pudesse ser socorrida e desejando que fosse para uma colónia linda, encontrasse com seu avô e vivessem os dois no plano espiritual felizes e em paz, porque ela merecia.

Em casa, após o enterro, Camila chorou.

— Não chore, filha — consolou o pai.
Afectos só se ausentam, minha mãe sempre nos amou e continuará a nos amar.
E nossa prece e saudade devem ser para ela incentivo para a continuação da vida após o desenlace.

— Pessoas que têm afinidades espirituais não têm distância a separá-las.
O universo é pequeno para os que se amam — expressou Leonardo.
— Que beleza! É sua essa frase? – Indagou Camila.
— Claro que não!
Li em algum livro – respondeu o irmão.

— Ah, sim, deveria saber — falou a garota.
— Minha irmã, o importante é colocar em prática o que lemos de interessante e bom – falou Leonardo.
À noite os tios vieram à casa de Camila, para resolver o que fazer com os pertences da avó.

Osmar e Lúcia falaram sobre a Doutrina Espírita para consolar tia Iolanda.

Osmar comentou:
— A vida não acaba com a morte do corpo físico, nosso espírito sobrevive, não perde a individualidade.
Mamãe nos queria muito e continuará nos amando.
Sempre quis nos ver bem e esse sentimento não mudará, irá querer que continuemos alegres e sem problemas, não iria querer que sua desencarnação seja para nós uma dificuldade ou um sofrimento.

— Onde está mamãe? — Perguntou Iolanda.
— Mamãe certamente está com papai — respondeu Osmar.
Eles se queriam muito.
Pela sua vivência só pode ter ido para uma linda colónia, deve estar saudável, alegre e feliz.

Por isso não devemos preocupá-la com lamentações.
Porque, ligada a nós, sentirá nosso choro, aflições.
Mas, se enviarmos a ela pensamentos de incentivo e carinho, a deixaremos bem mais alegre.

Como iam resolver as questões financeiras, as crianças e os jovens foram para a varanda.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Out 04, 2014 9:19 am

— Como a morte é triste! — Exclamou Lucila.
Vou sentir falta da vovó.
Mas já pensou se fosse minha mãe?
Que horror! Na semana passada, uma menina da minha classe perdeu a mãe.

— Não diga perdeu, Lucila — corrigiu Leo.
Ninguém perde ninguém.
A mãe dela desencarnou, isto é, o espírito deixou o corpo físico pela morte deste.
Entendeu? Foi viver em outro lugar, já que contínua a existir, porque ninguém acaba.
E, deve ser triste! Mãe é a nossa defesa, é muito em nossas vidas.
Não é fácil passar por isso. Mas a vida...

— Já sei, continua — completou Lucila.
A mãe foi viver lá e a filha continua a viver aqui.
Eu não saberia viver sem minha mãe...
— É porque você é muito nova — falou Mário.

— Leo, você sentiria? — Perguntou Lucila.
— Claro que sim! Até adulto sente falta da mãe.
Quando alguém ainda criança fica sem ela, acho que deve ser para aprender a dar valor à mãe — respondeu Leonardo.

— Dramático! Muito sofrimento! – Exclamou Lucila.
— Muitas pessoas passam por isso e sobrevivem.
A vida ensina! — Argumentou Camila.

A garota achou que a conversa era para crianças, resolveu nada mais comentar e só escutar, mas concordou, a morte do corpo físico faz muitos sofrerem, a ausência do ser amado dói.
A desencarnação é uma mudança de vida e entender essa mudança se torna mais fácil para quem vai para o plano espiritual do que para os ficam.

A reunião dos adultos acabou e os familiares resolveram que iriam vender a casa de d. Esmeralda e doar seus pertences.

Foram embora, e Osmar comentou:
— Foi o melhor, não é bom a casa ficar fechada.
E o que não serve mais, servirá para outros.
Venderemos a casa e repartiremos tudo igualmente.

— Que fará com o dinheiro, papai? – Indagou Leonardo.
— Vou quitar as prestações da nossa casa, será uma despesa a menos — respondeu Osmar.
— Que bom que não teve brigas — falou Lúcia.
É triste ver irmãos brigarem por herança.

— Será que há pessoas que brigam por isso? — Indagou Leonardo.
— Há, filho. Por herança, por bobeira, briga se tanto... — Lamentou o pai.
— Que tristeza para o desencarnado saber que seus entes queridos brigam por isso! – Suspirou Camila.
— É por isso que peço a vocês dois para não brigarem, para se amarem e serem amigos por toda a vida — disse a mãe.

Camila olhou para Leonardo e sorriram.
Se amavam, mas era tão difícil não brigar. Mas podiam tentar.
Lúcia começou a procurar emprego, não estava fácil, recortava anúncios dos jornais, andava muito, e nada.

Fez o curso de computação junto com Osmar.
Às vezes chegava nervosa e gritava, Camila fazia de tudo para não incomodá-la, mas ela implicava mesmo era com o filho, este não tinha modos, sujava a sala com a mania de comer vendo televisão.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Out 04, 2014 9:20 am

O garoto estava torcendo para a mãe arrumar um emprego e lhe dar folga.
Leonardo estava triste e comentou com a turma dele, colegas de classe.
Percebeu que cada um tinha um problema, trocaram ideias e resolveram procurar Sílvia, a moça simpática que trabalhava na directoria, que os atendeu com atenção.

— Sílvia, sou pequeno, tenho medo de não crescer.
Minha irmã, na minha idade, era alta — queixou-se Ismael.
— Meninas quase sempre crescem mais novas — respondeu Sílvia.
O crescimento não é igual para todos:
para uns é mais lento;
para outros, mais acelerado, depende de muitos factores.

Você é muito jovem, crescerá até os dezanove anos.
Também há o factor hereditário, uns são mais altos que outros.
Isso é bom porque a diversidade entre as pessoas nos ensina a respeitar o próximo, apesar das diferenças.

Você, Ismael, crescerá mais caso se alimente adequadamente.
Deve comer alimentos ricos em vitaminas, cálcio e fazer exercícios.
Você estudou isso em ciências.
Mas você, pela sua idade, está dentro da normalidade.
Não se chateie por isso.

— Sílvia, não arrumo namorada, as meninas não gostam de mim. Sou feio! — Falou Stefano.
— Não acho você feio, é bonito, e tenho bom gosto! — Falou rindo a moça.
Será que está na idade de namorar?
Creio que há coisas melhores para fazer no momento, para aproveitar essa fase maravilhosa, curtir os amigos, estudar e fazer desporto, exercícios.

— Sílvia, mamãe está com problemas, não arruma emprego e desconta em mim — queixou-se Leonardo.
— Por que você não colabora um pouco?
Não é motivos para ela se exaltar.
Seja obediente e paciente.
Você mesmo reconhece que ela está com dificuldades — disse Sílvia carinhosamente.

- Não está fácil minha vida — lamentou Júlio.
Se quero brincar, já sou mocinho; se quero sair à noite, sou criança.
Depois, não aguento mais as gozações, que ando esquisito, falo fino ou, às vezes, grosso.

— Isso passa, Júlio. E que sua voz está mudando de tom, isso é comum.
Não ligue para as gozações, ria e caçoe você também, não conseguindo aborrecê-lo, pararão de fazê-las.
Isso acontece porque você está deixando de ser menino para ser um jovem.
Os adultos deveriam entender melhor essa fase por que passam, porque eles também já o fizeram.
Não dê importância a isso, não sofra por bobagens, tudo isso passa rapidinho.

— Tenho medo de me aproximar de uma garota, pela qual estou apaixonado.
Ela é mais velha e nem me percebe.
Tenho vontade de chorar, só que homem não chora — lamentou Renato.

Sílvia sorriu e esclareceu:
— Chorar é próprio do ser humano, é besteira dizer que homem não chora.
Mas devemos ter motivos, para chorar, senão ficamos muito chorões e isso não dá certo.
Renato, nos apaixonamos muito durante a vida.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Out 04, 2014 9:20 am

Nesta idade o fazemos muitas vezes.
E uma garota mais velha é quase certo que não irá se interessar por você.
Não se aborreça por isso, há tantas garotas lindas da sua idade.

— Mas eu quero essa! — Afirmou Renato.
— Acredito! — Exclamou Sílvia. — Mas não será por muito tempo.
Mudamos muito de gosto, opiniões, isso é normal e na idade de vocês é sadio.

Conversaram por mais alguns minutos e depois saíram contentes.

— É bom escutar alguém mais velho que a gente e que nos entenda — suspirou Leonardo.
— Só não gostei do que ela me disse sobre minha paixão.
Queria mesmo que Sílvia aconselhasse o que fazer para conquistá-la — expressou Renato.

— Você iria mesmo namorá-la se ela quisesse? – Perguntou Júlio.
— Claro que sim! Bem, não sei... — Renato ficou em dúvida.
— É melhor você, Renato, prestar mais atenção em Telminha, esta sim está interessada em você — falou Leonardo.

— É muito novinha! — Renato fez careta.
— Está vendo? Sua amada também pode pensar isso de você — opinou Júlio.
E não passou muito tempo, Renato estava interessado em outra, também mais velha que ele.

Não é que Sílvia tinha razão?
Certamente iria ter muitas paixões...
Leonardo se esforçou para ficar mais organizado e tentou não enervar a mãe.
Na escola deram opiniões para Camila, tentando ajudá-la.

— Por que você não faz uma promessa para que sua mãe arrume emprego? — Perguntou Roberta, uma colega de classe.
— Promessa?! — Indagou Camila, espantada.
— Sim. Você pede uma graça em troca de fazer algo.
Fique um mês sem lanchar se sua mãe arrumar emprego — respondeu Roberta.

— Isso não é chantagem? — Perguntou Camila.
— Claro que não! Você só está pedindo — insistiu Roberta.
Camila sorriu e respondeu para as amigas tentando esclarecer:
— Não, Roberta, prefiro orar, rogar e pedir a Deus, aos bons espíritos que ajudem orientando para que aconteça o melhor.
Não gosto quando me pedem para fazer algo para retribuir depois.
Se eu não gosto, imagino que quem ajuda também não fica satisfeito.

Não gosto de troca de favores.
O que irá importar a quem me ajudou se eu ficar ou não sem lanchar?
A não ser que eu doe o dinheiro do lanche.
Mas prefiro dar sem intenção, se faço é porque quero, porque gosto de ajudar.

— Cada um pensa de um modo.
Eu alcanço muitas coisas fazendo promessas — falou Roberta.
— Acho que só vou lhe emprestar o caderno se você ficar sem comer o dia todo — disse Camila.

— Por que isso? Está louca? — Espantou-se Roberta.
— Brincadeira! Empresto meu caderno a você e não precisa fazer nada em troca.
Só um "obrigado” está bom — sorriu Camila.
— Entendi — suspirou Roberta. — Você acha que promessa é isso?
É... parece que tem razão.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Out 04, 2014 9:20 am

— Não sei como vocês conseguem ficar tranquilas acreditando que espíritos, almas de mortos, estão por perto e não têm medo.
Eu tenho e arrepio só de falar — comentou Mariana.

— Não estamos perto uma da outra? – Respondeu Camila.
Aqui há pessoas boas e más e quando morrem continuam sendo boas ou más.
Pessoas bondosas nos ajudam, seja aqui, como nós, no corpo físico, ou sem ele.
Você, Mariana, será um dia desencarnada, continuará vivendo sem o corpo material e não irá querer que os outros tenham medo de você.

— Quando morrer quero ir para o céu e ficar quieta por lá, como também que todos que morrem fiquem também – expressou Mariana.
— Querer não é poder – respondeu Camila.
Mas se você quer ir para um bom lugar quando seu corpo morrer, viva no bem para merecer.

O assunto terminou quando tocou o sinal, e entraram na classe.

- Mãe, gosto muito de Mariana, é muito boa amiga, mas é fanática por sua religião — comentou Camila.
— Não fale assim, minha filha, todas as religiões que nos recomendam fazer o bem e evitar o mal são boas.
— Não dá para compreender, ela acredita em muitas coisas que nem mesmo entende...

— Ela pode ter a mesma opinião de você.
Não a critique e nem devem se desentender por isso.
Religiões nos mostram o caminho, mas somos nós que temos de caminhar.
Se Deus permite que haja muitas religiões, os homens também devem aceitar, somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai – expressou Lúcia.

— Ou mãe — disse Camila.
Lúcia riu e concordou:
— Por que não? Deus é Pai e Mãe.
O importante é fazermos o bem para sermos um dia bons.

*
Foi uma alegria, Lúcia chegou eufórica.

— Consegui um emprego!
Vou ganhar até mais que no anterior e creio que vou gostar muito.
A firma é grande e o prédio muito bonito.
— Graças a Deus! — Exclamou Rejane.
Não corro mais o risco de perder o meu emprego, Que bom!

Naquela noite fizeram uma oração em conjunto, agradecendo a grande ajuda recebida.
Lúcia leu o Evangelho, capítulo 28, "Preces em Geral. Acção de graças por um favor obtido".

Todos ficaram contentes, e Camila telefonou para Mariana falando da boa novidade.

— Ma, mamãe arrumou emprego!
— Que bom! Não precisará fazer mais tanta economia.
Se melhorou aí para vocês, aqui em casa não está nada bom.
Papai e mamãe estão brigando muito.

— Que chato! — Exclamou Camila, sentida.
— Acho que vão acabar se separando. Não queria isso!
Débora, minha irmã, diz que entende, mas eu e Rafael estamos sofrendo.
— Ma, temos amigos de pais separados e estão todos bem.
— Mas eu os quero juntos.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Out 04, 2014 9:20 am

Camila não soube o que falar à amiga.
Quando desligou, comentou com a mãe.

— Minha filha, é melhor você animá-la.
Não tem muito o que dizer.
Seria ideal que ninguém brigasse e que todos os casais se esforçassem para viver em harmonia.
Quando um casal briga muito, a separação é, às vezes, o melhor caminho, porque na verdade já estão separados.

Não deve ser bom para ninguém e todos sofrem por isso.
Mas os filhos devem querer o bem dos pais.
E, às vezes, ficar juntos só por ficar ou por causa dos filhos não é a melhor solução.

Camila ficou pensando sobre o assunto.
Também não gostaria que os pais se separassem, mas seria capaz de entendê-los e tudo fazer para não ser ou se tornar um problema para eles.

E realmente o pai de Mariana saiu de casa, foi morar sozinho num apartamento, ela e os irmãos ficaram com a mãe.
Mariana chorou muito, vinha à casa da amiga e se queixava.
Camila tentava consolá-la, distraí-la e ela foi se conformando.

— Ainda bem que mamãe teve um aumento, e Débora arrumou um emprego de meio período.
Teremos que administrar bem o dinheiro, Papai dá a pensão, mas ele tem agora mais despesas.
Queria arrumar um emprego, mas mamãe não quer, diz que por enquanto não precisa — lamentou Mariana.

Lúcia chegou em casa triste.

— Hoje soube que meus amigos, que trabalhavam comigo, Sónia e Geraldo, ainda não arrumaram emprego, e a filha está muito doente, necessita de remédios e alimentos especiais.
A mãe de Sónia veio morar com eles e alugaram o apartamento dela para ter mais uma renda.
Estão numa situação ruim, já gastaram todo o dinheiro da indemnização, não tinham muito no fundo de garantia, usaram para comprar o apartamento.

Lúcia não gastara o dinheiro da indemnização, por prudência, temendo ficar mais tempo desempregada e que viessem a precisar.
Estavam agora fazendo planos de trocar o carro por outro mais novo.
O casal se olhou, eles se entendiam.

Osmar falou:
— Acho que nosso carro está bom e sua troca ficar para mais tarde.
— Osmar... Posso então? — Indagou Lúcia.
— Pode. Empreste o dinheiro para eles.

— E se eles não o devolverem? – Perguntou Leonardo.
— Empreste, Lúcia, e diga a eles para não se preocuparem com o pagamento, e se não puderem fazê-lo... — Sorriu Osmar.

— Vocês são óptimos! Maravilhosos! – Exclamou Camila.
— Ficaremos sem o carro novo... – Resmungou Leonardo.
— Mas ajudaremos uns amigos, isso nos dará melhores alegrias — expressou o pai.

E lá se foi o casal, à noite, visitá-los.
Lúcia depois contou aos filhos que Sónia chorou e eles prometeram devolvê-lo quando pudessem.
O casal se empenhou para arrumar um emprego pelo menos para Geraldo, porque Helena, a filha doente, estava necessitando de muitos cuidados, atenção, e Sónia queria estar ao lado dela.

O médico não dava muitas esperanças.
Na reunião de pais, no sábado à noite, Lúcia e Osmar comentaram o problema dos amigos.
Resolveram que a assistência social do Centro, doaria cesta básica para eles.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122635
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck Empty Re: ABORRECENTE, NÃO. SOU ADOLESCENTE! - Rosângela / Vera Lucia Marinzeck

Mensagem  Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Página 1 de 3 1, 2, 3  Seguinte

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos