LUZ ESPÍRITA
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O que é a Doutrina

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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Re: O que é a Doutrina

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 29, 2012 10:53 am

Continua...

O próprio Deus, se apagou diante da exaltação da personalidade do Cristo.
No símbolo de Nicéia, está dito simplesmente: Cremos em um Deus único, etc.;
mas como é esse Deus?

De nenhum modo se fez menção aos seus atributos essenciais:
a soberana vontade e a soberana justiça.

Essas palavras seriam a condenação dos dogmas que consagram sua parcialidade para com certas criaturas, sua inexorabilidade, seu ciúme, sua cólera, seu espírito vingativo, dos quais se autoriza para justificar as crueldades cometidas em seu nome.

Se o símbolo de Nicéia, que se tornou o fundamento da fé católica, estava segundo o Espírito do Cristo, porque o anátema com que o termina?
Não é a prova de que é obra da paixão dos homens?

Aliás, a que se deve a sua adopção?

À pressão do imperador Constantino que disso fizera uma questão mais política do que religiosa.

Sem a sua ordem, o Concílio de Nicéia não ocorreria;
sem a intimidação que exerceu, é mais do que provável que o Arianismo o arrebataria.

Portanto, dependeu da autoridade soberana de um homem que não pertencia à Igreja, que reconheceu mais tarde o erro que fizera politicamente, e que inutilmente procurou retornar sobre os seus passos conciliando as partes, para que não sejamos arianos em lugar de sermos católicos, e para que o Arianismo não fosse hoje a ortodoxia, e o catolicismo a heresia.

Depois de dezoito séculos de lutas e de disputas vãs, durante os quais se pôs completamente de lado a parte mais essencial do ensino do Cristo, a única que poderia assegurar a paz da Humanidade, se está ainda nessas discussões estéreis que não levaram senão a perturbações, engendraram a incredulidade, e cujo objecto não satisfaz mais à razão.

Há, hoje, uma tendência manifesta da opinião geral de retornar às ideias fundamentais da primitiva Igreja, e à parte moral do ensinamento do Cristo, porque é a única que pode tornar os homens melhores.

Aquela é clara, positiva, e não pode dar lugar a nenhuma controvérsia.
Se a Igreja houvesse seguido este caminho desde o princípio, seria hoje onipotente em lugar de estar em declínio;
teria reunido a imensa maioria dos homens em lugar de estar despedaçada pelas facções.

Quando os homens caminharem sob essa bandeira, se estenderão mãos fraternas, em lugar de se lançarem anátemas e maldições, por questões que, na maioria do tempo, não compreendem.

Essa tendência da opinião é o sinal de que chegou o momento para levar a questão para o seu verdadeiro terreno.

§.§.§- O-canto-da-ave
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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Dos homens duplos e das aparições de pessoas vivas

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 01, 2012 11:10 am

É um facto hoje constactado, e perfeitamente explicado, que o Espírito, se isolando de um corpo vivo, pode, com a ajuda de seu envoltório fluídico perispiritual, aparecer em um outro lugar do que aquele em que o seu corpo material está;
mas, até o presente, a teoria, de acordo com a experiência, parece demonstrar que essa separação não pode ocorrer senão durante o sono, ou pelo menos durante a inactividade dos sentidos corpóreos.

Os factos seguintes, se forem exactos, provariam que ela pode se produzir igualmente no estado de vigília.

São extractos da obra alemã:
Os fenómenos místicos da vida humana, por Maximilien Perty, professor na Universidade de Berna, publicado em 1861.
(Leipzig e Heidelberg.)

1. "Um proprietário do campo foi visto pelo seu cocheiro no estábulo, os olhares voltados para os animais, no momento em que estava comungando na igreja.
Ele contou mais tarde ao seu pastor, que lhe perguntou em que pensava no momento da comunhão.
Mas, respondeu ele, se devo dizer a verdade, eu pensava em meus animais.
– Eis a vossa aparição explicada,
replicou o eclesiástico."

O padre estava com a verdade, porque sendo o pensamento um atributo essencial do Espírito, este deve se encontrar onde leva o seu pensamento.

A questão é de saber se, no estado de vigília, o desligamento do Espírito pode ser bastante grande para produzir uma aparição, o que implicaria numa espécie de desdobramento do Espírito, do qual uma parte animaria o corpo fluídico e a outra o corpo material.

Isto nada teria de impossível considerando-se que, quando o pensamento se concentra sobre um ponto distante, o corpo não age mais do que maquinalmente, por uma espécie de impulso mecânico, o que ocorre sobretudo nas pessoas distraídas;
não está animado senão da vida material;
a vida espiritual segue o Espírito.


É, pois, provável que o homem em questão experimentara nesse momento uma forte distracção, e que os seus animais o preocupavam mais do que a sua comunhão.

O facto seguinte entra nessa categoria, mas apresenta uma particularidade mais notável.

2. - "O juiz de cantão, J... em Fr..., enviou, um dia, seu empregado a uma aldeia dos arredores.
Depois de um certo lapso de tempo, viu-o entrar, pegar um livro no armário e folheá-lo.

Perguntou-lhe bruscamente porque não partira ainda;
a essas palavras o empregado desapareceu;
o livro caiu por terra, e o juiz o colocou aberto sobre uma mesa, como caíra.

À noite, quando o empregado veio de retorno, o juiz lhe perguntou se nada lhe ocorrera no caminho, se ele retornara ao aposento onde ele se encontrava neste momento.

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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Re: O que é a Doutrina

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 01, 2012 11:10 am

Continua...

Não,[i] respondeu o empregado;
[i]percorri o caminho com um dos meus amigos;
atravessando a floresta, tivemos uma discussão a propósito de uma planta que encontráramos, e eu dizia que se estivesse em casa, ser-me-ia fácil mostrar a página de Lineu que me daria razão.


– Era justamente esse livro que estava aberto na página indicada."

Por extraordinário que seja o facto, não se poderia dizer que é materialmente impossível, porque estamos longe de conhecer ainda todos os fenómenos da vida espiritual;
todavia, tem necessidade de confirmação.

Em semelhante caso, seria necessário poder constactar, de maneira positiva, o estado do corpo no momento da aparição.
Até prova em contrário, duvidamos que a coisa seja possível, quando o corpo está numa actividade inteligente.

Os factos seguintes são mais extraordinários ainda, e confessamos francamente que nos inspiram ainda maiores dúvidas.

Compreende-se facilmente que a aparição do Espírito de uma pessoa viva seja vista por uma terceira pessoa, mas não que um indivíduo possa ver a sua própria aparição, sobretudo nas circunstâncias relatadas adiante.

3. - "O secretário de governo de Triptis, em Weimar, indo à chancelaria para ali procurar um pacote de autos dos quais tinha grande necessidade, lá se viu já sentado na sua cadeira habitual, tendo os autos diante de si.

Ele se assusta, volta para sua casa, e envia a sua criada com a ordem de pegar os autos que encontraria em seu lugar de costume.
Esta para lá foi, e vê igualmente seu senhor sentado na sua cadeira."

4. - "Becker, professor de matemática em Rostok, tinha amigos em sua casa, à mesa.
Uma controvérsia teológica se levantou entre eles.
Becker vai à sua biblioteca procurar uma obra que deveria decidir a questão, e ali se vê sentado no seu lugar habitual.

Olhando por cima da espádua de sua outra pessoa, percebe que esta lhe mostra a passagem seguinte na Bíblia aberta:
"Arruma a tua casa, porque deves morrer."

Retorna para os seus amigos que se esforçam em vão para lhe demonstrar a loucura de ligar a menor importância a essa visão.
Ele morreu no dia seguinte."

5. - "Hoppack, autor da obra:
Materiais para o estudo da psicologia, disse que o abade Steinmetz, tendo pessoas em sua casa, em seu quarto, se viu ao mesmo tempo em seu jardim, em seu lugar favorito.

Mostrando-se primeiro ele mesmo o dedo, depois seu semelhante, disse:
Eis Steinmetz, o mortal, aquele acolá é imortal."

6. - "F..., da cidade de Z..., que foi mais tarde juiz, encontrando-se na juventude num campo, foi rogado pela jovem da casa para ir procurar um guarda-sol que esquecera em seu quarto.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 01, 2012 11:10 am

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Ali foi e viu a senhorita sentada em sua mesa de costura, mas mais pálida de que quando a deixara;
ela olhava diante de si. F..., apesar de seu medo, pegou o guarda-sol que estava ao lado dela e o transportou.

Vendo sua fisionomia transtornada, ela lhe disse:
Confessai que vistes alguma coisa, me vistes.
Mas não vos inquieteis, não estou perto de morrer.

Eu sou dupla
(em alemão Doppegaenger, literalmente: alguém que caminha duplo);
eu estava em pensamento junto de minha obra, e já, frequentemente, encontrei a minha imagem ao meu lado.
Não nos fazemos nada."


7. - "O conde D... e os sentinelas pretenderam ver, uma noite, a imperatriz Elisabeth, da Rússia, sentada em seu trono, na sala do trono, em traje de cerimónia de pompa, enquanto ela estava deitada e dormia.

A dama de honra de serviço, que disso também estava convencida, foi despertá-la.
A imperatriz foi também para a sala do trono, e ali viu a sua imagem.

Ela ordenou a um sentinela para fazer fogo;
a imagem então desapareceu.
A imperatriz morreu três meses depois."

8. - "Um estudante, de nome Elger, tornou-se muito melancólico depois de se ter visto, frequentemente, na roupa vermelha que usava comumente.
Ele jamais via o seu rosto, mas os contornos de uma forma vaporosa que se lhe assemelhava, sempre no crepúsculo ou ao luar.
Via a imagem no lugar no qual vinha de estar por muito tempo estudando."

9. - "Uma preceptora francesa, Émile Sagée, perdeu dezanove vezes o seu lugar, porque aparecia por toda parte em duplo.

As jovens de um pensionato, em Neuwelke, na Livónia, a viam algumas vezes no salão ou no jardim, ao passo que, na realidade, ela se encontrava em outra parte.

De outras vezes viam diante do quadro, durante a lição, duas senhoritas Sagée, uma ao lado da outra, exatamente semelhantes, fazendo os mesmos movimentos, com esta única diferença de que a verdadeira Sagée tinha um pedaço de giz na mão, com o qual escrevia no quadro."

A obra do Sr. Perty contém um grande número de factos desse género.

Há a se notar que, em todos os exemplos citados, o princípio inteligente está igualmente activo nos dois indivíduos, e mesmo mais activo no ser material, o que deveria ser o contrário.

Mas o que nos parece uma impossibilidade radical, é que possam existir um antagonismo, uma divergência de ideias, de pensamentos e de sentimentos.

Essa divergência está sobretudo manifesta no facto nº 4, onde um adverte o outro de sua morte, e no do nº 7, onde a imperatriz faz disparar sobre a sua outra pessoa.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 01, 2012 11:11 am

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Admitindo a divisão do perispírito e uma força fluídica suficiente para manter ao corpo a sua actividade normal;
supondo-se também a divisão do princípio inteligente, ou uma irradiação capaz de animar os dois seres e de lhes dar uma espécie de ubiqüidade, esse princípio é um e deve ser idêntico;

não poderia aí haver, pois, de um lado uma vontade que não existiria de outro, a menos de admitir que haja gémeos de Espíritos, como há gémeos de corpo, quer dizer, que dois Espíritos se identificam para se encarnar num mesmo corpo, o que não é muito provável.


Em todas essas histórias fantásticas, se há alguma coisa a pegar, há também muitas a deixar, e a parte a se fazer da lenda.

O Espiritismo, bem longe de nos fazer aceitá-las cegamente, ajuda-nos a fazer a separação do verdadeiro e do falso, do possível e do impossível, com a ajuda das leis que nos revelam com respeito à constituição e ao papel do elemento espiritual.

Não nos apressemos, entretanto, em rejeitar a priori tudo o que não compreendemos, porque estamos longe de conhecer todas essas leis, e que a Natureza não nos disse ainda todos os seus segredos.

O mundo invisível é um campo de observação ainda novo, do qual seria presunção pretender haver sondado todas as profundezas, então que novas maravilhas se revelam sem cessar aos nossos olhos.

No entanto, há factos dos quais a lógica e as leis conhecidas demonstram a impossibilidade material.
Tal é, por exemplo, o que está narrado na Revista Espírita do mês de fevereiro de 1859, página 41, sob o título de:
Meu amigo Hermann.

Trata-se de um jovem Alemão da alta sociedade, doce, benevolente, e do mais honrado carácter, que, todas as tardes, ao pôr-do-Sol, caía num estado de morte aparente;
durante esse tempo, seu Espírito despertava nos Antípodas, na Austrália, no corpo de um bandido, que acabou por ser enforcado.

O simples bom senso demonstra que, supondo a possibilidade dessa dualidade corpórea, o mesmo Espírito não pode ser, alternativamente, durante o dia um homem honesto, e à noite um bandido num outro corpo.

Dizer que o Espiritismo acredita em semelhantes histórias, é provar que não o conhece, uma vez que dá os meios de provar-lhes o absurdo.

Mas, ao mesmo tempo que ele demonstra o erro de uma crença, prova que, freqüentemente, ela repousa sobre um princípio verdadeiro, desnaturado ou exagerado pela superstição;
é a despojar o fruto da casca que ele se dedica.

Quantos contos ridículos não se fez sobre o raio, antes de se conhecer a lei da electricidade!

Ocorre o mesmo no que concerne às relações do mundo invisível;
fazendo conhecer a lei dessas relações, o Espiritismo as reduz à realidade;

mas essa realidade é ainda muito para aqueles que não admitem nem almas, nem mundo invisível;
aos seus olhos, tudo o que sai do mundo visível e tangível é da superstição;
eis porque denigrem o Espiritismo.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 01, 2012 11:11 am

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Nota. A questão muito interessante dos homens duplos e a dos agéneres, que a ela se liga estreitamente, foram relegadas, até aqui, para segundo plano, por falta de documentos suficientes para a sua inteira elucidação.

Essas manifestações, tão bizarras que sejam, tão incríveis que pareçam à primeira vista, sancionadas pelos relatos dos historiadores, os mais sérios da Antiguidade e da Idade Média, confirmadas por acontecimentos recentes, não podem, pois, de modo algum, ser postas em dúvida.

O Livro dos Médiuns, no artigo intitulado: Visitas espirituais entre pessoas vivas, Revista Espírita, em numerosas passagens, confirmam-lhe a existência de maneira a mais incontestável.

De uma comparação e de um exame aprofundado de todos esses factos, resultaria talvez uma solução ao menos parcial da questão, e a eliminação de algumas das dificuldades das quais ela parece cercada.

Estaríamos agradecidos àqueles dos nossos correspondentes que quisessem fazer disso um objeto de estudo especial, seja pessoalmente, seja por intermédio dos Espíritos, de nos comunicar o resultado de suas pesquisas, bem entendido, no interesse da difusão da verdade.

Percorrendo rapidamente os anais anteriores da Revista, e aproximando os factos assinalados e as teorias emitidas para explicá-los, deles chegamos a concluir que conviria talvez dividir os fenómenos em duas categorias bem distintas, o que permitiria aplicar-lhes explicações diferentes e demonstrar que as impossibilidades que se opõem à sua aceitação pura e simples, são antes aparentes do que reais.

(Ver, para esse efeito, os artigos da Revista Espírita de janeiro de 1859, O duende de Bayonne;
fevereiro de 1859, os Agêneres, Meu amigo Hermann;
maio de 1859, o Laço entre o Espírito e o corpo;
novembro de 1859, a alma errante;

janeiro de 1860, o Espírito de um lado e o corpo do outro;
março de 1860, Estudo sobre o Espírito das pessoas vivas; O Doutor V... e a Srta. S...;
abril de 1860, o Fabricante de São-Petersburgo; Aparições tangíveis;
novembro de 1860, História de Marie d’Agréda;
julho de 1864,Uma aparição providencial, etc., etc.)

A faculdade de expansão dos fluidos perispirituais está hoje superabundantemente demonstrada pelas operações cirúrgicas, as mais dolorosas, realizadas sobre enfermos adormecidos, seja pelo clorofórmio e o éter, seja pelo magnetismo animal.

Não é raro, com efeito, ver estes últimos conversando com os assistentes sobre coisas agradáveis ou alegres, ou se transportando ao longe em Espírito, enquanto que o corpo se retorce com todas as aparências de horríveis torturas;

a máquina humana, imobilizada no todo ou em parte, se dilacera sob o escalpelo brutal do cirurgião, os músculos se agitam, os nervos se crispam e transmitem a sensação ao aparelho cérebro-espinhal;

mas a alma, que no estado normal percebe só a dor e a manifesta exteriormente, momentaneamente afastada do corpo submetido à impressão, dominada por outros pensamentos, por outras acções, não é senão surdamente advertida do que se passa no seu envoltório mortal e nele permanece perfeitamente insensível.

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Última edição por O_Canto_da_Ave em Qui Mar 01, 2012 11:12 am, editado 1 vez(es)
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 01, 2012 11:11 am

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Quantas vezes não se viram soldados feridos gravemente, todo ao ardor do combate, perdendo seu sangue e sua força, lutar por muito tempo ainda, não se apercebendo de suas feridas?


Um homem, fortemente preocupado, recebe um choque violento sem nada sentir-lhe, e não é senão quando cessa a abstração de sua inteligência que ele reconhece haver estado chocado à sensação dolorosa que prova.

A quem não ocorreu, numa poderosa contenção do Espírito, de atravessar uma multidão tumultuosa e barulhenta, sem nada ver e sem nada ouvir, se bem que, entretanto, o nervo óptico e o aparelho auditivo tivessem percebido as sensações e as tivesse transmitido fielmente à alma?

Disso não se pode duvidar, pelos exemplos que precedem e por uma multidão de factos que seria muito longo relacionar aqui, mas que cada um está no caso de apreciar, o corpo pode, de uma parte, cumprir as suas funções orgânicas, ao passo que o Espírito é levado ao longe pelas preocupações de uma outra ordem. O perispírito, indifinidamente expansível, conservando ao corpo a elasticidade e a actividade necessárias à sua existência, acompanha constantemente o Espírito durante a sua viagem distante no mundo ideal.

Se nos lembrarmos, além disso, de sua propriedade muito conhecida de condensação, que lhe permite tornar-se visível sob as aparências corpóreas para os médiuns videntes, e mais raramente para quem se encontre presente no lugar para onde se transportou o Espírito, não se poderá mais colocar em dúvida a possibilidade dos fenômenos da ubiqüidade.

Está, pois, para nós demonstrado que uma pessoa viva pode aparecer, simultaneamente, em duas localidades distantes uma da outra;
de uma parte com o seu corpo real, de outra com o seu perispírito momentaneamente condensado, sob as aparências de suas formas materiais.

Não obstante, nisso de acordo, como sempre, com Allan Kardec, não podemos admitir a ubiqüidade senão quando reconhecemos uma semelhança perfeita na actuação do ser aparente.

Tais são, por exemplo, os factos citados precedentemente sob os nºs 1 e 2.

Quanto aos factos seguintes, inexplicáveis para nós, se lhes aplicando a teoria de ubiquidade, nos parecem, senão indiscutíveis, pelo menos admissíveis encarando-os de um outro ponto de vista.

Nenhum dos nossos leitores ignora a faculdade, que possuem certos Espíritos desencarnados, de aparecer, sob as aparências materiais, em certas circunstâncias e mais particularmente aos médiuns ditos videntes.

Entretanto, num certo número de casos, tais como nas aparições visíveis e tangíveis para uma multidão, ou para um certo número de pessoas, é evidente que a percepção da aparição não é devida à faculdade mediúnica dos assistentes, mas à realidade da aparência corpórea do Espírito, e, nessa circunstância como nos factos da ubiqüidade, essa aparência corpórea é devida à condensação do aparelho perispiritual.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Mar 01, 2012 11:12 am

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Ora, se o mais frequentemente os Espíritos, no objectivo de se fazer reconhecerem, aparecem tais como eram quando vivos, com as vestes que lhes eram mais habituais, não lhes é impossível se apresentarem, seja vestidos diferentemente, seja mesmo sob quaisquer traços, tal, por exemplo, o Duende de Bayonne, aparecendo, ora sob a sua forma pessoal, ora sob os traços de um de seus irmãos, morto como ele, ora sob as aparências de pessoas vivas e mesmo presentes.

O Espírito tinha o cuidado de fazer reconhecer a sua identidade, apesar das formas variadas sob as quais se apresentava;
mas não tivesse nada feito, não é evidente que as testemunhas da manifestação estariam persuadidas de que assistiam a um fenómeno de ubiquidade?

Se, considerando-se como um precedente esse facto, que está longe de ser isolado, procurarmos explicar do mesmo modo os factos nºs. 3, 4, 5, 6, 8 e 9, nos será talvez possível aceitar-lhes a realidade, ao passo que lhes admitindo a ubiquidade, a incompatibilidade de pensamentos, o antagonismo dos sentimentos e da actividade do organismo das duas partes, não nos permitem, de nenhum modo, olhá-los como possíveis.

No facto nº 4, em lugar de supor o professor Becker em presença de seu sósia, admitamos que ele concordou que um Espírito lhe aparecesse sob a sua própria forma, todo antagonismo desaparece e o fenómeno entra no domínio do possível.

Ocorre o mesmo com o facto nº 7.
Não se compreende Elisabeth da Rússia fazendo atirar sobre a sua própria imagem, mas admite-se perfeitamente que ela faça atirar sobre um Espírito que tomou a sua aparência para mistificá-la.

Certos Espíritos tomam, às vezes, um nome suposto, e se enfeitam com o estilo e as formas de um outro para obterem a confiança dos médiuns e o acesso aos grupos;
que haveria de impossível nisso, que um Espírito orgulhoso se prestasse a tomar a forma da imperatriz Elisabeth e sentar-se no seu trono para dar uma vã satisfação aos seus sonhos ambiciosos?

E assim nos outros casos.

Não damos esta explicação senão por aquilo que ela vale;
essa não é, aos nossos olhos, senão uma suposição bastante plausível, e não a solução real dos factos;
mas, tal como é, nos pareceu de natureza a esclarecer a questão chamando sobre ela as luzes da discussão e da refutação.


É a esse título que a submetemos aos nossos leitores.

Possam as reflexões que ela provocará, as meditações às quais poderá dar lugar, cooperar para a elucidação de um problema que não pudemos senão esflorar, deixando aos mais dignos dissiparem a obscuridade da qual ainda está cercado.

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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Controvérsias sobre a ideia da existência de seres intermediários entre o homem e Deus

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 02, 2012 10:28 am

N., 4 de fevereiro de 1867.

Caro Mestre,

Há algum tempo que não dou sinal de vida;
tendo estado ocupado todo o tempo da minha permanência em Lyon, não pude dar-me uma conta tão perfeita, quanto gostaria, do estado actual da Doutrina nesse grande centro.

Não assisti senão a uma única sessão espírita;
entretanto, pude constatar que, nesse meio, a fé primeira é sempre o que ela deve ser nos corações verdadeiramente sinceros.

Em diferentes outros centros do Sul, ouvi discutir esta opinião, emitida por alguns magnetizadores, de que muitos dos fenómenos, ditos espíritas, são simplesmente efeitos de sonambulismo, e que o Espiritismo não faz senão substituir o magnetismo, ou antes, vestiu-se com o seu nome.

É, como vedes, um novo ataque dirigido contra a mediunidade.

Assim, segundo essas pessoas, tudo o que os médiuns escrevem é o resultado das faculdades da alma encarnada;
é ela que, libertando-se momentaneamente, pode ler no pensamento das pessoas presentes;
é ela que vê à distância e prevê os acontecimentos;

é ela que, por um fluido magnético-espiritual, agita, levanta, tomba as mesas, percebe os sons, etc., tudo, em uma palavra, repousaria sobre a essência anímica sem a intervenção de seres puramente espirituais.


Isso não é uma novidade que vos ensino, dir-me-eis.

Com efeito, eu mesmo ouvi, há alguns anos, certos magnetizadores sustentarem essa tese;
mas hoje procura-se implantar essas ideias que, a meu ver, são contrárias à verdade.

É sempre um erro cair nos extremos, e há tanto exagero em tudo reportar ao sonambulismo, como haveria, da parte dos espíritas, em negar as leis do magnetismo.

Não se poderia roubar à matéria as leis magnéticas, do mesmo modo que, ao Espírito, as leis puramente espirituais.

Onde se detém a força da alma sobre os corpos?
Qual é a parte dessa força inteligente nos fenômenos do magnetismo?
Qual é a do organismo?


Eis as questões cheias de interesse, questões sérias para a filosofia como para a medicina.

Aguardando a solução desses problemas, vou citar-vos algumas passagens de Charpignon, esse doutor de Orléans, que é partidário da transmissão do pensamento.

Vereis que ele mesmo se reconhece na impossibilidade de demonstrar, na visão propriamente dita, que a causa vem da extensão do simpático orgânico, como o pretendem vários autores.

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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Re: O que é a Doutrina

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 02, 2012 10:28 am

Continua...

Ele diz, à página 289:
"Académicos, dobrai os trabalhos de vossos candidatos;
moralistas, promulgai leis para a sociedade, o mundo, esse mundo que ri de tudo, que quer o seu gozo com o desprezo das leis de Deus e dos direitos dos homens, frustra os vossos esforços, porque tem a seu serviço uma força que não supondes, e que deixastes crescer de tal sorte que não sois mais senhores para detê-la."

À página 323:
"Compreendemos bem, até aqui, o modo de transmissão do pensamento, mas nos tornamos impossibilitados para compreender, por essas leis de simpatia harmónica, o sistema pelo qual o homem forma, em si mesmo, tal ou tal pensamento, tal ou tal imagem, e essa solicitação de objectos exteriores.

Isto sai das propriedades do organismo, e a psicologia, encontrando nessa faculdade rememorativa, ou criativa, segundo o desejo do homem, alguma coisa de antagonismo com as propriedades do organismo, fá-la depender de um ser substancial diferente da matéria.

Comecemos, pois, a procurar, no fenómeno do pensamento, algumas lacunas entre a capacidade das leis fisiológicas do organismo e o resultado obtido.

O rudimento do fenómeno, podendo-se assim se explicar, é bem fisiológico, mas a sua extensão, verdadeiramente prodigiosa, não o é mais;
é necessário admitir aqui que o homem goza de uma faculdade que não pertence a nenhum dos dois elementos materiais dos quais, até o presente, não o vimos composto.

O observador de boa-fé, encontrará, pois, aqui, uma terceira parte que entrará na composição do homem, parte que começa a se lhe revelar, do ponto de vista de psicologia magnética, por caracteres novos, e que se referem àqueles que os filósofos concedem à alma.

"Mas a existência da alma se encontra mais fortemente demonstrada pelo estudo de algumas outras faculdades do sonambulismo magnético.

Assim, a visão à distância, quando ela é completa e claramente desembaraçada da transmissão do pensamento, não poderia, na nossa opinião, se explicar pela estensão do simpático orgânico."

Depois, à página 330:
"Tínhamos, como se vê, grandes motivos para adiantar que o estudo dos fenómenos magnéticos tinha grande relação com a filosofia e a psicologia.
Indicamos um trabalho a fazer, e para ele convidamos os homens especiais."

Nas páginas seguintes, há a questão dos seres imateriais e de suas relações possíveis com nossos indivíduos.

Página 349:
É fora de dúvida, para nós, e precisamente por causa das leis psicológicas que esboçamos neste trabalho, que a alma humana pode ser esclarecida directamente, seja por Deus, seja por uma outra inteligência.
Cremos que essa comunicação sobrenatural pode ocorrer no estado normal, como no estado extático, quer seja espontânea ou artificial."

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 02, 2012 10:29 am

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Página 351:
"Mas voltamos a dizer que a previsão natural ao homem é limitada e não poderia ser tão precisa, tão constante e tão largamente exposta quanto as previsões que foram feitas pelos profetas sagrados, ou por homens que estavam inspirados por uma inteligência superior à alma humana."

Página 391:
"A ciência e a crença no mundo espiritual são dois termos antagónicos;
mas apressamo-nos em dizer que foi pelo exagero que surgiram esses dois lados.

É possível, ao nosso parecer, que a ciência e a fé façam aliança, e então o espírito humano se encontrará ao nível de sua perfectibilidade terrestre."

Página 396:
"O Antigo, como o Novo Testamento, assim como os anais da história de todos os povos, estão cheios de factos que não se podem explicar senão pela acção de seres superiores ao homem;
aliás, os estudos de antropologia, de metafísica e de ontologia, provam a realidade da existência de seres imateriais entre o homem e Deus, e a possibilidade de sua influência sobre a espécie humana."

Eis agora a opinião de uma das principais autoridades em magnetismo, sobre a existência de seres fora da Humanidade.

Ela foi extraída da correspondência de Deleuze com o doutor Billot:
"O único fenómeno que parece estabelecer a comunicação com os seres imateriais são as aparições.

Delas há vários exemplos, e como estou convencido da imortalidade da alma, não vejo razão para negar a possibilidade da aparição de pessoas que, tendo deixado esta vida, se ocupam daqueles que lhes são caros, e vêm a eles se apresentar para dar-lhes conselhos salutares."

O doutor Ordinaire, de Mâcon, outra autoridade nessa matéria, assim se exprime:
"O fogo sagrado, a influência secreta (de Boileau), a inspiração, não provém, pois, de tal ou tal contextura, assim como o pretendem os frenólogos, mas de uma alma poética, em relação com um Génio mais poético ainda.

Ocorre o mesmo com relação à música, à pintura, etc.

Essas inteligências superiores não seriam almas libertas da matéria que se elevam, gradualmente, à medida que se depuram, até a grande, a universal inteligência que as abarca todas, até Deus?
Nossas almas, depois de diversas migrações, não tomariam lugar entre esses seres imateriais?


"Concluamos, disse o mesmo autor, do que precede:
que o estudo da alma está ainda em sua infância;

que, uma vez que do pólipo ao homem existe uma série de inteligências, e que nada se interrompe bruscamente na Natureza, deve racionalmente existir, do homem a Deus, uma outra série de inteligências.


O homem é o elo que une as inteligências inferiores, associadas à matéria, com as inteligências superiores, imateriais.

Do homem a Deus se encontra uma série semelhante à que existe do pólipo ao homem, quer dizer, uma série de seres etéreos, mais ou menos perfeitos, gozando de especialidades diversas, tendo ocupações e funções variadas.

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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Re: O que é a Doutrina

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 02, 2012 10:29 am

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"Que essas inteligências superiores se revelam tangivelmente no sonambulismo artificial;
"Que essas inteligências têm, com a nossa alma, relações íntimas;

"Que é a essas inteligências que devemos os nossos remorsos, quando fizemos o mal;
a nossa satisfação, quando fizemos uma boa acção;

"Que é a essas inteligências que os homens superiores devem as suas boas inspirações;
"Que é a essas inteligências que os extácticos devem a faculdade de prever o futuro e anunciar acontecimentos futuros;
"Enfim, que, para agir sobre essas inteligências, e torná-las propícias, a virtude e a prece têm uma ação poderosa."

Nota.
A opinião de tais homens, e esses não são os únicos, tem certamente um valor que ninguém poderia contestar;
mas isso não seria sempre senão uma opinião mais ou menos racional, se a observação não viesse confirmá-la.

O Espiritismo está todo nos pensamentos que acabamos de citar;
somente ele vem completá-los pelas observações especiais, coordená-los e dando-lhes a sanção da experiência.

Aqueles que se obstinam em negar a existência do mundo espiritual, e que não podem, entretanto, negar os factos, se esforçam por procurar-lhes a causa exclusiva no mundo corpóreo;
mas uma teoria, para ser verdadeira, deve dar a razão de todos os factos que a ela se ligam;
um só facto contraditório a destrói, porque não há excepções nas leis da Natureza.


Isso ocorreu à maioria daquelas que se imaginaram, no princípio, para explicar os fenómenos espíritas;
quase todas caíram, uma a uma, diante dos factos que não podiam abarcar.

Depois de haver esgotado, sem resultado, todos os sistemas, forçou-se em vir às teorias espíritas, como as mais concludentes, porque, não tendo de nenhum modo sido formuladas prematuramente, e sobre observações feitas levianamente, elas abarcam todas as variedades, todas as nuances dos fenómenos.

O que as faz aceitar, tão rapidamente, por um maior número, é que cada um nelas encontra a solução completa e satisfatória daquilo que procurou inutilmente alhures.

Todavia, muitos a repelem ainda;
ela tem isso de comum com todas as grandes ideias novas que vêm mudar os hábitos e as crenças, é que todas encontraram, por muito tempo, contraditores obstinados, mesmo entre os homens mais esclarecidos.

Mas um dia virá em que a verdade deverá dominar sobre o que é falso, e se admirará, então, tanta oposição que se lhe fez, tanto a coisa parecerá natural.

Assim será com o Espiritismo;
e o que se tem a notar é que, de todas as grandes ideias que revolucionaram o mundo, nenhuma conquistou, em tão pouco tempo, um número tão grande de partidários, em todos os países e em todas as classes da sociedade.

Eis porque os espíritas, cuja fé não é cega, como os seus adversários o pretendem, mas fundada sobre a observação, não se inquietam nem com os seus contraditores, nem com aqueles que não partilham as suas ideias;
eles ponderam que a Doutrina, a ressaltando das próprias leis da Natureza, em lugar de se apoiar sobre a derrogação dessas leis, não poderá deixar de prevalecer quando essas leis novas serão reconhecidas.

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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Re: O que é a Doutrina

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 02, 2012 10:30 am

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A ideia da existência de seres intermediários entre o homem e Deus não é nova, como todos o sabem;
mas figurava-se, geralmente, que esses seres formavam criação à parte;
as religiões os designaram sob os nomes de anjos e de demónios;
os pagãos os chamavam de deuses.


O Espiritismo, vindo provar que esses seres não são outros senão a alma dos homens, chegadas aos diferentes graus da escala espiritual, conduz a criação à unidade gloriosa, que é a essência das leis divinas.

Em lugar de uma multidão de criações estacionárias, que acusariam na Previdência o capricho ou a parcialidade, não há senão uma, essencialmente progressiva, sem privilégio para nenhuma criatura, cada individualidade se elevando do embrião ao estado de desenvolvimento completo, como o germe do grão chega ao estado de árvore.

O Espiritismo nos mostra, pois, a unidade, a harmonia, a justiça na criação.

Para ele, os demónios são as almas atrasadas, ainda manchadas dos vícios da Humanidade;
os anjos são essas mesmas almas depuradas e desmaterializadas;

e, entre esses dois pontos extremos, a multidão de almas chegadas aos diferentes graus da escala progressiva;
por aí, ele estabelece a solidariedade entre o mundo espiritual e o mundo corpóreo.


Quanto à questão proposta:
Qual é, nos fenómenos espíritas ou sonambúlicos, o limite onde se detém a ação própria da alma humana, e onde começa a dos Espíritos?

Diremos que essa divisão não existe, ou melhor, que ela nada tem de absoluta.
Desde o instante em que não são, de nenhum modo, espécies distintas, que a alma não é senão um Espírito encarnado, e o Espírito uma alma livre dos laços terrestres, que é o mesmo ser nos dois meios diferentes, as faculdades e as aptidões devem ser as mesmas.

O sonambulismo é um estado transitório entre a encarnação e a desencarnação, um desligamento parcial, um pé colocado, por antecipação, no mundo espiritual.

A alma encarnada, ou querendo-se, o Espírito próprio do sonâmbulo ou do médium, pode, pois, fazer, com pouca diferença, o que fará a alma desencarnada, e mesmo mais se ela é mais avançada, com esta diferença, todavia, de que pela sua libertação completa, sendo mais livre, a alma tem percepções especiais inerentes ao seu estado.

A distinção entre o que, num dado efeito, é produto directo da alma do médium, e o que provém de uma fonte estranha, às vezes, é muito difícil de ser feita, porque, muito frequentemente, essas duas acções se confundem e se corroboram.

Assim é que, nas curas pela imposição de mãos, o Espírito do médium pode agir sozinho ou com a assistência de um outro Espírito;
que a inspiração poética ou artística, pode ter uma dupla origem.

Mas do facto de uma distinção ser difícil, não se segue que seja impossível.
A dualidade, com frequência, é evidente, e, em todos os casos, ressalta quase sempre de uma observação atenta.

§.§.§- O-canto-da-ave
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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Causa e natureza da clarividência sonambúlica

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 03, 2012 11:23 am

EXPLICAÇÃO DO FENÓMENO DA LUCIDEZ

As percepções que ocorrem no estado sonambúlico, sendo de uma outra natureza do que aquelas do estado de vigília, não podem ser transmitidas pelos mesmos órgãos.

É constante que, neste caso, a visão não se efectue pelos olhos que, aliás, estão geralmente fechados, e que se pode mesmo pôr ao abrigo dos raios luminosos de maneira a afastar toda suspeita.

A visão à distância, e através de corpos opacos, exclui, além disso, a possibilidade do uso dos órgãos ordinários da visão.

É preciso, pois, de toda necessidade, admitir no estado de sonambulismo, o desenvolvimento de um sentido novo, sede de faculdades e de percepções novas que nos são desconhecidas, e das quais não podemos nos dar conta senão por analogia e pelo raciocínio.

Para isso, se concebe, nada de impossível;
mas qual é a sede desse sentido?

É o que não é fácil de determinar com exactidão.
Os próprios sonâmbulos não dão, a esse respeito, nenhuma indicação precisa.

Ocorre que, para melhor verem, aplicam os objectos sobre o epigastro, outro sobre a fronte, outro sobre o occipital.

Esse sentido não parece, pois, circunscrito num lugar determinado;
é certo, contudo, que a sua maior actividade reside nos centros nervosos.

O que é positivo é que o sonâmbulo vê.

Por onde e como?
É o que ele mesmo não pode definir.

Notemos, no entanto, que, no estado sonambúlico, os fenómenos da visão e as sensações que o acompanham, são essencialmente diferentes daquele que ocorre no estado ordinário;
também não nos serviremos da palavra ver senão por comparação, e na falta de um termo que, naturalmente, não temos para uma coisa desconhecida.

Um povo de cegos de nascença, de nenhum modo, teria palavra para exprimir a luz, e relacionaria as sensações que ela faz sentir a alguma daquelas que compreende porque a ela está submetido.

Procurou-se explicar a um cego a impressão viva e brilhante da luz sobre os olhos.
Eu compreendo, disse ele, é como o som da trombeta.

Um outro, um pouco mais prosaico, sem dúvida, a quem se quis fazer compreender a emissão dos raios em feixes ou cones luminosos, respondeu:
Ah! sim; é como um objecto de forma cónica.

Estamos nas mesmas condições com respeito à lucidez sonambúlica;
somos verdadeiros cegos, e, como estes últimos para a luz, nós a comparamos àquilo que, para nós, tem mais analogia com a faculdade visual;
mas se quisermos estabelecer uma analogia absoluta entre essas duas faculdades e julgar uma pela outra, necessariamente, nos enganaremos como os dois cegos que acabamos de citar.


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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Re: O que é a Doutrina

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 03, 2012 11:24 am

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Está aí o erro de quase todos aqueles que procuram, supostamente, se convencer pela experiência; querem submeter a clarividência sonambúlica às mesmas provas que da visão comum, sem sonhar que não há relações entre elas a não ser o nome que lhes damos, e como os resultados não respondem sempre à expectativa, acham mais simples negar.

Se procedermos por analogia, diremos que o fluido magnético, espalhado por toda a Natureza, e do qual os corpos animados parecem ser os principais focos, é o veículo da clarividência mediúnica, como o fluido luminoso é o veículo das imagens percebidas pela nossa faculdade visual.

Ora, do mesmo modo que o fluido luminoso torna transparente os corpos que atravessa livremente, o fluido magnético, penetrando todos os corpos sem excepção, não há, de nenhum modo, corpos opacos para os sonâmbulos.

Tal é a explicação, a mais simples e a mais natural, da lucidez, falando do nosso ponto de vista.
Nós a cremos justa, porque o fluido magnético, incontestavelmente, desempenha um papel importante nesse fenómeno;
ela, entretanto, não poderia dar conta de todos os factos.

Há uma outra que os abarca a todos, mas à qual algumas explicações preliminares são indispensáveis.

Na visão à distância, o sonâmbulo não distingue um objecto ao longe como poderíamos fazê-lo através de um binóculo.
Não é, de nenhum modo, esse objecto que se aproxima dele por uma ilusão óptica, É ELE MESMO QUE SE APROXIMA DO OBJECTO.

Ele o vê precisamente como se estivesse ao lado dele;
ele mesmo se vê no lugar que observa;
em uma palavra, ele se transporta.


Seu corpo, nesse momento, parece aniquilado, sua palavra é mais abafada, o som de sua voz tem alguma coisa de estranha;
a vida animal parece se extinguir nele;
a vida espiritual está toda inteira no lugar onde o seu pensamento o transporta;
só a matéria fica no mesmo lugar.


Há, pois, uma porção de nosso ser que se separa de nosso corpo para se transportar, instantaneamente, através do espaço, conduzida pelo pensamento e a vontade.

Essa porção, evidentemente, é imaterial;
de outro modo, ela produziria alguns efeitos da matéria;
é a essa parte de nós mesmos que chamamos a alma.


Sim, é a alma que dá ao sonâmbulo as faculdades maravilhosas das quais goza;
a alma que, em circunstâncias dadas, se manifesta se isolando em parte e momentaneamente de seu envoltório corporal.

Para quem observou atentamente os fenómenos do sonambulismo em toda a sua pureza, a existência da alma é um facto patente, e a ideia de que tudo se acaba em nós com a vida animal é, para ele, uma insensatez demonstrada até à evidência;
também se pode dizer, com alguma razão, que o magnetismo e o materialismo são incompatíveis;

se há alguns magnetizadores que parecem se afastar dessa regra, e que professam doutrinas materialistas, é que não fizeram, sem dúvida, senão um estudo muito superficial dos fenómenos físicos do magnetismo, e que não procuraram seriamente a solução do problema da visão a distância.


Qualquer que ele seja, jamais vimos um único sonâmbulo que não estivesse penetrado de um profundo sentimento religioso, quaisquer que possam ser as suas opiniões no estado de vigília.

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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Re: O que é a Doutrina

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 03, 2012 11:24 am

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Retornemos à teoria da lucidez.
A alma, sendo o princípio das faculdades do sonâmbulo, é nela que reside, necessariamente, a clarividência, e não em tal ou tal parte circunscrita de nosso corpo.

É porque o sonâmbulo não pode designar o órgão dessa faculdade como designaria o olho para a visão exterior:
ele vê por todo o seu ser moral, quer dizer, por toda a sua alma, porque a clarividência é um dos atributos de todas as partes da alma, como a luz é um dos atributos de todas as partes do fósforo.

Por toda a parte, pois, onde a alma pode penetrar, há clarividência;
daí a causa da lucidez através de todos os corpos, sob os envoltórios mais espessos e em todas as distâncias.

Uma objecção se apresenta, naturalmente, a esse sistema, e devemos nos apressar em responder a ela.

Se as faculdades sonambúlicas são as mesmas da alma liberta de sua matéria, por que essas faculdades não são constantes?
Por que certos sujeitos são mais lúcidos do que outros?
Por que a lucidez é variável no mesmo sujeito?


Concebe-se a imperfeição física de um órgão;
não se concebe a da alma.

A alma se liga ao corpo por laços misteriosos, que não nos fora dado a conhecer antes que o Espiritismo nos tivesse demonstrado a existência e o papel do perispírito.

Tendo essa questão sido tratada de maneira especial na Revista e nas obras fundamentais da Doutrina, não nos deteremos mais aqui;
limitamos-nos a dizer que é pelos nossos órgãos materiais que a alma se manifesta ao exterior.

Em nosso estado normal, essas manifestações estão naturalmente subordinadas à imperfeição do instrumento, do mesmo modo que o melhor operário não pode fazer uma obra perfeita com más ferramentas.

Por admirável que seja, pois, a estrutura de nosso corpo, que ele haja tido a previdência da Natureza em relação ao nosso organismo para o cumprimento de suas funções vitais, há distância desses órgãos, submetidos a todas as perturbações da matéria, à subtileza de nossa alma.

Por muito tempo, pois, que a alma se prenda ao corpo, sofre-lhe os entraves e as vicissitudes.

O fluido magnético não é a alma, é um laço, um intermediário entre a alma e o corpo;
é pela sua maior ou menor acção sobre a matéria que torna a alma mais ou menos livre;
daí a diversidade das faculdades sonambúlicas.


O sonâmbulo é o homem que não está desembaraçado senão de uma parte de suas vestes, e cujos movimentos são ainda constrangidos por aquelas que lhe restam.

A alma não terá sua plenitude e inteira liberdade de suas faculdades, senão quando houver sacudido os últimos cueiros terrestres, como a borboleta sai de sua crisálida.

Se um magnetizador fosse tão potente para dar à alma uma liberdade absoluta, o laço terrestre seria rompido e a morte disso seria a consequência imediata.

O sonambulismo nos faz, pois, colocar um pé na vida futura;
ele afasta um lado do véu sob o qual se escondem as verdades que o Espiritismo nos faz entrever hoje;
mas não a conheceremos, em sua essência, senão quando estivermos inteiramente desembaraçados do véu material que a obscurece neste mundo.


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O que é a Doutrina - Página 18 Empty A segunda vista

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 04, 2012 11:19 am

CONHECIMENTO DO FUTURO. PREVISÕES.

Se, no estado sonambúlico, as manifestações da alma se tornam, de alguma sorte, ostensivas, seria absurdo pensar que, no estado normal, ela estivesse confinada em seu envoltório de maneira absoluta, como o caracol está encerrado em sua concha.

Não é, de nenhum modo, a influência magnética que a desenvolve; essa influência não faz senão torná-la patente pela acção que exerce sobre os nossos órgãos.

Ora, o estado sonambúlico não é sempre uma condição indispensável para essa manifestação;
as faculdades que vimos se produzirem nesse estado, se desenvolvem, algumas vezes, espontaneamente no estado normal de certos indivíduos.

Disso resulta, para eles, a faculdade de ver além dos limites de nossos sentidos;
percebem as coisas ausentes por toda a parte onde a alma estende a sua acção;

vêem, se podemos nos servir desta expressão, através da visão comum, e os quadros que descrevem, os factos que contam, se apresentam a eles como o efeito de uma miragem, e é o fenómeno designado sob o nome de segunda vista.


No sonambulismo, a clarividência é produzida pela mesma causa;
a diferença é que, nesse estado, ela está isolada, independente da vida corpórea, ao passo que lhe é simultânea, naqueles que dela são dotados no estado de vigília.

A segunda vista quase nunca é permanente;
em geral, esse fenómeno se produz espontaneamente, em certos momentos dados, sem ser um efeito da vontade, e provoca uma espécie de crise que modifica, algumas vezes, sensivelmente o estado físico:

o olho tem alguma coisa de vago; parece olhar sem ver;
toda a fisionomia reflecte uma espécie de exaltação.


É de notar-se que as pessoas que dela gozam, não suspeitam disso;
essa faculdade lhes parece natural como aquela de ver pelos olhos;
para elas, é um atributo de seu ser, e que não lhes parece, de nenhum modo, fazer excepção.


Acrescentai a isso que o esquecimento segue, muito frequentemente, essa lucidez passageira, cuja lembrança, cada vez mais vaga, acaba por desaparecer como a de um sonho.

Há graus infinitos no poder da segunda vista, desde a sensação confusa, até a percepção tão clara e tão limpa como no sonambulismo.

Falta-nos uma palavra para designar esse estado especial, e sobretudo os indivíduos que dele são susceptíveis:
tem se servido da palavra vidente, e embora não dê exactamente o pensamento, adoptá-la-emos até nova ordem, por falta de melhor.

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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Re: O que é a Doutrina

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 04, 2012 11:19 am

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Se aproximamos agora os fenómenos da clarividência sonambúlica e da segunda vista, compreende-se que o vidente possa ter a percepção das coisas ausentes;
como o sonâmbulo, ele vê à distância;
segue o curso dos acontecimentos, julga de sua tendência e pode, em alguns casos, prever-lhes o resultado.

É esse dom da segunda vista que, no estado rudimentar, dá a certas pessoas o tacto, a perspicácia, uma espécie de segurança em seus actos, e que se pode chamar a justeza do golpe de vista moral.

Mais desenvolvida, desperta os pressentimentos, mais desenvolvida ainda, mostra os acontecimentos realizados, ou no ponto de se realizarem;
enfim, chega ao seu apogeu, é o êxtase desperto.

O fenómeno da segunda vista, como dissemos, é quase sempre natural e espontâneo;
mas parece se produzir, mais freqentemente, sob o império de certas circunstâncias.

Os tempos de crise, de calamidade, de grandes emoções, todas as causas, enfim, que superexcitam o moral, provocam-lhe o desenvolvimento.

Parece que a Providência, em presença dos perigos mais iminentes, multiplica, ao nosso redor, a faculdade de preveni-los.

Houve videntes em todos os tempos e em todas as nações;
parece que certos povos a isso estejam mais naturalmente predispostos;
diz-se que, na Escócia, o dom da segunda vista é muito comum.


Encontra-se, assim tão frequentemente, entre as pessoas do campo e os habitantes das montanhas.

Os videntes foram diversamente olhados segundo os tempos, os costumes e o grau de civilização.

Aos olhos das pessoas cépticas, passam por cérebros desarranjados, alucinados;
as seitas religiosas deles fizeram profetas, sibilas, oráculos;
nos séculos de superstição e de ignorância, eram feiticeiros que se queimavam.


Para o homem sensato, que crê na força infinita da Natureza, e na inesgotável bondade do Criador, a dupla vista é uma faculdade inerente à espécie humana, pela qual Deus nos revela a existência de nossa essência material.

Qual é aquele que não reconhece um dom dessa natureza em Jeanne d’Arc e numa multidão de outros personagens que a história qualifica de inspirados?

Tem-se falado, frequentemente, de cartomantes que dizem coisas surpreendentes de verdade.

Estamos longe de nos fazer apologistas de ledores de sorte, que exploram a credulidade de espíritos fracos, e cuja linguagem ambígua se presta a todas as combinações de uma imaginação ferida;
mas não há nada de impossível em que, certas pessoas, fazendo esse ofício, tenham o dom da segunda vista, mesmo com o seu desconhecimento;

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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Re: O que é a Doutrina

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 04, 2012 11:20 am

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desde então as cartas não são, em suas mãos, senão um meio, senão um pretexto, uma base de conversação;
elas falam segundo o que vêem, e não segundo o que indicam as cartas que apenas olham.[/i]

Ocorre o mesmo com outros meios de adivinhação, tais como as linhas das mãos, o resíduo de café, as claras de ovo e outros símbolos místicos.

Os sinais da mão, talvez, tenham mais valor do que todos os outros meios, de nenhum modo por si mesmos, mas porque o suposto adivinho, tomando e apalpando a mão do consulente, se está dotado da segunda vista, encontra-se em relação mais directa com este último, como ocorre nas consultas sonambúlicas.

Podem colocar-se os médiuns videntes na categoria das pessoas gozando da dupla vista.

Como estes últimos, com efeito, os médiuns videntes crêem ver pelos olhos, mas, em realidade, é a alma que vê, e é a razão pela qual vêem tão bem de olhos fechados, quanto de olhos abertos;
segue-se, necessariamente, que um cego poderia ser médium vidente tão bem quanto aquele cuja visão está intacta.

Um estudo interessante a fazer seria saber se esta faculdade é mais frequente nos cegos.

Seríamos levados a crer, tendo em vista que, assim como se pode disso se convencer pela experiência, a privação de se comunicar com o exterior, em razão da ausência de certos sentidos, em geral, dá mais poder à faculdade de abstração da alma e, por conseguinte, mais desenvolvimento ao sentido íntimo pelo qual ela se põe em relação com o mundo espiritual.

Os médiuns videntes podem, pois, ser comparados às pessoas que gozam da visão espiritual;
mas seria, talvez, muito absoluto considerar estes últimos como médiuns;

porque a mediunidade consistindo unicamente na intervenção dos Espíritos, o que se faz por si mesmo não pode ser considerado como um acto mediúnico.


Aquele que possui a visão espiritual vê pelo seu próprio Espírito, e nada implica, no desenvolvimento de sua faculdade, a necessidade do concurso de um Espírito estranho.

Isto posto, examinemos até que ponto a faculdade da dupla vista pode nos permitir descobrir as coisas ocultas e de penetrar no futuro.

De todos os tempos, os homens quiseram conhecer o futuro, e poder-se-iam escrever volumes sobre os meios inventados pela superstição para levantar o véu que cobre o nosso destino.

A Natureza foi muito sábia no-lo escondendo;
cada um de nós tem a sua missão providencial na grande colmeia humana, e concorre à obra comum na sua esfera de actividade.

Se soubéssemos, antecipadamente, o fim de cada coisa, ninguém duvide que a harmonia geral com isso sofreria.

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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Re: O que é a Doutrina

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 04, 2012 11:20 am

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Um futuro feliz assegurado tiraria do homem toda actividade, uma vez que não teria necessidade de nenhum esforço para chegar ao objectivo que se propôs:
seu bem-estar; todas as forças físicas e morais seriam paralisadas, e a marcha progressiva da Humanidade seria detida.

A certeza da infelicidade teria as mesmas conseqüências pelo efeito do desencorajamento;
todos renunciariam lutar contra o decreto definitivo do destino.

O conhecimento absoluto do futuro seria, pois, um presente funesto que nos conduziria ao dogma da fatalidade, o mais perigoso de todos, o mais antipático ao desenvolvimento das ideias.

É a incerteza, do momento de nosso fim neste mundo que nos faz trabalhar até a última batida de nosso coração.

O viajor arrastado por um veículo abandona-se ao movimento que deve conduzi-lo ao objectivo, sem pensar em se fazer desviar, porque sabe da sua impossibilidade;
tal seria o homem que conhecesse o seu destino irrevogável.

Se os videntes pudessem transgredir essa lei da Providência, seriam os iguais da divindade; também, tal não é, de nenhum modo, a sua missão.

Nos fenómenos da dupla vista, estando a alma em parte desligada do envoltório material que limita as nossas faculdades, não há mais, para ela, nem duração, nem distâncias;
abarcando o tempo e o espaço, tudo se confunde no presente.

Livre de seus entraves, ela julga os efeitos e as causas melhor do que não podemos fazê-lo:
vê as consequências das coisas presentes e pode nos fazer pressenti-las;
é nesse sentido que se deve entender o dom da presciência atribuído aos videntes.


Suas previsões não são senão o resultado de uma consciência mais clara do que existe, e não uma predição de coisas fortuitas sem laço com o presente;
é uma dedução lógica do conhecido para chegar ao desconhecido, que depende, muito frequentemente, de nossa maneira de fazer.

Quando um perigo nos ameaça, se somos advertidos, estamos no caso de fazermos o que é preciso para evitá-lo:
com a liberdade de fazê-lo ou não.

Em semelhante caso, o vidente se encontra em presença do perigo que se nos acha oculto;
ele o assinala, indica o meio de afastá-lo, senão o acontecimento segue o seu curso.

Suponhamos um carro conduzido numa estrada terminando num abismo, que o condutor não pode perceber;
é bem evidente que, se nada vem fazê-lo desviar, irá nele se precipitar;

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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Re: O que é a Doutrina

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 04, 2012 11:21 am

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suponhamos, por outro lado, um homem colocado de maneira a dominar a estrada em linha recta;
que esse homem, vendo a perda inevitável do viajor, possa adverti-lo para desviar-se a tempo, o perigo será conjurado.


De sua posição, dominando o espaço, vê o que o viajor, cuja visão está circunscrita pelos acidentes do terreno, não pode distinguir;
pode ele ver se uma causa fortuita vai pôr obstáculo à sua queda;
conhece, pois, antecipadamente, o resultado do acontecimento e pode predizê-lo.


Que esse mesmo homem, colocado sobre uma montanha, perceba ao longe, no caminho, uma tropa inimiga se dirigindo para uma aldeia que quer incendiar;
ser-lhe-á fácil, calculando o espaço e a velocidade, prever o momento da chegada da tropa.

Se, descendo à aldeia, diz simplesmente:
A tal hora a aldeia será incendiada, o acontecimento vindo se cumprir, ele passará, aos olhos da multidão ignorante, por um adivinho, um feiticeiro, ao passo que, muito simplesmente, viu o que os outros não podiam ver, e disso deduziu as consequências.

Ora, o vidente, como esse homem, abarca e segue o curso dos acontecimentos;
não lhe prevê o resultado pelo dom da adivinhação;
ele o vê!


Pode, pois, vos dizer se estais no bom caminho, vos indicar o melhor, e vos anunciar o que encontrareis no fim do caminho;
é, para vós, o fio de Ariadne que vos mostra a saída do labirinto.

Há distância daí, como se vê, à predição propriamente dita, tal como a entendemos na acepção vulgar da palavra.

Nada é tirado ao livre arbítrio do homem, que permanece sempre senhor para agir ou não agir, que cumpre ou deixa de cumprir os acontecimentos pela sua vontade ou pela sua inércia;
se lhe indica o meio para chegar ao objectivo, cabe-lhe dele fazer uso.

Supô-lo submetido a uma fatalidade inexorável pelos menores acontecimentos da vida, é deserdá-lo de seu mais belo atributo: a inteligência;
é assimilá-lo ao animal.

O vidente não é, pois, de nenhum modo, um adivinho;
é um ser que percebe o que não vemos;
é para nós o cão do cego.


Nada, pois, aqui, contradiz os objectivos da Providência sobre o segredo de nosso destino;
é ela mesma que nos dá um guia.

Tal é o ponto de vista sob o qual deve ser encarado o conhecimento do futuro nas pessoas dotadas de dupla vista.

Se esse futuro fosse fortuito, se dependesse do que se chama o acaso, se não se ligasse em nada às circunstâncias presentes, nenhuma clarividência poderia penetrá-lo, e toda previsão, nesse caso, não poderia oferecer nenhuma certeza.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 04, 2012 11:22 am

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O vidente, e por isso entendemos o verdadeiro vidente, o vidente sério, e não o charlatão que o simula, o verdadeiro vidente, dizemos, não diz nada do que o vulgo chama a boa sorte;
ele prevê o resultado do presente, nada mais, e isso já é muito.

Quantos erros, quantas falsas deligências, quantas tentativas inúteis não evitaríamos, se tivéssemos sempre um guia seguro para nos esclarecer;
quantos homens estão deslocados no mundo por não terem sido lançados no caminho que a Natureza traçou para as suas faculdades!

Quantos fracassos por ter seguido os conselhos de uma obstinação irreflectida!

Uma pessoa poderia lhe dizer:
"Não tenteis tal coisa porque as vossas faculdades intelectuais são insuficientes, porque ela não convém nem ao vosso carácter, nem à vossa constituição física, ou bem ainda porque não sereis secundado segundo a necessidade;

ou bem ainda porque vos enganais sobre a importância dessa coisa, porque encontrareis tal entrave que não prevedes."


Em outras circunstâncias, ter-lhe-ia dito:
"Triunfareis em tal coisa, se a tomardes de tal ou tal maneira;
se evitardes tal deligência que pode vos comprometer."


Sondando as disposições e o carácter, ter-lhe-ia dito:
"Desconfiai de tal armadilha que se quer vos estender;" depois teria acrescentado:
"Estais prevenidos, meu papel está findo;

eu vos mostro o perigo;
se sucumbirdes não acuseis nem a sorte, nem a fatalidade, nem a Providência, mas só a vós.


Que pode o médico, quando o enfermo não tem em nenhuma conta os seus conselhos?"

§.§.§- O-canto-da-ave
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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Introdução ao estudo da fotografia e da telegrafia do pensamento

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 05, 2012 11:26 am

A acção fisiológica de indivíduo a indivíduo, com ou sem contato, é um facto incontestável.

Esta acção não pode se exercer, evidentemente, senão por um agente intermediário, do qual o nosso corpo é o reservatório, os nossos olhos e os nossos dedos os principais órgãos de emissão e de direcção.

Esse agente invisível, necessariamente, é um fluido.
Qual é sua natureza, sua essência?
Quais são suas propriedades íntimas?

É um fluido especial ou bem uma modificação da eletricidade ou de algum outro fluido conhecido?

É o que se designava há pouco sob o nome de fluido nervoso?
Não é antes o que designamos hoje sob o nome de fluido cósmico, quando está esparramado na atmosfera, e de fluido perispiritual quando é individualizado?


Essa questão, de resto, é secundária.

O fluido perispiritual é imponderável, como a luz, a electricidade e o calor.

É invisível, para nós, no estado normal, e não se revela senão pelos seus efeitos;
mas torna-se visível no estado de sonambulismo lúcido, e mesmo no estado de vigília para as pessoas dotadas de dupla vista.

No estado de emissão ele se apresenta sob a forma de faíscas luminosas, bastante semelhantes à luz eléctrica difusa no vazio;
é a isso, de resto, que se limita a sua analogia com este último fluido, porque não produz, ao menos ostensivamente, nenhum dos fenómenos físicos que conhecemos.

No estado ordinário, apresenta cores diversas segundo os indivíduos de onde emana;
ora de um vermelho fraco, ora azulado ou acinzentado, como uma bruma leve;
o mais das vezes, espalha sobre os corpos vizinhos, uma nuvem amarelada, mais ou menos pronunciada.


As narrações dos sonâmbulos e dos videntes são idênticas sobre essa questão;
aliás, teremos ocasião de voltar ao assunto falando das qualidades impressas ao fluido para o motivo de pô-lo em movimento, e para o adiantamento do indivíduo que o emite.

Nenhum corpo lhe constitui obstáculo;
penetra-os e os atravessa todos;
até o presente, não se conhece nenhum que seja capaz de isolá-lo.


Só a vontade pode estender-lhe ou restringir-lhe a acção;
a vontade, com efeito, é o seu mais poderoso princípio;
pela vontade, dirigem-se-lhe os eflúvios através do espaço, ou os acumula, a seu contento, sobre um ponto dado, ou saturam-se certos objectos, ou bem são retirados dos lugares onde são super-abundantes.


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O que é a Doutrina - Página 18 Empty Re: O que é a Doutrina

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 05, 2012 11:26 am

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Digamos, de passagem, que é sobre esse princípio que está fundada a força magnética.
Parece, enfim, ser o veículo da visão psíquica, como o fluido luminoso é o veículo da visão ordinária.

O fluido cósmico, se bem que emanando de uma fonte universal, se individualiza, por assim dizer, em cada ser, e adquire propriedades características que permite distingui-lo entre todos.

A própria morte não apaga esses caracteres de individualização que persistem muitos anos depois da cessação da vida, assim como pudemos disso nos convencer.
Cada um de nós tem, pois, seu fluido próprio que o envolve e o segue em todos os seus movimentos, como a atmosfera segue cada planeta.

A extensão da irradiação dessas atmosferas individuais é muito variável;
num estado de repouso absoluto do Espírito, essa irradiação pode estar circunscrita num limite de alguns passos;
mas sob o domínio da vontade, pode alcançar distâncias infinitas;
a vontade parece dilatar o fluido, como o calor dilata o gás.


As diferentes atmosferas particulares se encontram, se cruzam, misturam-se sem jamais se confundirem, absolutamente como as ondas sonoras que permanecem distintas apesar da multidão de sons que agitam o ar simultaneamente.

Pode-se, pois, dizer que cada indivíduo é o centro de uma onda fluídica cuja extensão está em razão da força e da vontade, como cada ponto vibrante é o centro de uma onda sonora, cuja extensão está em razão da força da vibração;
a vontade é a causa propulsora do fluido, como o choque é a causa vibrante do ar e propulsora das ondas sonoras.

Das qualidades particulares de cada fluido resulta, entre eles, uma espécie de harmonia ou de desacordo, uma tendência a se unir ou a se evitar, uma atracção ou uma repulsão, em uma palavra, as simpatias ou as antipatias que se experimentam, frequentemente, sem causas determinantes conhecidas.

Se estamos na esfera de actividade de um indivíduo, a sua presença nos é, algumas vezes, revelada pela impressão agradável ou desagradável que sentimos de seu fluido!

Se estamos no meio de pessoas das quais não partilhamos os sentimentos, das quais os fluidos não se harmonizam com o nosso, uma reação penosa nos oprime, e ali nos encontramos como uma nota dissonante num concerto!

Se vários indivíduos estão, ao contrário, reunidos numa comunidade de objectivos e de intenções, os sentimentos de cada um se exaltam em proporção mesmo da massa das forças reagentes.

Quem não conhece a força de arrebatamento que domina as aglomerações onde há homogeneidade de pensamentos e de vontades?

Não se poderia imaginar a quanta influência estamos assim submetidos, com o nosso desconhecimento.

Essas influências ocultas não podem ser a causa determinante de certos pensamentos;
desses pensamentos que nos são comuns, no mesmo instante, com certas pessoas;
desses vagos pressentimentos que nos fazem dizer:

Há qualquer coisa no ar que prenuncia tal ou tal acontecimento?

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 05, 2012 11:26 am

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Enfim, certas sensações indefiníveis de bem-estar ou de mal-estar moral, de alegria ou de tristeza, não seriam de nenhum modo o efeito da reacção do meio fluídico no qual estamos, dos eflúvios simpáticos ou antipáticos que recebemos e que nos envolvem como as emanações de um corpo perfumado?

Não saberíamos nos pronunciar afirmativamente, sobre essas questões, de maneira absoluta, mas é forçoso convir pelo menos que a teoria do fluido cósmico, indivualizado em cada ser sob o nome de fluido perispiritual, abre um campo todo novo para a solução de uma multidão de problemas até aqui inexplicáveis.

Cada um, em seu movimento de translação, carrega, pois, consigo a sua atmosfera fluídica, como o caracol carrega a sua concha;
mas esse fluido deixa os traços de sua passagem;
deixa como uma esteira luminosa, inacessível aos nossos sentidos no estado de vigília, mas que serve, aos sonâmbulos, aos videntes e aos Espíritos desencarnados, para reconstruírem os factos realizados e analisar o móvel que os fez executar.

Toda acção física ou moral, patente ou oculta, de um ser sobre si mesmo ou sobre um outro, supõe, de um lado, uma força actuante, de outro, uma sensibilidade passiva.

Em todas as coisas, duas forças iguais se neutralizam, e a fraqueza cede à força.

Ora, não sendo todos os homens dotados da mesma energia fluídica, dito de outro modo, não tendo o fluido perispiritual em todos a mesma força activa, isto nos explica por que, em uns, essa força é quase irresistível, ao passo que é nula em outros;
por que certas pessoas são muito acessíveis à sua acção, ao passo que outras lhe são refractárias.

Essa superioridade e essa inferioridade relativas, evidentemente, dependem do organismo;
mas estar-se-ia em erro crendo-se que elas estão em razão da força ou da fraqueza física.

A experiência prova que os homens mais robustos, algumas vezes, sofrem as influências fluídicas mais facilmente do que os outros de uma constituição muito mais delicada, ao passo que se encontra, frequentemente, nestes últimos, uma força que a sua frágil aparência não poderia fazer supor.

Essa diversidade no modo de acção pode se explicar de várias maneiras.

A força fluídica aplicada à acção recíproca dos homens uns sobre os outros, quer dizer, no magnetismo, pode depender:
da soma de fluido que cada um possui;
da natureza intrínseca do fluido de cada um, abstracção feita da quantidade;
do grau de energia da força impulsora, talvez mesmo dessas três causas reunidas.

Na primeira hipótese, aquele que tem mais fluido dá-lo-ia àquele que o tem menos, mais do que dele receberia;
haveria, nesse caso, analogia perfeita com a permuta de calor que fazem entre eles, dois corpos que se colocam em equilíbrio de temperatura.

Qualquer que seja a causa dessa diferença, podemos nos dar conta do efeito que ela produz, supondo três pessoas das quais nos representaremos a força por três números: 10, 5 e 1.

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