Horizontes da Mente - Miramez - João Nunes Maia
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Re: Horizontes da Mente - Miramez - João Nunes Maia
MENTE DIVINA
A Terra é um comboio que viaja no cosmo sem interrupção física.
A sua parada significa morte, pois a vida mecânica do Universo se baseia no cinetismo.
No entanto, em se tratando das coisas espirituais, da filosofia espiritualista, dos avanços evolutivos da humanidade, ela, de vez em quando, chega às estações do larga-e-pega, deixando rebanhos.
E rebanhos vão sendo sucedidos, em fases diferentes da vida.
Já se aproxima uma época profética dessas.
Começamos a entrar no grande pátio da parada, por lei, e as trocas já se iniciaram, até o fim deste século.
Pelo começo do outro, todos os passageiros serão modificados ou substituídos.
A mente humana está decrescendo e, a cada dia que passa, ela vai perdendo terreno, nas suas injunções inferiores, cedendo lugar â Mente Divina, pela qual, será instalado, na Terra, o Reino de Deus e, na consciéncia o Céu.
Devemos muito ao grande operário do Senhor, o Cristo, que com os seus trabalhadores, iniciou a destruição das casas velhas edificadas na areia da corrupção, traçou planos para novas construções, edifícios que se aprumam em direcção ao céu, interligando este com a Terra, de modo que os que estão embaixo entendam quem está em cima.
A mente humana constitui uma área imensa, velha e desfigurada pelo abuso das forças empreendidas pela inteligência, sem a participação dos sentimentos, que agora começam a ceder lugar aos agentes da luz, adubando terrenos, fertilizando ambientes, irrigando alas disponíveis e tratáveis, para que o Grande Semeador não perca mais o seu tempo de semear.
E chegou a época de as sementes frutificarem na medida que o Evangelho espera de nós - cem por cento.
Alinham-se esforços em todas as direcções.
E, para todos os acontecimentos do fim de uma era, a vontade do homem é impotente.
Ela pode, bem educada, ajudar em determinados alívios, predispondo os corações preparados para a fé, para a confiança, para a altivez espiritual, em qualquer lugar em que estejais.
Nunca mudemos as direcções dos planos de Deus nas sequências evolutivas.
É justo que compreendamos o nosso quinhão de valores e de deveres, sem que a vaidade nos induza a ultrapassar os limites das nossas obrigações.
Se, porventura, tentarmos, causaremos reversões nas forças e elas se enfurecerão connosco, em detrimento da nossa paz.
As leis maiores de Deus se cumprem connosco, sem nós, e apesar de nós.
Dezoito séculos de Cristianismo foram para diminuir a tensão magnética, a crosta quase intransponível criada pêlos pensamentos inferiores dos homens em torno da Terra, de forma a dificultar o inter-câmbio com o Céu.
Estava quase completo o domínio da mente humana.
Foi quando fulgurou a luz, em torrentes de amor, cumprindo as profecias e abrindo, igualmente, portas para outras filosofias que haveriam de secundar o Cristianismo.
Mesmo sem entenderem, o ideal era o mesmo do Cristo e de Deus.
E a mente divina deu o grito da liberdade, apresentando-se como verdadeira herdeira das possibilidades humanas.
Os clarins dos anjos tocaram anunciando novo dia na face da Terra, a conjunção dos dois pólos, do homem e do anjo.
Travou-se a luta do bem e do mal, e ela se avoluma cada vez mais para um desfecho que está próximo, redundando em uma catástrofe sem precedentes na história dos povos, mas que marcará uma época do fim do mundo mau, para iniciar o mundo do Bem.
A mente divina ganha terreno, e apesar de todas as aparências, assegura a vitória para os ideais humanos.
Deus nunca perde, nem tampouco erra em suas equações.
Alimentemos a confiança e a fé e esperemos o nascer do novo sol - o sol do Terceiro Milénio.
E é para esta luta que vos convidamos.
Que sejais partícipes desse grande e valioso empreendimento, educando a vossa mente, cortando arestas dos vossos impulsos que não se ajustam com a verdade, e destampando as comportas do amor, para que a luz invada toda a lavoura das vossas mentes, libertando-vos do humano e passando-vos para os braços vitoriosos do Divino.
Somente por um preço: o preço do amor.
A Terra é um comboio que viaja no cosmo sem interrupção física.
A sua parada significa morte, pois a vida mecânica do Universo se baseia no cinetismo.
No entanto, em se tratando das coisas espirituais, da filosofia espiritualista, dos avanços evolutivos da humanidade, ela, de vez em quando, chega às estações do larga-e-pega, deixando rebanhos.
E rebanhos vão sendo sucedidos, em fases diferentes da vida.
Já se aproxima uma época profética dessas.
Começamos a entrar no grande pátio da parada, por lei, e as trocas já se iniciaram, até o fim deste século.
Pelo começo do outro, todos os passageiros serão modificados ou substituídos.
A mente humana está decrescendo e, a cada dia que passa, ela vai perdendo terreno, nas suas injunções inferiores, cedendo lugar â Mente Divina, pela qual, será instalado, na Terra, o Reino de Deus e, na consciéncia o Céu.
Devemos muito ao grande operário do Senhor, o Cristo, que com os seus trabalhadores, iniciou a destruição das casas velhas edificadas na areia da corrupção, traçou planos para novas construções, edifícios que se aprumam em direcção ao céu, interligando este com a Terra, de modo que os que estão embaixo entendam quem está em cima.
A mente humana constitui uma área imensa, velha e desfigurada pelo abuso das forças empreendidas pela inteligência, sem a participação dos sentimentos, que agora começam a ceder lugar aos agentes da luz, adubando terrenos, fertilizando ambientes, irrigando alas disponíveis e tratáveis, para que o Grande Semeador não perca mais o seu tempo de semear.
E chegou a época de as sementes frutificarem na medida que o Evangelho espera de nós - cem por cento.
Alinham-se esforços em todas as direcções.
E, para todos os acontecimentos do fim de uma era, a vontade do homem é impotente.
Ela pode, bem educada, ajudar em determinados alívios, predispondo os corações preparados para a fé, para a confiança, para a altivez espiritual, em qualquer lugar em que estejais.
Nunca mudemos as direcções dos planos de Deus nas sequências evolutivas.
É justo que compreendamos o nosso quinhão de valores e de deveres, sem que a vaidade nos induza a ultrapassar os limites das nossas obrigações.
Se, porventura, tentarmos, causaremos reversões nas forças e elas se enfurecerão connosco, em detrimento da nossa paz.
As leis maiores de Deus se cumprem connosco, sem nós, e apesar de nós.
Dezoito séculos de Cristianismo foram para diminuir a tensão magnética, a crosta quase intransponível criada pêlos pensamentos inferiores dos homens em torno da Terra, de forma a dificultar o inter-câmbio com o Céu.
Estava quase completo o domínio da mente humana.
Foi quando fulgurou a luz, em torrentes de amor, cumprindo as profecias e abrindo, igualmente, portas para outras filosofias que haveriam de secundar o Cristianismo.
Mesmo sem entenderem, o ideal era o mesmo do Cristo e de Deus.
E a mente divina deu o grito da liberdade, apresentando-se como verdadeira herdeira das possibilidades humanas.
Os clarins dos anjos tocaram anunciando novo dia na face da Terra, a conjunção dos dois pólos, do homem e do anjo.
Travou-se a luta do bem e do mal, e ela se avoluma cada vez mais para um desfecho que está próximo, redundando em uma catástrofe sem precedentes na história dos povos, mas que marcará uma época do fim do mundo mau, para iniciar o mundo do Bem.
A mente divina ganha terreno, e apesar de todas as aparências, assegura a vitória para os ideais humanos.
Deus nunca perde, nem tampouco erra em suas equações.
Alimentemos a confiança e a fé e esperemos o nascer do novo sol - o sol do Terceiro Milénio.
E é para esta luta que vos convidamos.
Que sejais partícipes desse grande e valioso empreendimento, educando a vossa mente, cortando arestas dos vossos impulsos que não se ajustam com a verdade, e destampando as comportas do amor, para que a luz invada toda a lavoura das vossas mentes, libertando-vos do humano e passando-vos para os braços vitoriosos do Divino.
Somente por um preço: o preço do amor.
Ave sem Ninho- Mensagens : 126649
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Re: Horizontes da Mente - Miramez - João Nunes Maia
SÚPLICA
É difícil delimitar, mesmo na profundeza racional, onde começa e termina, em qualquer escrito nobre, a súplica.
Achamos que toda a palavra construtiva e letras ordenadas pêlos bons princípios são orações, que se vinculam â faixa divina, pela vontade humana mais ou menos educada, para que se materialize na Terra, o ideal do Bem.
No entanto, percebemos a subtileza da prece, pois ela difere um pouco das conversações comuns e, pêlos contextos dos livros, é como se estivéssemos falando a alguém que somente nos ouve e regista os nossos pedidos na mais alta justiça, computando para nós somente o que nos faz bem.
O místico ou o santo vive em completa oração.
Não no fanatismo constrangedor, com repetições alérgicas ao bom senso, mas no exame profundo do que deve ou não fazer, como se estivesse falando frente a frente com o Pai Celestial, ouvindo, e fazendo a Sua magnânima vontade.
O homem que ora, conhecendo a importância da oração entra em estado de graça, sente o ambiente divino a pulsar no seu mundo humano.
Cultivai a prece, companheiros de ideal, que ela vos ajudará a compreender a vida e a ter paciência nas lutas, a aprimorar a alegria e a respirar, com todo o contentamento, o perfume embriagador do amor.
Vamos à súplica:
"Grande Arquitecto Universal:
Agradecemos pela Vossa paternidade sem fronteiras, pela Vossa beneficência sem limites, pelo Vosso amor sem exigências.
Pedimo-Vos que nos abençoe, porque acordamos mais uma fracção da nossa consciência, porque abrimos os olhos para mais um ângulo da visão, porque andamos mais um passo na rodovia evolutiva.
Este livro, para nós, é a resposta de uma súplica.
É de se notar o quanto vale a oração, o quanto nos faz bem a prece, o quanto nos desperta o entendimento mais directo com as forças do Bem.
Senhor!
Ainda temos muito que aprender acerca da rogativa, das emoções que ela favorece, das irradiações que se sucedem em estado de êxtase, da felicidade que poderemos perceber na humildade da prece.
Jesus!
Não nos deixeis abandonar esses recursos espirituais.
Ensinai-nos outra vez, como ensinastes aos discípulos, a orar, sem que essa oração nos leve a repetições sem discernimento, a esperar receber sem fazer esforço, a confiar sem intolerância.
Ensinai-nos a orar na faixa do amor com a vida e pela vida, com a sabedoria e pela sabedoria.
E que, acima de tudo, cumpra-se a Vossa vontade e não a nossa".
Vamos colocar este livro como uma súplica humana endereçada aos homens de boa vontade e, se Deus permitir, que ele avance nos horizontes de todas as mentes em preparo na Terra, colocando-as em nível ascendente e ajudando-as na libertação.
Estas páginas que já lestes são uma prece para vós e por vós, no afã de que deixeis a vossa mente aberta aos conceitos do Mestre, exercitando-as em todas as oportunidades, para que, no amanhã, sejais fontes de água pura, qual aquela que Jesus mostrou â samaritana, que jamais secarão.
Esperamos o vosso bom proveito nesta escola do Senhor, e que Deus e Cristo ampliem sobremaneira os horizontes das vossas mentes.
ooo FIM ooo
É difícil delimitar, mesmo na profundeza racional, onde começa e termina, em qualquer escrito nobre, a súplica.
Achamos que toda a palavra construtiva e letras ordenadas pêlos bons princípios são orações, que se vinculam â faixa divina, pela vontade humana mais ou menos educada, para que se materialize na Terra, o ideal do Bem.
No entanto, percebemos a subtileza da prece, pois ela difere um pouco das conversações comuns e, pêlos contextos dos livros, é como se estivéssemos falando a alguém que somente nos ouve e regista os nossos pedidos na mais alta justiça, computando para nós somente o que nos faz bem.
O místico ou o santo vive em completa oração.
Não no fanatismo constrangedor, com repetições alérgicas ao bom senso, mas no exame profundo do que deve ou não fazer, como se estivesse falando frente a frente com o Pai Celestial, ouvindo, e fazendo a Sua magnânima vontade.
O homem que ora, conhecendo a importância da oração entra em estado de graça, sente o ambiente divino a pulsar no seu mundo humano.
Cultivai a prece, companheiros de ideal, que ela vos ajudará a compreender a vida e a ter paciência nas lutas, a aprimorar a alegria e a respirar, com todo o contentamento, o perfume embriagador do amor.
Vamos à súplica:
"Grande Arquitecto Universal:
Agradecemos pela Vossa paternidade sem fronteiras, pela Vossa beneficência sem limites, pelo Vosso amor sem exigências.
Pedimo-Vos que nos abençoe, porque acordamos mais uma fracção da nossa consciência, porque abrimos os olhos para mais um ângulo da visão, porque andamos mais um passo na rodovia evolutiva.
Este livro, para nós, é a resposta de uma súplica.
É de se notar o quanto vale a oração, o quanto nos faz bem a prece, o quanto nos desperta o entendimento mais directo com as forças do Bem.
Senhor!
Ainda temos muito que aprender acerca da rogativa, das emoções que ela favorece, das irradiações que se sucedem em estado de êxtase, da felicidade que poderemos perceber na humildade da prece.
Jesus!
Não nos deixeis abandonar esses recursos espirituais.
Ensinai-nos outra vez, como ensinastes aos discípulos, a orar, sem que essa oração nos leve a repetições sem discernimento, a esperar receber sem fazer esforço, a confiar sem intolerância.
Ensinai-nos a orar na faixa do amor com a vida e pela vida, com a sabedoria e pela sabedoria.
E que, acima de tudo, cumpra-se a Vossa vontade e não a nossa".
Vamos colocar este livro como uma súplica humana endereçada aos homens de boa vontade e, se Deus permitir, que ele avance nos horizontes de todas as mentes em preparo na Terra, colocando-as em nível ascendente e ajudando-as na libertação.
Estas páginas que já lestes são uma prece para vós e por vós, no afã de que deixeis a vossa mente aberta aos conceitos do Mestre, exercitando-as em todas as oportunidades, para que, no amanhã, sejais fontes de água pura, qual aquela que Jesus mostrou â samaritana, que jamais secarão.
Esperamos o vosso bom proveito nesta escola do Senhor, e que Deus e Cristo ampliem sobremaneira os horizontes das vossas mentes.
ooo FIM ooo
Ave sem Ninho- Mensagens : 126649
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Re: Horizontes da Mente - Miramez - João Nunes Maia
Amanhã bem cedo, lançarei ao solo as sementes que há tempos recebi e que estavam guardadas por longo período, aguardando apenas a estação propicia para a sua semeadura.
Breve diante de um lindo e imenso jardim, surgirá uma majestosa arvore quedará um brilho diferente aos olhos do espírito, que caminhando por entre as flores, iluminado pelo sol do conhecimento, sentirá um maravilhoso perfume que abalará a sua mente, desacomodando e despertando sua consciência, que ainda se encontra dormente e anestesiada pelo sono da ilusão...
No entanto podem ficar certos que:
se algumas destas sementes não germinarem, servirão ainda para saciar a fome da mente, se sequer causar abalo algum.
Josef Lunnar
MIRAMEZ
Fernando Miramez de Olivídeo era filho de casal nobre do norte da Espanha.
Sua mãe nascera na França e seu pai era de origem portuguesa.
Assim, em suas veias misturava-se o sangue de duas nobrezas, aquecido pelo clima da Espanha, seu berço natal.
Moço inteligente e estudioso, aprofundava-se na história dos povos e nações da Terra.
Deteve-se com interesse na descoberta das Américas, em cujo evento destacaram-se Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral, apaixonando-se, ainda que sem conhece-las fisicamente, pelas Terras de Santa Cruz.
Tal era o seu interesse por elas, que por várias vezes visualizava-se desembarcando em portos da terra que já sentia ser abençoada.
Tinha notícias dos silvícolas, habitantes dessa nação nova, e da escravidão em desenvolvimento, imposta pêlos estrangeiros conquistadores, não aceita pelos primeiros, que se revoltavam.
Acompanhou interessada mente a implantação do trabalho escravo do homem de raça negra, levado à força do continente africano, que, por sua característica passiva, aceitava o grilhão e o açoite, servindo aos interesses daqueles que avidamente se apossaram das terras.
Colocava-se sempre, em pensamento, no meio do povo humilde, regozijando-se com a bravura dos índios, embora no fundo soubesse que acabariam dominados pêlos estrangeiros, que dispunham dos meios para submetê-los.
Contudo, nesta luta onde os fracos pediam socorro aos homens de bem, os céus jamais ficariam em silêncio, nem deixariam sem resposta os clamores dos oprimidos, apesar do carma colectivo dos povos e nações.
Fernando era íntimo de Filipe IV, rei de Espanha, que conhecia seus princípios de integridade e os dotes de elevada moral de que era portador.
Para o rei, Fernando tinha algumas deficiências que necessitavam ser corrigidas:
era avesso às guerras, repudiava a violência e propugnava pelo direito dos povos e, principalmente, dos indivíduos.
Como tinha planos relativos a ele, durante uma entrevista que lhe concedera, em carácter íntimo, Filipe dá início à execução dos mesmos, falando-lhe convincente:
"Caro amigo, conheço vossos dotes e vos considero pessoa grata da Família Real, que conta com eles para defender seus interesses, bem como os de nossa Espanha.
Reconheço em vós predicados e valores que se aproximam da perfeição, contudo, compete a mim, por quem sois, recomendar-vos que junto com a virtude, deveis cultivar a bravura e a tenacidade; o orgulho pela nossa nobreza e pela tradição e honra da Espanha; a luta pelas nossas posses de além-mar, aumentando nossas riquezas e o nosso poder.
Nossa nação tem a gloriosa destinação de dominar o mundo.
Deus está connosco e Cristo a escolheu como seu trono para, através dela, reinar sobre tudo.
Breve diante de um lindo e imenso jardim, surgirá uma majestosa arvore quedará um brilho diferente aos olhos do espírito, que caminhando por entre as flores, iluminado pelo sol do conhecimento, sentirá um maravilhoso perfume que abalará a sua mente, desacomodando e despertando sua consciência, que ainda se encontra dormente e anestesiada pelo sono da ilusão...
No entanto podem ficar certos que:
se algumas destas sementes não germinarem, servirão ainda para saciar a fome da mente, se sequer causar abalo algum.
Josef Lunnar
MIRAMEZ
Fernando Miramez de Olivídeo era filho de casal nobre do norte da Espanha.
Sua mãe nascera na França e seu pai era de origem portuguesa.
Assim, em suas veias misturava-se o sangue de duas nobrezas, aquecido pelo clima da Espanha, seu berço natal.
Moço inteligente e estudioso, aprofundava-se na história dos povos e nações da Terra.
Deteve-se com interesse na descoberta das Américas, em cujo evento destacaram-se Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral, apaixonando-se, ainda que sem conhece-las fisicamente, pelas Terras de Santa Cruz.
Tal era o seu interesse por elas, que por várias vezes visualizava-se desembarcando em portos da terra que já sentia ser abençoada.
Tinha notícias dos silvícolas, habitantes dessa nação nova, e da escravidão em desenvolvimento, imposta pêlos estrangeiros conquistadores, não aceita pelos primeiros, que se revoltavam.
Acompanhou interessada mente a implantação do trabalho escravo do homem de raça negra, levado à força do continente africano, que, por sua característica passiva, aceitava o grilhão e o açoite, servindo aos interesses daqueles que avidamente se apossaram das terras.
Colocava-se sempre, em pensamento, no meio do povo humilde, regozijando-se com a bravura dos índios, embora no fundo soubesse que acabariam dominados pêlos estrangeiros, que dispunham dos meios para submetê-los.
Contudo, nesta luta onde os fracos pediam socorro aos homens de bem, os céus jamais ficariam em silêncio, nem deixariam sem resposta os clamores dos oprimidos, apesar do carma colectivo dos povos e nações.
Fernando era íntimo de Filipe IV, rei de Espanha, que conhecia seus princípios de integridade e os dotes de elevada moral de que era portador.
Para o rei, Fernando tinha algumas deficiências que necessitavam ser corrigidas:
era avesso às guerras, repudiava a violência e propugnava pelo direito dos povos e, principalmente, dos indivíduos.
Como tinha planos relativos a ele, durante uma entrevista que lhe concedera, em carácter íntimo, Filipe dá início à execução dos mesmos, falando-lhe convincente:
"Caro amigo, conheço vossos dotes e vos considero pessoa grata da Família Real, que conta com eles para defender seus interesses, bem como os de nossa Espanha.
Reconheço em vós predicados e valores que se aproximam da perfeição, contudo, compete a mim, por quem sois, recomendar-vos que junto com a virtude, deveis cultivar a bravura e a tenacidade; o orgulho pela nossa nobreza e pela tradição e honra da Espanha; a luta pelas nossas posses de além-mar, aumentando nossas riquezas e o nosso poder.
Nossa nação tem a gloriosa destinação de dominar o mundo.
Deus está connosco e Cristo a escolheu como seu trono para, através dela, reinar sobre tudo.
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Re: Horizontes da Mente - Miramez - João Nunes Maia
Sabemos que Portugal começa a se levantar de novo e a sua ganância por ouro, prata e pedras preciosas é desmedida.
Entende que ninguém tem direitos sobre as terras que, por acaso, um de seus navegadores descobriu.
A Escola de Sagres somente prepara os homens, enviando-os em expedição por todos os quadrantes, abrindo caminhos marítimos em busca de poder e riquezas, esquecendo-se de suas obrigações para com Deus, Cristo e a Santa Madre Igreja.
Por isso, resolvi constituir-vos meu representante" disse o rei entre dois goles de vinho, dando à sua faia um tom misto de intimidade e cumplicidade.
"Ide, pois, meu filho, para a terra adornada pela cruz formada por cintilantes estrelas.
Sereis os ouvidos do Rei e a boca de Espanha.
Sereis dotado das instruções do que devereis fazer, bem como das credenciais que vos darão poderes de Chefe de Estado.
Depois de tudo consumado, tereis a vossa glória:
sereis imortalizado pela história e tereis o reconhecimento de toda a Espanha.
Em nome dela, eu vos abençoo."
Sorrindo, Filipe sorveu mais um gole do puro vinho, satisfeito consigo mesmo, pela maneira com que convencera a Fernando.
Miramez, a tudo ouvia pacientemente, atento às intenções ocultas de Filipe, que ele bem identificava.
Contrariava-o conviver com interesses da ordem que ele tanto subestimava, mas sua intuição o prevenia da oportunidade de realizar as suas íntimas aspirações e anseios, que eram conhecer e viver nas Terras de Santa Cruz, a fim de participar de sua preparação como Pátria do Evangelho.
Enquanto o rei sorvia o saboroso vinho, seu cérebro funcionava celeremente, esforçando-se para não deixar transparecer suas reais e elevadas intenções.
O íntimo do seu ser era de total alegria, quando respondeu ao monarca:
— "Majestade, em vossas mãos estão as rédeas deste vigoroso corcel que é a Espanha.
Que Deus vos abençoe para que conduzais esta nação que tanto amamos nas melhores condições de trabalho e honestidade.
Vamos obedecer à vossa real vontade, para alcançarmos a vitória. Conheço vosso ideal em relação à Espanha e rogo a Deus para vos ajudar a formar nobres ideias em benefício do povo."
Ia prosseguir, mas notou que o soberano já estava ficando confuso pelo que ouviu e peta quantidade de vinho ingerido.
Por isso, apenas pensou, de si para consigo:
"Sei perfeitamente o que Vossa Majestade deseja para si mesma.
"E, abrandando mais a voz, disse para terminar:
"Eu vos agradeço de coração e serei eternamente grato pela oportunidade que ora me ofereceis de conhecer novas terras, as quais já admiro mesmo antes de vê-las.
Garanto a Vossa Majestade que vamos fazer lá muitas coisas agradáveis a Deus.
"E curvando-se respeitosamente ante o soberano que o despedira entusiasticamente, retirou-se.
O rei passaria uma noite mal dormida, rememorando as palavras de Fernando, sem conseguir entender o seu sábio e elevado sentido, sem, contudo, deixar de confiar no nobre súbdito.
Além disso, tinha, interesse em sua saída da Espanha.
Miramez, porém, naquela noite inesquecível em que viu começar a se materializar sua mais íntima aspiração, teve um sono tranquilo, fazendo uma viagem astral, parcialmente consciente, às terras aonde em breve haveria de aportar.
Acordara no dia seguinte cantarolando, envolvido por estranha alegria, como sói acontecer com aqueles que pensam, vivem e agem em prol da humanidade.
Entende que ninguém tem direitos sobre as terras que, por acaso, um de seus navegadores descobriu.
A Escola de Sagres somente prepara os homens, enviando-os em expedição por todos os quadrantes, abrindo caminhos marítimos em busca de poder e riquezas, esquecendo-se de suas obrigações para com Deus, Cristo e a Santa Madre Igreja.
Por isso, resolvi constituir-vos meu representante" disse o rei entre dois goles de vinho, dando à sua faia um tom misto de intimidade e cumplicidade.
"Ide, pois, meu filho, para a terra adornada pela cruz formada por cintilantes estrelas.
Sereis os ouvidos do Rei e a boca de Espanha.
Sereis dotado das instruções do que devereis fazer, bem como das credenciais que vos darão poderes de Chefe de Estado.
Depois de tudo consumado, tereis a vossa glória:
sereis imortalizado pela história e tereis o reconhecimento de toda a Espanha.
Em nome dela, eu vos abençoo."
Sorrindo, Filipe sorveu mais um gole do puro vinho, satisfeito consigo mesmo, pela maneira com que convencera a Fernando.
Miramez, a tudo ouvia pacientemente, atento às intenções ocultas de Filipe, que ele bem identificava.
Contrariava-o conviver com interesses da ordem que ele tanto subestimava, mas sua intuição o prevenia da oportunidade de realizar as suas íntimas aspirações e anseios, que eram conhecer e viver nas Terras de Santa Cruz, a fim de participar de sua preparação como Pátria do Evangelho.
Enquanto o rei sorvia o saboroso vinho, seu cérebro funcionava celeremente, esforçando-se para não deixar transparecer suas reais e elevadas intenções.
O íntimo do seu ser era de total alegria, quando respondeu ao monarca:
— "Majestade, em vossas mãos estão as rédeas deste vigoroso corcel que é a Espanha.
Que Deus vos abençoe para que conduzais esta nação que tanto amamos nas melhores condições de trabalho e honestidade.
Vamos obedecer à vossa real vontade, para alcançarmos a vitória. Conheço vosso ideal em relação à Espanha e rogo a Deus para vos ajudar a formar nobres ideias em benefício do povo."
Ia prosseguir, mas notou que o soberano já estava ficando confuso pelo que ouviu e peta quantidade de vinho ingerido.
Por isso, apenas pensou, de si para consigo:
"Sei perfeitamente o que Vossa Majestade deseja para si mesma.
"E, abrandando mais a voz, disse para terminar:
"Eu vos agradeço de coração e serei eternamente grato pela oportunidade que ora me ofereceis de conhecer novas terras, as quais já admiro mesmo antes de vê-las.
Garanto a Vossa Majestade que vamos fazer lá muitas coisas agradáveis a Deus.
"E curvando-se respeitosamente ante o soberano que o despedira entusiasticamente, retirou-se.
O rei passaria uma noite mal dormida, rememorando as palavras de Fernando, sem conseguir entender o seu sábio e elevado sentido, sem, contudo, deixar de confiar no nobre súbdito.
Além disso, tinha, interesse em sua saída da Espanha.
Miramez, porém, naquela noite inesquecível em que viu começar a se materializar sua mais íntima aspiração, teve um sono tranquilo, fazendo uma viagem astral, parcialmente consciente, às terras aonde em breve haveria de aportar.
Acordara no dia seguinte cantarolando, envolvido por estranha alegria, como sói acontecer com aqueles que pensam, vivem e agem em prol da humanidade.
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Re: Horizontes da Mente - Miramez - João Nunes Maia
Assim, em um dia do ano de 1649, em que reinava em Roma Inocêncio X, ou João Baptista Panfili, desembarcava no litoral do Brasil, secretamente, na condição de turista, o enviado do rei da Espanha.
Amável e convivente, já no barco que o transportava para a praia, relacionara-se com os remadores escravos.
Desceu Miramez pela primeira vez em corpo físico, nas terras com as quais sempre sonhara.
Como que agindo segundo os ditames do coração, descalçou as botas e pisou a terra, sentindo-a sob seus pés, como se identificando com ela, recebendo-lhe o calor.
Ao mesmo tempo, lágrimas que marejavam seus olhos caíam no solo generoso que as recebia, humedecendo-se com elas, ocorrendo desse modo uma permuta de valores, cujo resultados benéficos seriam constatados através dos tempos.
Acontecimento notável em sua chegada, foi o fato de vários índios que se encontravam na praia virem ao seu encontro como que para recepcioná-lo, ao tempo em que o feiticeiro da tribo a ele se dirigia e, apontando para o seu lado direito, exclamava:
"Babagi! Babagil"
Babagi era uma divindade indígena, tida pelos estranhos como uma lenda, que curava os enfermos através dos curandeiros das tribos.
Era, na realidade, uma entidade espiritual e vinha ao lado de Fernando, ajudando-o a andar na areia onde seus pés deslizavam.
Este, logo sentiu-se cercado pêlos novos amigos, que nele sentiam condições de proporcionar alívio aos sofrimentos e perseguições por que vinham passando, ante o domínio dos invasores estrangeiros.
Apesar de ainda não falar seu idioma, entendia-os pêlos gestos e por intuição, o que denotava a afinidade existente.
Assim, tendo se misturado com os nativos, ninguém suspeitava de sua condição de súbdito espanhol a serviço secreto do rei.
Em curto espaço de tempo, Fernando já assimilara os diversos dialectos indígenas e africanos, movimentando-se com desenvoltura entre os humildes.
O clima da região influiu em seus traços e poucos conseguiam distingui-lo do povo local.
Em 1653, desceu no Maranhão onde se encontrava Fernando, o temido político e pregador, representante de Roma e de Portugal — Pé.
António Vieira — que em seus famosos sermões accionava forças desconhecidas e dominava com facilidade aqueles que o ouviam.
Era esse homem que Filipe IV, rei da Espanha, temia retornasse ao Brasil.
Em cumprimento à missão de que estava incumbido, comunicava ao seu soberano os acontecimentos que poderiam ser benéficos ao Brasil, omitindo notícias que poderiam prejudicar os povos que nele já lançavam raízes.
Com o passar do tempo e por impositivo do progresso, tudo foi mudando, e assim acontecia com os conceitos e interesses.
Isso agradava sobremodo ao nosso personagem, que já tinha nos índios e nos escravos a sua própria família.
Certa noite, quando contemplava as estrelas, sobreveio forte lembrança da pátria distante, onde dispunha de inúmeros e valiosos bens, entre propriedades e terras abundantes.
Enquanto meditava se deveria regressar à Espanha, sentiu uma voz suave, como se nascesse dentro de sua consciência, recomendando-lhe:
"Vai, vende todos os teus bens, distribui-os entre os pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me.
"Surpreso, sentia que aquela voz era sua conhecida; mas, de onde?
Parecia-lhe que já a escutara antes, mas, quando?
Achava-se perdido no oceano dos séculos.
Amável e convivente, já no barco que o transportava para a praia, relacionara-se com os remadores escravos.
Desceu Miramez pela primeira vez em corpo físico, nas terras com as quais sempre sonhara.
Como que agindo segundo os ditames do coração, descalçou as botas e pisou a terra, sentindo-a sob seus pés, como se identificando com ela, recebendo-lhe o calor.
Ao mesmo tempo, lágrimas que marejavam seus olhos caíam no solo generoso que as recebia, humedecendo-se com elas, ocorrendo desse modo uma permuta de valores, cujo resultados benéficos seriam constatados através dos tempos.
Acontecimento notável em sua chegada, foi o fato de vários índios que se encontravam na praia virem ao seu encontro como que para recepcioná-lo, ao tempo em que o feiticeiro da tribo a ele se dirigia e, apontando para o seu lado direito, exclamava:
"Babagi! Babagil"
Babagi era uma divindade indígena, tida pelos estranhos como uma lenda, que curava os enfermos através dos curandeiros das tribos.
Era, na realidade, uma entidade espiritual e vinha ao lado de Fernando, ajudando-o a andar na areia onde seus pés deslizavam.
Este, logo sentiu-se cercado pêlos novos amigos, que nele sentiam condições de proporcionar alívio aos sofrimentos e perseguições por que vinham passando, ante o domínio dos invasores estrangeiros.
Apesar de ainda não falar seu idioma, entendia-os pêlos gestos e por intuição, o que denotava a afinidade existente.
Assim, tendo se misturado com os nativos, ninguém suspeitava de sua condição de súbdito espanhol a serviço secreto do rei.
Em curto espaço de tempo, Fernando já assimilara os diversos dialectos indígenas e africanos, movimentando-se com desenvoltura entre os humildes.
O clima da região influiu em seus traços e poucos conseguiam distingui-lo do povo local.
Em 1653, desceu no Maranhão onde se encontrava Fernando, o temido político e pregador, representante de Roma e de Portugal — Pé.
António Vieira — que em seus famosos sermões accionava forças desconhecidas e dominava com facilidade aqueles que o ouviam.
Era esse homem que Filipe IV, rei da Espanha, temia retornasse ao Brasil.
Em cumprimento à missão de que estava incumbido, comunicava ao seu soberano os acontecimentos que poderiam ser benéficos ao Brasil, omitindo notícias que poderiam prejudicar os povos que nele já lançavam raízes.
Com o passar do tempo e por impositivo do progresso, tudo foi mudando, e assim acontecia com os conceitos e interesses.
Isso agradava sobremodo ao nosso personagem, que já tinha nos índios e nos escravos a sua própria família.
Certa noite, quando contemplava as estrelas, sobreveio forte lembrança da pátria distante, onde dispunha de inúmeros e valiosos bens, entre propriedades e terras abundantes.
Enquanto meditava se deveria regressar à Espanha, sentiu uma voz suave, como se nascesse dentro de sua consciência, recomendando-lhe:
"Vai, vende todos os teus bens, distribui-os entre os pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me.
"Surpreso, sentia que aquela voz era sua conhecida; mas, de onde?
Parecia-lhe que já a escutara antes, mas, quando?
Achava-se perdido no oceano dos séculos.
Ave sem Ninho- Mensagens : 126649
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Re: Horizontes da Mente - Miramez - João Nunes Maia
Contudo, a voz fez-se ouvir novamente.
"Fernando," — disse a voz, "podes vender todas as tuas posses na Espanha e distribuir o dinheiro entre os necessitados de tua pátria.
Os daqui, necessitando passar pêlos processos renovadores, precisam mais da tua riqueza mental, do resultado de tuas mãos operosas, do tesouro armazenado em teu coração e da tua presença confortadora."
Miramez, então, resolveu enviar procuração a amigos de sua confiança, autorizando-os a dispor dos seus bens e distribuir o resultado entre os carentes e sofredores da Península Ibérica.
Não chegou a ficar sabendo o que foi feito de suas riquezas materiais, porém, passou a viver um estado de consciência tranquila, única riqueza que acompanha seus portadores eternidade a fora.
Após aquelas providências, sua vida em muito mudou.
Aquele homem culto e fascinante foi descoberto pêlos catequizadores entre os índios e os escravos africanos, como pastor de dois rebanhos.
Alguns índios e negros não se davam bem, hostilizando-se mutuamente.
Trabalhando arduamente pela aproximação e convivência das duas raças, em pouco tempo seus esforços eram coroados de êxito, quando índios e negros festejavam juntos suas tradições, unidos pêlos laços da amizade e do sofrimento.
Miramez, então, passou a frequentar o grupo de catequizadores por encontrar ali campo propício â prática dos seus ideais.
Como resultado de seu trabalho e esforço conjunto, mais tarde foi promulgada, em 1680, a lei de protecção aos índios.
Antes de terminar este relato, procurando mostrar como ocorreu a chegada de Miramez ao Brasil e a sua participação junto aos espíritos simples e sofredores que prepararam o campo que favoreceria a implantação do Evangelho nas terras do Cruzeiro, queremos relatar um facto ocorrido com ele em um pequeno arraial destinado a receber os velhos escravos, onde passavam os últimos dias de suas vidas.
Junto com jovens escravos, que vez por outra recebiam permissão de seus senhores para visitarem seus pais e avós, Miramez, certa manhã, buscou os casebres para rever seus tutelados, levando-lhes o conforto de sua palavra fraterna e confortadora.
Todos o tinham como o "Pai Branco", "Filho do Sol" ou "Homem Que Veio da Luz".
Ao levantar a cabeça, fixando o olhar nas nuvens, como costumava fazer, punha o coração ao alto e a mente em sintonia com o Todo Poderoso.
O ambiente se asserenava, envolvendo em suaves vibrações aqueles que o cercavam.
Ao regressar, passeando â beira de murmurante regato de águas cristalinas, acompanhado, como de costume, por uma velha preta, ao passar beirando um barranco onde a vegetação se adensava, foi atacado por perigosa e venenosa jararacuçu, cuja picada comummente resulta mortal, sendo atingido na perna, abaixo do joelho.
A preta velha viu o réptil dando o bote e a água do riacho tingir-se de sangue.
Saiu a correr para o povoado em busca da velha benzedeira Pari, que nos seus noventa anos a muitos salvara pêlos seus dons de curar várias enfermidades.
Ao ser localizada e informada do ocorrido, a velha Pari, já acostumada a essas emergências, apanhou alguns apetrechos e saiu pressurosa em socorro ao Pai Branco.
Mas Miramez, já com muitas experiências vividas entre índios e negros, também tomara seus cuidados:
lembrando-se de um cordão com vários nós intercalados que carregava em seu bornal, tomou-o e com ele amarrou a perna ofendida, na altura do joelho, impedindo a circulação.
Tal cordão ele recebera de sua mãe querida, nos minutos finais de sua vida na terra, explicando-lhe sua origem.
Pertencera a um bondoso pároco português que se dedicava à cura.
"Fernando," — disse a voz, "podes vender todas as tuas posses na Espanha e distribuir o dinheiro entre os necessitados de tua pátria.
Os daqui, necessitando passar pêlos processos renovadores, precisam mais da tua riqueza mental, do resultado de tuas mãos operosas, do tesouro armazenado em teu coração e da tua presença confortadora."
Miramez, então, resolveu enviar procuração a amigos de sua confiança, autorizando-os a dispor dos seus bens e distribuir o resultado entre os carentes e sofredores da Península Ibérica.
Não chegou a ficar sabendo o que foi feito de suas riquezas materiais, porém, passou a viver um estado de consciência tranquila, única riqueza que acompanha seus portadores eternidade a fora.
Após aquelas providências, sua vida em muito mudou.
Aquele homem culto e fascinante foi descoberto pêlos catequizadores entre os índios e os escravos africanos, como pastor de dois rebanhos.
Alguns índios e negros não se davam bem, hostilizando-se mutuamente.
Trabalhando arduamente pela aproximação e convivência das duas raças, em pouco tempo seus esforços eram coroados de êxito, quando índios e negros festejavam juntos suas tradições, unidos pêlos laços da amizade e do sofrimento.
Miramez, então, passou a frequentar o grupo de catequizadores por encontrar ali campo propício â prática dos seus ideais.
Como resultado de seu trabalho e esforço conjunto, mais tarde foi promulgada, em 1680, a lei de protecção aos índios.
Antes de terminar este relato, procurando mostrar como ocorreu a chegada de Miramez ao Brasil e a sua participação junto aos espíritos simples e sofredores que prepararam o campo que favoreceria a implantação do Evangelho nas terras do Cruzeiro, queremos relatar um facto ocorrido com ele em um pequeno arraial destinado a receber os velhos escravos, onde passavam os últimos dias de suas vidas.
Junto com jovens escravos, que vez por outra recebiam permissão de seus senhores para visitarem seus pais e avós, Miramez, certa manhã, buscou os casebres para rever seus tutelados, levando-lhes o conforto de sua palavra fraterna e confortadora.
Todos o tinham como o "Pai Branco", "Filho do Sol" ou "Homem Que Veio da Luz".
Ao levantar a cabeça, fixando o olhar nas nuvens, como costumava fazer, punha o coração ao alto e a mente em sintonia com o Todo Poderoso.
O ambiente se asserenava, envolvendo em suaves vibrações aqueles que o cercavam.
Ao regressar, passeando â beira de murmurante regato de águas cristalinas, acompanhado, como de costume, por uma velha preta, ao passar beirando um barranco onde a vegetação se adensava, foi atacado por perigosa e venenosa jararacuçu, cuja picada comummente resulta mortal, sendo atingido na perna, abaixo do joelho.
A preta velha viu o réptil dando o bote e a água do riacho tingir-se de sangue.
Saiu a correr para o povoado em busca da velha benzedeira Pari, que nos seus noventa anos a muitos salvara pêlos seus dons de curar várias enfermidades.
Ao ser localizada e informada do ocorrido, a velha Pari, já acostumada a essas emergências, apanhou alguns apetrechos e saiu pressurosa em socorro ao Pai Branco.
Mas Miramez, já com muitas experiências vividas entre índios e negros, também tomara seus cuidados:
lembrando-se de um cordão com vários nós intercalados que carregava em seu bornal, tomou-o e com ele amarrou a perna ofendida, na altura do joelho, impedindo a circulação.
Tal cordão ele recebera de sua mãe querida, nos minutos finais de sua vida na terra, explicando-lhe sua origem.
Pertencera a um bondoso pároco português que se dedicava à cura.
Ave sem Ninho- Mensagens : 126649
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Re: Horizontes da Mente - Miramez - João Nunes Maia
"Meu filho", disse ela nos seus últimos momentos, "quando o velho padre me passou este cordão, de seus dedos desprendiam-se pequenos raios de luz que eram absorvidos pêlos nós do cordão.
Carreguei-o comigo por vários anos e muitas vezes utilizei-o em favor do alívio das pessoas.
Agora, passo-o a você, para que seja usado em seus momentos de dificuldade e de aflições.
" Abençoando-o, desfalecera e regressara à pátria espiritual.
A negra Pari, chegando, fez com que Miramez se assentasse num lajedo, levantasse os olhos e, como se conversasse com alguém invisível, pronunciava palavras ininteligíveis.
Em dado momento, colocou os lábios sobre o ferimento e sugou por várias vezes o sangue já enegrecido, cuspindo-o para o lado.
A seguir, colocou algumas ervas na boca, mastigou-as e tornou a cuspir, lavando-a nas águas do riacho.
Torna a repetir a operação, colocando as ervas maceradas sobre o ferimento, que logo parou de doer.
Com um suspiro profundo e se recompondo, a boa escrava retirou o cordão benfazejo da perna de Miramez, ajudou-o a caminhar em demanda a seu casebre, onde o fez ingerir uma beberagem.
Antes disso, a velha Pari, acalmando a revolta dos velhos escravos, não deixou que matassem a cobra; foi sozinha ao local, gritou com o perigoso réptil, expulsou-o e ordenou que não voltasse mais ali.
Miramez sentia cada vez mais gratidão e amor por aquela gente simples, filha de Deus, que. dentro do possível, tudo fazia em seu benefício.
E naquela noite chorou de reconhecimento, orando ao Criador em benefício daquela gente simples e sofredora.
PERFIL DE MIRAMEZ
O nosso director espiritual era, quando encarnado, alto, de porte esbelto e nobre, cabelos encaracolados da cor do ouro velho, os quais trazia amarrados para trás.
Tinha testa ampla, denotando inteligência, tez bronzeada pelo tórrido sol do norte, olhos verdes que lembravam os canaviais; os dois incisivos da frente eram ligeiramente separados.
Seus lábios eram pouco salientes e o nariz, grande e levemente achatado na ponta, não chegava a tirar-lhe a formosura do rosto.
Apesar do constante sorriso nos lábios, seu semblante era grave; algumas rugas já demonstravam as consequências do desconforto físico e dos trabalhos em favor dos humildes.
Sua morte ocorreu num quadro de elevada suavidade.
Os negros e os índios catequizados formavam extensa fila para beijar-lhe as mãos, que tanto os ajudaram a viver.
Enquanto esteve lúcido, Miramez abençoava-os, um por um.
Nos momentos derradeiros, Fernando Miramez de Olivídeo percebeu a presença da mãe extremosa, bem como de sublimada entidade que ele prefere não identificar, por julgar não merecer tamanha honra.
Com lágrimas nos olhos, Miramez desprendeu-se do vaso físico e, já fora dele, chorou de felicidade e agradecimento, por ter ingressado no Brasil pelas portas do amor e da caridade, que lhe foram abertas por Jesus.
§.§.§- Ave sem Ninho
Carreguei-o comigo por vários anos e muitas vezes utilizei-o em favor do alívio das pessoas.
Agora, passo-o a você, para que seja usado em seus momentos de dificuldade e de aflições.
" Abençoando-o, desfalecera e regressara à pátria espiritual.
A negra Pari, chegando, fez com que Miramez se assentasse num lajedo, levantasse os olhos e, como se conversasse com alguém invisível, pronunciava palavras ininteligíveis.
Em dado momento, colocou os lábios sobre o ferimento e sugou por várias vezes o sangue já enegrecido, cuspindo-o para o lado.
A seguir, colocou algumas ervas na boca, mastigou-as e tornou a cuspir, lavando-a nas águas do riacho.
Torna a repetir a operação, colocando as ervas maceradas sobre o ferimento, que logo parou de doer.
Com um suspiro profundo e se recompondo, a boa escrava retirou o cordão benfazejo da perna de Miramez, ajudou-o a caminhar em demanda a seu casebre, onde o fez ingerir uma beberagem.
Antes disso, a velha Pari, acalmando a revolta dos velhos escravos, não deixou que matassem a cobra; foi sozinha ao local, gritou com o perigoso réptil, expulsou-o e ordenou que não voltasse mais ali.
Miramez sentia cada vez mais gratidão e amor por aquela gente simples, filha de Deus, que. dentro do possível, tudo fazia em seu benefício.
E naquela noite chorou de reconhecimento, orando ao Criador em benefício daquela gente simples e sofredora.
PERFIL DE MIRAMEZ
O nosso director espiritual era, quando encarnado, alto, de porte esbelto e nobre, cabelos encaracolados da cor do ouro velho, os quais trazia amarrados para trás.
Tinha testa ampla, denotando inteligência, tez bronzeada pelo tórrido sol do norte, olhos verdes que lembravam os canaviais; os dois incisivos da frente eram ligeiramente separados.
Seus lábios eram pouco salientes e o nariz, grande e levemente achatado na ponta, não chegava a tirar-lhe a formosura do rosto.
Apesar do constante sorriso nos lábios, seu semblante era grave; algumas rugas já demonstravam as consequências do desconforto físico e dos trabalhos em favor dos humildes.
Sua morte ocorreu num quadro de elevada suavidade.
Os negros e os índios catequizados formavam extensa fila para beijar-lhe as mãos, que tanto os ajudaram a viver.
Enquanto esteve lúcido, Miramez abençoava-os, um por um.
Nos momentos derradeiros, Fernando Miramez de Olivídeo percebeu a presença da mãe extremosa, bem como de sublimada entidade que ele prefere não identificar, por julgar não merecer tamanha honra.
Com lágrimas nos olhos, Miramez desprendeu-se do vaso físico e, já fora dele, chorou de felicidade e agradecimento, por ter ingressado no Brasil pelas portas do amor e da caridade, que lhe foram abertas por Jesus.
§.§.§- Ave sem Ninho
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