LUZ ESPÍRITA
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FRANCISCO DE ASSIS - Miramez - João Nunes Maia

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FRANCISCO DE ASSIS - Miramez - João Nunes Maia - Página 12 Empty Re: FRANCISCO DE ASSIS - Miramez - João Nunes Maia

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:22 pm

Francisco acomodou-se com seu companheiro em almofadas, ao lado do sultão, com o respeito que lhe era devido e disse com brandura:
- Muito respeitável senhor!...
Nós desejamos que entendais a posição de quem ama a Deus sobre todas as coisas, aquele Deus a que podeis dar o nome que vos convier.
Ele jamais muda a Sua bondade e o Seu amor, por se tratar de outra raça ou pelo modo como é entendido por ela.
Todos somos irmãos diante do Todo Poderoso.
Particularmente, tenho muita admiração pela figura grandiosa de Maomé, que teve um gesto divino de consolidar a fraternidade entre um povo, e essa unidade espiritual somente pode ter nascido do Amor, esse Amor mal interpretado pelos que falam, pensam e escrevem, Amor que vem de Deus, e, vindo de Deus, não pode ser destrutivo.
E força divina, com a divina presença dos homens que representam esse Deus de Bondade.
As guerras nascem da ignorância dos homens, que levam o nome de Deus para a frente das batalhas, destruindo em Seu nome, como desculpa para ficar em paz com a consciência.
Como se enganam os que incentivam as batalhas e incrementam as guerras!
São hipócritas, os medrosos e os covardes, que ficam sempre distantes dos campos de lutas.
Já vistes alguns dos que criaram as Cruzadas na frente de batalha?
Nem sequer os soldados os conhecem.
As ideias de que a luta é de Deus vêm por intermediários que são igualmente covardes, que matam até os próprios guerreiros enfermos ou mutilados, exigindo dos que estão na frente, a vitória.
E quando a alcançam, as glórias são dos que não lutaram, e as honras são dos néscios dos que recuaram dos perigos.
Peço-vos desculpas, se porventura vos ofendo com minhas palavras, mas se quero ter liberdade de conversar com um simples soldado, uso dessa mesma liberdade para falar convosco.
A minha franqueza deve estender-se onde quer que seja e com quem me ouça, porque a palavra de Deus não pode encontrar obstáculos.
Está havendo um equívoco nessa luta do Oriente com a Europa.
Os mortos chegam a milhares de criaturas, todos nossos irmãos, filhos do mesmo Deus, ou seja, do mesmo Alá, como O chamais.
Todas as nações reunidas formam um Lar Maior, onde Deus ocupou o tempo e o espaço para nos dar a vida e meios de perpetuá-la, pois somos feitos, todos, da mesma massa divina e nós, por ignorância, destruímos essas possibilidades, que a natureza gastou tempo para nos ofertar por Amor de Deus e dos Anjos.
Que diríeis se fosse preciso matar todos os vossos filhos e irmãos em vosso lar?
Qual a vossa opinião a respeito?
Certamente seria contrário à guerra doméstica, à matança dentro do próprio lar.
Pois é contra isso que estamos aqui, procurando despertar os corações para a realidade de estarmos lutando por um pedaço de terra sem importância e destruindo, somente porque nele foram colocados os restos mortais de um grande Sábio, de um grande Santo.
Deveríamos, então, respeitar o resto da Terra, porque, toda ela passou pelas mãos mais Sábias e Santas de todos os sábios juntos: as mãos de Deus, as mãos de Alá.
O corpo humano que está sendo destruído sem respeito, é instrumento divino que marca a presença de Deus no homem.
E essa dádiva material dos Céus para nós está sendo amontoada aos milhares, para os festejos dos corvos - dentre eles mulheres, crianças e velhos - tudo isso feito sem piedade, por estarem afastadas dos corações todas as virtudes geradas do Amor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:22 pm

E o mesmo que afastar Deus da alma, abrindo as portas dos sentimentos para os agentes das trevas, brincando com a natureza divina que habita em nós.
Eu gostaria de saber, em verdade, se entre os prisioneiros que as forças do Oriente já encurralaram existe algum familiar de cardeais, bispos ou papas, enfim, dos altos mandatários da Igreja Católica Apostólica Romana.
Gostaria de saber se nos exércitos que defendem o Santo Sepulcro existem familiares vossos ou daqueles que formam convosco o império religioso que representais, perdendo a vida na ponta de espadas e lanças, manejadas por hábeis matadores.
Creio que não!...
É esse Jesus Cristo que nós pregamos, que não aceita que façamos aos outros o que não queremos para nós; é esse Cristo que nos esforçamos por imitar, quando pega a Sua cruz e segue com ela até ao topo do Calvário, aceitando ajuda, mas nunca transferindo para ombros alheios o exemplo de coragem que Ele devera dar.
Ele é o nosso Guia Maior, que está sempre à frente de todas as guerras e das lutas de toda ordem, razão por que os Seus discípulos n'Ele confiam.
Ele não manda, vai; não somente fala, mas faz; não somente distribui conceitos, vive-os.
A coragem de viver pela paz, desejando à humanidade somente a Vida, somente o Bem e o Amor é a mais sublime que existe.
Os homens que dirigem as nações se apoiam em homens, para não caírem nas mãos dos que pervertem a ordem; os homens que pregam o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo firmam-se nas virtudes e têm como defesa a conduta recta, que nunca falha.
Os próprios soldados que agora vos protegem, amanhã poderão cortar a vossa cabeça em praça pública, dependendo de quem detiver o poder.
E qual a vossa segurança?
A maior segurança está em Deus, e para tal é necessário que cumpramos a Sua lei, a lei do Amor.
Não quero cansar vossos ouvidos nem enfadar o vosso coração com teorias, mas rogo paciência, aquela que a vossa religião também ensina, e que penseis e analiseis o que estou dizendo, que sendo o nosso Deus o mesmo, haverá de nos ajudar a compreender a Verdade, que também é uma só para todas as criaturas.
Também eu amo o Santo Sepulcro, mas amo-o como amo o chão em que agora pisamos, por ser todo ele igual, como são todos os viventes no mundo.
Por que matais para defender?
Defender o que, se toda defesa pertence a Deus?
Neste momento - que nos perdoeis V. Alteza - somos somente dois, viemos desarmados, não usamos da violência nem da arrogância no falar; não agimos por ordem de alguém, que não seja de Deus e de Jesus que pensam estar no Santo Sepulcro.
Ele é espírito, e o Espírito sopra onde quer que seja; é livre das contingências materiais e habita no lugar em que Lhe aprouver.
Cristo não representa somente uma raça e não pertence a uma só nação.
E, por excelência, Universal, porque o Seu amor é o mesmo de Deus.
Viemos ao encontro de V. Alteza, em nome da paz, para apartar irmãos em luta contra irmãos.
Quantas viúvas e mães neste momento choram e sofrem a perda de seus companheiros e filhos?
Quanta calamidade se alastra por muitos países, por causa de simples vaidade de conquista?
Na verdade vos dizemos, que ai daqueles que provocaram essas guerras em nome de Deus, ai daqueles que desencadearam essa discórdia entre nações, ai daqueles que ainda alimentam ódio entre irmãos.
O próprio Jesus é quem disse:
"Pagará ceitil por ceitil!"
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:23 pm

Nobre sultão, o Cristo é Cristo livre, não está preso debaixo de alguns palmos de terra, e, sendo o Príncipe da Paz, não veio insuflar as guerras!
Kamel ouvia em silêncio profundo, remoendo ideias e seleccionando pensamentos.
Tinha em sua mente, de fácil raciocínio, a imagem de Maomé e buscava no Alcorão preceitos com os quais pudesse contestar a linguagem inspirada de Francisco.
Orava mentalmente, buscando recursos para dizer alguma coisa; no entanto, o coração não permitia que falasse o contrário daquilo que ouvia da boca do Santo de Assis, cuja presença, quando falava, mudava o ambiente, fazendo quem o ouvia respirar uma atmosfera de Amor, de Paz e Fraternidade.
Kamel estava como que preso a conceitos diferentes dos que estava acostumado a ouvir, partindo da religião em que nascera.
Sentiu que precisava verdadeiramente, aprender mais do que sabia acerca de outras religiões e mesmo d outros povos.
Sentiu-se fraco diante daquele homem sem expressão física, de pés no chão e túnica que o tempo já começara a destruir.
Nem os seus servos se vestia" tão mal assim!
Entrementes monologava:
"Vestes e sandálias não falam nem pensam, e as companhias não valoriza o acompanhado.
Vejo-o como realmente é; vejo e admiro a sua alma, o Espírito que me fala.
E esse é grande pelo que é.
Por Alá, que homem é esse?"
Olhando para Francisco com os olhos marejados de lágrimas, deu sinal para que os seus servidores saíssem, mesmo aquele que não se afastava um só momento de sua companhia.
E ficaram os três homens, em profundo silêncio.
Talvez fosse a primeira vez em que o sultão manifestava humildade diante de alguém, mormente d um estrangeiro, na posição de inimigo.
Passou as mãos no gordo rosto, com ímpetos de tirar o turbante da cabeça, e falou na frequência que pôde imprimir à sua palavra:
- Bom homem!
A força religiosa que me sustenta o coração parece anulado o meu raciocínio, e como não encontro pessoas como tu, que falam o que pensam, na inspiração que lhes cabe, pela meditação que o seu Deus sente bem em lhes falar, fico isolado de outras ideias de Alá.
Se nunca pensei no que ouvi, sinto que tem lógica o que dizes, e vou me servir dessas ideias como sementes dentro d minha cabeça, e pedir ao Poder Superior que, se elas forem parceiras da Verdade, que me ajude a tratá-las, como sendo o melhor para mim.
Peço-te que rogues ao teu Deus por mim, a fim de que eu possa ser eu mesmo, sem sofrer influências que não sejam as ditadas pela Verdade.
Quando dou ordens que contrariam o andamento natural das coisas, sinto que estou ultrajando a própria consciência; no entanto, a vaidade me instiga para tal, de sorte que, no mesmo instante, sinto-me bem ao aplicar a lei, que eu mesmo já acho conveniente.
Como disseste, devemos no mundo trabalhar uns pelos outros, como se fôssemos uma só família, a família universal de um Deus único e verdadeiro.
Ao invés disso, promovemos, à nossa revelia, divisões das coisas sagradas, levados pela posição que ocupamos diante do povo que, muitas vezes, exige de nós o que não queremos.
Se não o fizermos, esse mesmo povo nos agride e, pela violência, nos expulsa do lugar que ocupamos.
A coragem quase sempre nos falta e deixamos de cumprir o dever de honra junto à nossa consciência, que nem sempre está acordada.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:23 pm

Sinto que, na teoria, estás certo no que falas, mas, na prática, neste país onde o teu Deus de Amor não é conhecido, é impossível viver desta maneira.
Não acabas de dizer que os próprios dirigentes da tua religião fogem ao dever?
Como a massa humana poderá entender aquilo que os que falam não vivenciam?
Ficará sempre na pauta das histórias, mais nada.
Vejo que és um homem diferente dos outros, principalmente, dos da religião a que chamas cristã.
O teu Mestre foi divino, porém, Seus continuadores humanos são de classe muito inferior, em se comparando com o Mensageiro dos preceitos que ora esposas.
Não quero, nem me acho na posição de ferir alguém, mas os teus chefes na Terra, se é isso que devo falar, são uns inúteis, na guerra e na paz, e, principalmente, nesta última.
Vejo também que és um homem corajoso, um soldado sem armas, porque elas provam que não lutamos pela paz e, sim, para anular os inimigos e destruir as coisas que chamamos santas.
Não me esquecerei do que falaste e da tua presença que muito me anima para o lado do bem comum; não vejo nesta hora o que vestes e o que calças; não levarei em conta se és cortejado pelo exército de Roma, mas admiro-te pelo que és, pelo que podes mostrar e pelo que deves ser.
O sultão teve, várias vezes, vontade de beijar as mãos de Francisco de Assis, pela sua humildade e seu interesse pela paz da colectividade.
Notou, no intervalo das suas palavras, que aquele homem simples à sua frente, era verdadeiramente um cidadão universal.
Tinha certamente uma Pátria: a Pátria do Amor, sentimento que nunca encontra barreiras para manifestar-se.
Não se curvou diante de Francisco pelo entrave da posição que ocupava e pelo condicionamento que a sua estrutura lhe impunha.
E ainda mais, o seu povo nunca saberia entender isso.
No entanto, um Espírito de alta envergadura, que o inspirava nas conversações e no modo de ser, fê-lo, com toda ternura que lhe competia agir, diante de tamanha ajuda ao seu tutelado.
Esse Espírito era Maomé que, com todo o seu acervo de qualidades conquistadas na lavoura do tempo, beijou as mãos de Francisco, segredando em seus ouvidos psíquicos:
- Caro companheiro em Jesus Cristo!...
Quero-te com o mesmo amor que dispensas aos outros, na linha de trabalhos que empreendeste diante da calamitosa situação em que se encontra o mundo, nas investidas que as sombras incentivam, como as Cruzadas e os tribunais do Santo Ofício.
Aquele que abraçaste como teu Mestre, também O tenho como Guia Espiritual.
Foi sob as Suas bênçãos que tive oportunidade de formar um agrupamento com ideias renovadas, diferente dos velhos preceitos que escravizam as almas, sem lhes dar direitos que lhes pertencem como seres humanos, filhos do mesmo Pai Celestial.
Na época em que vesti um corpo de carne, também fiz guerra e venci; fiz uma peregrinação a Meca e pressionei a massa para a crença que formulara, donde saiu o Alcorão, escrito em couro de animais, por processos que a humanidade deverá conhecer no futuro.
Cometi muitos erros e procuro repará-los, por meios que neste momento observas, de induzir as criaturas que no momento ocupam lugares de destaque, representando um Maomé que alimenta outras ideias, um Maomé que procura o Cristo como sendo o Sol que nunca se apaga no turbilhão da vida humana e espiritual.
Agradeço-te pelo que fazes por este sultão.
Comoveste esta criatura isso já é algo de grandioso.
Todos nós trabalhamos pela unidade espiritual da Terra; no entanto, as dificuldades encontradas são difíceis de serem removidas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:23 pm

A tua presença para nós é de grande valia, pois no ambiente que fazes, no campo dos sentimentos agimos com mais eficiência.
Já conquistaste um grande tesouro sobremaneira divino, o tesouro do Amor.
Francisco, Esse a quem chamas de teu Mestre, O é também para nós e eu considero-me um simples mendigo diante desta figura incomparável, sem expressão no verbo do mais eloquente tribuno, e sem condições de ser retratado pelo pálido concurso da escrita.
Querer explicá-Lo, em Sua grandeza, será diminuí-Lo.
Fui como que um Seu precursor, para avivar nos árabes a crença em Deus, o Alá que eles tanto amam, sem ainda compreendê-Lo.
A massa não pode, por enquanto, conhecer a Verdade do modo pelo qual nós a conhecemos.
Há muito trabalho a se fazer nos corações das criaturas, e os dirigentes religiosos gastam todo o tempo em construções exteriores, como se a paz e a felicidade morassem fora de nós.
Eu te compreendo, como me compreendes, no alto sentido do Amor Universal.
Por último, quero agradecer-te pelo que fazes a este que estimo e ajudo na sequência da minha missão, que só terminará quando terminar o ódio entre as raças e castas.
Que Deus nos ampare!...
Enquanto Francisco ouvia a palavra do fundador do Islamismo renovador, o sultão que, ensimesmado meditava, recompondo-se, abraçou-o com renovadas esperanças de paz entre as duas forças em guerra.
Depois que Francisco partiu, o Sultão ficou muito tempo em meditação, examinando o que ouvira daquele homem de Deus.
Notou que não doía mais o velho ferimento que tinha debaixo do braço esquerdo e que muito o fazia sofrer.
Era uma chaga purulenta, resistente a remédios e tratamentos pela ciência da época. Passou os dedos no lugar da enfermidade e, não sentindo dor alguma, afastou as roupas e constatou que ela se fechara por encanto.
E logo deduziu:
"Foi aquele homem!
Ele é um enviado de Alá!"
Curvou-se por terra, na forma característica da religião, e agradeceu aos Céus, chorando de contentamento.
Francisco saiu da tenda com Iluminato, cantando de alegria e dando graças a Deus, pela oportunidade de servir, de conversar com o sultão que teve a caridade de ouvi-lo.
Francisco de Assis tinha grande interesse em ficar no Oriente, principalmente onde nascera o Mestre Incomparável, mas quando somos instrumentos da Verdade, nunca fazemos o que queremos e, sim, a vontade de Deus.
E foi o que aconteceu com ele.
Conheceu a Palestina, andou em todos os lugares por que Jesus de Nazaré passou pregando e curando, e teve grandes recordações de um passado que somente a reencarnação explica nos tempos que correm.
Visitou o Calvário, e nele sentiu coisas estranhas, mas agradáveis, como que a presença da Mãe Santíssima, chorando o Seu Filho Amado.
Sentiu a presença dos apóstolos, e por vezes via alguns deles, a lhe transmitir ânimo na sua jornada.
E quando a saudade quis prendê-lo no Lugar Santo, ajoelhou-se no mesmo instante, sem escolher lugar apropriado para orar e o fez dentro da espontaneidade correlata ao seu modo de ser, dizendo com profunda humildade:
- Senhor Jesus de Bondade e de Amor!...
Sei, e sinto que sou um ser desprezível, sem qualidades para Te falar, sem condições para Te pedir o que desejo, sem importância na escala dos Teus filhos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:23 pm

Mas, mesmo assim, peço-Te, por misericórdia, que não deixes que a morte me visite sem as marcas das Tuas chagas, para que eu sinta, Jesus, o que passaste e compreenda o verdadeiro sentido da Tua dor, da dor universal que se transmuta em Paz, em concórdia, em Amor.
Parece que Te peço demais, mas faço-o por sentir conforto em pedir, e se for do Teu agrado, quero ficar nesta Terra, e se meu desejo prevalecer, que seja eu torturado como os primeiros cristãos, apedrejado como foram os filhos da Boa Nova, desprezado como os Teus santos Apóstolos, e queimado, como foram os primeiros homens e santas mulheres, que guardaram a fé cristã dentro dos corações.
Porém, caso não possa, que eu seja marcado pela dor, e que me ensine a amar, com aquele Amor que ilumina a consciência.
Sou Teu servo e por onde eu passar, quero que o Teu nome seja a baliza de luz, que nos ilumina a todos.
Amém.
Quando terminou a oração, a luminosidade que o envolvia ampliou-se de maneira espectacular, dirigindo-se à guisa de canais para o cérebro de Francisco, que absorvia do alto um foco de luz de cambiantes diferentes, como claridade viva a penetrar em sua cabeça.
Por esse meio, ele escutou a voz meiga e suave, muito sua conhecida:
- Francisco, tu me amas?
- Sabes que Te amo, Senhor.
- Então, volta para a Terra em que nasceste!
Aquele povo precisa do teu calor e da tua presença.
O trabalho te chama, com urgência, nas terras onde fomos perseguidos, onde foram sacrificadas muitas vidas em nome da Verdade.
Tens no coração a semente de Amor, que carece ser plantada com boa vontade e carinho.
Espero que a fé seja o clima do teu coração, e que a esperança seja o ar que respiras; procura trabalhar sem a influência da corrupção, perdoar sem interesse da amizade lucrativa e doar o mais puro Amor, sem que o comércio te afecte os sentimentos.
Não percas tempo em lamentações pelos que partiram, servindo de pasto da ignorância humana; eles estão bem, por terem cumprido seus deveres, diante dos seus compromissos.
Nunca peças o que não pode ser; cada alma é um mm^ diferente, com tarefas desiguais, para que, em um todo, se ajustem em felicidade para os homens.
Confia e espera trabalhando e orando, para que as tentações não desapropriem as tuas oportunidades, que te levarão à vitória.
Sê manso e humilde de coração mas não Te esqueças da prudência das serpentes; sê corajoso, porém não deixes que a coragem se transforme em violência.
Avança contra os inimigos e procura destruí-los entretanto, os inimigos de que falamos são todos de ordem interna, que moram na comunidade do coração e flutuam, por vezes, da cabeça à consciência.
Procura o meu Evangelho permanentemente, que ele, a Boa Nova, é por excelência a fonte de Deus.
Estás indo bem.
Continua, que estarei contigo em todas as lutas!
Francisco levantou-se sorrindo e chorando ao mesmo tempo, e na mesma hora procurou o caminho de casa e, lembrando-se de todos os companheiros, orou por eles, pedindo ao mesmo Jesus, para ajudá-los nas suas dificuldades.
* * *
Francisco de Assis voltou do Oriente, sentindo pulsar em seu coração a vitória da palavra de Deus.
Depois que cinco de seus discípulos foram trucidados em Marrocos e, posteriormente levados para Portugal, ele constatou que a coragem cristã estava solidificada nos corações dos seus companheiros, e quando fosse solicitado pelo destino, qualquer um deles daria a vida, cantando, qual os primeiros cristãos em Roma, no Coliseu.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:23 pm

Encontrou em si uma resistência sobremodo grandiosa, pelas companhias que Jesus lhe deu.
Amava muito os seus discípulos.
O comandante do navio em que Francisco viajava do Oriente para a Itália afeiçoara-se a ele, tendo-o como guia, nada deixando faltar para o seu bem-estar.
O homem de Assis, sentindo-se acanhado com tanta gentileza, procurava ser útil nos serviços de bordo.
O comandante recusava seu oferecimento, sob a alegação de que ele precisava descansar das suas lutas em favor do Evangelho e em benefício do povo. Francisco não se deu por vencido e, ao raiar do Sol, ele com o seu companheiro já tinham prestado serviços na limpeza do barco, assim continuando até a chegada.
Dizia sempre para o comandante sorrindo:
"Eu acho que quem pode trabalhar e não o faz, não deve também comer!"
Certa madrugada, em que o céu parecia mais próximo do mar, as estrelas faiscavam como se fossem vivas e a lua derramava sua claridade nas águas frias, o navio parou, sem que se entendesse o porquê.
Os ventos eram favoráveis, não havia recifes no lugar e a profundidade das águas era enorme.
O mar gemia, como se estivesse carregando um peso descomunal, mas o navio não se movia.
Contudo, 0 chefe do grande barco não se desesperou, deixando para o amanhecer as providências que deveriam ser tomadas.
Quando a estrela de quinta grandeza fez do mar um espelho a reflectir brandas claridades, todos se movimentaram para encontrar a causa do fenómeno.
Mergulhadores trabalharam em todas as direcções sem proveito; aparentemente nada acontecera, mas o navio não deslizava sobre as águas.
Esperaram por várias horas e nada acontecia.
Estava mesmo preso, ninguém sabia em quê, mesmo os mais experimentados navegadores.
Várias teorias foram aplicadas, as velas foram içadas a todo pano e o navio permanecia parado no mesmo lugar.
O comandante lembrou-se de procurar Frei Francisco, esperando que ele interviesse com seus poderes espirituais, mas quando chegou à sua câmara de repouso, encontrou-o em êxtase, pálido como cera, e seu discípulo ao lado, lendo trechos do Evangelho.
O comandante do barco saiu, mansamente, explicando à tripulação com muita calma, que Francisco estava em oração para solucionar o caso.
Depois de algumas horas, apareceu Pai Francisco dizendo para o comandante:
- Vamos, meu filho, vamos embora!
Jesus segue à frente!
E um forte vento abalou o navio, fazendo-o deslizar no grande lençol de águas.
Com mais algumas semanas, o navio ancorava no porto de Veneza, e Francisco ansioso por pisar em terra, para o trabalho urgente do Evangelho, deu graças a Deus por chegar.
E partiu para várias cidades e, em todas elas, operou fenómenos que o espaço não nos permite revelar.
Francisco percorreu Pádua, Bérgamo, Brescia, Mântua e outras cidades, deixando em todas elas as marcas da sua santidade e do seu poder espiritual, renovando os velhos conceitos pregados pelos sacerdotes, que visavam mais o bem-estar próprio do que mesmo a paz dos seus semelhantes.
Pai Francisco voltou do Egipto um pouco doente; contudo, não reclamava:
o seu ambiente individual era o mesmo, ou talvez melhor, por ter recolhido muitas experiências acerca da vida.
A temperatura do continente que visitara era incómoda e nociva para os europeus; o sol escaldante atingira Francisco principalmente na vista, cuja claridade em demasia, lesou-lhe a visão, não acostumada a essa luz intensa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:23 pm

Tinha uma organização fisiológica franzina, órgãos muito sensíveis e, por vezes, alimentava-se pouco, dado que era a prolongados jejuns, ainda que por dentro, no cerne da vida, fosse um forte pela própria natureza do Espírito.
Era a força de Deus ostentada no seu coração e transmutada em campo de energia, dando-lhe sustentação para acudir ao chamado do Divino Mestre, quando determinou:
"É necessário que fiques até que eu volte"
O Poverello volta a Assis, onde fora implantado o coração da comunidade Franciscana, tendo Porciúncula como a igreja-mãe e o Rancho de Luz, como universidade de aprendizado mais profundo sobre o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A notícia da chegada de Francisco espalhou-se como um raio, e todos foram visitá-lo com alegria.
Os frades de todas as localidades, quando souberam de seu regresso, foram até ele, para refazer suas forças, gastas nas lutas com as incompreensões humanas.
Muitos deles já tinham entregado as próprias vidas selando a força do Evangelho no coração dos que sofriam.
Eram conscientes da vida que continua em toda parte e sabiam que o Espírito sobrexiste ao corpo.
Tanto Pai Francisco, como seus companheiros, conheciam por experiência, o intercâmbio com aqueles que vulgarmente se chamam de mortos, e os assuntos mais profundos de que o Evangelho é portador eram ventilados somente entre eles, porque a massa não estava preparada para conhecê-los, na totalidade de sua claridade espiritual.
A verdade, em determinados casos, precisa ser velada.
A luz, quando muito forte, pode cegar as criaturas.
Foram várias semanas de festa pelo regresso de Pai Francisco.
Todos queriam saber sobre os acontecimentos verificados nos lugares por ele percorridos; ele, por sua vez, tinha grande interesse em saber como andavam as actividades dos frades, por onde demandaram em pregações, na solidificação da Boa Nova do Cristo.
Não obstante, ninguém ficava parado; as conversações eram desenvolvidas à noite, pois o dia era destinado a trabalhos de variada ordem, cuja filosofia era o maior empenho da Comunidade.
A renúncia e a palavra servir eram a senha de luz, a ampliar os caminhos do coração.
Francisco sentia saudades de alguém que ainda não vira depois de sua chegada.
Clara sentia, igualmente, um aperto no coração, com a falta de seu pai espiritual.
Em uma acolhedora manhã, em que o disco solar parecia um carro de fogo na sua viagem costumeira, adentrou Clara, acompanhada de várias irmãs em Cristo, em busca de Pai Francisco, a fim de, novamente, abastecer seu coração de luz.
Quando o viu, os sentimentos não suportaram; faltou-lhe a voz, os olhos se fecharam, e a emoção fê-la sentar-se.
Somente sentimentos de amor vibravam no coração e na mente da santa de Assis.
Francisco ergueu-a, sorrindo, diante da alegria dos frades presentes, tomou-lhe as mãos, e falou com o carinho e o afecto que identificam os Espíritos afins, onde o verbo busca entonações que somente o coração pode guardar.
- Clara, minha filha!
Que Deus te abençoe, hoje e na eternidade!
Imensa e a alegria que sinto neste momento, de vê-la junto às irmãs em Cristo.
Peço-te licença para beijar tuas operosas mãos que sei, têm servido de instrumento para que a Mãe de Jesus, nossa Mãe Santíssima, trabalhe em favor de todas as mães do mundo e de todas as criaturas de Deus.
Como estás sabendo portar-te diante dos compromissos assumidos ante a tua consciência, com a presença de Deus, nosso Pai!
E isto, para mim, é uma grande felicidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:24 pm

Por onde passo, tenho tido notícias do teu trabalho, que algumas vezes chegam aos meus ouvidos pela espontaneidade das coisas; de outras vezes, porque pergunto por ti, e sinto paz em saber da tua felicidade.
Tive notícias de tua mãe, da decisão que tomou, e de tuas irmãs carnais; estou a par do destino que tomaram minha mãe e Foli.
Tudo isso em conjunto é o próprio céu, procurando doar-me paz, a me falar que existe a felicidade.
Como é bom te ver, Clara!
Tua presença me faz recordar um passado que permanece vivo em meu coração, e nele ficará para sempre.
Notava-se que as auras de Francisco e de Clara transfundiam-se em uma simbiose divina, ajustando-se como um serviço do Amor.
Do braço direito de Francisco descia como por encanto da própria natureza, uma projecção de luz de variada tonalidade, a espraiar-se em todo o metabolismo de Clara, circulando nos centros de força daquela mulher grandiosa, e lhe trazendo ao coração a maior emoção espiritual que o puro amor pode ofertar.
Também dela se projectava uma corrente fecundante, que era absorvida pelo braço esquerdo de Francisco, em volumosa expressão, onde as cores desafiavam a quem tentasse catalogá-las, viajando pelas vias invisíveis de seu corpo, tendo o mesmo destino das energias captadas por ela, revitalizando seus centros de força, para o trabalho da disseminação da Boa Nova do reino de Deus.
Acenderam-se em Francisco todos os seus pontos sensíveis à luz e, visto pelos olhos espirituais, poder-se-ia dizer que se encontravam nas sombras da Terra, duas estrelas.
Naquele dia, conversaram por horas a fio, trocando ideias e estabelecendo planos para o bom andamento dos trabalhos desenvolvidos por ambos.
Cercados pelos discípulos e confreiras, que ali desfrutavam o Amor do mais puro que se pode encontrar, cantaram hinos de louvor à grande Vida que sustenta a todos.
Em dado momento, o Santo de Assis olhou para Clara com as lágrimas umedecendo seu rosto seráfico, e disse com emoção:
"Clara!...
O meu peito é uma gávea que te prende! Dentro dele bate o teu coração em mim."
Não precisava mais palavras para selar o amor espiritual entre duas criaturas, como aquela manifestação de carinho e de fraternidade elevada, em cujo calor Francisco secava as próprias lágrimas, beijando as mãos de Clara como beijasse a sua alma, que irradiava na mesma dimensão.
Clara, ofuscada com a presença de Pai Francisco, e com o que sentiu e viu, a sua boca serviu de instrumento a uma força maior e falou reflectindo todos os seus sentimentos para com Francisco Assis, sem se esquecer de sua mãe, que igualmente amava o Poverello.
Disse:
"Francisco!...
Mamãe muito te quer e abençoa a tua vida, em sua vida, lendo-te a paz no meu amor.
Dar-te-ei meu coração, que já é teu, dar-me-ás o teu, que já era meu, por herança do passado no Senhor."
Por força do Amor sem barreiras, que as condições físicas poderiam impedir, abraçaram-se ternamente os dois filhos de Deus, como dois companheiros em Cristo, sob as palmas dos que assistiam àquele espectáculo de luz, onde a lei de Deus era o ambiente de vida.
* * *
O sacrifício nas horas apropriadas constitui força propulsora para o progresso e a unidade do Bem para a paz das criaturas.
Quando chegaram à Casa dos Portugueses as relíquias dos frades torturados em Marrocos, pela palavra do Evangelho que estavam pregando e vivendo, houve um abalo de sentimentos, do qual nasceu um franciscano de nome Fernando de Bulhões, que já vestia a túnica branca da Ordem dos Agostinianos.
Em pleno fulgor das suas forças físicas e espirituais, gozava, entre as ovelhas que os Céus tinham lhe confiado, vida amena e cómoda posição.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:24 pm

Fernando nascera em Lisboa, cidade que na época se apresentava entre grandes do mundo.
Ao ver aquele quadro que trazia admiração e revolta ao povo, sentiu no coração outro coração pulsando, a lhe convidar para participar do grande empenho do Evangelho, senão em Portugal, mas em todo o mundo.
Parecia que os Céus tinham colocado em sua boca uma estrela para filtrar as palavras que saíssem do seu coração.
Fernando assistiu ao cortejo dos restos santos dos Frades Menores, e uma carruagem de luxo os acompanhava, conduzindo a mulher de Afonso II, que derramou lágrimas, em fervorosos pêsames por aqueles valentes homens, que lutaram até a morte por Cristo, que fizera o mesmo pela humanidade.
E dentro da Igreja de Santa Cruz, orando e meditando sobre os acontecimentos, sentiu ele algo confortando o coração.
Em silêncio, ajoelhou-se onde estava, com o semblante figurado e algumas lágrimas desceram no seu rosto, como sinal de mudança na sua personalidade.
Lembrou-se de Deus como nunca, e, lembrando-se igualmente de Maria Santíssima, na grande intensidade de Amor que poderia desprender do seu coração, falou a Jesus:
"Senhor, o que vejo neste instante comovedor!?
Como pode a ignorância matar quem se entrega somente para o bem das criaturas e destruir irmãos que somente pensam e fazem a caridade, cortar cabeças de homens que vivem o Amor do Evangelho, que em nada buscam as suas satisfações pessoais?
Onde estou, que vejo essa calamidade moral, enfronhada em uma estupenda vingança, onde o ódio e a vaidade geram puramente a morte?
Quero também morrer como esses homens, para que o meu sangue sirva de luz para o despertar dos corações que ainda vivem nas trevas.
Peço-Te que me ajudes a fazer o que devo para o Bem Maior.
Não quero retardar a minha marcha diante das necessidades humanas, e do meu dever para com o Teu Evangelho.
Sinto algo falar-me à consciência, que devo avançar.
Entrego-me em Tuas mãos; faz em mim segundo a Tua vontade e ajuda-me a esquecer a minha, se ela estiver errada."
Fernando, tomado por força desconhecida, sentiu-se dominado e, entregando-se sem resistência ao comando superior, passou a escutar a voz que, no centro de sua cabeça, falava em tom suave, mas mesclado de energia divina:
"Fernando!...
Eis que algumas das minhas ovelhas sucumbiram, não por faltar-lhes céus nos corações, nem por carência de fé no mundo íntimo que povoa os sentimentos.
Foi por ignorância do povo, que exige sacrifícios para crer.
Nasceram com o destino que escolheram para ajudar os que sofrem de insegurança, para os que sofrem com a dúvida, com o orgulho e o egoísmo; para os que sofrem por apego às coisas terrenas, por ódio e vingança.
Quanto a ti, deves alinhar a tua vida na vida destes frades que mostram o Evangelho à luz da Verdade, que expõem a Boa Nova na sua expressão mais pura para que a época possa reverenciar; é homem ouvindo novamente os primitivos conceitos que deixamos como herança para a humanidade.
Não te entregues à quietude, nem a pomposas roupas, que despertam o luxo nos vacilantes da fé; procura a simplicidade revestida de sabedoria, o amor tocado de fé e o perdão inundado de esperança, para que possas converter a muitos, para uma dignidade de vida que pode e deve alcançar a felicidade.
Não lutes por pátria, por religião, ou por filosofias transitórias; luta para implantar o Amor, a Fé e a Caridade, primeiramente, em teu coração, para depois ajudar os outros a fazerem o mesmo nessa grande conquista.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:24 pm

Antes de falar, procura viver o que ensinas aos outros, porque o exemplo é força de Deus, que nunca se apaga da visão humana, e, quando é eivado no Bem, jamais deixa de brilhar na eternidade.
Muitos pensam que estou ao lado direito do Pai, que está nos Céus.
O lado direito é o lado bom dos homens, aos quais incentivamos, inspirando-os para que multipliquem suas sementes de luz em todas as direcções da vida.
Sê forte, e não somente troques de hábito, mas de vida.
Acende o Sol que existe dentro de ti, com esta frase que já repeti várias vezes:
"Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo".
Eis que aí está toda a lei e os profetas, como também a Vida.
O mais saberás pelos processos que, por enquanto, desconheces."
Fernando trocou as vestes brancas pelo burel dos franciscanos, como também de nome, passando a chamar-se António de Lisboa, e partiu para a África, a arrebanhar almas para Cristo, consoante Suas instruções.
Todavia, seu estado de saúde fê-lo voltar e o destino desviou sua rota, levando-o para a Sicília.
Quando descobriu onde estava, sentiu alegria imensa invadir seu coração; alguma coisa certamente fazia com que ele se encontrasse com Francisco, que já sabia, achava-se muito doente.
Era seu grande desejo vê-lo, tocá-lo e beijar-lhe as santas mãos.
Frei António de Lisboa, que depois passou a chamar-se António de Pádua, chegou a Assis.
Encontrou-se com Pai Francisco e com toda a comunidade franciscana, onde a alegria era o alimento dos frades, e o Amor, a própria vida.
Certificou-se das directrizes do Grande Santo, e empunhou o bastão da Fé e da Renúncia em direcção a Cristo, dando graças a Deus por todos os sacrifícios, e fazendo da sua vida um Evangelho aberto, para que todos lessem as suas páginas, escritas pelos exemplos do dia-a-dia.
Frei António de Pádua, que alicerçou sua obra nesta cidade que lhe emprestou o nome, não parou um dia sequer.
Entregou-se a Jesus, como fizera o Poverello, tomando-se na verdade, um segundo Francisco de Assis em todos os caminhos que percorreu.
Certa feita, António estava pregando na Itália para grande multidão de fiéis, quando para de súbito e fica imóvel.
Os ouvintes, reconhecendo os dons do santo, ficaram a esperar em silêncio profundo, por saberem que o Místico de Pádua poderia estar em colóquio com os Céus.
Naquele mesmo momento, em Portugal, seu pai, o Sr. Martinho de Bulhões, estava sendo condenado injustamente pela morte de um homem.
O pregador franciscano, usando de recursos de ubiquidade, aparece no tribunal e propõe-se a defender o réu.
As suas palavras sobremaneira eloquentes, acalmaram as testemunhas mais irritadas, fazendo-as pensar no crime que estavam cometendo, ao afirmarem mentiras diante de um tribunal, visando a umas poucas moedas.
Aquelas pessoas compradas antes de consolidarem o macabro crime, pensaram:
essa morte foi tão escondida, que qualquer um pode ser o criminoso.
Como se enganam os ignorantes; nada, mas nada, na face da Terra, ficará oculto que não seja anunciado.
Ninguém engana a Deus, assim como inocentes verdadeiros não serão atropelados pelo destino; ninguém recebe o que não merece.
António, depois de argumentar em defesa do pai, partiu da teoria racional para a parte prática:
- Digníssimo Senhor Juiz e caríssimos irmãos que nos ouvem neste tribunal de justiça humana, falo-vos como se fosse na presença de Deus em aliança com Jesus Cristo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:24 pm

Depois que conversamos, com certeza ficastes conscientes da inocência deste réu, mas é bom que provemos a verdade que vos falo.
Haveis de perguntar!... Como?
Eu vos peço, em nome da lei, que me acompanheis até o cemitério; eu vou falar com o morto.
Ele será a melhor testemunha da questão em vigência.
Olhou dentro dos olhos do Juiz e ordenou com brandura:
- Vamos, meu senhor, porque a lei nada teme, desde quando a verdade apareça.
Este, não resistindo, levantou-se.
E António, continuando a olhar para os assistentes, tomou a falar:
- Vamos em nome de Deus e de Cristo!
Mas não foram muitos os que acompanharam António ao cemitério; poucos bastaram para registar na história, onde um defunto salvou o réu da prisão.
Chegando ao campo santo, dois homens se dispuseram a remover a terra.
Algumas testemunhas suavam, outras, pálidas, tremiam.
O silêncio era a tónica daquele espectáculo.
Somente o Juiz conservava uma postura decente, à espera da verdade, e o santo, serenamente, dominava o ambiente...
A expectativa era enorme!...
A ferramenta bate no caixão, que é logo destampado, mostrando o corpo em adiantado estado de decomposição.
António pula dentro da vala e, na vista de todos, estende a destra ao defunto e fala:
- Diga, meu filho, em nome de Jesus Cristo, fundamento da Verdade no céu e na Terra:
Foi Martinho de Bulhões quem te matou?
O suspense era geral.
Começou a se formar uma nuvem branca em tomo da cabeça do falecido; suas feições se modificaram e os seus lábios se abriram como por encanto, dizendo:
- Não, não foi ele.
Ali mesmo, no cemitério, o martelo do magistrado fez anunciar a inocência do réu.
Frei António andou com o povo alguns passos, desaparecendo sem que este o percebesse, retomando ao seu corpo na Itália, recomeçando seu sermão.
O povo quase estático esperava a mensagem de esperança, para eles que sofriam na pele, o dragão do desespero.
António demorara um pouco na sua viagem espiritual; no entanto, como foi fazer uma caridade, os companheiros espirituais ficaram dando assistência aos ouvintes na Itália, até que este chegasse para novamente falar-lhes.
As vibrações das suas palavras emprestavam às moléculas do ar energias vivificantes, para que os organismos que as respirassem se requintassem em vida e esperança Frei António lembrou-se de Paulo aos Romanos, capítulo cinco, versículo vinte, quando assim se refere:
Sobreveio a lei para que se aviltasse a ofensa, mas onde abundou o pecado, super abundou a graça.
A lei apareceu por misericórdia - continuou o tribuno sacro - e nos mostra quantas ofensas estavam escondidas sem que pudéssemos dar termo à ignorância humana, sem que pudéssemos aliviar pelo menos os sofredores, sem que pudéssemos visitar os encarcerados e levar-lhes uma esperança, pela graça de Nosso Senhor.
A lei foi um fenómeno divino na Terra, como que freio aos selvagens impulsos dos nossos corações, fazendo com que a inteligência não crie mais problemas, nem se retracte com vingança, sem primeiro saber da verdade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:24 pm

Graças a Deus, ainda existem homens no mundo dados à justiça, e que até dão a vida por ela. O plantio dessa força devemos muito ao grande Moisés, que pela sua sequência faria nascer o Amor, que explodiu na feição do Cristo.
Como poderíamos ter e conhecer o Amor, sem primeiro passarmos pelos caminhos da Justiça?
Parou por alguns segundos, passeou os olhos nos fiéis que bebiam suas palavras, como se fossem vinho da melhor qualidade e continuou:
parece que depois que conhecemos as leis, os pecados aumentam.
Certamente, porque antes não víamos seus efeitos, ou porque eram naturais as suas consequências.
Não existia o direito para os menos aquinhoados pela vida; os plebeus eram considerados animais, os encarcerados feras e os analfabetos monstros.
Mas quando os Céus nos mostraram um caminho mais excelente, através dos profetas e pela boca do Pastor Inconfundível - do Cristo anunciado pelo Grande Isaías - aparentemente superabundaram os erros que já existiam; e aí começamos, pela graça do Senhor, a corrigi-los.
Para isso muitos sucumbiram nas fogueiras, nos porões infectos, nas cruzes.
Todavia, aumentou pela misericórdia de Deus, a assistência aos infelizes, aos doentes, aos encarcerados e àqueles que a injustiça farejava, não respeitando a inocência.
Entretanto, meus filhos, os justos têm sua recompensa onde quer que estejam, porque Deus é luz muito mais que o Sol, e a injustiça é sombra que não existe com a presença da claridade.
Abençoou a todos, e saiu a pensar meio confuso, no seu pai, que se encontrava em Portugal, e em sua mãe.
Mas a alegria do povo o fez distrair-se daquele cismar.
* * *
Estamos aqui fugindo do assunto desta obra que é a Vida de João Evangelista, voltando como Francisco de Assis.
Todavia, António de Pádua completa a obra do Poverello de Assis.
Assim, é justo que falemos um pouco sobre ele, mostrando que Deus não tem privilegiados.
Ele fala onde deseja e convém, por métodos variados.
António de Pádua, na época de Jesus, era rabino virtuoso e muito conhecido como cobrador de impostos, conforme anotação evangélica; referimo-nos a Zaqueu.
O Mestre, em certa ocasião, comera em sua casa...
O rabino era um preceptor dos mais famosos, homem probo e caridoso.
Os publicanos tinham-no como santo.
António de Pádua era um tribuno renomado.
De longínquas terras deslocavam-se pessoas para ouvi-lo.
As palavras saídas de sua boca envolviam-se num magnetismo puro, cujos fluidos consubstanciados pelo Amor, eram esperança viva para todas as criaturas.
Quem o ouvisse jamais se esqueceria daquela figura impoluta e santa. Onde quer que ele estivesse, logo era formada a romaria em busca de consolo. Era o Evangelho vestido de came, por graça de Deus.
António estava em Brescia.
Sua fama corria o mundo, como tribuno evangélico e homem santo, porquanto colocava a mão em nome da cruz de Cristo e curava enfermos, consolava os tristes, levantava caídos e matava a fome espiritual dos necessitados.
Eis que chegava gente de todos os cantos do país.
Avolumavam-se, nas mas estreitas, carros de bois, cavalos, muares, gente acampada por todas as encostas da cidade.
Catres e mais catres chegavam com pessoas doentes, para que o mestre da retórica pudesse tocar-lhes os corpos enfermos e restituir-lhes a saúde.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:25 pm

Mudos, cegos, velhos e estropiados faziam filas intermináveis na porta da velha igreja.
Quando avistaram a multidão, os Frades Menores, responsáveis pelo movimento de caridade, que patrocinaram moralmente a estadia do Paladino da Bondade naquela terra, sentiram a necessidade de armar um palanque.
Numa área limpa, onde o povo o visse melhor e tivesse como templo majestoso a natureza, construíram o palanque, de onde António pudesse falar a todos os romeiros, vendo todos.
E eles, desse modo, ouviriam com maior nitidez a palavra de Deus, vendo, igualmente, o grande expositor da Boa Nova de Jesus.
Entretanto, o Espírito brincalhão e zombeteiro está sempre presente em quase todos os acontecimentos, mesmo entre os mais elevados, na Terra.
Alguns galhofeiros prepararam uma cilada para o fracasso do frade, por urdidura das trevas.
A praça improvisada regurgitava de pessoas crédulas.
A fé se irradiava nos corações como ondas de luz, como se fossem instaladas luzes nos dias de hoje, nas metrópoles mais modernas, para grandes festejos.
Os dois homens, preparados para o nefando golpe, ficaram cada um de um lado do palanque para, na hora aprazada, cortarem as amarras do elevado de madeira para que o pregador caísse, caindo com ele a fama e a fé dos filhos do Calvário que ali se postavam em massa, para ouvir as leis de Deus, enfeixadas nas palavras santas do filho adoptivo de Pádua.
Muitas mil pessoas de toda a sorte se acumulavam à espera do consolo do Evangelho do Cristo.
António de Pádua subiu no estrado e começou a falar.
O silêncio era o toque de beleza e os ouvidos - como assimiladores automáticos - não perdiam uma só nota de entendimento, dos sons articulados pelo grande discípulo de Francisco de Assis.
Ante a expectativa dos fiéis, num dado momento, notou-se um sinal entre os dois corvos humanos e em seguida, um grande estalo.
Ruíram as cordas e o madeirame caiu de uma só vez.
O espanto foi geral, alguns correram para dar assistência ao tribuno, mas, caíram de joelhos ao verificarem o espectáculo do fenómeno espiritual.
Deus usou a maldade das trevas para infundir mais fé naquelas criaturas ali postas, esperando que algo as consolasse.
Frei António pairava nos ares, na altura do palanque, sem que a queda da madeira o interrompesse, e, nesta postura, pregou por duas horas.
Sem que ele tocasse nos enfermos, muitos saíram curados pelo poder da fé.
Daí a dois dias, os dois asas negras procuraram o frade para confessarem o erro cometido que colocara em perigo a vida do franciscano.
E ele os abençoou, dizendo qual o Cristo:
"Ide e não pequeis mais".
* * *
A hidropisia pôs fim à carreira do místico de Pádua, por ter chegado a hora do chamado celestial.
No mesmo dia apareceu a um velho frade, seu amigo, muito virtuoso, curando-o de uma enfermidade antiga:
escoriações, motivadas por picada de insectos venenosos, já tomadas incuráveis pelos métodos conhecidos daquela época.
Depois de muitos anos da sua ida para o plano espiritual, houve um movimento no sentido de transladar seus restos mortais para Santa Maria, lugar para onde desejava ir quando se encontrava enfermo, prestes a desencarnar.
Para a concretização do movimento, foi enviado um representante de Roma, inclusive para manter a ordem entre as partes envolvidas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 09, 2019 8:25 pm

Determinada a abertura da uma mortuária, constatou-se que os ossos de António estavam, como era de se esperar, intactos, em perfeito estado, em meio de poeira causada pela desintegração da carne que a terra não comera e nem os vermes festejaram.
Seu crânio, totalmente limpo, a boca entreaberta e, entre os dentes, a língua do tribuno estava intacta, como se acabasse de falar naquele momento.
A admiração foi geral.
A língua santa que nunca ferira, que nunca maltratara, que nunca fizera mau juízo dos outros, que nunca maldissera, a língua de luz, que somente falara do amor e da caridade, entrou numa inversão electrónica, de maneira a estatizar os elementos periódicos, não como significa a própria palavra, mas numa conservação pela força do Amor.
Elementos químicos espirituais que escapam à percepção humana, entraram nas moléculas e nas células da língua do frade, de maneira a mostrar o seu verdadeiro trabalho no mundo, para a edificação da paz e para fazer reviver, na Terra, o Evangelho do Cristo.
O sacerdote responsável pelo translado, que assistiu a esse fenómeno, abaixou-se por instinto, tomou nos dedos a língua do santo e a beijou muitas vezes.
Lágrimas de gratidão desceram em sua face.
Depois de mais de setecentos anos, entre as relíquias do santo, ainda se encontra a língua do tribuno de Pádua, parecendo que ainda pretende falar às multidões famintas das palavras evangélicas, emitidas por aqueles que vivenciam as leis de Deus.
* * *
Quando Pai Francisco chegou do Oriente, encontrou muitos dos seus discípulos morando em um velho castelo, uma grande mansão, de confortáveis salas.
Apressaram-se em dizer-lhe da alegria de que estavam tomados, por terem onde colocar muitos enfermos e os estropiados dos caminhos.
Francisco abraçou a todos com ternura e saudades, e falou-lhes entristecido:
- Caros irmãos!...
Não foi isso que a nossa mãe Pobreza nos ensinou; desta maneira estamos pregando uma coisa e vivendo outra diferente da renúncia.
Se é para o conforto dos que sofrem, é muito bem empregado esse castelo, mas a verdade nos diz que isso se toma outro objectivo e começa a mudar os rumos da nossa instituição.
De pompas já vive o Clero Romano, que modificou as estruturas do serviço evangélico para salientar o bem-estar humano e político.
Ficarei triste se permanecerdes aí.
Que Deus vos abençoe sempre!
E retirou-se dali...
Os frades procuraram o cardeal, para que este convencesse Francisco a aceitar aquela grande dádiva, que poderia ser muito útil aos enfermos e à comunidade franciscana.
O cardeal assim o fez, e Francisco aquiesceu que os frades ficassem, mas nunca entrou em tal mansão. Foi o que levou os frades a abandonarem a ideia de nela permanecer.
E os poucos enfermos que ali estavam recolhidos sentiram-se livres ao saírem com os companheiros de Francisco, e foram todos curados por brandos ventos que no momento sopravam em suas direcções.
Francisco sorriu, ao saber do facto, agradecendo a Jesus pelo beijo divino do ar.
* * *
Francisco de Assis subiu ao Monte Alveje.
Para ele, a morada excelente era mesmo a natureza, os seus dons se dilatavam de maneira divina, ouvindo e entendendo as vozes em muitas dimensões.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 10, 2019 8:06 pm

Seus discípulos já eram muitos, e espalhavam-se por muitos países, pregando e vivendo o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pai Francisco não precisava estar junto deles para falar-lhes.
O que convinha, chegava a todos no mesmo instante, pelos fios invisíveis de seu pensamento.
As ondas mentais não falham, nem são interceptadas, quando se trata de mente qual a de Francisco, no serviço do Bem e da Caridade.
Frei Leão foi testemunha de muitos fenómenos ocorridos com Pai Francisco, muitos dos quais foram descritos por ele, que assistiu várias vezes, à elevação do Poverello ao espaço, em estado de êxtase, a conversar com chamas de luz, qual aconteceu com o Legislador Hebreu.
No fim de sua vida missionária, Francisco estava muito doente, principalmente dos olhos.
A enfermidade, cada vez mais, apagava sua visão; era indispensável um tratamento urgente, de que ele se esquecera.
Entretanto, um dos seus companheiros fê-lo lembrar, buscando um terapeuta renomado, e esse diagnosticou doença progressiva, que exigia imediata cauterização.
Francisco não se opôs, porquanto pediria ao fogo que tivesse piedade dele.
E foi o que fez; no momento da operação, Francisco pediu licença a todos que ali se agrupavam, orando por ele, desceu os joelhos ao chão e pediu com simplicidade:
- "Irmão fogo!...
Peço-te em nome de Deus e de Jesus Cristo, para que não me queimes com toda a tua pujança, que reduz todos os corpos!
Peço-te caridade para comigo, neste instante em que preciso de teu auxílio, da tua ajuda.
Não me queimes o tanto quanto eu tenho a impressão.
Sei que, por onde passas, somente ficam cinzas, e que tudo se reduz a pó.
Peço-te um pouco de brandura, em se tratando de meus olhos.
Ainda preciso deles para ver as belezas do Nosso Pai Celestial e entender melhor as leis do Senhor de todas as coisas.
Compadece-te de mim, irmão fogo!
Compadece-te de mim, e peço a Deus que te abençoe sempre!"
Francisco, com toda a confiança e ternura, abriu os olhos e o médico, já com o ferro incandescente na mão, cauterizou-lhe o olho.
E mesmo com os olhos entregues ao fogo, notou pequenas criaturas desprendendo-se da brasa viva, como que abrandando-lhe a temperatura.
Deslizavam nos caminhos feitos pela luz, como se estivessem montados em fios do fogo, e festejavam sua pequena testa com os carinhos peculiares ao seu reino, onde o fogo é o seu ambiente maior.
O Santo de Assis cada vez mais notava a vida pululando em tudo que, existia.
Alguns seres alados, que manejavam com as ondas dos ventos, chegavam em seu auxílio, confortando-o com o sopro purificador.
Vários Espíritos ali se postavam, transmitindo-lhe energias novas, para que suportasse as condições impostas pela própria lei.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 10, 2019 8:07 pm

25 - Pai Francisco no Monte Alverne
O Monte Alverne, situado nos Apeninos, banhado pelos rios Arno e Tibre, era envolvido em fluidos superiores e, ali, Francisco refazia suas forças de vez em quando - a água está sempre nos grandes acontecimentos, pois ela foi o berço para o protoplasma na sua expansão criadora, como seu cinetismo divino, em busca da perfeição.
Foi a água que ajudou a garantir o progresso do próprio homem, desde o protozoário até a condição biológica em que se encontra e relativamente a isso, Moisés escreveu que o Espírito de Deus estava sobre as águas.
Esse monte que se encontra na Toscana, parece ter sido preparado pela natureza, qual acontecera à Ilha de Patmos, para receber João Evangelista.
Igualmente, a região fora escolhida para calvário das maiores emoções de sua vida missionária, região esta que Pai Francisco elegera para o exílio por amor a Jesus, já que não fora expatriado pela vontade dos homens.
Era uma ilha cercada de água doce, como doces eram para si os transes, no maior empuxo evolutivo de sua sensível alma e ali também Francisco fora crucificado, dois anos antes da sua viagem para a pátria verdadeira, como emblema da sua vitória, na dignificação do Amor na Terra.
Voando-se por cima de Florença, avista-se a região - quando se conhece o caso - com o mais temo sentimento, e sente-se intimamente uma esperança diferente da que o mundo oferece, fazendo lembrar Pai Francisco com os braços estendidos para o alto, os céus se abrindo e Jesus Cristo respondendo ao apelo do Seu discípulo amado, ferindo-lhe os pés, as mãos e o peito, dotando ainda mais o seu coração do Amor de Deus.
O Arcanjo Miguel aparecia a Francisco com frequência, no Monte, para consolá-lo e traçar-lhe as últimas directrizes, como a de diversos mártires do cristianismo nascente.
Ali se escondia o Poverello em uma caverna, como se estivesse em uma mansão.
Quando era acompanhado, os Frades Menores ficavam à distância, não que ele exigisse, mas por respeito ao mestre que entra em êxtase ou conversava frente a frente com o mundo espiritual, em diálogos demorados.
Certa feita, cheio de cuidados, Filipe, um dos componentes da Ordem foi às bordas da caverna, onde estava Pai Francisco que, já por quinze dias, sem comer e sem beber, não dava sinal de vida.
Os outros dois discípulos ficaram orando com receio de o companheiro interromper o estado de graça do cantor Assis.
Filipe foi mudando os passos com a suavidade de um gato e, olhando daqui, olhando dali, adentrou, apreensivo, a caverna, e deparou como maior espectáculo que já tinha visto em toda a sua vida:
Pai Francisco ressonava suavemente e uma luz dourada que não denunciava sua procedência, banhava todo o seu esquelético corpo, e a sua feição divinizava-se, como se estivesse sorrindo o tempo todo e, o mais interessante, era que o corpo flutuava, tendo, como colchão, o ar que recendia fragrâncias indescritíveis.
Pairava acima do solo a uns oitenta centímetros; dos ouvidos e da boca saía um plasma branco-azulado, e desta matéria quintessenciada formava-se uma roupagem que lhe servia de cobertor.
E a conversa do mestre ressoava dentro da caverna, como por encanto, pois não se viam os movimentos dos seus lábios.
Filipe caiu de joelhos dentro da gruta, fechou os olhos sem dar vazão às lágrimas e orou a Deus em silêncio, não sabendo o tempo que ali permaneceu naquele estado.
Francisco sentiu que não estava só, e de leve observou os companheiros que vieram à sua procura, por causa da longa demora, e ao presenciarem o espectáculo, reagiram como Filipe; e os três discípulos oraram em tomo do mestre em desdobramento para o Astral Superior.
Depois daquele fato transcendental, os discípulos do poeta italiano saíram em silêncio, acomodaram-se em abrigo improvisado, esperando mais uns dias, até que Pai Francisco aproximou-se deles em passos lentos, dizendo:
- A paz de Deus seja convosco.
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FRANCISCO DE ASSIS - Miramez - João Nunes Maia - Página 12 Empty Re: FRANCISCO DE ASSIS - Miramez - João Nunes Maia

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 10, 2019 8:07 pm

Tomou fracção de alimento junto aos companheiros e desceu o Monte, contando as mais lindas histórias que presenciara no mundo espiritual, nas quais se notava a força doutrinária dos preceitos do Cristo.
Cada vez que descia o Monte, seu dinamismo aumentava na prática da caridade e na necessidade da vivência evangélica.
Os franciscanos rodeavam o Pai para escutá-lo, bebiam suas palavras como se fossem água pura da fonte, no estado de carência do líquido.
Dias e noites se fundiam, fazendo desaparecer o tempo, e a presença do Apóstolo de Jesus era sempre solicitada em vários conventos, em muitas igrejas, em casas particulares de bispos e cardeais, e mesmo de alguns papas, pois Francisco de Assis representava a volta do Cristo, pisando de novo a face da Terra.
Francisco, numa noite memorável, rodeado por centenas de frades de várias comunidades da Ordem, falou com suave veemência:
- Meus filhos, que Jesus Cristo, Nosso Senhor, nos abençoe em nome de Deus.
A inteligência nos favorece, para que possamos falar com sabedoria e brandura.
Podemos, pelo dom que por vezes possuímos, atrair milhares de adeptos e, sem a devida vigilância, podemos tomá-los inimigos da própria religião, pelo fanatismo que por hora medra em toda a Europa.
E do nosso conhecimento que irmãos filiados à Ordem, cujo nome já implica dever e obediência, se entregam ao sacrifício por prazer de morrer, sem saber o porquê do sacrifício.
Tomar-se mártir pela força do destino é uma coisa, e procurar se martirizar por brutalidade dos sentimentos, é outra muito diferente.
Essa inversão de valores também ocorreu no cristianismo nascente, nas mas da Roma Antiga, onde alguns cristãos imprudentes disputavam o Coliseu, vendo nele, sem qualquer outro ideal, as portas do Céu. Erro dos erros maiores!
Fez uma pausa para que o assunto fosse bem assimilado pelos presentes, pois aqueles que participavam do conclave eram frades que tinham em seus ombros a direcção de muitas comunidades em vários países.
Olhavam uns para os outros e trocavam baixinho ideias que Francisco, mesmo distante, captava pelo poder da audição dilatada, obediente ao poder mental que transcendia ao dos homens comuns.
E quando concentrava sua atenção em alguma pessoa em especial, igualmente identificava seus sentimentos, como se estivesse lendo uma carta.
Fez um sinal e continuou sua alocução.
- E da vontade do Cristo que tomemos providências, reparando a nossa conduta diante dos homens e da nossa consciência!
A nossa Ordem traça uma linha de conduta exemplar nos seu estatutos, e, se for para mantê-los como relíquia, o caruncho começará a roer
nossas almas e como o Cristo deseja habitar em nós, o tabernáculo do coração é o Seu lugar.
Somos realmente homens humildes e pobres, desprendidos dos bens materiais e, para exemplificar isso, viemos ao mundo, não como seres dados à imundície e a mendicância.
Não podemos também usar a palavra para combater os bem-aquinhoados, para depois pedir-lhes que nos matem a fome.
A higiene corporal pode ser reflexo da limpeza d'alma; é certo que a usura nos prende ao mundo da vaidade e ao desleixo das coisas do espírito, e por isso devemos nos situar no centro, fugindo dos extremos.
Não estamos aqui arrebanhando homens corridos da justiça, nem os assombrados de consciência:
a plataforma espiritual desta comunidade cristã é reunirmos almas capazes de enfrentar, frente a frente, e da melhor forma possível, quaisquer problemas de ordem material ou espiritual e que a serenidade nunca fuja dos nossos corações e que o amor nunca deixe de ser o nosso roteiro.
O trabalho deve ser o nosso lema no solo em que pisamos e deve nos sustentar na vida física.
Acreditamos na fala do Grande Legislador Hebreu:
"Comerás o teu pão pelo suor do teu rosto".
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 10, 2019 8:07 pm

E diz o Evangelho:
"Todo trabalhador é digno de seu salário".
Quem não trabalha deve envergonhar-se de comer de consciência tranquila, a não ser que esteja impossibilitado do labor cotidiano, que se divide em centenas de modalidades à nossa escolha, sendo que várias estão de acordo com as nossas possibilidades.
O enfermo pode trabalhar gerando pensamentos edificantes, falando sobre assuntos construtivos, vivendo a tolerância e o amor, porque desta forma estará ajudando a quem vier ao seu encontro, por caridade.
Considero todos como filhos espirituais, pelos quais tenho o maior amor e entrego a minha vida, caso o Cristo assim o deseje, para que vocês vivenciem e exemplifiquem a Carta Viva, que constitui a Boa Nova de Deus nos corações dos homens.
São, para mim, todos iguais e desejo, sabendo ser impossível, que sejam idênticos, nos actos e nos factos, na dignidade e na obediência, na Caridade e no Amor.
É lamentável que alguns dos nossos companheiros buscaram esta Ordem pensando fosse ela um covil de lobos, um rebanho de homens avessos à lei e ao trabalho, ou um bando de seres famintos, à cata de esmolas de porta em porta.
Certo é que, de vez em quando, escalemos alguns dentre nós para pedir, colocando-me eu como primeiro na experiência do exercício de humildade e de ginástica de combate ao orgulho e à prepotência, à vaidade e à arrogância, inimigos de que, por vezes, pensamos já nos termos livrado.
Todavia, não devemos nos viciar ou deturpar esse método e, aquilo que recebermos, devemos dar aos que realmente precisam e, em casos extremos, usar do que ganhamos para suprir nossas necessidades.
Nosso objectivo é dar mais do que recebemos e tudo fazer por amor.
Se viemos à Terra para soerguermos a moral evangélica já confundida com as coisas terrenas, se queremos viver o Cristo, desatando os Seus braços e pés dentro dos nossos corações, qual o caminho que deveremos tomar?
Esquecer Jesus nesta época seria lamentável erro, principalmente em nosso meio, nós que estamos ouvindo o Senhor todos os dias, por intermédio dos Seus mais abalizados mensageiros.
Não temos o hábito de consultar o Evangelho todos os dias, antes de respirarmos o ar aquecido pelo sol ao raiar do dia?
E os preceitos ensinados por Ele?
O que fazer do que ouvirmos?
Seremos mais responsáveis se taparmos os ouvidos.
Pai Francisco se encontrava rodeado de luzes de todas as cores.
Seres translúcidos passavam de lado a lado do mestre, derramando igualmente fluidos de todos os tipos sobre a compacta assembleia que escutava, silenciosa.
Alguns anotavam o que o velho Evangelista falava, como sendo uma ordem directa do Cristo de Deus, no que não estavam enganados, pois era a pura essência dos ensinos do Mestre dos mestres.
Pai Francisco fez um intervalo, dando tempo para a assimilação mais profunda dos assistentes, perpassou os olhos, como se fossem dois faróis, por toda a assembleia, e da luz que emitia, clareando as consciências, absorvia os ideais de cada um.
Frei Leão anotava com incrível rapidez, deixando muitos admirados, fazendo crescer mais sua fama de escriturário do Poeta do Amor.
O frade já estava tão acostumado com as vibrações do seu guia espiritual, que antes de ouvir os sons da palavra, já as escrevia, captando-as pelas ondas mentais.
Pai Francisco tomou um pouco de água e sentenciou com admirável tranquilidade:
- Outra coisa quero lhes falar com muito interesse, pois é de grande importância para todos nós e, principalmente, para todas as Ordens das quais fazemos parte e de que somos peças integrantes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 10, 2019 8:08 pm

Mudando a tonalidade da voz, assim se expressou:
- Queridos companheiros em Cristo!
Não podemos repudiar os ricos, nem tampouco o ouro, pois esse repúdio, para nós, não cabe em lugar algum e só nos serve d< escândalo.
E certo que Jesus falou ser necessário o escândalo, mas afirmou com toda a sabedoria, que ai daquele que dele servir de motivo.
Não devemos odiar a qualquer pessoa, nem coisa alguma, já que viemos para o Amor; por conseguinte, devemos amar sen condições e sem trocas passageiras.
Se alguns dentre nós aspiram fazer milagres, gastando horas e horas exercitando suas mentes e disciplinando seus modos para impressionar a; massas com fenómenos planejados, qual ânforas bonitas por fora, mas vazias por dentro como sepulcros caiados no dizer do Evangelho, perderão seu precioso tempo, porque essa coisas devem ser espontâneas, pela vontade do Alto, pelas mãos do Cristo em nós...
Ele sabe a hora exacta, o momento propício para os sinais transcendentais de despertar colectivo.
Para que a fé se afirme nos corações preparados.
Não turbemos os nossos sentimentos em busca disto ou daquilo, pois não sabemos o que fazemos - só Jesus conhece o de que precisamos.
Quantos, por vaidade, vêm pedir- me para que eu ande sobre as águas!'
E quantos, meus filhos, imploram-me para que eu voe ou que passe dentro do fogo sem me queimar, para impor às consciências, pela força, o ideal de Jesus!?..
Não estou aqui para isso, mas sim para transformá-los pelo Amor - aquele que não crer que o maior fenómeno seja o Amor, deve esperar pelo tempo, que ele reparará a todos.
Quantos cegos e aleijados, familiares de mortos e encarnados batem às nossas portas, buscando a saúde, a vida e a liberdade?
Por nós nada faremos, ma sim em Cristo, e quando Ele desejar, tudo isso faremos, e muito mais.
Pai Francisco notou a entrada, no recinto, do Arcanjo Miguel, com sua corte de Espíritos iluminados e dezenas de outros, manipulando fluidos do ar e da árvores, das águas e de fontes que desconhecia.
No momento, deu graças a Deus.
O povo, ao saber que os frades iam se reunir em assembleia, concluiu que, estando Pai Francisco ou António de Pádua presentes, veria milagres e cura de todas as espécies.
Por isso, as pessoas abarrotaram as adjacências da igreja do Frades Menores.
O Poverello continuou falando com suavidade:
Quero, meus filhos, que voltem todos para seus postos de trabalho renovado em Cristo; que sejam todos construtores, desde quando o trabalho seja para o bem.
Não importam as condições que encontrem nas suas cidades, províncias, países e sítios; importa sim, manter acesa a chama da Fé em seus corações, a esperança no caminhos que estão percorrendo, bem como se amarem sem outro interesse que não seja o bem-estar do próximo.
Ouçam e guardem, meus irmãos:
Não desperdicem o tempo que Deus nos deu por misericórdia.
Aproveitem-no através das oportunidades que surgirem, plantando as sementes das boas maneiras espirituais, a que o Evangelho nos concita.
Não critiquem os colegas quando, porventura, se desviarem dos caminhos do bem.
Exemplifiquem, como candidatos à luz, os preceitos que os elevarão colocando-os fora do ódio e da vingança, da vaidade e da maledicência.
Se necessário, andem com o ladrão, sem que a inclinação dele os faça roubar.
Se não conseguirem convertê-lo, façam o que puder ser feito por essa alma que dorme na ignorância; e, ainda, se encontrarem resistência, orem por ele entregando-o a Deus, que saberá protegê-lo e discipliná-lo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 10, 2019 8:08 pm

Analisem os pensamentos, antes que eles se transformem em palavras, porque o que sai da boca pode macular o coração, se faltar vigilância.
A palavra é força poderosa nos lábios disciplinados pelo Evangelho.
A boa acção que devem praticar todos os dias é o ato divino do trabalho, de qualquer espécie, digno de ser considerado uma prece.
Não ajuntem ouro nem prata, ou celeiros de alimentos, mas dêem curso livre para que essas coisas de Deus os beneficiem sem interrupção.
Não se esqueçam da higiene diária.
Não esperem que alguém lave as suas túnicas e não queiram um ser maior que o outro.
Façam o que aconselha o Divino Doador - Jesus Cristo - quando um dos discípulos pergunta qual deles é o maior:
"Aquele que se fizer o menor dentre todos, esse é o maior".
Não esperem sem esforço o maná do céu; busquem-no atendendo o "buscai e achareis" de Jesus.
Não esperem que as portas se abram por milagre:
batam, atendendo o "batei e abrir-se-vos-á", do Mestre.
Computem a humildade com a sabedoria, o amor com a razão, que vencerão todos os obstáculos e alcançarão todos os ideais que a fraternidade bafejar, e o Amor esplender-se-á como guia.
Não atormentem os corações com posições de mando, nem com o conforto em demasia.
Lutem dentro de si com essas armas e conquistem por esforço próprio tudo o que for bom, no mundo do próprio Eu.
Terminando, Pai Francisco levantou-se e logo foi cercado por alguns frades, que o abraçaram e beijaram suas crespas mãos e por outros que queriam, pelo menos, tocar sua surrada túnica.
Flores eram divididas entre os presentes, e o perfume das rosas recendia no ambiente.
Enfermos de todas as procedências enfileiravam-se, esperando a sua vez, confiantes na paciência do velho discípulo do Cristo, que não os deixaria famintos da sua palavra consoladora.
A madrugada já estava despedindo as estrelas que faiscavam no infinito, já perdendo o brilho.
O sol, no seu carro de ouro, ansiava por esplender o novo dia.
Os discípulos de Pai Francisco se movimentavam de lado trocando impressões, no reencontro fraterno de velhos amigos.
O vozerio vibrava no espaço...
À luz da Pátria italiana, como que esperando ordens do mundo da Verdade, para que pudesse cumprir a vontade do Senhor, Francisco quedou-se meditativo.
Nisso, parece que no ar rasgou-se alguma coisa invisível aos olhos dos presentes:
era o impacto de fluidos divinos com o magnetismo humano, cedendo lugar à luz espiritual.
Pai Francisco tomou-se iluminado perante todos os presentes, que se ajoelharam movidos por suave impulso, e foi suspenso no ar como um colibri, a poder de vibrações de voltagens imensuráveis de seu Espírito, isolando-se da gravidade.
Movimentou-se em todas as direcções, abençoando os presentes e, em súplica ardente, assim se expressou:
Senhor dos Céus e da Terra!
Abençoai nosso ideal, aqui e além. Dai-nos o poder de entender a Vossa vontade, para que seja cumprida a lei.
Dispensai o nosso ódio, para que haja alegria.
Dispensai o medo, para que surja a coragem.
Dispensai a inércia, para que nasça o trabalho.
Consenti, Senhor, que o Vosso nome não fique em vão nos nossos caminhos, nas nossas atitudes e no nosso amor para Convosco, para com o próximo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 10, 2019 8:08 pm

Ajudai-nos a aumentar a nossa fé, para que possamos doar esperanças; fazei com que a nossa caridade se avolume, para que possamos doar paz; ajudai-nos a multiplicar a nossa fraternidade, para que possamos doar amor.
E que, ao sairmos daqui, sejamos interligados pela luz, onde brilham as estrelas, ainda que distantes umas das outras.
Que se faça a Vossa vontade e não a nossa!
E o povo chorou de emoção e de alegria.
O arauto do Evangelho desceu devagarinho e firmou os pés no piso da igreja, parecendo recordar a Casa de Deus em Éfeso, na despedida de João Evangelista.
Os frades abriram alas, e o cantor da Boa Nova de Jesus andou com passos firmes, tocando aqui e ali, doentes de todos os tipos.
Muletas caíram para os lados, e os louvores a Deus ressoaram nos espaços da casa santa.
Cegos voltaram a ver, doenças de pele foram curadas no momento, catres e mais catres foram esvaziados, pernas atrofiadas foram reconstituídas e os mudos falaram e pularam de alegria.
Pai Francisco viu que Cristo tomar a sua garganta, falando aos Filhos do Calvário, segurando suas mãos para os toques nos enfermos.
Os seus nervos vibraram nos terminais diversos, como fios de alta tensão.
Seu crânio parecia uma usina e seus olhos eram lentes poderosas que tudo viam, sem que a matéria pudesse interromper.
Fluidos e mais fluidos foram atraídos pelo Cristo e distribuídos pela mente de Francisco, com a ajuda do Senhor.
O Sol já beijava Assis, como que evidenciando a presença de Jesus naquela comunidade.
Ali estava, na verdade, confirmando o princípio de todas as coisas da Terra, verdade por Ele mesmo revelada, quando nela habitou, ao afirmar:
"Antes que a Terra fosse, eu era".
Este era o fundamento da vida no planeta pelas mãos de Deus.
Quando Pai Francisco descia da sua levitação, tocou um frade virtuoso cujos trabalhos na França, onde dirigia uma comunidade da Ordem, muito impressionaram a Francisco.
Seu lema era o trabalho, e a consolação de si e dos outros era dignificada pelo labor honesto.
E, ao tocar no ombro de Frei Leopoldo a marca da sua mão ficou desenhada a fogo na túnica, para admiração de todos e maior alegria da comunidade dos franceses, que guardaram a veste de Frei Leopoldo como recordação do amor de Pai Francisco aos Frades Menores da velha e bem assistida França, pátria de luzes espirituais.
O conclave transcorreu como se esperava e os resultados foram os melhores.
Dois cardeais representantes de Roma ali estiveram, designados pelo papa e presenciaram a todos os fenómenos, pois se sentaram em lugares de maior evidência, pela posição hierárquica.
Começaram, no princípio, a anotar coisas contra Francisco; no entanto, pelo que assistiram, envergonharam-se e rasgaram os possíveis documentos.
Pela função que desempenhavam, influenciavam até mesmo o Pontífice, a fim de liquidar os hereges e encarcerar os considerados subversivos.
Chegando eles a Roma, deturparam os acontecimentos, dizendo que, na verdade, alguém deixara as muletas, não por virtude do frade, e, sim, pela fé cega, num ambiente mal cheiroso de frades maltrapilhos.
O papa, ansioso por notícias, e conhecendo a fama de Francisco, seus dotes espirituais, e os milagres que foram antes constatados por homens sinceros, não se deixou influenciar pela falta dos seus representantes e disse:
Deixemo-los, enquanto não nos molestarem e não pregarem doutrinas diferentes, não comprometendo a nossa dignidade ou a autoridade da Igreja.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 10, 2019 8:09 pm

Enquanto forem obedientes, terão o nosso silêncio.
Findos os trabalhos, os Frades Menores levaram nos corações um tesouro imensurável para repartir com os fiéis das suas cidades e comunidades.
O que ouviram e presenciaram, pela doutrina e pelos factos, ocuparia um espaço de anos e anos a fio. Foi acesa unia luz inextinguível em muitos corações para dissipar as trevas formadas pelas Cruzadas - o terror das sombras.
* * *
A Igreja Católica Apostólica Romana tinha muitos padres dignos de serem chamados representantes do Cristo na Terra, mas a maior parte, entretanto, dos que estavam nos postos de comando da Casa de Deus, eram Espíritos sem escrúpulos, verdadeiros vampiros, homens que andavam vestidos de púrpura, mas que n o moviam um dedo em favor do seu próprio sustento.
Exigiam ouro e mais ouro dos fiéis e das igrejas constituídas.
Doações e mais doações eram feitas, por insinuação de reverendos, confessores de famílias nobres e de pessoas altamente conceituadas no comércio e na política.
E o clero foi se enriquecendo cada vez mais, com o suor e o sangue dos sofredores e dos ignorantes.
Assim haveria de ser até que, com o passar dos limites, os recursos de combate surgissem pelos meios que a lei determinara.
O século XII foi chamado de Século das Luzes, pois foi nessa época que mais desceram mensageiros do Cristo para o equilíbrio da política e da religião no mundo.
Foram eles que, pelo exemplo, deram continuidade à mensagem evangélica nos tumultuados caminhos da Terra.
Surgiram em vários pontos do planeta, com o mesmo ideal de paz, de honestidade e de amor.
Plantaram sementes da renovação dos costumes, arranjaram meios de protecção para os seres humanos, abriram roteiros de maior conhecimento do Evangelho e proporcionaram meios de liberdade das consciências.
Para que o Evangelho chegasse ao esplendor dos seus preceitos, renovados pelas sábias mãos de Allan Kardec e sua plêiade de companheiros, eram indispensáveis os alicerces doutrinários de Francisco de Assis, as imposições e divisões de Lutero e a força de Napoleão.
E agora, nas curvas evolutivas que estão se processando, forma-se sobre o planeta um clima de apatia pelos processos religiosos e pelo ambiente negativo que favorece o esquecimento temporário das belezas dos Céus.
Escassearam-se os místicos, desapareceram os santos, e quase ninguém fala dos fenómenos de ordem transcendental, a não ser para combatê-los, cumprindo-se a profecia dos escritos sagrados:
"Os justos viverão pela fé".
E, na verdade, quem não alimentar a fé nos dias que passamos e que prenunciam grandes catástrofes, vai experimentar sofrimentos indescritíveis.
Diz o Cristo em conversa com Seus discípulos:
"Até os escolhidos serão enganados".
A humanidade sofre uma obsessão colectiva e imprime na própria atmosfera um magnetismo perturbador, sendo por ele influenciada para as guerras, as pestes e a fome.
Não serão mais os místicos e santos que irão consolar os povos, dar direcção aos países e alimentar as esperanças dos corações em desespero, pois isso já foi feito em abundância.
O trabalho, agora, será influenciado pelas trevas, obedecendo certamente ao esquema traçado pela lei do progresso e da justiça, conforme foi registado no Apocalipse, por João Evangelista.
E o momento de decisão, é o fim dos tempos de decadência, para que brilhe no mundo outro Sol de Esperança.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 10, 2019 8:09 pm

Se, porventura, os homens se espiritualizarem de uma só vez, deixando cair as armas que a ciência transformará em arados e instrumentos úteis à paz, ao bem-estar e à caridade, a própria natureza fará o trabalho de limpeza e de escolha, como aconteceu em Sodoma e Gomorra, em Herculano e Pompeia, porquanto as medidas já se encontram cheias de iniquidades de toda as gerações.
É da lei que se tumultuem os ares e os mares, que se agitem os continentes, e o calor queime a eira corrosiva de todas as acções dos homens, para que estes se libertem das amarras das próprias inferioridades.
E um novo Céu e uma nova Terra haverão de brilhar, onde haja Justiça e Paz, Amor e Luz, Trabalho e Benevolência.
E João Evangelista - Francisco de Assis - muito cooperou para essa felicidade que a humanidade vai herdar, por misericórdia de Deus e bênçãos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Francisco de Assis, no Monte Alveme, em estado de êxtase, reviveu o Apocalipse, descobriu detalhes que antes não percebera e fechou os lábios por ordem do Sublime Comandante da Terra, falando novamente ao Seu discípulo:
"Já foi dito o que se tinha a dizer".
E continua:
"Quem tiver olhos para ver, que veja; quem tiver ouvidos para ouvir que ouça, pelos meios da intuição e do raciocínio".
* * *
O Monte Alveme foi, por assim dizer, o Calvário do Poverello de Assis.
Foi lá que ele teve sua maior emoção espiritual na vida, onde recebeu a graça que tanto desejara: as chagas do Mestre.
Em uma madrugada de setembro, mês em que nascera, acordou feliz, lembrando-se nitidamente de um sonho que tivera, sonho que não é lícito relatar.
Saiu de sua cela, tomado de contentamento.
Acendeu-se no seu coração, naquela noite memorável, uma luz diferente, a luz do Amor, que nunca se apaga quando se ambienta no íntimo das pessoas, e cuja claridade tem sempre a sua sede na capital dos sentimentos.
Convém dizer que esse Amor que novamente atingiu Francisco saiu do coração divino do Cristo, como fogo de alta ressonância, que somente se acende dentro de criaturas preparadas na Academia da Verdade e ele era um dos escolhidos para tal cometimento.
O Poverello já pedira a Jesus que antes de voltar à pátria espiritual desejaria sentir as Suas chagas no próprio corpo, o que para ele seria uma bênção, a coroação dos seus trabalhos nos caminhos do mundo.
E naquela madrugada preludiando novo dia, o homem de Assis buscou as estrelas por quem era apaixonado, correu os olhos pelo céu, sentindo no coração as linhas paralelas e todos os meridianos universais; esqueceu-se do mundo e voou para o infinito nas asas da oração.
Seus joelhos apoiaram-se em um duro lajedo e somente os lábios expressaram aquilo que o coração ditou, neste registo encantador:
"Grande Luz do Universo, foco gerador de todas as coisas, Vida que desprende vidas em sucessões infinitas nos caminhos da eternidade!
Escuta, por piedade, a voz que fala pela Tua graça, que canta pela Tua bondade e vibra pelo Teu querer.
Sinto, Pai de Amor, o Teu corpo ciclópico da criação, e dentro dele bailam mundos e sóis, e ainda mais, uma gama de coisas que a razão desconhece, a e mesmo a intuição desvanece diante da Tua grandeza inconfundível.
Quero buscar-Te nestes momentos de súplica, aprender a falar Contigo sem as lamentações que, por vezes, caracterizam o ser humano; quero ouvir-Te com humildade, que nem sempre se manifesta em meu íntimo; quero entender-Te pelo que podes me falar, na extensão da Tua luz, que me banha a alma imperfeita e despida de Amor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 10, 2019 8:09 pm

Sei que me chamaste para um trabalho de cunho divino junto ao clima humano, que intenta, por natureza inferior, apagar a luz dos dons espirituais.
Antes, porém, quero acordar do sono que a nossa natureza inferior nos impõe, levando-nos a esquecer as belezas da alegria, a grandeza da bondade, o esplendor da renúncia e o encanto da humildade.
Não deixes, Senhor, que caiamos em novas tentações, e que o vigor sublimado do Teu coração se faça em nossas vidas sempre e sempre.
Peço-Te ouvir o que falo neste templo da natureza.
Subi este Monte para sentir-me mais próximo do céu, e dele adorar com maior penhor a Tua obra incomparável.
No entanto, quero subir o monte mais elevado, aquele que ergueste dentro de mim.
Peço-Te, com todas as forças de Espírito, que me ajudes a subir o meu Calvário pelas vias internas do reino do coração.
Quero, Senhor, se for do Teu agrado, conhecer a mim mesmo, para entender o Teu querer.
Não deixes, Divino Arquitecto do Universo, que eu pense o que não deve ser pensado, que eu fale o que não deve ser falado, que eu faça o que não deve ser feito.
Jesus, Mestre de Amor, sinto que está prestes a minha ida para os campos espirituais, onde a realidade se expressa com fulgurações indescritíveis, e sinto-me feliz em pensar nisso.
Porém, quero permanecer no solo do mundo, junto àqueles que me deram muita segurança e alegria, as ovelhas que me confiaste e que estão espalhadas no mundo todo.
Observo que elas trabalham mais do que eu e amam mais do que eu posso amar; sei que elas perdoam mais do que eu, e entendem a Caridade mais do que este que nada é diante delas.
Abençoa, Mestre, a todas, e se possível for, que minha parte lhes seja dada; sabendo disso, a minha alegria será maior.
Sinto o calor do Sol, cujos raios benfeitores beijam a Terra, em uma profusão de luzes que despertam as vidas; sinto a harmonia do Teu cântico e a paz do Teu amor.
Cristo!... Cristo!... Cristo!...
Se for a hora, deixa por misericórdia as flores das Tuas chagas florirem em mim, pobre pecador, que tenta Te seguir e que terá a maior alegria com os vínculos de Esperança.
Os estigmas, para Teu servo, Jesus, serão como as portas dos Céus, que nos abriste e que devo conquistar na consciência".
Nesse êxtase confiante que a prece ostenta, nesse arroubo de vibrações a que o ser humano pode chegar pela pureza dos sentimentos, as leis físicas passaram a ceder lugar às leis espirituais, mesmo no campo fisiológico, confundindo a criatura que as analisava e as estudava pelos fios visíveis dos fenómenos.
Frei Leão pôde constatar que Francisco suava a ponto de molhar a roupa, e no meio do suor em profusão, notava-se algumas gotas de sangue, que a força mental fazia desprender de algumas células mais sensíveis.
Francisco, naquele estado sublimado, abriu os olhos para o alto, e viu com emoção divina e humana, acima dele, o Cristo de braços abertos, sem algo dizer.
Lembrou-se do Apóstolo João Evangelista, quando narra que a presença do Mestre diante do Sol, pelo Seu fulgor espiritual, fazia-o empalidecer.
Era o que estava acontecendo naquele momento.
O Sol, diante de Francisco de Assis, empalidecera ao acender-Se o Cristo frente aos seus olhos admirados.
E o filho de Bemardone pôde observar as chagas do Senhor como imensas flores brilhantes desenhadas em sua pele e, dentro de cada uma, estrelas vivas das quais se desprendiam, como por encanto jactos de luzes de cambiantes diferentes, a ferir o corpo de Francisco, dando ao Poeta da Umbria uma sensação que não se pode descrever, por faltarem os recursos da própria escrita e, por faltar ao verbo, o empuxo que ele deverá atingir no futuro.
Ave sem Ninho
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