LUZ ESPÍRITA
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O LIMIAR DO ABISMO - Inácio Ferreira /Carlos A. Baccelli

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jun 03, 2018 11:53 am

O LIMIAR DO ABISMO
Carlos A. Baccelli

Inácio Ferreira

No Limiar do Abismo
Em pelo menos duas passagens do “Novo Testamento”, Jesus se refere, de acordo com as anotações de Mateus, em “A Parábola das Bodas” e “A Parábola dos Talentos”, ao que denomina trevas exteriores, revelando que, em determinadas regiões do Espaço, os espíritos culpados se aglomeram, por determinação da Divina Justiça, a fim de expiarem os seus erros.
Vejamo-las:
- “Entrou, em seguida, o rei para ver os que estavam à mesa e, dando com um homem que não vestia a túnica nupcial, disse-lhe:
Meu amigo, como entraste aqui sem a túnica nupcial?
O homem guardou silêncio.
Então, disse o rei à sua gente:
Atai-lhe as mãos e os pés e lançai-o nas trevas exteriores:
aí é que haverá prantos e ranger de dentes; - porquanto, muitos há chamados, mas poucos escolhidos
(Mateus, cap. XXII, vv. 11 a 14)”.
- “...porquanto, dar-se-á a todos os que já têm e esses ficarão cumulados de bens; quanto àquele que nada tem, tirar-se-lhe-á mesmo o que parece ter; e seja esse servidor inútil lançado nas trevas exteriores, onde haverá prantos e ranger de dentes
(Mateus, cap. XXV, vv. 29 e 30)”.
Neste livro que ora lhe entregamos, tentamos descrever a situação da consciência culpada para além da morte do corpo, bizarramente transfigurada no mal que, imputando aos outros, terminou por imputar a si mesma.
A denominação trevas exteriores (os grifos são nossos), leva-nos a raciocinar sob a óptica de que, em verdade, toda sombra em derredor significa ausência de luz no âmago do ser.
Esperando que, de algum modo, estas páginas possam contribuir para nossa mais ampla compreensão da Vida, na conquista de maior lucidez no espírito, rogo ao Senhor que a todos nos ilumine e guarde.

Inácio Ferreira
Uberaba, 2 de janeiro de 2007.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jun 03, 2018 11:53 am

ÍNDICE
NO LIMIAR DO ABISMO 1
NO LIMIAR DO ABISMO 2
NO LIMIAR DO ABISMO 3
NO LIMIAR DO ABISMO 4
NO LIMIAR DO ABISMO 5
NO LIMIAR DO ABISMO 6
NO LIMIAR DO ABISMO 7
NO LIMIAR DO ABISMO 8
NO LIMIAR DO ABISMO 9
NO LIMIAR DO ABISMO 10
NO LIMIAR DO ABISMO 11
NO LIMIAR DO ABISMO 12
NO LIMIAR DO ABISMO 13
NO LIMIAR DO ABISMO 14
NO LIMIAR DO ABISMO 15
NO LIMIAR DO ABISMO 16
NO LIMIAR DO ABISMO 17
NO LIMIAR DO ABISMO 18
NO LIMIAR DO ABISMO 19
NO LIMIAR DO ABISMO 20
NO LIMIAR DO ABISMO 21
NO LIMIAR DO ABISMO 22
NO LIMIAR DO ABISMO 23
NO LIMIAR DO ABISMO 24
NO LIMIAR DO ABISMO 25
NO LIMIAR DO ABISMO 26
NO LIMIAR DO ABISMO 27
NO LIMIAR DO ABISMO 28
NO LIMIAR DO ABISMO 29
NO LIMIAR DO ABISMO 30
NO LIMIAR DO ABISMO 31
NO LIMIAR DO ABISMO 32
NO LIMIAR DO ABISMO 33
NO LIMIAR DO ABISMO 34
NO LIMIAR DO ABISMO 35
NO LIMIAR DO ABISMO 36
NO LIMIAR DO ABISMO 37
NO LIMIAR DO ABISMO 38
NO LIMIAR DO ABISMO 39
NO LIMIAR DO ABISMO 40
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jun 03, 2018 11:54 am

NO LIMIAR DO ABISMO 1
Como sempre, naquela tarde, fitando o pôr-do-sol pela janela, eu me encontrava, a sós, meditando.
O dia no hospital fora, como os demais, extremamente laborioso; os doentes requisitavam mais atenção que remédio, queriam conversar, expor as suas angústias, compreender os seus dramas, justificar as suas atitudes...
Eu não parara um minuto sequer e, no entanto, aquela sensação de inutilidade que, por vezes, me assaltava o espírito, estava novamente comigo; não se tratava propriamente de depressão, mas de um estado de abatimento que, desde quando encarnado, costumava me acometer, sem que, no entanto, lograsse me prostrar, física ou moralmente.
O problema é que eu desejava ser mais útil e não conseguia vencer as minhas limitações...
– O que eu poderia fazer, meu Deus – perguntava à vagueza de mim mesmo, observando os clarões vespertinos no horizonte -, para melhor cooperar com a fé dos irmãos encarnados na Imortalidade?
Eu, que jamais me sentira médium de faculdade alguma, agora, na condição de desencarnado, registava os apelos que tantos amigos me endereçavam da Terra – apelos de companheiros militantes na Doutrina que se sentiam vacilar na luta; irmãos que solicitavam de nós outras maiores evidências no que se refere à Vida além da morte...
Todavia, não era fácil e eles não podiam compreender que nós, os mortos, ainda nos defrontávamos com inúmeras limitações e obstáculos – nada mais éramos, ipsis litteris, do que espíritos humanos fora do corpo de carne:
a morte não nos santificara ou alterara a nossa condição íntima.
Eu continuava a ser o mesmo Inácio, um tanto mais rejuvenescido, mas nada além disso; o meu interior pouco se modificara, em relação às transformações em meu corpo espiritual.
Ah, quanto se enganam os homens na Terra, mesmo os espíritas, quando nos supõem dotados de poderes quase sobrenaturais!...
Esta era a questão: prosseguíamos humanos e, como tal, restritos em nossa capacidade de agir, mormente de uma dimensão a outra.
Quanto eu mesmo, outrora, havia sido injusto com os Espíritos, cumulando-os de exigências, na esperança de que tudo pudessem equacionar para nós, entregando-lhes a solução dos problemas mais comezinhos pertinentes ao nosso esforço e boa vontade.
Mergulhado em tais reflexos, eu insistia:
- Meu Deus, o que nós, os mortos, poderíamos fazer, em benefício dos nossos irmãos exilados nos domínios da matéria densa, no sentido de que despertem mais profundamente para as realidades da Vida Imperecível?
De que forma utilizarmos com maior proveito os recursos da mediunidade à nossa disposição?...
Para mim, a crença dos homens na sobrevivência sempre foi de fundamental importância, no confronto contra o materialismo avassalador; eu estava convicto de que a possibilidade de uma Outra Vida – e somente ela – é que ainda salvaguardava os valores da civilização; se o Materialismo triunfasse de vez, o homem se arrastaria completamente à mercê dos próprios sentidos; seria, sem dúvida alguma, um retrocesso moral, estabelecendo a mais escura e a mais longa das noites sobre a face da Terra!
Raciocinando nestes termos, eu não podia deixar de me comover ante o empenho dos médiuns, principalmente daqueles que, quase em completo anonimato, continuavam se superando, em todos os sentidos, para conservar desfraldada a bandeira da Fé Raciocinada, que o Espiritismo corajosamente hasteara em meados do século XIX, na França.
Eu convivera, diariamente, com dezenas de sensitivos e digo-lhes: só mesmo uma força de ordem superior, provinda do Inconcebível, para dar-lhes sustentação, em meio a tantos obstáculos que se interpunham entre eles e o Ideal.
Os médiuns eram e continuam como seres humanos, com necessidades idênticas às de qualquer um!
Como é que conseguiam, e conseguem, conciliar interesses tão opostos, quanto os do espírito imortal e os da vida material, pela qual se sentiam subjugados?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jun 03, 2018 11:54 am

A muitos, inclusive, eu tivera oportunidade de socorrer com dinheiro para que não passassem privações com a família; alguns, pela sua simples condição de espírita, eram rotulados por desajustados e tinham a sua sanidade mental questionada, o que, não raro, fazia com que perdessem o emprego ou não tivessem os seus serviços profissionais contratados.
Eu não sei, mas alguma coisa que não posso definir existe nos médiuns que perseveram, além de somente mediunidade; alguma coisa com a qual, evidentemente, nem eles próprios conseguem atinar; alguma coisa que transcende a teoria e a prática mediúnica em si; alguma coisa que os possui à semelhança dos primitivos cristãos, que enfrentavam o martírio e a morte nos circos romanos, como se os seus olhos estivessem vendo o que mais ninguém conseguia enxergar...
Às quartas-feiras, sempre às quartas-feiras, reuníamo-nos no Sanatório para o chamado trabalho de desobsessão e era rara uma semana em que, se assim posso me expressar, os médiuns logravam obter comunicações mais autênticas e originais, mas nada os fazia recuar, nem a eles e...
Nem a mim, que, na condição de doutrinador , não abria mão da responsabilidade.
E, curioso, quando os médiuns se mostravam mais apáticos e desalentados é que a sessão mediúnica apresentava melhor rendimento, e eu me surpreendia com as manifestações dos espíritos; ao contrário, quando a nossa expectativa extrapolava, quase nada de significante acontecia, nem mesmo pela faculdade de Modesta, que, então preocupada, procurava se justificar:
- Eu não sei o que aconteceu hoje, Inácio.
Eu cheguei tão animada!...
Bem, eu não quero me afastar muito das reflexões que estava efectuando naquela tarde, observando pela janela do meu gabinete de trabalho o magnífico pôr-do-sol, sem me importar que creiam ou não creiam que, deste Outro Lado da Vida, o Sol que nos ilumina e aquece é o mesmo que aquece e ilumina os homens na Terra.
Ai do desencarnado que se dispuser a escrever aos homens, na expectativa de que as suas palavras não sejam postas em dúvida!
De há muito, tendo perdido esta ilusão, sinto-me mais livre para escrever o que penso e o que os meus sentidos registam...
Afinal, o que posso fazer para convencê-los de que, por exemplo, não estou, em meus registos da vida no Além, sendo vítima de nenhuma alucinação?
O que posso fazer para me defender daqueles que têm rotulado as minhas obras de anti-doutrinárias?
Nada, absolutamente nada.
Só não posso e não devo me permitir o desânimo, convicto de que estou procurando dar aos meus irmãos encarnados a minha melhor contribuição.
Se pudesse, ao invés de escrever o que escrevo, é lógico que preferiria mostrar-me de espírito materializado e consentir que os novos Tomés me tocassem as chagas espalhadas por todo o corpo...
Todavia, além de me falecerem recursos espirituais para tanto, por onde andam os médiuns de efeitos físicos com ectoplasma de qualidade?
Estamos vivenciando dias difíceis na Humanidade...
Parece-me que as Leis Divinas nos deixaram actualmente entregues às próprias condições, interessadas em saber o que seremos capazes de fazer com o que já temos.
Aqui, com a permissão do médium de que me sirvo, amigo que aprendi a estimar em longos anos de convivência no mundo, abro pequeno parêntese, para que os nossos companheiros encarnados entendam parte das dificuldades que, muitos, enfrentamos no serviço do intercâmbio mediúnico.
Tendo levantado de madrugada, ele e eu, para o compromisso que assumimos, minutos atrás, como é compreensível, tive necessidade de interromper a minha narrativa, quebrando, de certa forma, a sequência das ideias. O motivo é simples:
vazio, o estômago dele começou a roncar e a interferir na sintonia...
Resultado: pausa para o indispensável desjejum, o tradicional pão com manteiga e café com leite e, ainda bem – louvado seja Deus! -, que ele não fuma, pois eu fumava, e aí, sim, a sintonia iria de vez para...
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jun 03, 2018 11:54 am

O brejo. O desjejum rápido, não mais que dez minutos, daqui a pouco talvez o constranja a ir ao banheiro e, se tudo correr bem conforme espero, mais dez minutos de interrupção...
Não sorriam!
É ao que nós, os mortos, devemos nos submeter, se nos move o propósito de intercambiar proveitosamente com nossos irmãos que mourejam num corpo repleto de carências.
Engraçado: de modo geral, o pessoal acha que o médium é isento de necessidades fisiológicas, quando nem nós, os espíritos, ainda o somos completamente.
É tanta interferência na hora do transe mediúnico, que, em pelo menos alguns, elas chegam a ser mais de ordem física que de ordem moral ou psicológica; e quase ninguém leva isto em conta...
O pessoal acha que nós, os espíritos, somos capazes de resolver tudo, inclusive, digamos, esses problemas estomacais e... intestinais.
O Sol, transfigurado em imenso disco de fogo no horizonte, já havia quase se ocultado de todo, para iluminar o outro Hemisfério da dimensão espiritual na qual vivemos – que igualmente é chamada por nós de “Terra” -, quando escutei leve batida na porta do gabinete, que, ao mesmo tempo, utilizo como consultório e sala para receber os amigos.
O meu coração se alegrou e, antes de verificar quem era, os meus lábios murmuraram, captando as ondas do meu pensamento:
- Odilon!...
A intuição não falhara.
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NO LIMIAR DO ABISMO 2
Deixando a formalidade de lado, escancarei a porta do meu gabinete e, ao caro amigo que, uma vez mais, me dava a alegria de sua presença, fiz uma mesura fraterna, perguntando:
- A que devo a honra?...
Com o sorriso que lhe é característico, Odilon respondeu, enquanto procurava se acomodar em confortável poltrona:
- Saudades, Inácio...
Afinal, há quanto tempo não nos falamos?
- Deixe-me ver: há um mês, ou mais, mas tenho a impressão de que faz quase ano...
- Como é que você tem passado? – indagou, como se me adivinhasse o estado de espírito que me ensejara as reflexões de instantes atrás.
- Bem – redargui, algo vacilante.
- O seu “bem” não me soou com convicção, Inácio.
O que é que está havendo?
- De sério, nada; apenas aquela sensação de inutilidade que vez ou outra, me acomete.
- Creio, no entanto, que já conversamos a respeito, não?
- Odilon – gracejei -, mas você mal chegou e vai me fazendo deitar no divã...
Até onde sei, o psiquiatra aqui sou eu.
- Feliz de você, que continua tendo profissão além da morte, pois eu, na condição de odontólogo, praticamente fiquei desempregado...
- Era o que faltava: os dentes continuarem cariando por aqui!
Por favor, poupe-me; já tenho sido criticado demais por outras “revelações”...
- Mas, no entanto...
- Esqueçamos, Odilon – interrompi o companheiro, que se preparava para elucidações em torno da arcada dentária dos mortos.
- Qual, então – diga-me -, é a causa dessa sua sensação de inutilidade; ao que sei, você anda com o tempo todo tomado:
há meses, deve-me uma visita ao Liceu...
- É mesmo, desculpe-me concordei; prometo que, na primeira oportunidade, irei vê-lo.
Você sabe: os pacientes me chamam o dia todo.
Raros os instantes em que consigo me refugiar, para ficar um pouco a sós.
- Com tanta ocupação, Inácio, como é que você ainda consegue se sentir inútil?
- Gostaria de cooperar mais com os nossos irmãos encarnados.
- Você se refere à tarefa do intercâmbio, não é, do intercâmbio mediúnico?
- Sim. Eu sei que, por aqui, o trabalho obedece àquela sequência natural a que obedecia no mundo: a chamada morte não realiza prodígios.
Os meus pacientes de hoje em quase nada diferem dos meus pacientes de ontem, ou seja:
continuam a requisitar longo tratamento, e muitos receberão “alta”, com a finalidade de se reconduzirem a uma nova experiência física, sem estarem completamente recuperados...
Deste Outro Lado, no campo específico da Psiquiatria, a Medicina precisa também avançar muito.
- E como você pensa em ser mais útil aos nossos irmãos na carne?
- É o que me fustiga o pensamento – respondi, na esperança de que Odilon tivesse alguma sugestão.
A nossa actuação, na condição de espíritos fora do corpo, é muito discreta; se lográssemos transmitir aos homens uma certeza maior com relação à sobrevivência, uma prova irrefutável da Imortalidade...
- Inácio, não posso deixar de reconhecer que a sua preocupação é justa, todavia isto é algo que nos foge completamente à alçada, ou, em outras palavras, à capacidade.
Por incrível que pareça, é mais fácil os homens virem a nós do que irmos a eles.
- É com o que, sinceramente, não posso concordar – argumentei, inconformado.
Deveria existir um meio..., deve existir um meio menos complexo; não é possível que, neste sentido, além de esperar, nada possamos fazer.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jun 03, 2018 11:54 am

- Por enquanto, quase nada podemos fazer, não obstante, desde o episódio da Codificação, os progressos foram consideráveis; durante séculos, praticamente durante toda a Idade Média, os homens foram proibidos pelas religiões dominantes de facilitarem o contacto connosco; o intercâmbio entre as Duas Dimensões, desde o advento do Cristianismo, está com um atraso de mais de mil anos.
Psiquicamente, os homens deixaram de se cultivar, e, sem semeadura, não se tem colheita.
- Se conseguíssemos uma palavra oficial da Ciência...
- Infelizmente, a própria Ciência, como você sabe, ainda está atrelada a muitos interesses.
- É um absurdo a conspiração do homem contra a Verdade que lhe interessa à eternidade – comentei, indignado.
- De facto, é um absurdo, mas é a nossa realidade...
- Nossa, não, Odilon: a dos homens!...
- A dos homens encarnados e a dos homens desencarnados; não ignoramos que existem muitos espíritos, constituindo imensas legiões, que estimam manter o homem no estado de ignorância espiritual em que ele se encontra.
- Chega a ser inacreditável que alguns espíritos trabalhem para que os homens continuem a sua essência!...
- Alguns, não, Inácio: milhares!...
- E com que objectivo? – perguntei, como quem não soubesse a resposta.
- Evoluir é penoso – esclareceu Odilon, sintetizando.
- Não é fácil mesmo, não: quanto mais renúncia, mais renúncia; quanto mais perdão, mais perdão...
- A questão não é tanto a de se impor à ordem estabelecida na Criação, mas a de substituí-la por outra...
- Por outra em que o termo renovação íntima seja completamente abolido, não é?
- E tudo o mais q lhe seja consequente.
Numerosas falanges de espíritos, que se vinculam à evolução do Planeta, aspiram a viver sem Lei, sem que tenham que se submeter ao resultado de suas acções.
- Mas isto é impossível; o Universo é regido por Leis indefectíveis, que vigem tanto para o mundo físico quanto para o mundo moral...
O que pretendem tais entidades é loucura consumada.
- No entanto, Inácio, alimentam o propósito de, pelo menos, fugirem à Lei do renascimento...
Quantos não são os que resistem à reencarnação?
- Esperando escapar ao Carma ou à Lei de Causa e Efeito, a que todas as coisas se encontram submetidas, não é?
- Sim, toda acção corresponde a uma reacção contrária de igual intensidade e duração.
O tentame de semelhantes espíritos é inútil:
no fundo, os mais inteligentes ou sabem, mas procuram se iludir, imaginando que possam se eternizar em seus sofismas...
- Odilon, será verdade o que eu tenho ouvido dizer, que existem espíritos assim que não reencarnam há séculos?
- É verdade, Inácio: existem entidades espirituais que não renascem no orbe desde os tempos do Cristo...
- Há dois mil anos?!... – questionei, ensejando ao companheiro oportunidade de mais amplos esclarecimentos, em meu próprio favor e, especialmente, dos confrades encarnados que anseiam por inéditas notícias do Plano Espiritual.
- Há dois mil anos – confirmou – e até mais tempo...
- Que entidades seriam?
- Espíritos que pertenceram a antigas civilizações, já desaparecidas, como, por exemplo, a dos atlantes.
- Então, a Atlântida, à qual, inclusive, o filósofo Platão se refere em seus escritos, existiu mesmo?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jun 03, 2018 11:55 am

- O homem pouco sabe da história da casa planetária que habita...
Como, um dia, a actual civilização desaparecerá, diversas civilizações já desapareceram: os espíritos, em maioria, são os mesmos, mas as raças vão se sucedendo umas às outras.
- Se o quiséssemos, Odilon, poderíamos conversar com um atlante?
Onde poderíamos encontrar um?
O amigo sorriu e observou:
- Você está sempre à cata de novidades, não?
- Não nego a você que o inusitado me interessa...
- O inquieto e irreverente Dr. Inácio Ferreira!
- Inquieto, sim; irreverente, nem tanto...
- E aquela sua sensação de inutilidade, sobre a qual, momentos atrás, conversávamos??
- Desapareceu e você é o responsável – brinquei, com o indicador da mão direita em riste, batendo sobre o peito de Odilon.
- Desapareceu por enquanto, não é?
- Eu gostaria de me entrevistar com um espírito antigo...
- Todos somos espíritos antigos...
- Não quanto um atlante.
- Quem lho disse?...
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jun 03, 2018 11:55 am

NO LIMIAR DO ABISMO 3
Prosseguindo, discorreu o Benfeitor:
- Não há quem possa precisar com clareza a trajectória do princípio espiritual, desde as suas origens.
Quanto tempo, Inácio, teremos nos demorado nas formas primitivas da Natureza, em que nos elaboramos, até atingirmos a idade da razão?
Os frutos que pendem da árvore não amadurecem todos ao mesmo tempo...
- E nem possuem idêntico sabor – aduzi.
- Ao que estamos informados, há cerca de quarenta mil anos, o homem se encontra estagiando nas faixas da razão...
Por quantos milénios ele terá sido guiado pelo determinismo da Lei, sob o impulso do instinto?
- Segundo narram as tradições – argumentei -, os atlantes teriam sido espíritos exilados de Capela, constituindo na Terra os descendentes da raça branca.
- O que não impede que já existíssemos ao seu tempo.
- Na condição de amebas...
- Quem sabe? – sorriu Odilon, não muito interessado em dar sequência a inúteis conjecturas.
Por este motivo, voltando a falar mais objectivamente, questionei:
- Ser-nos-ia mesmo possível uma entrevista, ainda que ligeira, com um dos habitantes do continente desaparecido?
Onde localizá-lo?
Ao que me consta, os atlantes eram reencarnacionistas...
Não regressaram todos, ao fim do exílio, ao seu planeta de origem?
- Em uma de minhas últimas romagens na carne, fui descendente deles – revelou o Mentor.
– Quando a Atlântida se submergiu nas águas do mar, os espíritos que ainda não se encontravam inteiramente redimidos migraram para o Egipto e, às margens do Nilo, deram origem à dinastia dos faraós; foram eles que, com os seus avançados conhecimentos no campo do Cálculo e da Engenharia, levantaram as pirâmides; dominavam delicadas técnicas cirúrgicas, muitas vezes realizando com êxito trepanações cranianas, na drenagem de abscessos e edemas; implantaram técnicas de irrigação do solo ressequido, criando, inclusive, as chamadas curvas de nível que evitam a erosão do solo...
- E a chamada escrita hieroglífica? – perguntei, interessado.
- Era a mesma utilizada pelos atlantes, que a elaboraram a partir de suas reminiscências do passado...
- Quer dizer: do orbe de onde haviam sido exilados?
- Sim, de um dos mundos da Constelação do Cocheiro...
- Os progressos alcançados pela civilização egípcia, por si sós, atestam a realidade da Reencarnação – comentei.
- Sem dúvida, Inácio – redarguiu Odilon.
O “Livro Egípcio dos Mortos” está repleto de alusões à sobrevivência e a metempsicose...
- À metempsicose?
Um contra-senso...
- É, os egípcios acreditavam que o espírito pudesse regredir...
Evidentemente que se trata de uma concepção filosófica equivocada.
O problema é que os seus corpos humanos, demasiadamente grosseiros em comparação aos que ocupavam antes do êxodo planetário a que foram submetidos, assemelhavam-se, para eles, a corpos de animais, dando-lhes a impressão de que haviam sido condenados na Terra à uma vida sub-humana.
- Os atlantes, após o desaparecimento do continente, não se concentraram apenas no Egipto, certo?
- Certo! Alguns grupos vieram a constituir a civilização dos maias e dos incas:
há, entre eles, uma incrível semelhança cultural e física...
- Física também?
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- Futuramente, estudando-lhes os esqueletos e, comparando-os, a Ciência chegará a semelhante conclusão; devido, no entanto, a factores de aclimação, os incas e os maias são ligeiramente de menor estatura, embora mais corpulentos; os egípcios tinham a pele mais tostada, por sua mais frequente exposição aos raios solares, eram um tanto longilíneos e possuíam a caixa craniana mais afilada – do ponto de vista físico, eram mais parecidos com os habitantes de Atlântida.
- Eu, até hoje, fico pensando em como Champollion conseguiu decifrar a famosa “pedra da Roseta”...
- Champollion era um atlante reencarnado e, portanto, trazia no subconsciente as informações-chave que lhe possibilitaram, examinando pequeno fragmento rochoso trilíngue, desvendar o alfabeto egípcio, dando ensejo à Humanidade de conhecer um pouco a história de seus antepassados.
- A saga evolutiva do espírito me impressiona...
- Pois é, Inácio, a própria iniciação maçónica dos nossos dias guarda relação com a iniciação dos que se candidatavam à casta dos sacerdotes, em rituais que aconteciam no interior das pirâmides.
- Por este motivo, os maçons tradicionais, de certa forma, cultuavam as pirâmides.
- Não só as pirâmides, como você sabe, a filosofia maçónica muito tem a ver com a ciência secreta do antigo Egipto.
- Os egípcios tinham uma grande preocupação com a morte, ou, mais propriamente, com o transe da morte...
- Aparentemente, eram politeístas, mas criam, sim, na existência de um Deus Máximo, o Grande Arquitecto do Universo.
- Pelo menos, nos chamados círculos exotéricos, não?
- A própria mitologia grega, que, posteriormente, inspiraria a mitologia romana, se estruturou a partir do simbolismo egípcio:
os mistérios de Ísis e Osíris eram símbolos com que eles costumam representar os fenómenos da desencarnação na Grécia, eles foram sucedidos pelos mistérios de Elêusis...
- E o que, Odilon na verdade, acontecia nos rituais de iniciação?
- Resumindo: o candidato a sacerdote que, não raro, era alguém detentor de possibilidades psíquicas, a menos...
- A menos?...
- A menos que ele contasse com certo apadrinhamento político.
- Já àquela época? – questionei, estupefacto.
- Já àquela época e em todas as demais – respondeu o Mentor, com certa dose de humor -; o homem sempre foi e sempre haverá de ser o homem, até que, em espírito, se sobrepuje.
- Quer dizer que, entre “vocês”, existiam indicações políticas?
Odilon sorriu do meu enfático “vocês” e confirmou:
- Sim, Inácio, e foi por este motivo que a ordem dos sacerdotes foi, aos poucos, se degradando, perdendo força e credibilidade.
- Como vem acontecendo ao longo dos séculos com a Igreja de Roma e como, na actualidade, o Espiritismo se expõe ao mesmo perigo...
- Deixemos para comentar este assunto mais tarde.
Você me perguntou o que, em síntese, acontecia nos rituais de iniciação.
Pois bem. Os candidatos a sacerdote que, em sua esmagadora maioria, eram homens, tinham que, sem orientação alguma, caminhar sozinhos pelo labirinto das pirâmides, percorrendo os seus extensos e estreitos corredores, até que atingissem o ápice; os que desfaleciam no percurso, eram sumariamente eliminados...
- Acontecia com frequência?
- Sim, porque, além do calor intenso e da falta de luminosidade, que em apenas algumas câmaras se amenizavam, os iniciados os percorriam com o mínimo de ração necessária...
- Desculpe-me a pergunta – aparteei:
- Você se lembra, Odilon, de ter passado por todo o processo que está descrevendo?
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 04, 2018 10:31 am

- É melhor, Inácio, que eu não me vincule, mentalmente, àquela situação, pois, só de estar me referindo a ela, eu me sinto asfixiar.
De facto, pude perceber que o companheiro agora se revelava um tanto mais ofegante e transpirava.
- O objectivo era de que, ao sair da pirâmide, o iniciado sobrevivesse e se sentisse como alguém que, tendo morrido, houvesse voltado a viver na condição de homem renovado, ou renascido.
- E depois?
- Depois, os remanescentes, quase em estado de desidratação e desfalecimento, eram conduzidos às águas do Nilo, onde eram banhados por virgens, vestidos, alimentados e, ao fim de curto período de refazimento, conduzidos à presença do faraó e dos obesos sumos-sacerdotes.
- Obesos?...
- Os sumos-sacerdotes, salvo uma ou outra excepção, eram os mais obesos dos egípcios e, quase sempre, desencarnavam por apoplexia...
- Então – não perdendo a oportunidade de ironizar, o que, ultimamente, vinha-se constituindo em raridade para mim -, os padres católicos herdaram dos antigos sacerdotes egípcios mais que a sua inclinação para a política...
Sem efectuar nenhum comentário a respeito de minha provocante observação, Odilon continuou:
- Após serem apresentados ao faraó e aos sumos-sacerdotes, recebiam outro nome e ainda estudariam por longos meses, até que, efectivamente, em outra concorrida cerimónia, estivessem aptos para o ofício.
- E o que estudavam?
- Todo o saber disponível na época: teologia, artes, ciências de natureza geral, com ênfase para a ciência médica, geometria, política e naturalmente, rudimentos de mediunidade...
- Rudimentos de mediunidade?...
- O conhecimento do corpo espiritual, a cura pela imposição das mãos, o contacto com os espíritos dos mortos...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 04, 2018 10:31 am

NO LIMIAR DO ABISMO 4
Lidavam com os espíritos dos mortos? – interroguei.
- Inácio, como você não ignora, o homem, em todos os tempos, sofreu a influência do Mundo Espiritual, que, apesar dos limites que a percepção mediúnica humana lhe impõe, sempre procurou fornecer ao ser
encarnado evidências de sua própria imortalidade...
Desde Zoroastro, na Pérsia, passando, inclusive, por Maomé, quando psicografou o “Corão”, a Allan Kardec, na França, o Codificador do Espiritismo, é comovente observar o esforço do Mundo Espiritual, no sentido de despertar o homem para as coisas pertinentes ao espírito.
- Maomé psicografou o “Corão”?...
Aos ouvidos de um de seus seguidores isto soará como heresia...
- Não obstante, o facto não pode ser negado; foi no Monte Hira que o profeta ouviu a voz atribuída ao Anjo Gabriel e escreveu, sob o seu impulso, a essência da obra, que, posteriormente, sofreu determinados adendos.
- Como, aliás, aconteceu à própria Bíblia...
- Sim, ao ponto de, em suas mais modernas traduções, trazer explícitas condenações aos médiuns...
- Ora, o termo “médium” nem existia à época! – comentei indignado -; foi Kardec que o cunhou...
Buscando me asserenar, após breve pausa, voltei a questionar:
- Que espécie de espíritos se comunicavam nos templos egípcios?
- Os espíritos de seus antepassados e, com menor frequência, espíritos que assumiam a identidade dos deuses que veneravam, como a de Hórus, por exemplo.
- E os obsessores?...
- Manifestavam-se com extrema naturalidade; viviam, por assim dizer, em estreita simbiose psíquica com os homens...
- Qual acontece ainda hoje...
- Os sensitivos egípcios, quando desejavam estabelecer contacto com um de seus mortos, tocavam as suas respectivas múmias e logo caíam em transe.
- Incorporavam?
- Sim.
- E quanto àqueles que não podiam pagar para terem os seus corpos conservados, pelo processo da mumificação?
- Comunicavam-se espontaneamente e faziam ameaças aos que trabalhavam no serviço de embalsamar; perguntavam-lhes pelos seus corpos, que se encontravam deteriorando alhures e, não raro, manipulando recursos ectoplásmicos, chegavam a se trangibilizar...
- Eles sabiam como se materializar?
- Não, não sabiam, mas o fenómeno acontecia, pois, nos recintos onde os corpos dos ricos eram mumificados, o ectoplasma se condensava e revestia os corpos subtis dos espíritos que frequentavam o ambiente.
- Os seus corpos espirituais...
- Que os egípcios chamavam de Ka.
Para eles, o espírito, ou seja, a sombra que sobrevivia à morte do corpo era denominada akh; morrer significava encontrar-se com akh...
- Certa vez, li não me lembro onde:
“Se o egípcio constrói para si um túmulo é para aí instalar sua múmia e, se faz acompanhá-lo uma mobília funerária, é para seu conforto no Além”.
- Isto prova que, desde os primórdios da civilização, a ideia de imortalidade é inata no homem.
- Quer dizer, Odilon, que os que não tinham dinheiro para dar aos sacerdotes...
- Não eram mumificados.
- As coisas não mudaram muito, não...
Que a justiça de Anúbis caia sobre eles, ontem e hoje!
- Inácio!...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 04, 2018 10:31 am

- Perdoe-me, Odilon.
- Poucos de nós poderão, após o desenlace, confessar inocência diante de Osíris, enquanto Thot, o escrivão, nos colhe o depoimento:
“Não causei sofrimento aos homens.
Não usei de violência para com a minha parentela.
Não substituí a Injustiça na Justiça.
Não frequentei os maus.
Não cometi crimes.
Não permiti que trabalhassem para mim em excesso.
Não fomentei intriga por ambição.
Não maltratei meus servidores.
Não blasfemei contra os deuses.
Não privei o indigente de sua subsistência.
Não cometi actos detestados pelos deuses... “
- Incrível – exclamei -, a semelhança com o Decálogo!
- Em síntese, a chamada regra de ouro criada pelo velho patriarca judeu, Hilel, é a mesma em todas as religiões:
“Não faças aos outros o que não desejas que te façam”.
- Eu fico pensando...
Por que será que Moisés não ficou no Egipto?
O Egipto está muito relacionado à crença monoteísta...
- Embora pregassem o politeísmo às massas, os iniciados eram, sim, monoteístas.
Historicamente, não se sabe até onde os egípcios foram influenciados pelos hebreus, quando José passou a ser o conselheiro de confiança do faraó...
- Ou vice-versa, não é?
- Os egípcios influenciaram mais os gregos, principalmente os filósofos pré-socráticos, do que os hebreus.
Está escrito no segundo livro de Moisés, chamado “Êxodo”, que se levantara novo rei sobre o Egipto, que não conhecera a José, o primogénito de Jacó.
Com receio de que, numericamente, os filhos de Israel os sobrepujassem em sua própria nação, o faraó ordenou às parteiras hebreias:
“Quando servirdes de parteiras às hebreias, examinai:
se for filho, matai-o; mas se for filha, que viva”.
- Por este motivo, Moisés...
- Cujo nome significa “porque das águas o tirei”...
- ... foi posto num cesto de junco, calafetado com betume e piche e largado no carriçal, à beira do Rio Nilo.
- E foi adoptado pela filha do faraó, Termútis, e, até certa idade, criado e educado como egípcio.
- Moisés teria sido um grande soberano para o Egipto...
- Mas não estava predestinado a isto.
- Você acha, Odilon, que a história poderia ter sido escrita diferente?
- Os homens escrevem a história que é ditada por Deus – respondeu o amigo com a sabedoria que lhe é peculiar -, todavia...
- Todavia?...
- Não podemos nos esquecer de que os povos, assim como o homem individualmente, fazem a sua escolha.
Se, àquela época, os hebreus e os egípcios tivessem se unido, politicamente, culturalmente, religiosamente...
- É possível que Jesus tivesse nascido no Egipto – concluí, antecipando-me ao raciocínio de Odilon.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 04, 2018 10:32 am

- Quem sabe? Afinal de contas, o Egipto serviu de exílio para os hebreus mais de uma vez...
O profeta Oseias, conforme se pode ler no capítulo 11, versículo 1, de seu livro nas páginas do Antigo Testamento, enunciara:
“Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egipto chamei o meu filho”.
- Moisés rejeitado no Egipto, Jesus rejeitado por Israel...
- De certa forma inconsciente, a Humanidade rejeitando a Deus!
- O Espiritismo “rejeitado” na França, onde Allan Kardec não passa hoje de ilustre desconhecido...
- Somos nós, Inácio, a “Esfinge”...
- “Decifra-me ou devoro-te”!
Creio que acabaremos sendo devorados...
Dias atrás, Odilon, resolvi dar uma bisbilhotada nas coisas lá embaixo e, para facilitar, fui à casa do médium onde o televisor está sempre ligado (é uma pena que ele não se ligue a mim com a mesma assiduidade! -, estou exagerando um pouco, mas nem tanto).
Pois bem. Num desses canais de TV a cabo, que no meu tempo não existiam, fiquei acompanhando uma discussão subordinada ao tema “Cidadania e Intolerância”.
O debate, que durou cerca de sessenta minutos, estava sendo travado por educadores, filósofos e psicólogos; um programa de alto nível, raro de se ver na Televisão.
Todos discorreram com muita propriedade sobre o assunto, inclusive com enfoques sobre violência e criminalidade, mas, sinceramente, sem nenhuma demagogia, fiquei estarrecido por ver que Jesus Cristo hora alguma sequer foi mencionado pelos catedráticos...
Em se falando de intolerância e cidadania, como não se falar em Jesus?...
O que está havendo?
Aonde é que os homens pretendem chegar?
Tive a impressão de que qualquer referência ao Cristo, numa discussão de intelectuais, é considerada retrocesso cultural...
O “amai-vos uns aos outros” estaria ultrapassado?
Falaram de intolerância o tempo todo, com enfoques de Sociologia, mas não mencionaram as virtudes cristãs, sem as quais o homem não conseguirá mais que simplesmente teorizar em torno da Verdade; estou, é claro, me referindo à aplicação de semelhantes virtudes.
- Você não deveria se surpreender tanto, Inácio – observou Odilon, deixando implícitos nas entrelinhas o que não desejou detalhar.
- Eu sei que não, quando alguns próprios companheiros de ideal espírita se opõem a Jesus no Espiritismo...
- Não me refiro a estes especificamente.
- Por favor, Odilon, seja mais claro.
- A questão não está tanto em se falar ou não se falar em Jesus:
a questão está em falando-se ou não, vivenciar-se o Evangelho!...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 04, 2018 10:32 am

NO LIMIAR DO ABISMO 5
Concordo – respondi com ênfase -, e um dos motivos de minha periódica tristeza é justamente este, acreditando mesmo que seja o motivo principal:
estamos numa Doutrina libertadora, que nos conscientiza como nenhuma outra o fez ou se mostre capaz de fazer; numa Doutrina que nos coloca em confronto com a própria realidade íntima.
E como é duro, Odilon, constatar que não somos capazes de superar a nós mesmos!
- Mas pelo menos, Inácio – redarguiu o companheiro -, já não estamos caminhando às escuras...
Não podemos ser tão exigentes assim com os outros e nem tampouco connosco.
O problema da renovação é luta constante que somos chamados a travar sem trégua, no fortalecimento da vontade.
Abrimos os olhos e, de repente, nos espantamos com a condição que nos assinala: estamos aqui há séculos e séculos e não percebíamos...
- Ou não queríamos perceber....
- Não, não percebíamos mesmo!
Tomando consciência, relativa, de nosso atraso moral, não podemos nos desesperar.
O Espiritismo nos motiva na transformação que devemos empreender em nós e nos enseja, para tanto, inúmeras oportunidades de trabalho; o espírita convicto já não tem tempo para viver de braços cruzados...
- Há muita gente fazendo de conta que melhora:
começa entusiasmada, mas depois...
- Desmotivam-se, porque, passando a conviver connosco de mais perto, identificam as nossas limitações.
Não sei, Inácio, se estou conseguindo ser claro.
- Não sabem separar o trigo do joio...
- Imaginaram que nós...
- ... desencarnados e encarnados...
- ... porque somos espíritos mensageiros ou médiuns, somos perfeitos.
- Que não somos humanos, não é?
- É aquela nossa velha tendência de exigir muito dos outros e nada de nós.
- Podemos errar à vontade, mas os outros não...
- Todos, estejamos no corpo ou não, somos espíritos frágeis, passíveis de sermos decepcionados...
- ... ou de decepcionarmos! – emendei.
- O espírita, Inácio, vive mais exposto à tentação.
- A que você atribui o facto?
- Os espíritos que não querem a emancipação espiritual do homem carregam sobre ele os seus esforços, mormente sobre aquele que ocupa qualquer posição de influência: quanto maior o escândalo que consigam causar, maior o desânimo que espalham.
Por este motivo, os irmãos de ideal, ao invés de competirem uns com os outros...
- ..facilitando o campo de acção dos obsessores...
- ... deveriam se estimar mais e orar uns pelos outros.
Ninguém é o que aparenta ser, nem no bem nem no mal; todos, sem excepção, temos altos e baixos e somos susceptíveis de recaídas...
- O espírita não é santo...
- Ele e os seus companheiros precisam saber disto, para não inculparem a Doutrina pelas fragilidades de seus adeptos.
- Certa vez, Odilon, um confrade se revelou decepcionado comigo pelo meu hábito de fumar, disse-me:
- “Mas o senhor, um médico espírita de renome, autor de vários livros, médium doutrinador de espíritos, fumando?!...”
- E o que você lhe respondeu?
- Que o cigarro era o mais inocente de meus vícios...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 04, 2018 10:32 am

- E ele?
- Não sei; porém soube mais tarde que ele havia engravidado uma menor que trabalhava em sua casa como doméstica...
- Os espíritos inimigos da Doutrina, não tendo argumentos para se lhe oporem à parte filosófica...
- E não têm mesmo, porque, do ponto de vista filosófico-religioso, o Espiritismo é insuperável – não há o que se lhe compare em termos de esclarecimento...
- ... procuram induzir os seus seguidores a se contradizerem no que tange à moral.
Os espíritas, naturalmente, Inácio, têm as suas percepções psíquicas mais dilatadas...
- O que não acontece com os adeptos de outras crenças, que sequer admitem a possibilidade do contacto com os mortos; a descrença, se assim posso me expressar, é uma espécie de fita isolante da sensibilidade mediúnica.
- Os espíritas, de modo geral, trazem a mente à feição de uma flor-de-lótus entreaberta...
- A imagem é apropriada – prosseguiu o Mentor -; dependendo da natureza de suas emanações, ou seja, de seus pensamentos, o médium atrairá os espíritos...
- As moscas ou as abelhas...
- Eu não sei se teríamos o direito de pedir aos nossos irmãos na carne que fossem mais vigilantes.
- Não sabe, por quê?
- Porque não estamos lá, não é, Inácio?...
- Não estamos, mas já estivemos!
- E sabemos que não é fácil.
- Admito que ser espírita nos dias atuais, é mais difícil que no passado:
pertencemos à geração mais unida...
- Combatíamos um inimigo comum; éramos poucos...
- Continuamos a ser minoria...
- Os nossos adversários, no entanto, parecem ter compreendido que pregamos uma mensagem tão sublime, que não conseguimos vivenciá-la.
- Esqueceram-nos, Odilon?...
- Não, mas nos deixaram entregues aos próprios conflitos; estamos nos fragilizando por nós mesmos...
- O que você diz é grave.
- É grave, mas é real.
Nós, os espíritas, Inácio, necessitamos retomar a vivência dos postulados que abraçamos:
menos vaidade, menos disputas, menos ambição...
- ... menos mediunidade...
- ... e mais caridade!
- Tornou-se uma virtude piegas...
Os espíritas se intelectualizaram muito:
falam diversos idiomas, desfrutam de certo status social, viajam com frequência ao Exterior...
- Não podemos nos opor ao progresso.
- Ora, Odilon – argumentei -, não tema ferir susceptibilidades; você sabe ao que estou me referindo...
- A cada qual segundo as suas obras, Inácio.
-Com raras excepções, não vejo mais o espírita interessado em perdoar – em perdoar ao companheiro de fé!...
Dentro de certos grupos espíritas, é uma intriga só...
- E, infelizmente, esse estado de coisas transpira...
- Transpira e faz o regozijo de nossos opositores, que devem pensar assim: “Deixemos os espíritas se destruírem em paz”...
- O Espiritismo vem enfrentando uma dificuldade para a qual os nossos companheiros ainda não atinaram.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 04, 2018 10:32 am

- Qual seria, Odilon?
- A de fazer novos adeptos.
- É um péssimo sinal...
- O conhecimento espírita ainda – frisemos bem – não é para todos; o que a Doutrina prega colide com os interesses que imperam entre os homens, mas...
- O número de espíritas não vem crescendo, não é?
- Com o advento de Chico Xavier, cresceu muito...
- No Brasil; no Exterior, o Movimento é feito por brasileiros que lá residem...
- O Movimento carece de ser revitalizado.
- Chico Xavier desencarnou e não temos outro...
- Mas, se cada espírita se compenetrar de sua responsabilidade; se cada um de nós se preocupar com a aplicação, na vida quotidiana, dos Princípios que abraça, estaremos fazendo o que nos compete.
- Então, Odilon, em sua opinião, novas acções seriam mais importantes que novas revelações?
- Sem dúvida alguma!
O exemplo foi e sempre será a maior força de persuasão.
- Não estamos preocupados com números...
- É evidente que não; estamos preocupados com credibilidade....
Os companheiros espíritas não devem desanimar. Confiemos no Alto.
A Espiritualidade Superior, com certeza, está preparando a reencarnação de novos seareiros, que nos auxiliarão a manter acesa a chama do Ideal, que não pode se apagar.
- Espíritos missionários?
Novos médiuns?...
- Espíritos despojados dos interesses que, infelizmente, tomaram conta das intenções de muita gente que, de modo imperceptível, vem se afastando do caminho e...
- ... influenciando centenas de outras pessoas!
- A mediunidade, Inácio, tornou-se um factor obsessivo para muitos; mediunidade nunca foi e nunca será característica de grandeza espiritual para ninguém...
Na actualidade, há mais médiuns colocando palavras na boca dos espíritos do que espíritos colocando palavras na boca dos médiuns; mais médiuns subjugando a mediunidade aos seus propósitos que a ele se sujeitando, no exato desempenho de seus deveres.
- Interessante, Odilon:
Chico Xavier desencarnou ainda há pouco, cumpriu 75 anos de legítimo mandato mediúnico, e – não sei se estou exagerando – percebo já um certo esquecimento de sua obra, que, principalmente para a nova geração, é inédita...
Há um trabalho das trevas neste sentido?
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 04, 2018 10:32 am

O Benfeitor, após ligeira pausa no diálogo que encetáramos, considerou:
NO LIMIAR DO ABISMO 6
- Até onde sei, Inácio, posso confirmar – elucidou o companheiro, procurando ser cauteloso.
- Quer dizer...
- ... que faz parte de um plano das trevas sufocar a qualidade pela quantidade.
- A grande proliferação de médiuns seria, então, nociva à Doutrina?
- De médiuns sem o necessário discernimento, sim.
- E os espíritos que se comunicam por eles?
- Nem todos têm consciência de que estão sendo utilizados como instrumentos de escusas intenções.
- Os médiuns pensam que estão prestando um serviço à Causa...
- Muitos espíritos também pensam assim; existem espíritos obsessores, altamente intelectualizados, que conseguem se fazer invisíveis aos próprios espíritos a que influenciam...
- No entanto – considerei – as obras produzem não são de todo más...
- Todavia não acrescentam e tomam o tempo do leitor.
- Como assim?...
- Irmãos encarnados, afeitos a leituras mais amenas, que não os induzem à reflexão, deixam de estudar obras de peso doutrinário.
- As editoras se mostram interessadas na publicação de romances e novelas...
- ... que lhes garantem um retorno financeiro mais rápido; não obstante alguns livros de enredo romanceado abordam temas pertinentes à Doutrina...
- Reencarnação, Lei de Causa e Efeito, Mediunidade, Obsessão...
- A maioria, porém, poderia ser classificada como obra de cunho espiritualista.
- E é justamente a que atinge com maior facilidade o público leigo; o trabalho mediúnico de Chico Xavier vai se tornando cada vez mais distante do grande público....
- O mesmo podemos dizer em relação ao Pentateuco Kardequiano.
- Com excepção, Odilon, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, não é?
- Que o misticismo de muitos considera um livro de orações – uma obra para ser aberta e consultada ao acaso...
- As trevas chegariam a tanto?...
- Não duvide, Inácio.
Ao que estou informado os espíritos interessados na estagnação das ideias espíritas montaram uma espécie de central do livro...
- Central do livro?... – perguntei, quase sem acreditar.
- Sim.
- Central do livro espírita?... – insisti.
- Do livro mais ou menos espírita, que difunde, nas entrelinhas, teorias contraditórias.
- Como é possível?!...
- Não nos esqueçamos dos chamados evangelhos apócrifos, que foram escritos com intuito de confundir as mentes incautas, em relação aos considerados autênticos; eles surgiram às dezenas...
- Li, certa vez, um artigo que dizia que, inclusive, para lhes conferir maior credibilidade, os seus verdadeiros autores, abdicando de sua autoria, os atribuíam aos Apóstolos ou aos que haviam sido discípulos do Cristo.
- E mesmo com referência aos canónicos, ou seja, aos de Mateus, Marcos, Lucas e João, houve diversas tentativas de adulteração – textos foram suprimidos ou acrescentados...
- O Antigo Testamento, neste sentido, também está eivado de erros propositais:
o Deuteronómio por exemplo...
- Sim, em que tradutores ou copistas mercenários enxertaram uma proibição formal contra a prática do Espiritismo, que, à época, sequer existia como Doutrina codificada.
- Odilon, ainda estou impressionado com essa sua informação a respeito da existência de uma central do livro espírita sob o comando das trevas...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 04, 2018 10:33 am

Fale-me mais sobre o assunto que, segundo creio, é de enorme interesse para os confrades que labutam no campo da divulgação.
- Inácio, na verdade, temos mais mediunidades que poderíamos classificar de espiritualistas do que propriamente de espíritas; hoje, por exemplo, os clássicos de nossa literatura são pouco procurados e, em breve, sendo recente como é, a produção mediúnica de Chico Xavier será considerada ultrapassada.
- Como é que os espíritos agem?...
- Fascinam os médiuns, fazendo-os crer que são missionários.
- Tentaram já desmoralizar a Doutrina, prevalecendo-se da invigilância dos médiuns de cura...
- Agora, porém, é a Literatura que está na mira dos nossos adversários desencarnados; fizeram o possível, enquanto Chico estava no corpo, para comprometê-lo moralmente...
- O que, graças a Deus, não conseguiram.
-Não conseguiram, mas lhe fizeram pagar um alto preço; ele teve que silenciar muita coisa...
- Eu sei: Chico, por assim dizer, foi praticamente crucificado...
Quase todos os dias, era vítima de chantagens e agressões.
Eu não ia à sua casa de trabalho com frequência, mas me mantinha informado do que diz respeito ao seu entorno.
Sinceramente, não sei como ele aguentou...
Na minha opinião, mais da metade dos que o assediavam diariamente tinha que ser trancafiada no Sanatório...
Ante o olhar significativo que Odilon me lançara, mudei de assunto:
- E esses espíritos que assinam as “suas” obras (permitam-me as aspas, porque a essas alturas, eu já não sei mais nada) com nomes estranhos?...
- Muitos se fazem passar por benfeitores...
- Mas não o são?
- Sem querer generalizar, são espíritos vaidosos que, repito, se valem da invigilância ou da ambição dos médiuns, que desejam se promover, são escritores que se frustraram e agora...
- ... procuram se redimir.
- Os médiuns principiantes, Inácio, não deveriam ter tanta pressa em divulgar a sua produção literária.
- Estou sabendo de psicógrafos que se submetem às exigências das editoras:
aumentam ou diminuem, arbitrariamente, o número de páginas da obra que pretendem publicar; alguns aceitando até encomendas de livros!
Ora, o livro é encomendado ao médium ou ao espírito?
Odilon sorriu e tentou amenizar:
- O pessoal anda extrapolando, não é?
Íamos dar continuidade ao assunto quando fomos interrompidos por Manoel Roberto, que, após cumprimentar o Instrutor, se explicou a mim:
- Doutor, aquele rapaz insiste em conversar com o senhor, agendamos o encontro para hoje, à tarde, e ele está impaciente...
- Faça-o entrar.
- Doutor – disse-me o jovem, que mal dera pela presença de Odilon -, o senhor havia prometido examinar o meu trabalho...
- É que o tempo, meu filho, anda curto.
- Eu sei – insistiu, estendendo-me um calhamaço -, mas gostaria do seu parecer e do seu aval.
- O que você pretende? – Indaguei.
- Transmitir a minha obra, através de um médium – um jovem quase da minha idade, que tem se mostrado receptivo.
- Sobre o que você escreveu?
- É uma obra de ficção...
- De ficção?...
- Ficção espírita, Doutor.
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O LIMIAR DO ABISMO - Inácio Ferreira /Carlos A. Baccelli Empty Re: O LIMIAR DO ABISMO - Inácio Ferreira /Carlos A. Baccelli

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jun 04, 2018 10:33 am

- O Espiritismo já é considerado uma ficção por muita gente; você vai é reforçar essa concepção equivocada....
- Por que não escreve algo mais simples?
- Eu sou um romancista nato...
- Deixe-me ver o título do livro – disse, folheando o manuscrito -:
“A Rebelião dos Capelinos “!
Você efectuou alguma pesquisa?...
- Não, Doutor: foi o espírito de um capelino que me ditou...
- O capelino ditou-a a você e você quer ditá-la a um terráqueo – comentei, esperando que Odilon, que, como sempre, se mantinha discreto, participasse da conversa.
Você não acha uma operação muito complicada?...
- Complicada por quê, Doutor?
Eu sou médium:
fui médium na Terra e continuo sendo...
O senhor sabe:
a mediunidade não acaba com a morte.
- Basicamente, do que trata a obra? – perguntei, sem saber ao certo o que fazer com aquelas mais de quinhentas páginas vazadas a mão.
- Da revolta dos capelinos que não queriam ser exilados...
- O tema é interessante, mas...
- Mas...
- Doutrinariamente...
- Qual é a objecção?
- Ao invés de elucidar, poderá alucinar, você não acha?
Talvez venha a mexer em excesso com a imaginação delirante das pessoas; algumas mentes mais débeis poderão extrapolar...
- Ora, Doutor, desculpe-me, mas o senhor escreveu o “Na Próxima Dimensão”...
- Sim, escrevi a dimensão próxima e não sobre Capela; escrevi a respeito de uma experiência palpável, vivenciada por mim e por terceiros...
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 05, 2018 10:30 am

NO LIMIAR DO ABISMO 7
- Odilon – solicitei -, sinta-se à vontade para dizer alguma coisa; tenho certeza de que o nosso jovem estimaria contar com a sua opinião...
- Dr. Odilon Fernandes?!... – exclamou o rapaz, estendendo a mão em cumprimento e esboçando discreto sorriso.
- Apenas Odilon, meu filho.
- O senhor vê algo que me desabone a obra? – perguntou, retirando-a de mim e entregando-a à análise do Benfeitor.
- Você havia dito que se trata de ficção ...
- O fato em si é real:
os capelinos, à época de seu grande exílio planetário, se rebelaram; o enredo, no entanto, pertence ao imaginário do autor espiritual...
- Não lhe pareceu ele um tanto prolixo na narrativa?
- Detalhista, Doutor, muito detalhista...
Ele se refere, por exemplo, ao ambiente político, à intriga dos sacerdotes, à devassidão que tomara conta da sociedade; descreve, com riqueza de informações, a topografia do orbe, a Natureza em estado de semi-destruição, a espectacular intervenção das hostes espirituais, fazendo lembrar as descrições do Apocalipse...
- Talvez, meu filho – ponderou Odilon -, você e o espírito que escreve por seu intermédio ainda estejam naquela fase de estabelecer entre ambos uma melhor sintonia...
O Inácio tem razão: seria conveniente esperar um pouco e solicitar que o autor promovesse uma revisão da obra.
- Mas como, na condição de médium, eu poderia interferir?
O senhor não acha que o médium deve se manter em posição de neutralidade?...
- O médium, em seus mais diversos contactos com o Além, deve ser o primeiro crivo das comunicações de que se torne intérprete:
é sua obrigação analisá-las e criticá-las, antes de entregá-las à publicidade...
- Seria uma ofensa ao espírito comunicante, não?
Como colocarmos em dúvida a sua narrativa e intenção?
O senhor, que também escreve para a Terra, não se sentiria ofendido, caso o médium de que se serve entregasse o seu trabalho a outrem para ser avaliado?
- É minha obrigação recomendar que ele tome tal providência.
- Por quê?!
- Porque todos somos susceptíveis de nos enganar e de sermos negativamente influenciados.
- Até o senhor?
- Por que não? Todos estamos expostos às mais diferentes influências – nós, os médiuns encarnados e os espíritos que, de Mais Alto, igualmente nos inspiram.
Em Espiritismo, nada requer tanta prudência quanto o trato com a mediunidade.
- Mas eu não estou escrevendo só para os espíritas...
O meu trabalho pretende abranger um público menos conservador e ortodoxo.
- Então, meu filho – aparteei -, não se justifica você está pedindo-nos orientação, pois a nossa actividade se concentra na difusão das ideias genuinamente espíritas...
- É que eu temo a responsabilidade...
- O que a entidade, autor da obra de sua lavra mediúnica, diz a você? – questionou Odilon.
- Que eu enfrentaria muitos obstáculos na publicação do livro; que eu me acautelasse contra o ciúme e até contra a inveja que ele suscitaria, principalmente entre os que também são autores ou co-autores; que eu tivesse plena confiança nele, que tem a intenção de escrever outras obras por meu intermédio...
E, pausando por instantes, confessou:
- Inclusive, digo-lhes, que ele me desaconselhara buscar a opinião do Dr. Inácio Ferreira, mas como eu me identifiquei muito com o “Na Próxima Dimensão”...
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 05, 2018 10:30 am

- Lamento, meu filho – interferi eu – se, pessoalmente, lhe causo alguma decepção; acredite:
tudo o que estou dizendo é para o seu bem...
Você é um medianeiro promissor, mas não deve ter pressa.
Outros espíritos haverão de escrever por seu intermédio...
- Lêmur me solicitou exclusividade...
- Como?!
- Exclusivamente na tarefa mediúnica.
- Desculpe-me, mas é um péssimo indício; médium algum deve trabalhar com este ou aquele espírito em regime de exclusividade.
- Ele me avisou que o senhor me diria isto...
Está vendo, Doutor, como ele pertence a elevada hierarquia?
- Meu filho – observou Odilon -, você poderia estudar connosco no “Liceu”; seria uma alegria contá-lo entre nós...
- Lêmur disse-me que eu não tenho necessidade de estudar, contou-me que, em existência anterior, fomos irmãos e que ambos éramos sacerdotes no Egipto...
Ele retira muita coisa do meu subconsciente.
- Você já o viu? – questionei, curioso.
- Diversas vezes; ele me aparece em sonho e me instrui – transmite-me passes na região do cérebro que, segundo ele, é para activar os meus centros de memória...
- Lêmur é cristão?
- Ele é um espírito ecléctico.
- Recomendou a você algum tipo específico de leitura?
- De preferência, obras de iniciação em Teosofia...
- E Ramatís? – inquiri ainda.
- Não tem nada contra, embora em sua opinião Ramatís seja um espírito em fase de tornar-se espírita, portanto, bitolado.
- E Allan Kardec?
- Respeita, mas diz que está ultrapassado.
E quer saber de uma coisa, Doutor?
Está mesmo: “O Livro dos Médiuns” e “A Génese” são obras desactualizadas...
Lêmur pretende, mais tarde, rever alguns pontos.
- Meu filho – disse-lhe -, sinceramente, eu não vejo o que possa fazer por você...
- Escreva, Doutor, o prefácio da obra.
- Eu?!... Ora, meu rapaz...
- E o médium que se dispôs a cooperar com você, psicografando-a para os irmãos desencarnados? – perguntou Odilon.
- Está ansioso para começar; eu e Lêmur temos nos encontrado com ele, em estado de desdobramento...
O seu livro de cabeceira é “Os Exilados de Capela”, escrito por Edgar, Edgar...
- Armond – completei.
- Justo: Edgar Armond!
- Trata-se de um estudo baseado em “A Caminho da Luz”, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier.
A noite caíra por completo e os ponteiros do relógio indicavam que era preciso colocar um ponto-final na conversa.
- Bem, meu rapaz...
- Osório, Doutor, o meu nome é Osório.
- ... infelizmente, tenho outras ocupações à minha espera.
- E então?...
- Eu tenho um conselho a lhe dar, mas você já recusou o convite de Odilon...
- Que conselho, Doutor?
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 05, 2018 10:30 am

- Permaneça aqui connosco, no hospital, uns dois ou três meses...
- Com que finalidade?
- Tratar-se, meu filho.
- Tratar-me, eu?! Do quê?!...
- Obsessão, meu caro; segundo Allan Kardec, obsessão por fascinação, antes que se transforme em subjugação...
- Lêmur...
- Lêmur também – afirmei. – há lugar para ele...
- O senhor está nos magoando; o nosso livro é uma revelação...
Já sei: o senhor não quer que ele faça sombra ao “Na Próxima Dimensão”, não é?
- Esqueça o “Na Próxima Dimensão”; se eu soubesse que até por aqui ele me renderia problemas, eu teria pensado dez vezes antes de publicá-lo...
- Osório – solicitou Odilon -, seria possível dialogarmos com Lêmur, por seu intermédio?
- Ele costuma se incorporar por mim, mas não sei se se disporia a conversar com os senhores...
- Poderíamos tentar?
- De minha parte, não coloco objecção; quem sabe, ele consiga convencê-los da autenticidade do seu trabalho. Sinceramente, eu não consigo entendê-los:
com tantas obras espíritas que não resistiriam à menor análise, obras que estão figurando no ranking das mais vendidas...
- Era sobre o que eu e o Dr. Inácio Ferreira estávamos justamente conversando, antes que você se fizesse anunciar pelo nosso Manoel Roberto.
- “A Rebelião dos Capelinos” é uma obra fantástica...
- Quem a assinará: Lêmur ou você? – indaguei.
- Estamos estudando um pseudónimo; Osório não é um bom nome literário e Lêmur...
Não faz questão que o seu nome apareça na capa do livro; embora não pareça, ele é um espírito humilde....
Depois de vivermos no Egipto, ele reencarnou na Índia e, por último, há décadas, foi monge beneditino.
- Monge beneditino?!...
Então, muita coisa está começando a clarear, ou melhor, a escurecer...
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 05, 2018 10:31 am

NO LIMIAR DO ABISMO 8
Ultimamente, falanges de monges beneditinos desencarnados estavam, e estão, se movimentando para estabelecer a confusão no Movimento; muitos deles fazem-se passar por espíritos comprometidos com a Doutrina, dominam médiuns – alguns, inclusive, de renome -, mudam de identidade e, escrevendo ou falando, têm procurado estender a sua negativa influência, de maneira subtil, com o propósito de desfigurar o Ideal que abraçamos.
Eram frades em geral muito cultos, tendo sido antigos copistas das Sagradas Escrituras e talvez pouco confiáveis.
Gostaríamos que não fosse verdade, mas, infelizmente, é:
o Clero, deste Outro Lado da Vida, tem os seus representantes nas fileiras do espiritismo:
o processo de actuação é tão discreto, que aqueles que se encontram a serviço de suas intenções obscuras o ignoram por completo e imaginam que agem e tomam decisões em nome de uma suposta fidelidade espírita.
O Mundo Espiritual Superior tem se esforçado no sentido de tomar providências; no entanto, há que se respeitar o livre-arbítrio dos companheiros encarnados, cuja vaidade exacerbada tem provocado cisões que ocasionam grave prejuízo ao Movimento.
Em síntese:
estão nos faltando humildade e discernimento, combatendo com veemência os interesses menores que nos inspiram.
Muitos espíritas vêm se comportando como materialistas: abdicaram da Razão e do Sentimento e estão vivenciando uma crise de fé – descrentaram-se de si e, por extensão, descrentaram-se dos outros; passaram a duvidar de suas próprias intenções e...
Daí suas faculdades mediúnicas, corromperam-se moralmente e com semelhante juízo formado a respeito de si é que têm avaliado os semelhantes; cederam à tentação, desistiram de lutar contra as suas mazelas de ordem moral e se permitiram dominar pela ambição – pela ambição do dinheiro, do poder, da sexolatria, enfim, do imediatismo.
O espírita, de modo geral, está se revelando impotente e desmotivado para renunciar, para efectuar sacrifícios pessoais em benefício da Causa, para servir com o grau de desinteresse que sempre caracterizou um Bezerra de Menezes, um Batuíra, um Cairbar Schutel, um Chico Xavier, uma Anália Franco, uma Corina Novelino, uma Yvonne do Amaral Pereira, uma Vandir Dias...
Esses monges beneditinos desencarnados, em conluio com aqueles que reencarnaram e não olvidaram completamente a personalidade de outrora, têm promovido autêntico estrago no Movimento – a Doutrina permanece e permanecerá intocada, mas o Movimento, que se elitiza e – pasmem – conta com medianeiros oficiais, quais modernos hierofantes que se entronizam e estimam ser incensados, está já comprometido e exige rápida revisão, sob pena de se esfacelar de maneira irremediável.
Não nos esqueçamos do que o Paganismo fez ao Cristianismo, claro, com a anuência dos homens.
Os líderes do Movimento Espírita carecem de agir mais com o coração, menos com o intelecto e não serem tão susceptíveis à técnica de bajulação a que se rendem, inermes.
Os monges beneditinos se especializaram na artimanha de manipular o ego daqueles que tencionavam ter em suas mãos; frágeis e carentes, eles se lhes rendiam às palavras elogiosas, quanto hoje muitos espíritas desavisados se inclinam ante as revelações enganosas, que médiuns interesseiros efectuam a respeito de suas pregressas existências; é o comércio vil que se denomina “tráfico de influências”, que sempre frequentou os bastidores do poder político e religioso.
Que os nossos irmãos, pois, permaneçam atentos e não se deixem ludibriar; não há sobre a Terra, na actualidade, um único médium encarnado com suficiente autoridade para penetrar nos enigmas pertinentes as anteriores experiências reencarnatórias de quem quer que seja.
O que revelam, neste sentido, não passa de mera suposição ou invencionice.
O nosso intuito não é o de ferir susceptibilidades, enviando recados indirectos...
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jun 05, 2018 10:31 am

Desculpem-me, mas nunca fui de me valer de alguém para expressar o meu pensamento e creio que, sendo claro como estou procurando ser através deste manifesto, em louvor da Doutrina que veneramos, não magoarei aqueles que não se sintam ao alcance destas palavras de fraterna advertência aos que, realmente, têm extrapolado em prol de seus questionáveis propósitos.
O espírita ou, como no meu caso agora, o espírita morto, quando fala o que desagrada, por intermédio deste ou daquele medianeiro, está desequilibrado – é o rótulo com o qual, complacentemente, o marginalizamos: o obsidiado!
A hora, no entanto, não comporta omissões, e aqueles que não se melindrarem, por certo, haverão de entender a nossa preocupação.
Há quem diga, com ironia na voz:
“Oremos por fulano, que se encontra debaixo de terrível influência espiritual...”
As orações em meu benefício serão sempre bem-vindas e, de antemão, as agradeço, todavia quem de nós, na Terra ou no Além, não se encontrará debaixo da terrível influência de suas imperfeições?
Quem será tão arrogante, ao ponto de dispensar uma prece?...
Quanto mais não necessitará do abençoado concurso da oração quem mais se disponha a mexer num vespeiro desse tamanho, que abarca as tramas que se prolongam de um Plano existencial a outro, suscitando escândalos que exponham o Espiritismo ao ridículo?...
Não, o Inácio Ferreira necessita, sim, de suas preces sinceras, todavia atentem para o termo: sinceras...
Quão poucos sabem orar com sinceridade uns pelos outros!
Quão poucos somos os que, de facto, nos lembramos do companheiro com um pensamento de cordialidade!
Quão poucos os que nos sentimos felizes com a felicidade daqueles que renteiam connosco!...
Infelizmente, com as excepções de praxe, os médiuns espíritas tornam-se rivais, com receio de que tenham o seu próprio espaço limitado – tremenda inversão de valores que, ao nosso ver, tem concorrido para a estagnação do Movimento, pois não se pode negar que, de uns tempos a esta parte, a Doutrina, que, aliás, nunca primou pela quantidade, não tem feito novos adeptos; com reais dificuldades e percalços, os pais espíritas têm transmitido aos filhos o calor do ideal que lhes aquece o coração...
A nossa juventude – a juventude espírita entusiasta – está carecendo de apoio e as nossas crianças, de incentivo e de bons exemplos, para que se encaminhem às aulas de evangelização infantil.
Precisamos, sim, com urgência, de fazer um Espiritismo para os nossos jovens e as nossas crianças, pois, caso contrário, os nossos centros espíritas hão de ficar às moscas.
Exagero de minha parte?
Mil vezes preferível que eu esteja, sim, exagerando ou equivocado por excesso de zelo.
No entanto, a realidade não me Orem, orem, sim, meus irmãos, pelo Inácio Ferreira e, por extensão, pelo médium que o atende...
Quem sabe, de tanto lidar com criaturas em processo de desequilíbrio, eu tenha perdido o senso – é possível, é possível...
Porque eu esteja a me comunicar mediunicamente e seja autor de alguns apontamentos doutrinários, não cometam a asneira de me considerarem Espírito Benfeitor; a maioria dos espíritos que emprestam os seus nomes às obras de cunho doutrinário – algumas delas transformadas em verdadeiros best-sellers – não passam de irmãos e irmãs comuns desencarnados, longe da aura de luminosidade que os homens lhes atribuem; são, sim, embora não todos, espíritos de boa vontade, ainda igualmente susceptíveis às fragilidades de seus médiuns...
Se nós, os espíritas, não nos empenharmos na vivência cotidiana do Evangelho, o Espiritismo não logrará cumprir entre os homens com o desiderato de reviver o Cristianismo; teremos, como já o temos, uma farta e rica bibliografia, mas a Doutrina não passará de um áureo momento na história da Humanidade, confundindo-se com tantas outras filosofias espiritualistas que luziram e se eclipsaram, embora não tenham se apagado de todo.
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