Máximas de Luz - Miramez - João Nunes Maia

Capítulo 40 - INDULGÊNCIA
ESE—Cap. X Item 14

A indulgência é ambiente de luz que a alma gera quando a pratica em favor do seu irmão; é o reconhecimento da lei de amor, em função da verdade.
Quando se fala em perdão, precisamos saber em qual tipo de perdão estamos envolvidos; se é aquele que só sai dos lábios ou se o perdão divino, que emana do coração, em forma de luz, no esquecimento completo das ofensas.
O espírita está na altura de viver o último que, além do esquecimento da ofensa, faz do inimigo um amigo, e ainda mais, ora por ele, como sendo seu verdadeiro companheiro de jornada, para o bem comum de todas as criaturas.
A indulgência abre caminho para a caridade e essa para o amor, objectivando provocar o fenómeno das mudanças de comportamento na intimidade do ser.
O homem que já luta com a sua natureza inferior para indulgenciar, é capaz de sentir amor para com os inimigos, e torná-los seus próprios benfeitores, por encontrar na ofensa oportunidade de exercitar a tolerância.
0 Cristianismo é fonte desses conceitos de claridades, e o Espiritismo revive o Evangelho, nos dando entendimento, reforçando esse ambiente de compreensão e de alegria espiritual.
Faça igual à criança, que nos dá exemplo do perdão puro: quando é corrigida pelos pais, daí a instantes já esqueceu o facto, continuando a amá-los com todo o carinho.
Também isso acontece com alguns animais, por ser a remissão um instinto natural, provindo da vida, em se mantendo a harmonia do coração.
Se já iniciou o seu trabalho de perdoar, está conjugando o verbo amar, que vibra nas células na frequência da caridade. Se a Doutrina Espírita veio à Terra com a grande função de fazer relembrar aos homens a palavra de Jesus, não pode o espírita esquecer o perdão, força divina que abre as portas da compreensão e que faz com que as sociedades se unam para o bem de todas as nações.
Não fique pensando que somente os homens devem entrar para a escola do perdão; os que pensam assim se enganam.
Temos grande necessidade de perdão, e ele atinge várias dimensões de vida, até se tornar amor, fraternidade e outras virtudes.
Na Terra, as ofensas são comuns; use a razão, tirando delas lições que edificam, perdoando e orando pelos ofensores, para que eles entendam que somos todos irmãos, com as mesmas necessidades de compreender a luz e de buscar a paz do coração.
O Evangelho Segundo o Espiritismo nos diz que uma das maiores chagas da humanidade é o orgulho, e tem razão, porque ele inspira as ofensas e endurece o coração, no sentido de que o egoísmo cresça, dominando o entendimento, de maneira que ele se transforme em paixões.
Analise um homem brando e veja o seu ambiente espiritual fluir do seu coração, estimulando em si a vontade de fazer da brandura o seu fanal e sentir, na profundidade do ser, o amor.
É dever nosso estudar mais o Evangelho, tirando dele as luzes de maior entendimento da vida.
Lembremos que a indulgência não deve ser esquecida por nós, na garantia da fé, que transporta os resíduos das nossas inferioridades.

Capítulo 41 - PROVA DE AMIZADE
ESE-Cap. X Item 15

A reconciliação é prova de amizade, que se dá àquele que nos ofende, que desfecha sobre nós a calúnia, inventando coisas que, por vezes, não aconteceram.
O Evangelho pede a reconciliação enquanto estivermos com o inimigo a caminho, pois a oportunidade passa, e pode demorar a surgir outra para fazer de um inimigo um companheiro de confiança.
Não podemos nos esquecer das desculpas a quem desfere sobre nós os impropérios, com intenções preparadas de nos ofender e diminuir.
Deus nos fez dentro da unidade; por que separar?
O perdão é uma filosofia de vida e das mais espiritualizadas, que tem a força de descobrir a caridade e irradiar o amor.
Altos benfeitores da espiritualidade superior trouxeram para a Terra, por intermédio da mediunidade, mensagens e mais mensagens sobre o perdão, mostrando a sua grandiosidade, quando praticado com o coração.
Quem perdoa é o mais beneficiado, por limpar dos sentimentos o ódio e a prepotência, aumentando a área de amor que o seu coração passa a ser dominante.
Um simples perdão pode evitar uma guerra, evitando igualmente muitas mortes, muitas lágrimas e sofrimentos incontáveis.
Por que não procurar dar exemplo do perdão que, estendido na Terra, nas sociedades, constrói a paz?
É muito bonito quando dizemos que aquele país é pacificador, aquele povo luta em favor da não violência; o mundo do futuro há de ser assim.
Trabalhe em favor da harmonia porque ela, nos corações, é mais vida feliz.
Veja a vida de um guerreiro com a de um santo; qual você escolheria?
Partamos para a acomodação, refazendo os estragos do ódio, e da violência, para que seja vivido o perdão, esquecendo as faltas* tornando os inimigos em amigos, trabalhando juntos para um mundo feliz, onde todos tenham as mesmas ideias de amor e a mesma intenção na fraternidade pura, e que a caridade bem compreendida seja um dever de cada criatura, na extensão de toda a vida.
Vamos dar provas de amizade àqueles que dizem ser nossos inimigos por nos ofenderem e caluniarem; coloquemo-nos acima destas imprudências, esquecendo as ofensas e a maldade, tornando-as em condescendência, na multiplicação da caridade.
Seja qual for a situação em que nos encontrarmos diante dos inimigos confessos, sejamos indulgentes para com eles, como Jesus ê para connosco, pois todos os nossos caminhos vão se abrindo e acendendo luzes, de modo que a harmonia se faça plena na nossa consciência, não deixando de participar o nosso coração.
Não devemos falar, mesmo tomados de ira, que nunca perdoaremos, porque o progresso espiritual é força dinâmica de vida, que não deixa a alma recuar, e o perdão é energia propulsora para a frente, que busca sempre o além do ódio, que é o amor, o além das ofensas, que é o perdão, o além do apego, que é a renúncia, o além da escuridão, que é a luz.
Jesus apareceu na Terra por amor de Deus, para nos ensinar como devemos nos livrar das paixões inferiores que nos prendem ao cárcere da carne, e ainda mais, nos educando, para alcançar o amor, conhecendo a verdade, tornando-nos livres.

Capítulo 42 - CONDESCENDÊNCIA
ESE Cap. X Item 16

A indulgência é uma virtude sublimada, capaz de harmonizar o coração, amparando a consciência contra as investidas do passado.
0 tempo que gastamos para verificar os defeitos alheios, devemos reservar para a observação dos nossos, passando a corrigi-los.
As leis espirituais nos fazem crer que a clemência deve ser permanente no ritmo da nossa vida.
Assim, estamos servindo a nós mesmos, e dando exemplos de vida recta, no respeito aos nossos companheiros.
Não podemos viver bem sem condescendência com os nossos irmãos em caminho, alistando-nos como ovelhas do Cristo, em plena comunhão com o Evangelho, a respirar o seu clima, para a vivência do amor e da caridade.
Quando a razão em Cristo nos pedir tolerância, ajuntemos nossas forças com a mais fértil brandura, para que o Mestre fique mais conhecido na sociedade, como Caminho, Verdade e Vida.
A indulgência não se ocupa com os actos dos outros; aplica todo o seu tempo no auto-aperfeiçoamento dos seus valores, mudando os seus impulsos inferiores em qualidades nobres, que correspondem à caridade, na conjuntura do bem que consegue aumentar a fé, activando a fraternidade.
A Doutrina Espírita nos faz esquecer as faltas alheias, e por isso nos ensina o perdão, procurando analisar a nossa própria vida.
0 homem indulgente é, pois, aquele que ama e que se mantém cheio de bondade cristã, sem anunciar algumas das suas virtudes que esforça para praticar, e vive no silêncio, onde os frutos são mais saborosos.
Convidamos os que estão na vida para experimentar este modo de proceder com os outros, sem ficar esperando que os outros anunciem a nossa educação para com eles.
Na pauta deste proceder pode entrar o perdão, o esquecimento total de todas as ofensas, também no silêncio, como um dever do Espírito elevado.
Para que sair falando de pequenos esforços conjugados no serviço do bem?
O mal já se encontra organizado na Terra; cabe a nós agora organizar o bem, e para cada criatura foi destinada por Deus, uma fracção de esforço para organizá-lo.
Comunguemos com o Evangelho, exercitemos a oração e nos firmemos na caridade, para que nasça em nós o amor, aquele ambiente que Jesus respira e distribui a todas as criaturas do planeta.
Indulgência é estado de perfeição da alma, que cala frente aos defeitos dos outros, e ama em todas as direcções, a tudo e a todos.
Aliemo-nos ao Cristo de Deus, enfrentando com coragem os que nos ofendem e caluniam, e ainda ofertemos a eles as nossas preces, com bondade e alegria.
Na observação dos textos da Boa Nova, sentimos que nem jesus quis julgar a mulher adúltera, sendo que tinha autoridade para tal; somente deu conselhos, dizendo:
“Vai e não peques mais”.
Eis o amor do Mestre, orientando o coração feminino, mostrando direcção para a vida recta!
O que devemos fazer se temos moral, é dar conselhos, para o alívio das criaturas.
No mais, é preciso eternizar na nossa mente a indulgência como fonte de luz, na luz da vida.

Capítulo 43 - MISERICÓRDIA
ESECap. X Item 17

Devemos ser indulgentes para com os nossos irmãos em estado de ignorância, porque a indulgência pede a mesma coisa para nós.
0 que semeamos, colhemos; o que damos, recebemos.
Se temos misericórdia para com os nossos companheiros, recebemos misericórdia de quantos encontramos nos caminhos.
É a consciência das leis espirituais que nos fazem respeitar os outros.
É do dever de cada um corrigir as faltas de si mesmos, sem se preocupar com os erros alheios; cada vida é um mundo que pertence a cada um.
Podemos ajudar aos outros pela força do exemplo, na subtilidade do próprio tempo.
Entendemos que misericórdia é amor, que veste na roupagem diferente, mas com os mesmos sinais de caridade, ali viam as criaturas nas duras provas da vida, nas frequentes lutas para melhorar.
Os Espíritos superiores falam muito em indulgência, porque eles são indulgentes para connosco; passam por nós servindo, por vezes em diálogos, vivendo os conceitos ensinados e vivenciados por Jesus; mais tarde, certamente faremos o mesmo.
O Evangelho Segundo o Espiritismo nos apresenta muitas mensagens no seu farto repositório de luz, em que muitos Espíritos falam sobre a indulgência, valorizando-a como uma das portas que mostra o amor de Deus, já vibrando no coração de quem a expressa.
Não devemos somente esquecer os ofensores; é preciso também nos lembrarmos daqueles por nós ofendidos; é o dever do cristão semear o amor e a caridade no lugar da violência, no lugar do orgulho e do egoísmo.
A vida da alma tem de se transformar em harmonia, harmonia em todos os sentimentos.
É desta forma que nasce a felicidade, e ser feliz é um estado d’alma difícil de ser explicado; somente os sentimentos podem dela dar notícias, no mundo interno.
Jesus veio à Terra mostrar os primeiros sinais da glória do Espírito, vivendo essa verdade, e deixando como herança o Evangelho, para que possamos dar início à nossa transformação, para a paz interna.
Bem-aventurados os misericordiosos, que receberão misericórdia: recebemos o que damos, esta é a lei divina.
Desta forma, activamos o interesse de crescera indulgência, de modo que ela se mude para o amor.
Em nossas preces, pedimos ao Senhor para perdoar as nossas ofensas, compreendendo a lei da justiça.
É o que devemos fazer todos os dias; sempre desculpar os algozes, porque eles não sabem o que fazem.
Quem ama, encontra amor; quem é benevolente, encontra benevolência; quem perdoa, é perdoado; quem dá, recebe dádiva; quem ilumina, só anda no meio das claridades.
Em toda a criação universal, as leis são iguais; as diferenças, quando existem, diante das leis, referem-se ao crescimento espiritual, caminho de todos os Espíritos, ordenado pela lei de justiça.
A indulgência nos mostra outras qualidades, que devemos despertar no nosso mundo interno, de que nós mesmos somos os beneficiados.
Colhemos o que plantamos.

Capítulo 44 - BRANDURA
ESE-Cap. X Item 18

O indulgente é, notadamente, brando nas suas conclusões, porque ele é tolerante para com o próximo; vê no seu irmão a sua continuação, por serem todos filhos de Deus, com os mesmos direitos e deveres; analisa seus companheiros no silêncio, sem exigir ostentação, tirando do que observar experiências para o seu comportamento.
Convém compreender que estamos na Terra buscando um aprendizado, notando que este planeta é de provas e expiações.
A Doutrina Espírita mostra à humanidade a sua rica literatura, com o fito de que as lições sejam aplicadas e que o homem se renove nas suas concepções sobre a vida, que tem leis para serem respeitadas e rotas para serem corrigidas.
A indulgência mostra a cada criatura que a correcção, em cada indivíduo, tem de ser feita por ele mesmo, porque é o único responsável pelos seus deslizes.
E o Espiritismo, força pulsante no clima da vida, dá-nos força para conquistar a educação e a disciplina na nossa vida.
Estamos na época de mudanças, tanto no que tange à Terra, como moradia nossa, quanto na estrutura dos nossos sentimentos, aprimorando-os.
O planeta se encontra cheio de missionários dando exemplos, e muitos deles o fazem em silêncio, de como crescer no equilíbrio, na fé e na esperança.
Quando nos dominamos, alimentamos no coração as virtudes e vamos nos livrando do apego a tudo e a todos, vivendo bem onde estivermos, amando a Deus em todas as coisas, de maneira a estabilizar a nossa vida, ligando-a à harmonia universal.
Quanto mais apego, quanto mais orgulho, quanto mais egoísmo, mais amontoamos inferioridades dentro da consciência, passando a viver em guerra constante.
E quando sentirmos o universo como a nossa casa, e Deus como único Pai, saberemos o que fazer da vida:
poderemos ir para qualquer lugar, sem a doença da saudade que faz sofrer, pois todos somos irmãos e estamos sempre com Deus!
O sofrimento vem do apego e do egoísmo, e nada disso deve existir, nos nossos caminhos.
Viver bem, em qualquer lugar, é sinal de que conhecemos a verdade, e nos tornamos livres, sendo indulgentes para com todos, amando a tudo.
Convém notar que as leis espirituais nos ensinam esse viver.
O apego traz distúrbios na intimidade e sofrimento nas sensibilidades; devemos, então, purificar tudo e todos os sentimentos, transformando-os em amor, para que não falte em nossos
passos a caridade bem conduzida, nos fazendo sentir a fraternidade universal.
O amor é força livre, na liberdade da vida.
Quando se ama verdadeiramente, não há apego, não nos prendemos às saudades, surgindo em nós pensamentos de desprendimento; somos, neste momento, doadores de tudo o que esteja ao nosso alcance.
É por isso que entendemos a força do amor, iluminando todas as virtudes, dando curso à verdade.
Do amor surge a brandura, do amor temos os sinais da caridade e do perdão.
Ele é a fonte de todos os valores espirituais, porque ele é Deus, sendo Jesus o padrão do amor de Deus na Terra.

Capítulo 45 - Repreensão
ESE-Cap. X Item 18

A repreensão ao nosso semelhante voltado para o mal deve ser feita com muita moderação e respeito, sem ferir a sensibilidade do companheiro que, por vezes, julga certo o que faz.
0 que repreende deve primeiro observar a sua conduta, para que não venha atirar pedras nos outros quando sua vida se encontra cheia de erros.
Para que a censura parta de nós, é de justiça que a nossa conduta seja perfeitamente cristã, de maneira que comungue com o Cristo, nas suas linhas de vida.
É muito difícil chamar a atenção dos que cometem erros, se fazemos o mesmo nos nossos actos diários.
Analisemos se poderemos suportar sem melindres, se os outros nos apontarem nossas faltas!
O melhor meio de ajudar aos outros, neste sentido, é trabalhar em silêncio pela força do exemplo, por ele vibrar na nossa intimidade como voz de Deus, chamando à correcção.
A autoridade que pode nos disciplinar nos desvios morais é somente uma Deus que tem vários recursos para tal, e do modo certo, por conhecer os fundamentos da vida que nos deu.
Mas os outros, mesmos os que já se encontram na frente evolutiva, é certo que podem e devem ajudar aos que se encontram na retaguarda; entretanto, não podem esquecer a ponderação, o respeito aos seus irmãos em provas e expiações, por eles não suportarem cargas mais pesadas do que as suas forças.
0 exemplo é a melhor maneira de conversar com todos, na faixa onde se expressa o silêncio.
Se alguém deseja divulgar o amor, renuncia ao verbo e fala com a vida.
Se tem interesse de anunciar o perdão, basta perdoar, sem tentar o anúncio.
Se anseia pela caridade, que faça o mesmo.
Assim deve proceder em todas as virtudes, porque Deus está vendo o que passa em secreto, e os seres humanos têm a capacidade de sentir no coração o que se passa em seu redor, registando e colhendo o melhor.
O ser humano sabe acautelar as coisas divinas, porque elas são eternas, e se cada criatura se esforçar na disciplina de si mesma, acaba se conscientizando de que o melhor meio é a expressão dos exemplos do bem, porque o que deseja falar que faz o bem, ainda que não o faça, está pensando em fazer.
Repreender os outros é trabalho do ignorante; adiante ele vai encontrar quem o faça com ele, e passará a meditar se isso tem valor, segundo o exemplo dos grandes homens, até conhecer Jesus, que é o maior em todos os sentidos em se referindo à humanidade.
O ser humano deve se agasalhar quando atirar pedras, julgando os actos alheios, porque também todos são humanos, sujeitos a faltas.
Ao avistar os defeitos alheios, tenha cuidado, porque eles podem ser reflexos dos seus, na vida dos outros; batalhe consigo mesmo, lute por dentro, para que possa conhecer a verdade e ficar livre dos laços da ignorância.
Tenha cuidado maior, quando sentir necessidade de repreender o seu irmão em caminho, pois pode ser que esteja bem pior que ele.

Capítulo 46 - IMPERFEIÇÕES
ESE Gap. X II Item 20

As informações dos outros podem nos ser muito úteis, dependendo do modo pelo qual são observadas por nós.
O anúncio sem interesse de melhora por nossa parte é que se transforma em maledicência, em orgulho, em desmerecimento do companheiro; é cegueira da nossa parte, vendo as faltas alheias, sem percebermos as nossas que estão, por vezes, em evidência.
0 Espiritismo que revive Jesus, nos traz uma mensagem de grande elevação neste sentido, nos despertando para vermos os nossos defeitos e corrigi-los, antes de observarmos os dos semelhantes.
Não é que não possamos estudar a conduta dos nossos irmãos; podemos, mas que seja em silêncio, sem que eles próprios saibam, e muito menos os outros.
Que o assunto fique somente connosco, tirando desse estudo lições, forças novas para nos corrigir e educar nossos sentimentos.
Se imperfeições não fossem úteis, Deus não consentiria que elas existissem na humanidade.
Entretanto, o Senhor deixa para nós o modo pelo qual devem ser observadas e sentidas, olhadas, na ponderação que nos empresta a indulgência, sem faltar o puro amor ao aprendiz para tal educação cristã.
Convém a todos nós, dos vários planos da vida, analisar tudo, tirando o que é bom para a nossa disciplina e elevação da vida.
Tudo depende da intenção daqueles que observam os defeitos dos outros.
A caridade deve ser o ambiente que envolve os sentimentos de quem a estuda; isto também não pode ser a postura permanente da alma.
O tempo maior deve ser gasto consigo mesmo, a escola maior é a do seu íntimo, é a da sua vida; as lutas que devem ser travadas são com as suas próprias imperfeições, corrigindo-as para a devida harmonia, ampliando as suas qualidades superiores para redução das anti virtudes, acendendo as luzes em seus próprios caminhos.
Que dizer dos que desejam e por vezes fazem publicar, fazendo espalhar o mal de outrem sem piedade?
É somente por maldade.
E se esse alguém anunciar os seus?
Qual será a sua reacção?
Mesmo que seja vítima desta maledicência, não faça o mesmo; ajude aos outros, por exemplo de vida recta, dando à humanidade mostras de rectidão, de honestidade, de amor e caridade, confiando na força do perdão, porque se convencer alguém que o mal não compensa, você já fez a sua tarefa.
Nos planos onde estagiamos no momento, o nosso maior empenho é educar e instruir, para depois buscarmos a ciência da vida, nas linhas da sequência da criação de Deus.
Mas para quem vive na Terra, a maior ciência de todos os tempos é o amor modulado na caridade, que nos ensinou Jesus.
Trabalhemos juntos para acabar com as nossas imperfeições, que as bênçãos de Deus virão por acréscimo de misericórdia, acumulando-se em nós, como sendo nossas conquistas.
A Terra vai mudar de posição, e isto está perto, de provas e expiações para mundo de regeneração; os homens que não desejarem acompanhar essas mudanças, serão expatriados para outros mundos, onde encontrarão duras experiências, por não terem aproveitado as oportunidades.
É o ranger de dentes do velho livro bíblico.
Ajuntemo-nos todos em torno de Cristo, para livrar a Terra de provações maiores. Façamos isto amando.

Capitulo 47 - O MAL DE OUTREM
ESE-Cap. X Item 21

O mal de outrem nos preocupa bastante.
Quando esse mal passa a prejudicar a colectividade, surge a ideia de se dizer ao seu autor que ele deve modificar sua conduta; no entanto, se a sua conduta somente a ele atinge, o nosso modo de ser também há de ser outro: segue-se o caminho
do exemplo, ajudando o irmão em silêncio, fazendo chegar às suas mãos um livro que pode despertar ideias de benevolência e de amor, convidando-o para uma palestra espírita, onde não há fala directamente para o maledicente, mas conceitos que levam a sua mente a pensar em mudanças.
Devemos dizer que o mal já se encontra organizado na Terra.
O Cristo apareceu nela para organizar o bem e, para isso, conta connosco, em toda a área de trabalho que Deus nos chamou a operar.
É muito fácil apontar defeitos dos nossos irmãos, sem nos lembrarmos de observar que estamos incorrendo nos mesmos erros.
A nossa lavoura está envolvida pelo mato, e tentamos limpar o plantio dos outros.
Corrigir pensamentos não é fácil; é trabalho de milénios, mas, se não começarmos, não conquistaremos o aprimoramento.
Devemos cultivar a indulgência, para nos sobrar tempo de cultivar o nosso ambiente interno, acendendo luzes em todos os pontos onde nascem os nossos sentimentos.
A nossa consciência se encontra aturdida pelas vidas sucessivas, e deve ser trabalhada para alcançar a tranquilidade, aliviando o fardo e suavizando o jugo.
Todo julgador tem em si muito assunto para os maledicentes.
Se se livrar das línguas ferinas, seja condescendente para com os outros; tenha caridade para com eles, e seja o perdão a sua conduta diante dos que o ferem.
Ajude sempre, a quem quer que seja, distribua alegria em todos os encontros e benevolência para com os erros alheios.
Se as imperfeições dos outros somente atingem a eles, fique em silêncio e ore por todos, que algum dia eles começarão a se inquietar com essa energia negativa, passando a corrigir suas acções maléficas.
Entretanto, se a sua conduta inquietar a outros, procure todos os meios de fazer o aviso chegar aos seus ouvidos, e melhor será sem eles perceberem, para que o mal seja diminuído; use a oração, que ela, bem sentida, tem um poder grandioso em todas as direcções, principal mente quando a prece viaja nas asas do amor.
Participemos das reuniões espíritas bem orientadas, por serem formas de caridade para todos os que desejam melhorar espiritualmente, porque o Espiritismo é luz que tem o poder de clarear os caminhos de todos os corações que buscam paz.
O que devemos fazer com todas as nossas forças é educá-las, mas educá-las sempre; seguindo esses passos, a instrução virá depois, nos alegrando os caminhos.

Capítulo 48 - O AMOR
ESSE Cap XI Item 8

0 amor é a fonte de todas as virtudes, é a mãe de luz, tendo Deus como Pai.
É a força divina por excelência, que nos dá alegria, li sendo o alimento dos Espíritos.
0 amor começa nas afinidades e faz uma viagem pelo progresso, crescendo cada vez mais na iluminação que a vida pode lhe oferecer.
A sua estrutura de energia é grandiosa, chegando ao ponto de o evangelista João dizer que Deus é amor, conceito divino que ficou conhecido no mundo inteiro, que todos respeitam.
Muitos procuram exercitar essa virtude, fazendo dele, como fenómeno, o factor de mudança de comportamento das criaturas.
Se você começa a pensar no amor, perde o poder de ferir; se o amor é o seu assunto de cada dia, não tem lugar na sua mente para o ódio; se o amor lhe interessa nas conversações, tem mais facilidade de liberar o perdão; buscando amizade com todas as criaturas, quando o amor é motivo de vida para a sua vida, a caridade desempenhará a vontade de Deus no seu coração.
O afecto, quando inicia sua vida na vida do homem, fica mais conhecido como alma boa, que entende e procura entender a Jesus.
' Na Terra, a única religião que podemos compreender como verdadeira é o amor; ele brilha em todas as nações, e nos empresta meios de elevação para a conquista dessa virtude singular.
Ele se aninha no coração das pessoas e se expressa como simpatia que agrada a todos, irradiando-se para todos os lados, mostrando no silêncio que existe a felicidade.
O amor domina todas as dimensões da vida, chegando até Deus.
Jesus se fez o Mestre dos mestres pelo amor, que Deus Lhe ensinou.
Os Espíritos somente se libertam quando conseguem conquistar o amor, pois no exercício dessa virtude a iluminação atinge a cidade íntima, fazendo com que a consciência se tranquilize, atingindo igualmente o coração, de maneira a desprender energias para os que nos procuram; e a doação é sem limites, ainda mais, sem exigências.
O amor é paz, porque dá nascimento à harmonia; a harmonia fertiliza o campo onde prospera a alegria, e essa ajuda na disseminação do perdão, que não se esquece da amizade*»
A Doutrina Espírita, se é Jesus voltando para a humanidade, pode-se dizer que é a afeição visitando as nações, para o engrandecimento da harmonia em todos os cantos da Terra.
E ainda, por impulso de Cristo, educa e instrui a todos, fazendo-o por amor.
Se você deseja crescer espiritualmente, dedique-se aos trabalhos que a Doutrina Espírita lhe indica, que todos eles o levarão ao amor.
Se você dá início ao amor, na dimensão que entende essa virtude, o Senhor o abençoe, para que ele cresça cada vez mais, chegando a sentir na intimidade a existência de Deus, reconhecendo que está sendo dirigido na sua vida por Jesus.

Capitulo 49 - CARIDADE
ESE-Cap.XI Item 9

A caridade é a companheira mais próxima do amor; uma se funde com o outro, trazendo frutos imensuráveis da presença de Deus, fazendo lembrar Jesus em todos os momentos, com o ambiente de paz permanente.
A religião que não manifesta a caridade não merece ser chamada de religião, porque as religiões fazem a humanidade entender que Deus é amor e se movimenta no despertamento de qualidades superiores na intimidade do homem, educando no sentido de também instruir.
0 religioso que não se entrega à benevolência se encontra perdido no mar da ignorância, sem entender as suas próprias necessidades de vida.
As filosofias religiosas são escolas espraiadas no mundo todo, para amansar as criaturas, fazendo com que elas entendam a bondade e passem a ser boas; são pois, instrumentos de Deus, na educação dos Seus filhos.
0 tempo que se gasta para compreender a verdade não podemos entender, porque a natureza humana desperta lentamente; é imensurável, pois a alma deve desabrochar fibras de luz e pontos energéticos na sua intimidade, para que possa surgir o conhecimento da verdade, ampliando entendimentos e buscando compreensão.
Com essa busca, vai desabrochando no coração a luz da caridade, filha legítima do amor.
A caridade nasce nos sentimentos que são exercitados todos os dias, em todos os rumos; não existem outros caminhos, a não ser aqueles traçados pelo Evangelho.
Estudemos a vida de Jesus, meditemos nela, passando a copiar o que suportarmos, que as mudanças da nossa vida irão se processando como por encanto, transformando os instintos em caridade e a caridade em luz, que se consubstancia em amor.
Quando começamos a pensar na beneficência, é a força da caridade, no treino do bem, em busca da melhora espiritual.
0 que falar mos sempre é que devemos amar a Deus em todas as coisas, porque a natureza, pelas vias da justiça, nos responderá, pelas afinidades das nossas intenções, porque é dando que recebemos.
Seja indulgente na sua casa, nos seus trabalhos, na sua vida, pois indulgência é caridade que nos ajuda na libertação.
A Doutrina Espírita veio dar condições de interpretação às colocações de Jesus para Nicodemos.
A reencarnação nos fala que não existe injustiça nos acontecimentos, por termos tantas vidas quantas necessárias; ela é purificadora das almas, e pelo entendimento das vidas sucessivas é que entendemos a justiça de Deus através de Suas leis.
Reencarnação significa amor; os sofrimentos que muitas vezes parecem ser injustos, não o são; representam justiça, oportunidade de limpeza cármica, para grandeza da vida.
Tudo tem uma razão de ser, diz “O Livro dos Espíritos”, e nada se faz sem a permissão de Deus.
A nossa paciência, a nossa humildade, a nossa compreensão em todas as coisas nos dão tranquilidade na vida e esperança no decorrer da existência.
Fazer caridade é nosso dever para com os outros, fazer a nós mesmos é amar a coisa mais sublime que Deus nos deu: a vida.

Capítulo 50 - ENERGIA DO AMOR
ESE-Cap. XI Item 10

Encontramos no amor uma energia diferente, uma bênção sublimada, capaz de alimentar os Espíritos nas lutas pela vida.
Quem chegar no ponto onde o amor é o seu ideal e constitui a energia do seu repasto, o seu viver passará a sentir o ambiente da felicidade, de modo que sentirá na sua intimidade, na sua consciência o reino de Deus e Jesus no coração.
O Cristo legou a Sua vida em favor da humanidade, e ainda mais, sabendo que os homens precisariam da Sua presença permanentemente, inspirou aos discípulos a escreverem o Evangelho, representando indirectamente a Sua estadia na Terra; mas, sabendo que com o tempo Ele iria ser solicitado com mais reforço, prometeu um outro consolador, para ficar connosco eternamente.
Em qual modalidade iria se expressar o Cristo de novo junto aos homens?
Só poderia ser por uma doutrina, como o Espiritismo, lembrando a Sua vida e acrescentando outros conceitos de vida, sem sair das linhas do Evangelho, mostrando claramente que ninguém morre, e que a vida continua sempre na criação infinita.
E mesmo em Seu tempo na Terra, deu provas irrecusáveis da continuidade da vida depois do túmulo, a partir do terceiro dia de Seu sacrifício, aparecendo muitas vezes, reforçando o que Ele tinha dito às massas e aos Seus discípulos, mostrando a fé e a esperança nas palavras do Divino Mestre.
Jesus nos mostrou a força do amor; levantou os caldos, curou os enfermos, estimulou a esperança nos desesperados e acordou aqueles cujos sentidos a morte entorpecera.
Esse foi o fenómeno do amor que Ele tinha em abundância no coração.
Tudo isso e muito mais pode você fazer pelo amor puro, energia divina que circula na criação, oriunda de Deus, com possibilidade de ser colhida pelos Espíritos puros, e seus sentimentos mostram essa pureza, no exercício da caridade perfeita, no perdão com pureza de alma, e daquela fraternidade que ilumina as sensibilidades espirituais.
Trabalhemos na aquisição do amor, não importa o tempo que gastemos; havemos de começar despertando todos os nossos valores, na cidade do nosso mundo interno; só quem nunca amou não sabe a sublimidade do amor.
Experimentemos e veremos que o crescimento dessa virtude em nossos caminhos será a alegria na vida e felicidade no coração.
Relembremos o que disse o apóstolo do amor:
“Meus irmãos, amem muito, amem os seus irmãos em caminho.
Comecem pelas diversas virtudes que conhecem e prossigam na sua vivência até chegar às raias do amor, onde a vida cresce imantada de paz na consciência, porque o amor é a presença de Deus dentro de nós.“
Amar no sentido profundo do termo é viver todas as qualidades de que nos dá notícia o Evangelho, para educação e disciplina do homem.
Quem ama não se fere com a ignorância dos outros.
Quem ama não julga ninguém, abençoa.
Quem ama não deixa seu irmão em dificuldades; antes, o ajuda.
Quem ama não esquece a oração em favor dos que sofrem.
Quem ama não escolhe a quem deve amar, tendo a humanidade como sua família.
Quem ama reparte o seu pão com o faminto.
Quem ama conforta a todos, pela caridade que possa fazer.
Quem ama desculpa todas as contradições.
Quem ama conserva sua tranquilidade na consciência.
Quem ama perdoa todas as maledicências que vêm para si.
Quem ama trabalha em favor do bem comum.
Quem ama conserva um sorriso para todas as criaturas.
Quem ama respeita a tudo, na sua dimensão de vida.
Quem ama conserva esse amor em todas as suas células, como sendo a irradiação do pensamento de Deus no seu ser, falando do Seu filho maior, Jesus.
Porque o amor é a energia que parte de Deus alimentando a todos e a tudo, na maior explosão de luz até então conhecida.

Capítulo 51 - AMOR PRÓPRIO
ESSE Cap XI item 11

O egoísmo é uma enfermidade que se enraíza nos sentimentos humanos, que gera inferioridades inúmeras, capazes de desviar a criatura para caminhos em que sofre o coração.
As armas da sociedade devem ser exercitadas no sentido de eliminar o orgulho, que toma essa feição; no entanto, é o mesmo egoísmo, vestindo nova roupagem, ao ficar como parceiro do homem.
Dessas duas chagas é que nascem variadas invirtudes, que contribuem para a infelicidade do ser humano, e só o amor é capaz de cicatrizá-las, porque o amor é harmonia, tranquilizando assim todos os corpos, em todas as dimensões e abrindo caminhos para a tranquilidade da alma.
Devemos avaliar todos os dias o nosso comportamento; encontrando alguém que dá notícia do egoísmo, trabalhemos na sua eliminação.
Cada gota de luz acesa no coração é força na alma para conhecimento de si mesmo, a se expressar como discípulo de Jesus.
O Cristo foi aquele sol espantando as sombras das imperfeições.
Subindo aos planos resplandecentes, deixou como herança a Boa Nova, como sendo Ele mesmo, convidando os homens para as mudanças de vida.
Quantos já se salvaram das tempestades do erro com o toque do Mestre no entendimento?
E eles estão de novo na Terra pelas bênçãos da reencarnação, dando continuidade aos seus trabalhos já começados na pauta do aprimoramento espiritual.
Quando nos esforçamos para melhorar, e se nos achamos bem, adiante temos de apreciar com mais profundidade a nós mesmos, porque o orgulho e o egoísmo, mestres das imperfeições, se escondem de tal forma que somente a razão aliada com amor pode descobri-los; são lobos que se vestem de ovelhas, para não serem reconhecidos.
É por isso que o Evangelho Segundo o Espiritismo nos informa que fora da caridade não há salvação; empenhando-nos na benevolência, estaremos combatendo, no silêncio, estes dois monstros da sociedade.
Se Deus é amor, e se somos filhos desse amor, por que o egoísmo e o orgulho?
A criação é uma casa grande, e a humanidade compõe a família universal.
Somente o amor deve ser o ambiente desta residência universal.
Os Espíritos superiores ordenados por Deus, são Seus filhos mais velhos que voltaram e estão voltando, depois da chamada morte, pelo fenómeno da mediunidade, para dizer com toda a segurança que ninguém morre, pela sua própria presença, e que a reencarnação é lei imutável, que se expressa em todos os mundos como verdade, como lei natural.
Eliminemos o egoísmo, para que a lei de afinidade cresça nas sociedades, uns ajudando aos outros, no afã de instalar o amor nos corações e a caridade libertar a todos do amor-próprio,
ensaiando em todos os momentos o perdão, no sentido da sua posição diante daqueles que nos ofendem e caluniam; isto, se de facto estamos esquecendo as ofensas e amando os semelhantes.
0 dia em que se registar que se instalou a felicidade na Terra, a humanidade terá enterrado os dois personagens indesejados: o orgulho e o egoísmo.

§.§.§- Ave sem Ninho