LUZ ESPÍRITA
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Os Anjos de Felipe - JÚLIO / Anita Godoy

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Os Anjos de Felipe - JÚLIO / Anita Godoy Empty Os Anjos de Felipe - JÚLIO / Anita Godoy

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 02, 2013 9:33 pm

Os Anjos de Felipe
Anita Godoy

Romance mediúnico pelo espírito JÚLIO

- Meninos, já passam das nove e meia, vamos dormir porque é tarde.- vovó Ana chamava as crianças para deitar.
- Ah, não! Ainda é cedo e eu quero ver este filme, deixa eu faltar amanhã mãe. - dizia Guilherme, o filho mais velho que tinha sete anos.

- O que é isto filho, preguiça com esta idade?
Tenha dó, vamos logo, vamos dormir para acordar cedo, que amanhã é sexta-feira, e vocês terão depois a tarde toda, o sábado e o domingo para verem os filmes que quiserem e descansarem à vontade.
- Mas acontece que o filme que eu quero ver vai passar hoje e não amanhã - resmungava Guilherme.

Marcela, uma linda menina de sete anos, cabelos dourados e pele muito branquinha é a primeira a levantar-se e obedecer a avó.

- Vovó, você me conta uma estória? - pedia Felipe, o caçula de cinco anos de idade.
- É claro que conto, e vamos rezar todos juntos também.

Dona Ana, mulher muito religiosa, vivia com a filha Mariza, e muito a auxiliava na educação das crianças.
Pode-se mesmo dizer que todos os princípios religiosos que os pequenos receberam na infância vieram da avó, que carinhosamente lhes transmitia através de lindas estórias infantis, a vida de pessoas piedosas e que souberam bem viver e bem amar a humanidade, transmitia-lhes noções do bem e do mal, do certo e do errado, da luz e das trevas, das leis de acção e reacção, sempre através de palavras simples, que as crianças pudessem compreender.

Levando-as para a cama, a primeira coisa que fez foi pedir que todos parassem um pouquinho com as agitações, próprias da idade, e fizessem juntos a oração do Santo Anjo que diz:
Santo Anjo do Senhor,
Meu zeloso guardador,
Se a ti me confiou a piedade Divina,
Sempre me rege, guarde, ilumine, Amém.

- Vovó, os anjos existem mesmo?- perguntava Marcela.
- Claro que existem querida, eles são espíritos muito iluminados, que estão sempre prontos para nos proteger, ajudar e amparar.
É por isso que todos os dias precisamos rezar pedindo a protecção deles.

- Quem são os anjos? - perguntava Felipe.
- Os anjos meus filhos, são almas iluminadas que têm como único objectivo auxiliar as pessoas em tudo que elas precisam e a terem mais fé em Deus e mais confiança em si próprias.
O anjo-da-guarda é um grande amigo que nós temos do outro lado da vida, um amigo para o qual podemos sempre rezar e pedir sua protecção e ajuda para tudo que necessitarmos.

- Vovó, todos nós temos um anjo-da-guarda?
- Claro Marcela, cada um de nós tem seu anjo da guarda.
- Eu queria tanto ver o meu anjo-da-guarda! - dizia Felipe pensativo.

- Peça isso a ele e seja sempre um bom menino, que com toda a certeza um dia ele vai aparecer para você.
Bem, vamos dormir porque amanhã precisamos levantar bem dispostos e alegres.
Boa noite para todos vocês.

- Boa noite vovó. - responderam os três.
Estes diálogos eram constantes, e se repetiam todas as noites, quase que sempre da mesma forma.
As crianças sempre curiosas e desejosas de conhecer cada vez mais sobre o mundo espiritual, e a vovó sempre disposta a lhes incutir ideias da sobrevivência da alma, e da ajuda que sempre podemos esperar do mundo dos espíritos.

Vovó Ana era a alma daquela casa, sempre carinhosa e amiga sabia entender muito bem a cada um em particular, e procurava criar um ambiente gostoso para todos, dando uma "mãozinha" nas horas mais complicadas, para "salvar" as crianças nos momentos urgentes das travessuras e do natural nervosismo dos pais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 02, 2013 9:33 pm

O dia amanheceu normal, tranquilo, com cada uma das pessoas preocupadas em cumprir suas obrigações.
Mamãe Mariza preocupava-se em auxiliar as crianças a se prepararem para a escola, enquanto vovó Ana arrumava o café da manhã.
Saíam todos sempre correndo e um pouco atrasados, a contragosto da avó, que achava que deveriam sair com folga de horário, para que não se irritassem e perdessem o equilíbrio para o resto do dia.

Mariza ficava sempre com o carro, deixava as crianças na escola, o marido no escritório e seguia para levar às suas clientes seus produtos para vender( roupas, bijuterias etc.).
Voltavam todos na hora do almoço, onde vovó Ana os esperava sempre muito feliz, por ver o retorno da sua família tão querida, e com um delicioso almoço prontinho.

Na hora do almoço, cada criança disputava para contar todas as novidades que tinham acontecido, as travessuras e brincadeiras de sala, e todas aquelas coisas tão simples que faziam a alegria daquela família.
Pela tarde Mariza voltava às suas actividades normais, buscando resolver os problemas do dia-a-dia de sua família, enquanto a casa e as crianças ficavam sempre entregues aos cuidados da avó.

No sábado, vovó Ana sempre ia ao centro espírita que frequentava, pois era a responsável pela distribuição de cestas às famílias carentes, material que era recolhido pela mocidade daquela casa, e depois distribuído aos sábados, e vovó convidou, como sempre, as crianças, para acompanhá-la e assistirem à evangelização.

- Obaaaaaaaaa! Eu vou. - gritou Felipe, correndo para tomar seu banho, e se aprontar para uma das actividades que ele mais gostava;
Marcela também sempre acompanhava a avó.
Guilherme raramente ia, preferia acompanhar o pai nos jogos de futebol.

E, como acontecia todos os sábados à tarde, lá ia vovó Ana, feliz da vida, com seus netos, para cumprir uma das obrigações que ela considerava das mais sagradas na sua vida:
levar um pouco de alívio àquelas pessoas tão necessitadas de tudo.
E na sua bondade, ela tinha sempre uma palavra amiga, de conforto, de esperança, de ajuda para todos, preocupando-se com os problemas particulares de cada um, e auxiliando-os sempre em tudo que estivesse ao seu alcance.

Neste dia, quando voltavam para casa, Felipe se apressou em contar à avó:
- Vovó, a senhora não imagina o que eu vi hoje na hora da evangelização!
- O que você viu, meu filho?
- Enquanto a tia Viviane fazia a oração para nós encerrarmos os estudos, eu vi um lindo anjo dourado pertinho dela.

- Mentira, disse Marcela, cortando a conversa do garoto.
Não dá confiança pra ele não vó, isso é só para chamar a sua atenção.
- Não é não, eu vi mesmo, enquanto a tia Viviane falava, o anjo dourado estava pertinho dela, e com a mão em cima da cabeça dela, depois ele desapareceu.

- Mentira, este menino só sabe inventar coisas para fazer sucesso.- retrucava Marcela.
- Não é mentira não, só porque você não viu, você acha que eu também não vi?
No próximo sábado, quando ele aparecer de novo eu vou te mostrar sua bobona, e você vai ver que eu falei a verdade.

- Calma meninos, não vamos brigar agora, nós viemos de um ambiente de oração e de fé, e devemos sair de lá conservando dentro de nós esta paz bonita que conseguimos em contacto com os mentores de luz.
Se o Felipe diz que viu é porque certamente ele deve ter visto mesmo, nós não podemos duvidar, e pode ser que da próxima vez você também verá este lindo anjo, Marcela.

- A senhora acredita mesmo no que ele está falando vovó?
- Claro que acredito Marcela, muitas pessoas vêem os espíritos, e eu acredito que enquanto a tia Viviane rezava, e mesmo enquanto ela dava aula para vocês, deveria ter realmente um espírito muito iluminado ao lado dela, inspirando sua mente e auxiliando-a a falar da melhor forma possível para que suas palavras pudessem atingir o coração das crianças.

- Viu só sua boba? - retrucava Felipe, com a aprovação da avó.
Eu vi sim, e ele era muito bonito e brilhante.
Eu verei ele de novo, você vai ver.

E assim, entre risadas e brincadeiras, chegaram em casa.
O senhor António e Mariza não se importavam muito em ir ao centro ou em estudar algo à respeito de qualquer religião que fosse, mas jamais impediram que a vovó Ana levasse as crianças ao centro, ou transmitisse a elas seus ensinamentos da doutrina.
De certa forma ficavam até aliviados com esta atitude que os liberava de qualquer peso que por ventura pudessem ter na consciência com relação ao aspecto religioso que deveria ser dado aos filhos, e, para o qual, eles não tinham tempo.

Eram pessoas boas, honestas, trabalhadoras, mas muito ocupadas com seu dia-a-dia para se preocuparem com estas "coisas de igreja".
Fora do trabalho, tinham sempre muitas programações sociais com grupos de amigos que sempre inventavam mil actividades para se distraírem, viajarem, passearem, etc... e assim a vida passava para aquela família.

Todos sabemos, que a maior parte das crianças possuem uma sensibilidade especial para "ver" ou "perceber" a presença dos espíritos junto de nós.
Acredito que devemos escutar mais e dar maior atenção quando nossos filhos ou alguma criança nos diz ter percebido ou visto alguma entidade espiritual.
Felipe, com certeza, era uma destas crianças.
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[b II[/b]

Suas vidas seguiam normais, como entre todas as famílias.
Certo dia, vovó Ana resolveu visitar dona Adelaide, a avó da Taísa e do Giovani, cujas famílias eram amigas há muito tempo.

- Deixa eu ir com você vovó? - perguntava Felipe que vivia grudado na avó.
- Não sei se devo levá-lo lá, meu filho.
A vovó Adelaide está muito doente, e não creio que seja um passeio que possa te interessar muito.
- Deixa eu ir, vó - retrucava o menino -, eu gosto tanto dela, assim eu ajudo a senhora a rezar para que ela melhore.

E lá se foram os dois, visitar a amiga.

- Vó, porque você sempre acha uma porção de doentes para visitar? - perguntava o garoto.
- Sabe, meu filho, é muito difícil para qualquer pessoa quando se está doente.
Você mesmo já teve febre, indisposição, precisando ficar na cama. Não teve?

- Já tive sim vó, lembra quando eu tive sarampo?
Eu precisei ficar de cama, meu corpo doía, minha cabeça doía, eu não queria nem brincar.

- Isso mesmo meu filho.
Você achava bom ou ruim ver que eu estava sempre a seu lado, sua mãe, seu pai, seus irmãos, e muitas vezes alguns amiguinhos que vinham te visitar?
- Era muito bom vovó, já pensou que coisa chata, estar de cama, sem aguentar sair e não ter ninguém para conversar?

- Então, é por este motivo mesmo que eu gosto de visitar os doentes, para fazer-lhes companhia, conversar um pouquinho alegrando as horas deles, e principalmente fazermos uma prece juntos, pedindo a Jesus que alivie aquele sofrimento.
Se cada pessoa dedicasse pelo menos uma hora por semana das suas vidas para visitar uma pessoa doente, fosse ela sua conhecida ou não, acho que não teríamos hospitais lotados de pacientes desanimados da vida e sem forças para lutar por viver.

- A senhora acha que a gente deve visitar até os doentes que a gente não conhece vó?
- É claro, meu filho, você não vê que todas as quartas feiras a vovó sai no final da tarde para ir ao hospital?
É para visitar um pouco os doentes que não conheço.
Sabe, Felipe, não é porque uma pessoa não é parente nossa, nem sequer nossa amiga, que não mereça nosso carinho e nossa ajuda.
Lá no hospital existem muitas pessoas que são abandonadas pelas próprias famílias nos momentos mais difíceis da vida, necessitando muito do amparo e protecção de todos nós.

- Vó, da próxima vez você me leva no hospital também?
- Lá não posso te levar, Felipe, crianças não podem entrar nos hospitais, só se estiverem doentes, e isto você não vai querer não é mesmo?
Além do mais, eu não vou sozinha ao hospital, a Ana Flávia, mãe da Amanda e do Pedro Marcelo, e a Adriana mãe da Laura, sempre me acompanham.

- Mas porque eu não posso entrar?
- Porque nos hospitais existem muitas doenças, e muito risco de contaminar as pessoas, e as crianças podem adoecer com mais facilidade.

- Então eu não quero ir no hospital com você vó, eu não quero pegar doença.
Chegaram os dois na casa da senhora Adelaide, uma velhinha simpática, de lindos cabelos brancos, que no momento estava sozinha em casa.
Adelaide estava no quarto, e como era costume de todos que conheciam seus hábitos, já entravam pelo portãozinho lateral que estava sempre aberto.

- Ó de casa, to entrando. - Dona Ana já se fazia anunciar desde o portão, para mostrar que vinha entrando e que era conhecida.
- Entra. - responde uma voz fraquinha de dentro da casa

- Oi minha amiga, como vai?
- Como Deus quer, vou levando.
- Onde está o Gustavo?

- Foi na padaria, está na hora de sair o pão de queijo que a gente tanto gosta, e ele vai sempre neste horário para pegar o pão quente, chega e faz o café para nós dois.
- E você Felipe, veio visitar a vovó hoje?- pergunta dona Adelaide, feliz com a presença do garoto em sua casa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 02, 2013 9:34 pm

Meio tímido, meio sem jeito, o menino só concorda com a cabeça, procurando se esconder atrás da avó.
- Quando ele soube que eu vinha te visitar ficou doidinho para te ver também.
Diz ele que queria vir para nos ajudar e rezar para você sarar.
Não foi isto mesmo, Felipe?

O menino mais envergonhado ainda esconde-se mais.
- Sentem-se, acomodem-se como puderem.
- Fique tranquila, você sabe que aqui eu me sinto em casa não é?
- Me conte as novidades, como está a Mariza, o António, as crianças?

E assim ficaram as duas amigas conversando até que o senhor Gustavo, marido de Adelaide chegasse com os pães quentes.
Ele ficou muito feliz em ver as visitas, e já se preparava para sair e fazer o café quando dona Ana se prontificou:

- Deixa que eu faço o café, afinal de contas, vocês nunca deixam que eu ajude em nada!

- Só de você vir nos visitar já é uma grande ajuda.
No resto a gente se vira.
O bom mesmo nesta vida é saber que temos amigos sinceros que gostam de nós.

Na hora da doença é que vemos bem isto tudo, porque quando está tudo bem, em festa, é fácil termos muitas pessoas do nosso lado, mas quando se fica velho ou doente, ninguém quer saber da gente.
Agora você imagina ficar velho e doente ao mesmo tempo, aí sim que somos abandonados mesmo.

- Não diga isto Gustavo, a vida é boa demais, e nós devemos agradecer sempre a Deus por tudo - dizia dona Ana, procurando tirar aquela mania de reclamar e ver problema em tudo que o senhor Gustavo estava demonstrando.
Mas como ele estava mais acostumado a reclamar do que ver coisas boas, continuou:

- Mas velhice não é bom para ninguém não Ana, olhe você mesma, está viúva, tem de morar de favor na casa da filha, e por isso ainda tem que trabalhar sem parar, que nem burro de carga, fazendo tudo que era obrigação dela, numa época em que você teria todo o direito de descansar.

- Pelo amor de Deus, Gustavo, isto que você está dizendo não acontece.
Eu sou muito feliz, o que eu faço é de coração, meus filhos e netos precisam de mim e eu faço tudo com o maior prazer, me sinto útil, produtiva, e sou muito feliz.
Acho que para você está faltando um pouco mais de fé em Deus, um pouco mais de gratidão por tudo que a vida já te ofereceu, e um pouquinho de religião, não é mesmo?

Dona Adelaide, da cama, entra na conversa dizendo:
- Eu sempre digo isto a ele, mas ele é cabeça dura, gosta mesmo é de reclamar, como se as reclamações fossem resolver nossos problemas.
- A Adelaide tem razão Gustavo, quando colocamos a tristeza, o pessimismo e a reclamação nas nossas vidas, tudo fica pior, tudo atrapalha.

- Atrapalha nada, só por que eu falo o que penso vocês acham que as coisas vão piorar?
Vão nada. Pior do que está não pode ficar.

Vendo que o amigo começava a ficar alterado, dona Ana resolve encerrar o assunto, para não piorar mais a situação.

Gustavo era este tipo de pessoa que havia cristalizado sua mente no passado, na juventude, e não soubera acompanhar mentalmente o mesmo processo do corpo com o passar da vida.
Não tendo nunca se dedicado aos verdadeiros valores como a fé, a espiritualidade, a crença, não via hoje sentido em nada, porque durante toda a sua vida havia se dedicado sempre aos prazeres do momento, da mocidade, da juventude.
Hoje, sem ter colocado na alma os verdadeiros valores, não conseguia encontrar alegria em nada, não conseguia encontrar Deus dentro dele.

- O cafezinho está pronto, e o pão está uma delícia, vamos ter um lanche e tanto.
O tempo passava rápido para aquelas pessoas que se estimavam de verdade.

Felipe, do seu canto, só observava.
Como toda criança de cinco anos, observava tudo e todos, procurando analisar dentro da sua cabecinha todas as atitudes que via.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 02, 2013 9:34 pm

Antes de ir embora, dona Ana pede para fazer uma prece pela amiga.
Em primeiro lugar ela pede à Jesus e aos bons amigos espirituais que os auxiliassem naquela hora, abre o evangelho segundo o Espiritismo, e lê um trecho que diz :
BEM AVENTURADOS AQUELES QUE SÃO MISERICORDIOSOS

Perdoai para que Deus vos Perdoe
Bem Aventurados aqueles que são misericordiosos, porque eles próprios obterão misericórdia.
(S. Mateus, cap. V v. 7).
Se perdoardes aos homens as faltas que eles fazem contra vós, vosso Pai celestial vos perdoará também vossos pecados, mas se não perdoardes aos homens quando eles vos ofendem, vosso Pai, também, não vos perdoará os pecados. ( idem, cap. VI, v. 14,15).

Se vosso inimigo pecou contra vós, ide lhe exibir sua falta em particular, entre vós e ele; se ele vos escuta, tereis ganho o vosso irmão.
Então Pedro se aproximando,
lhe disse:
Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão, quando ele houver pecado contra mim?
Será até sete vezes?

Jesus lhe respondeu:
Eu não vos digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.
(idem cap. XVIII, v. 15,21,22).

A misericórdia é complemento da doçura, porque aquele que não é misericordioso não saberia ser brando e pacífico; ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas.

O ódio e o rancor denotam uma alma sem elevação, sem grandeza; o esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que está acima dos insultos que se lhe pode dirigir; uma é sempre ansiosa, de uma susceptibilidade desconfiada e cheia de fel; a outra é calma, cheia de mansuetude e de caridade.

Ai daquele que diz: Eu nunca perdoarei, porque se não for condenado pelos homens, sê-lo-á certamente por Deus;
com que direito reclamará o perdão das suas próprias faltas se ele mesmo não perdoa a dos outros?
Jesus nos ensina que a misericórdia não deve ter limites, quando diz para perdoar ao seu irmão não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.

Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar;
uma grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem segunda intenção, que poupa com delicadeza o amor próprio e a susceptibilidade do adversário, tivesse mesmo este último toda a culpa.

A segunda, pelo qual o ofendido, ou aquele que acredita sê-lo, impõe ao outro condições humilhantes, e faz sentir o peso de um perdão que irrita, em lugar de acalmar;
se estende a mão, não é com benevolência, mas com ostentação, a fim de poder dizer a todo mundo:
Vede quanto sou generoso!

Em tais circunstâncias, é impossível que a reconciliação seja sincera de parte a parte.
Não, nisso não há generosidade, mas um modo de satisfazer o orgulho.
Em toda contenda, aquele que se mostre mais conciliador, que prove mais desinteresse, caridade e verdadeira grandeza d'alma, conquistará sempre a simpatia das pessoas imparciais.

Ao encerrar, pede a protecção do Dr. Bezerra de Menezes, para que auxilie na recuperação da amiga.

Mestre amado Jesus Cristo, espíritos amigos que sempre nos sustentam nos momentos de provas e expiações que todos passamos nestas jornadas terrenas, pedimos neste instante a protecção infinita de todos os mentores espirituais que se dedicam aos trabalhos de cura e restabelecimento do equilíbrio físico de todos nós, na certeza de que seremos atendidos.

Temos a certeza da protecção do grande doutor Bezerra de Menezes, para que esteja junto da nossa querida amiga nesta hora, e com a permissão de Jesus, possa intervir com os medicamentos espirituais , muito melhor do que os que aqui temos senhor, pois só assim temos a certeza do pronto restabelecimento do corpo material da nossa querida Adelaide.

Na certeza da protecção de todos vocês encerramos nossa oração de hoje, com a prece que Jesus nos ensinou:
Pai nosso que estais no céu " - e todos terminaram a prece juntos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 02, 2013 9:34 pm

- Cada vez mais minha amiga, eu vejo que o evangelho segundo o espiritismo é o melhor e maior livro que podemos e devemos ter.
Sempre encontramos as melhores lições.
Hoje mesmo, quer lição mais linda do que esta?

Aliás eu acho que este foi o maior ensinamento que Jesus veio trazer para nós, o perdão das ofensas, porque sem isto não conseguiremos nada, nesta vida e nem no mundo espiritual.

Se não aprendermos a perdoar, estaremos ainda na época de Moisés que dizia que a lei era "olho por olho e dente por dente."
Deus me livre de continuarmos com os nossos espíritos estacionados em época tão bárbara.- comentava dona Adelaide.

- É isto mesmo minha amiga, o melhor é seguirmos os preceitos do meigo rabi da galileia.
- dizendo isto dona Ana despede-se e sai com Felipe.

Já na rua, o menino vira-se para a avó e diz simplesmente:
- Vovó, você pode ficar sossegada, porque a vovó Adelaide vai sarar, viu?
- Porque você está dizendo isto meu filho?
- É porque eu vi um lindo anjo do lado dela, e ele tirava uma coisa escura de dentro do peito dela, e eu sei que agora ela vai sarar.

Já fazia muito tempo que Felipe não dizia nada destas coisas, desde há muito tempo atrás (naquele dia de evangelização), mais de um ano havia se passado, e agora, sem mais nem menos, ele sai com esta.

Dona Ana, desejando realmente que o menino estivesse certo no que havia dito, simplesmente diz:
- Deus te ouça, meu filho, Deus te ouça.
E o garoto, com toda a simplicidade da sua idade, simplesmente diz:
- Ela vai sarar logo, logo.

Os afazeres de casa, não permitiram à dona Ana lembrar-se deste facto, mas no dia seguinte, quando liga o telefone para saber como a amiga estava, fica surpresa ao ver que quem atende o aparelho era ela mesma, e não o seu marido, como acontecia todos os dias.
- Alô, Adelaide, que bom falar com você minha amiga!
Como está passando?

- Graças a Deus, muito bem, Ana.
Desde ontem, após o passe que você me deu, eu tenho me sentido muito bem, mais disposta, e sem aquele peso no peito que eu sentia.

Neste instante dona Ana lembrou-se imediatamente da conversa do Felipe, e entre surpresa com a mediunidade que com certeza já estava se manifestando tão bonita no seu neto, e a alegria de ver a amiga melhor de saúde, simplesmente diz:
- É a bondade de Deus, minha amiga, que não nos desampara jamais.
Vamos agradecer a Jesus pela sua recuperação, e pedir a ele que fortifique seu corpo cada vez mais, para que você possa aproveitar muita coisa boa que a vida tem para nos oferecer.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 02, 2013 9:34 pm

III

E a vida continuava normal, sem grandes alterações, a não ser os pequenos problemas do dia-a-dia.
E Felipe crescia, ao lado de seus irmãos, dos seus pais que muito o estimavam, e principalmente junto da firmeza de vovó Ana, que prudentemente, nunca fez nenhum alarde das manifestações de fé e de fácil contacto com a espiritualidade que seu neto mais novo manifestava.

Ela procurava orientá-lo sempre, transmitindo-lhe grandes ensinamentos da doutrina de Allan Kardec, mas sempre com palavras simples que ele pudesse assimilar, e assim, o tempo passava.
Felipe já estava com sete anos de idade, e a família vinha enfrentando sérios problemas financeiros, pois o escritório imobiliário do pai de Felipe, passava por uma crise muito séria, junto com todo o país.

Numa noite, em que estavam todos reunidos, fazendo o Evangelho no Lar, costume este que vovó Ana havia conseguido imprimir naquela casa, depois da leitura do evangelho e da prece de encerramento, em que dona Mariza pediu a ajuda dos mentores espirituais para o problema maior que era o sector financeiro, Felipe diz:
- Pai, perto do senhor tem um anjo muito bonito, da cor azul, pedindo que o senhor não desanime, que o senhor tenha coragem e lute, porque aos poucos o senhor vai vencer todas as suas dificuldades.
Ele está dizendo que pior do que a crise que o senhor está passando, é o seu desânimo, é a sua falta de vontade de lutar, e que isto não pode ficar assim, porque senão o senhor não vai conseguir nada.
Ele pede para o senhor ter mais coragem, que com luta o senhor vence, e diz também que muitas coisas precisam ser modificadas no seu trabalho, melhor empregadas.

Todos olharam espantados para o menino.
- Ih! Lá vem ele com estas bobagens. - diz o Juninho.
Agora de vez em quando ele inventa este tipo de asneiras.

Vovó Ana interviu dizendo:
- Eu acho que nós devemos dar crédito ao que ele diz sim, os nossos amigos espirituais podem estar usando a mediunidade do Felipe para passar este bonito conselho ao seu pai.
Pensem bem, ele tem apenas sete anos, não sabe nada dos negócios.
Da cabecinha dele, jamais sairiam estas palavras tão bonitas, acho que devemos agradecer a Deus a bênção deste conselho.

E se eu fosse você, meu filho - vovó Ana dizia virando-se para o chefe da família -, eu seguiria este conselho.

Entre a risada dos irmãos e o estado de espanto dos pais, vovó Ana conseguiu sabiamente contemporizar e fazer com que o senhor António pensasse naquilo e procurasse seguir os conselhos.

Os dias foram passando, e o senhor António não conseguia tirar aquelas palavras de Felipe da sua cabeça.
Enquanto estava no trabalho, alguma coisa o incomodava, e ele resolve arrumar todo o escritório, tirando coisas que não precisava mais, passando toda a vida da empresa a limpo, vendo o que realmente merecia uma atenção especial, e o que não merecia.

Procurou pôr em dia todos os assuntos pendentes, dando andamento em todos os casos, e já começou a elaborar novos planos de acção e divulgação de seu trabalho.
Procurava reunir-se com companheiros do mesmo sector para realizarem negócios juntos, e o mais importante, é que dentro da sua empresa, colocou a prece como condição necessária para o início dos trabalhos do dia, e também na hora de fechar o escritório.

Uma coisa boa foi que o senhor António procurou conversar com todos aqueles que trabalhavam ali com ele, dando uma verdadeira injecção de ânimo em todo o rupo.
É muito importante, vermos como a espiritualidade age em nossas vidas, procurando nos auxiliar anonimamente, ou até mesmo de formas indirectas como esta, pois o senhor António, mesmo sem saber, estava procurando mudar o padrão mental do escritório, colocando mais vontade de lutar, de trabalhar e de vencer.

Com este tipo de atitude, em qualquer sector das nossas vidas, é natural que as coisas melhorem, principalmente porque nós mesmos estamos empenhados em fazer as coisas mudarem, em fazer as coisas melhorarem.

Depois de alguns meses, num dia de culto no lar, novamente o Felipe diz:
- Pai, aquele anjo azul, seu amigo, diz que agora você está no caminho certo, continue agindo como você vem fazendo, que você vai ter sucesso.

Os irmãos começaram a rir, mas seu António diz:
- O que o Felipe está dizendo não é motivo de risada nenhuma, mas de muita atenção.
Eu tenho tomado certas providências no meu trabalho, que o Felipe nunca soube, eu acredito mesmo que seja uma orientação dos amigos espirituais, e devo confessar uma coisa principalmente a senhora, Dona Ana, daqui para frente eu quero estudar mais esta doutrina dos espíritos de Allan Kardec, agora isto está começando mesmo a me interessar.

Muito feliz com aquela vontade do genro de estudar e conhecer mais a doutrina espírita, dona Ana diz:
- Graças a Deus meu filho.
O Pai sempre sabe o que faz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 02, 2013 9:35 pm

Existe um ditado que diz:
"Ajude-se, que o Pai te ajudará".
Acho que é exactamente isto que está acontecendo, os espíritos amigos estão sempre do nosso lado, dispostos a nos orientar, a nos auxiliar em tudo que seja necessário, mas eles nada conseguirão se nós não fizermos a nossa parte.
Em tudo que necessitarmos, é preciso que façamos o que nos compete.

- Eu não estou entendendo o que você está dizendo vó. - diz Guilherme.
- É assim meu filho: se você não está indo muito bem na escola, você pede a ajuda de Deus e dos espíritos para tirar boas notas, não pede?
- É claro, peço sim, é a primeira coisa que eu faço .

- Está certo, Guilherme, você deve rezar pedindo ajuda sim, mas se você não estudar, não vai tirar nota nenhuma.
Devemos rezar sempre pedindo a Deus ajuda para os nossos problemas do dia-a-dia, mas se não fizermos a nossa parte, os espíritos não podem fazer, você está me entendendo?

Este é o maior engano de muitas pessoas que frequentam os centros espíritas ou qualquer outra igreja, elas acham que indo lá vão ver todos os seus problemas resolvidos de uma hora para outra, como se fosse mágica, mas não é assim.

Quando temos algum tipo de problema, seja ele financeiro, de saúde, emocional ou moral, é porque alguma coisa nós precisamos aprender diante da vida, e a própria vida está nos dando a chance de aprender aquilo.
Então, se alguma dificuldade chega até nós, o melhor que temos a fazer, é pedir a Deus e aos espíritos amigos que nos dêem força e protecção, para que tenhamos coragem de lutar, e com a ajuda deles vencer todas as dificuldades.
Esta é a verdadeira postura dos bons espíritas e dos bons cristãos.

- Vó, mas não dizem que a fé remove montanhas?
Então, se eu tiver fé e rezar pedindo, é para os espíritos tirarem todos os problemas da minha vida, não é?

- Não é não Guilherme, a fé remove montanhas sim, mas estas montanhas que eles estão falando são os nossos próprios defeitos, as nossas imperfeições.
Quem tem fé consegue remover as montanhas da preguiça, do desânimo, da falta de vontade, da inveja, do ciúme, da ambição exagerada e de todos os vícios que a humanidade tem.
As verdadeiras montanhas que nós precisamos remover são os nossos defeitos, lembrem-se bem disto.

- Eu acho que estas explicações da vovó foram muito boas para todos nós hoje. - dizia o senhor António bastante emocionado com tudo aquilo que vinha acontecendo "dentro" dele.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 02, 2013 9:35 pm

IV

O senhor António e dona Mariza passaram a frequentar o centro espírita Chico Xavier, onde dona Ana costumava ir.
Todas as quartas-feiras, era com grande alegria que a família se dirigia a esta instituição de luz, buscando um pouco de transformação para suas vidas.

As lições do Evangelho Segundo o Espiritismo que ali eram comentadas, começaram a sedimentar-se naqueles corações desejosos de algo mais além destes simples prazeres materiais.

Muitas vezes, víamos o casal desmarcando programas de passeios ou divertimentos que antes eram tão comuns em suas vidas, para não faltarem ao compromisso com a espiritualidade.

Eles começaram a convidar os casais amigos para frequentarem junto deles às reuniões no centro espírita e mesmo os encontros do evangelho no lar, como foi o caso dos amigos Denise e Luís António, pais da Andréa e Luiz Gustavo, companheiros das crianças desde muitos anos, e também Célia e Nelson que chegaram exactamente no dia do culto no lar para um bate-papo descontraído, e convidados para participarem da reunião familiar aceitaram de bom grado, e foi com surpresa que viram abrir no Evangelho Segundo o Espiritismo a seguinte lição:
"Dai a César o que é de César"- que foi lida pelo senhor Luís António.

"Então os fariseus, tendo-se retirado, decidiram entre si surpreendê-lo em suas palavras.
Mandaram-lhe, pois, seus discípulos, com os herodianos, dizerem-lhe:
Senhor, sabemos que sois verdadeiro, e que ensinais o caminho de Deus pela verdade, sem considerar a quem quer que seja, porque não considerais a pessoa nos homens; dizei-nos, pois, vosso conselho sobre isto: é-nos permitido pagar o tributo a César, ou de não pagá-lo?

Mas Jesus lhes disse: Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.

Esta máxima "Dai a César o que é de César" não deve ser entendida de uma forma restritiva e absoluta.
Como todos os ensinamentos de Jesus, é um princípio geral resumido sob uma forma prática e usual, e deduzida de uma circunstância particular.

Esse princípio é uma consequência daquele que manda agir para com os outros como quereríamos que os outros agissem para connosco;
ele condena todo prejuízo material e moral acarretado a outrem, toda violação dos seus interesses, prescreve o respeito dos direitos de cada um; como cada um deseja que se respeite os seus; estende-se ao cumprimento dos deveres contraídos para com a família, a sociedade, a autoridade, assim como para com os indivíduos."

A vovó Ana, como sempre se propôs a comentar a lição, e como sempre fazia, explicou com palavras bem simples para que as crianças entendessem, lembrando aos adultos que todos somos crianças diante das leis do pai.

- Como vocês viram, meus filhos, nesta lição Jesus mostra, que existem leis no céu, leis espirituais, que devem ser respeitadas, pois afectam directamente nosso lado moral, e também que Deus deseja que respeitemos da mesma forma as leis da terra.

Se estamos aqui neste planeta, neste país, nesta cidade, devemos viver sempre como cidadãos respeitáveis e cumpridores das nossas obrigações.
No evangelho segundo o espiritismo, vamos encontrar muitas lições que nos exemplificam muito isto, que devemos cuidar do nosso lado espiritual, com preces, meditações, e procurando sempre parar um pouquinho as nossas actividades diárias, para dedicarmos uns instantes para nossas almas imortais, devemos tirar pelo menos uns minutos diários para nossas orações ou nossa conversa com Deus como eu gosto de falar.

Vocês já sabem que rezar é conversar com Deus, não é verdade? - e as crianças concordaram com as cabecinhas.

A vovó, com a mesma simplicidade continuou:
- Acontece, que além das leis de Deus nós temos também as leis aqui da Terra, e ninguém tem o direito de desrespeitá-las.
Vocês sabem o que acontece com as pessoas que desrespeitam as leis da Terra?

Guilherme se apressa em responder:
- Ora vó, todo mundo sabe que quem desrespeita as leis da Terra vai preso, é ou não é?

- É isto mesmo, quem não sabe viver direito em sociedade, não merece ficar livre nela, porque senão vai prejudicar muito aqueles que querem viver dignamente e com honestidade.
Foi por isto que Jesus disse que devemos dar à Deus o que é de Deus, e à César o que é de César, ou seja, devemos cumprir direitinho com todas as nossas obrigações aqui, porque se um de nós não faz direito o que precisa, o que lhe compete, com certeza vai acarretar problemas dobrados aos outros, e isto não é certo.

Devemos estar sempre em dia com nossas obrigações nesta Terra, e também com nossas obrigações com Deus, não é mesmo?
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 02, 2013 9:35 pm

- É vovó, a senhora sempre diz que devemos conversar com Deus todas as noites, para poder estar sempre perto dos bons espíritos que sempre nos ajudam, mas a senhora diz também que devemos fazer os deveres da escola todos os dias, estudar as matérias, guardar as nossas coisas, e ajudar nos serviços da casa, não é isto?

- É isto mesmo Marcela, de nada adianta a gente só querer ficar rezando, e descuidarmos das nossas obrigações do dia-a-dia.
Aliás, como eu sempre digo, um trabalho que se faz bem feito, e com boa vontade é uma oração que elevamos ao Pai em agradecimento por tudo que ele nos tem proporcionado.

A senhora Célia pede a palavra:
- Acho que podemos colocar aqui também, aquela outra lição do nosso evangelho, que fala sobre o Homem de Bem e a que diz sobre o homem no mundo, pois as duas dizem que devemos participar de tudo que o mundo nos oferece, de tudo que o mundo tem de bom, mas que não devemos jamais ser deste mundo, ou seja devemos manter os pés no chão, pois de nada nos adianta nos isolarmos neste mundo achando que assim agradamos mais a Deus, nós devemos pertencer ao mundo, participar de tudo, cumprirmos com nossas obrigações em tudo que a vida nos pede, mas nosso pensamento deve sempre estar em Deus, nos espelhando na vida de Jesus, querendo sempre agir como ele agiria se estivesse no nosso lugar.
Acho que podemos colocar esta lição aqui também, não podemos?

-Claro que podemos, Célia, acho até que sua lembrança foi muito bem colocada - responde o senhor António - , pois na maioria das vezes, quando nós começamos a estudar o Evangelho de Jesus, ficamos muito em dúvida em qual deve ser nosso comportamento diante da vida, pois às vezes parece que estamos cuidando só do nosso lado material e não estamos dando nem um pouco de atenção ao nosso lado espiritual, isto incomoda, e chega uma hora que querendo nos dedicar mais ao lado espiritual, muitas vezes nos descuidamos do lado material e nossa vida financeira é prejudicada.
Creio mesmo que esta lição do dai à Deus o que é de Deus, e à César o que é de César, é um grande conselho para que todos nós tenhamos equilíbrio em nossas vidas. Tudo nos é permitido, nada é pecado ou errado, desde que praticado ou usado com equilíbrio e moderação.

Desta vez foi a senhora Denise quem entrou na conversa e disse:
- Eu gostei muito de ter vindo aqui hoje, acho que este programa foi bem melhor do que muitos que já temos feito, visando somente os prazeres da terra.
Diante desta lição, vemos que não precisamos ficar acanhados nem aborrecidos ou chateados diante de muitas situações que a vida nos oferece, muitas vezes constrangedoras, em que devemos fazer muitas coisas que não gostaríamos, mas que geralmente precisamos fazer para que as coisas continuem bem.

Pela lição eu vejo, que o que é do mundo é preciso ser feito, mas desde que tenhamos nossa mente nos ideais mais puros e mais sublimes, não é assim mesmo?
Pelo que eu entendi, Deus quer que nós sejamos felizes com o que a Terra nos oferece, é só saber usar não é mesmo?

- Eu também acho como você, Denise. respondeu dona Ana - Muitas pessoas criticam os religiosos, porque dizem que a religião proíbe muito as pessoas, ou limita a mente; o que não é verdade.
Dentro da minha religião, eu sou bem mais feliz, pois consigo entender um pouco a grande Lei que rege a todos nós, e através disto eu entendo também os problemas e as dificuldades do mundo, o porquê de tudo isto.

Ainda dentro do espiritismo, eu sempre consegui a força e a coragem necessária para enfrentar todos os problemas que a vida me apresentou, além de procurar levar às outras pessoas também este estímulo e esta coragem.
A fé, meus filhos, só pode nos fazer muito bem.

O senhor António pediu um momento de silêncio para todos:
- Agora eu peço que todos vocês fechem os olhos, e elevem o pensamento até Jesus, para agradecermos esta hora tão bonita que vivemos juntos:

- Senhor Jesus, nós te agradecemos por estarmos aqui hoje, acreditando nos seus princípios quando tu disseste que onde houvesse um ou mais em teu nome, aí tu estarias.
Agradecemos Jesus a presença dos nossos amigos aqui hoje, e pedimos que as lições do Evangelho Segundo o Espiritismo que estamos tendo, possam ser sedimentadas nos nossos corações, e que procuremos segui-las sempre. - continuou - Abençoa Pai as nossas famílias e permita que saibamos sempre viver dentro do seu evangelho de Amor e Perdão.

Auxiliai-nos Jesus, para que possamos sempre transmitir aos nossos filhos estas lições através dos nossos exemplos do dia-a-dia.
Obrigado Senhor por mais esta oportunidade de estudar a sua doutrina.
Abençoai Pai todos os aflitos e necessitados, sejam eles encarnados ou desencarnados, e permita que todos recebam sempre o seu amparo e o seu socorro.
Senhor Jesus, desejamos exemplificar seu evangelho, para podermos colaborar pelo menos um pouco, auxiliando para que este nosso planeta se torne um local mais evoluído, onde o seu Amor impere cada vez mais.
Assim seja.

A água fluída que estava numa jarra no centro da mesa foi distribuída entre todos, e cada qual procurou se distrair como desejasse.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 03, 2013 10:02 pm

V

Tem um aspecto da vida humana, que é muito interessante ser comentado aqui.
Todos com certeza já percebemos em nossas vidas, ou mesmo nas vidas das pessoas que nos rodeiam que, muitas vezes, sem nos darmos conta, certos factos acontecem que mudam totalmente nossas existências.

Esses factos tanto podem ser agradáveis como desagradáveis.
Apesar de que muitas vezes o que para nós pode parecer uma enorme tristeza ou uma horrível perda, para a espiritualidade é simplesmente o auxílio maior nos colocando no verdadeiro caminho, ou então nos fazendo verdadeiros chamados de alerta, ou como comumente costumamos falar, uns " puxões de orelha da vida" para nos despertar para os verdadeiros valores que devem ser cultivados pela nossa alma nesta existência.

O importante é sabermos que, diante de qualquer problema ou dificuldade que a vida nos apresente, devemos ter sempre em mente, que se nós fizemos um plano para nossas vidas, Deus terá feito antecipadamente algum plano maior para que nossa alma possa evoluir mais e com mais rapidez.

Diante das dificuldades, sejam elas materiais, espirituais, morais ou emocionais, devemos procurar encontrar qual o verdadeiro sentido disso tudo nas nossas vidas, e ter sempre em mente que só depois que tivermos aprendido a "lição" que a vida tem para nós, é que as coisas com certeza voltarão a caminhar para a frente.

Certo dia, Felipe voltava com a vovó Ana do supermercado, quando passaram por eles três adolescentes de moto, tão conhecidos de todos do bairro, pelas imprudências que viviam fazendo.
Eles eram jovens, regulavam mais ou menos com a idade do Guilherme.

Vovó Ana comenta com Felipe:
- Viu só que coisa, filho?
Esses meninos têm de tudo que a vida material pode oferecer a alguém, e não agradecem nem fazem bom uso de todas estas bondades.

Passam os dias e as noites em algazarra, confusões, não vão à escola.
Eles pensam que estão aproveitando a vida, mas na verdade estão é desperdiçando esta chance bonita que Jesus lhes deu.

Nesta hora, Felipe que caminhava calado ao lado da avó vira-se e apontando para o céu diz:
- Olha lá vovó, a senhora está vendo?
- O que, Felipe?
- O anjo, o anjo está caminhando para o céu de mãos dadas com o Aguinaldo.
(Aguinaldo era um dos rapazes que estavam nas motos).

Vovó Ana leva um choque, uma sensação estranha invade seu corpo, e cautelosa responde:
- Felipe, preste bem atenção, meu filho.
O Aguinaldo está andando de moto junto dos outros meninos, o que você está vendo no céu de verdade hein?
- Isso mesmo que eu te falei, vó, o anjo está indo lá longe agora, levando o Aguinaldo pela mão.

- Que Jesus nos abençoe a todos. - diz vovó Ana, e não comenta mais nada sobre este facto com ninguém.

Os afazeres de casa, as preocupações, o corre-corre o dia-a-dia ocuparam vovó Ana, Felipe e todos de casa.
A vida transcorria normalmente, com cada um dos nossos personagens cuidando para executar da melhor forma possível seus afazeres diários.

Uma semana depois, na hora do almoço, quando todos já estavam sentados para a refeição em família, de repente entra Guilherme correndo, pois seu ônibus tinha atrasado um pouco naquele dia, e já chega gritando:
- Pai, Mãe, Vó, vocês não imaginam o que aconteceu ontem à noite.
- Calma Guilherme - diz vovó Ana, procurando acalmar o neto que chegava esbaforido, quase sem conseguir falar direito de tanta agitação.

- Vó, vocês ainda não souberam?
- O que é de tão importante que nós precisamos saber, filho - diz o senhor António, enquanto servia o prato com a deliciosa comida que vovó sempre fazia.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 03, 2013 10:03 pm

E Guilherme, com o rosto vermelho de calor, de pressa e de espanto apressa-se em dizer:
- Vocês sabem o Aguinaldo, filho da dona Judite?
- Claro que sabemos, ninguém consegue se esquecer deste mal elemento que vive perturbando a paz de todos deste bairro. - diz o senhor António, com seus pré-julgamentos tão comuns que todos nós temos o costume de fazer, muitas vezes de forma imprudente.

- Pois é pai, ele mesmo morreu.
O senhor António pára imediatamente, e coloca o prato na mesa, dando mais atenção ao que o filho dizia.
- Morreu, Guilherme, você tem certeza? Como foi isto?

- Eu não sei bem, dizem que foi esta madrugada, ele estava fazendo racha com os amigos e teve um acidente.
Ele morreu. Na escola é só o que se fala, me admira muito vocês ainda não estarem sabendo!

Vovó Ana lembrou-se na hora da previsão de Felipe alguns dias antes, manteve-se calada, assustada, só conseguiu dizer :
- Que Deus o abençoe, que dê muita força e coragem para sua família, pois eles vão precisar.

Felipe mais do que depressa, diz:
- Eu não te disse vó?
Eu vi o anjo indo embora para o céu de mãos dadas com ele, lembra?

Todos olharam para ele curiosos.

- O que você está dizendo? - diz sua mãe.
Que história é esta mamãe? - ela dirige-se para dona Ana, e a avó confirma o que Felipe havia dito alguns dias antes.
O senhor António olha sério para vovó Ana, como que perguntando como aquilo tudo poderia estar acontecendo com Felipe.

Vovó Ana calmamente diz:
- A mediunidade é um fenómeno muito bonito, e eu acho que é um presente de Deus para toda a humanidade, e factos como este da previsão do Felipe acontecem para que as pessoas que ainda são incrédulas, deixem de duvidar de vez.
Quando isto acontece com uma criança como o Felipe, não temos como duvidar, não é mesmo?

Felipe, na ingenuidade dos seus oito anos, diz:
- Vovó, eu sou médium?

- Todos nós somos médiuns, só precisamos desenvolver nossas mediunidades, e a sua parece que vai ser muito bonita, mas por enquanto vamos cuidar de comer pois todos temos muitas obrigações para esta tarde.
Vovó Ana procura mudar o assunto, para que Felipe não se impressione demais com o que vinha lhe acontecendo, e para que cada um voltasse a se preocupar com o seu dia-a-dia.

- Depois nós vamos no enterro? - pergunta Felipe à avó.
- Deus me livre, detesto defunto, morro de medo. - diz Guilherme.
- Você não tem nenhum motivo para temer a espiritualidade, Guilherme, será que nossos estudos não têm servido para você entender isto?
- Vó, tem dó, os estudos não têm nada a ver com defunto, eu morro de medo mesmo.

Todos riram, e o almoço terminou em paz.

Dona Ana apressou-se em terminar de arrumar a cozinha, para poder ir ao velório.
Felipe e Marcela foram com ela.

Lá o ambiente era de muita tristeza, revolta e incompreensão.
A família, que não praticava nenhuma religião, não se acostumou com os exercícios da fé, da compreensão e da resignação.
Os pais do garoto, desesperados e inconformados, só desejavam vingança, querendo que o motorista do carro fosse encontrado e preso de qualquer jeito.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 03, 2013 10:03 pm

Falavam até em contratar alguém para "eliminar" o rapaz.
Ninguém procurava fazer uma prece, uma oração para harmonizar o ambiente e auxiliar o rapaz que partia desta vida em situação tão trágica e difícil para um espírito que nunca tinha se dedicado à vida espiritual.

Dona Ana, percebendo o estado dramático de todos, chega até a mãe do rapaz e pede:
- Dona Judite, posso fazer uma prece pedindo a Jesus que ampare a alma do nosso querido Aguinaldo?

Virando-se de repente, para que todos ouvissem, a pobre senhora diz:
- Prece? Para pedir a Jesus pelo meu filho?
De que adianta isto?
Aonde estava este Jesus na hora do acidente que não livrou o meu menino desta tragédia?
Deus não existe.
Eu quero é meu filho de volta, você pode trazê-lo de volta para mim?

E, gritando muito, continua a dizer:
- Se Deus realmente existe, Ele tem que trazer meu filho de volta;
se Deus realmente existe, Ele tem que trazer meu filho de volta.

Familiares e pessoas amigas bondosas, foram levando a pobre senhora, que não estava mais dando conta de raciocinar com exactidão.

Uma irmã de dona Judite, conciliadora, intervém:
- Vocês me desculpem, desculpem minha irmã, ela não sabe o que está dizendo, o choque da perda do filho está perturbando a sua razão momentaneamente.
Dona Ana, por favor, nós aceitamos a sua oferta sim, faça uma prece pelo meu sobrinho pois tenho a certeza de que ele está necessitando muito.

Vovó Ana, pedindo silêncio e concentração a todos, para que formassem um só pensamento a favor do Aguinaldo, explica que, de acordo com o Evangelho Segundo o Espiritismo, as preces que fazemos pelos espíritos que acabam de deixar a Terra, não têm só a finalidade de mostrar a eles nosso Amor e simpatia, mas têm ainda a finalidade de ajudar o seu desligamento, no caso do Aguinaldo tão inesperado, e assim abreviar a perturbação que sempre acompanha o espírito neste processo.

- Vocês já imaginaram, se para nós que ficamos todos juntos na mesma vida que tínhamos, já estamos muito tristes, imagine para ele que partiu tão de repente, como não deve ser.
As nossas preces endereçadas a ele vão ajudar para que ele desperte mais calmo, mais tranquilo e forte para reiniciar sua vida de outra forma, agora, na forma espiritual.

O ambiente já começava a se transformar com as explicações de dona Ana, os ânimos começavam a serenar.

- A prece, meus amigos, é uma forma de nos ligarmos com Deus, e agora, nós vamos nos ligar a ele pedindo sua protecção para o nosso Aguinaldo, e também para sua família, pra que tenham forças para suportar esta separação e coragem para continuar nesta vida, enxergando em todos os rapazes que necessitam de amparo, o seu próprio filho.

Dona Ana, depois de fazer um Pai Nosso, e pedir a ajuda dos bons espíritos para aquele momento, inicia a prece por aquele que partiu:
"Deus Todo Poderoso, que a vossa misericórdia se estenda sobre a alma do nosso querido Aguinaldo, que acaba de entrar na vida espiritual.
Que as nossas preces possam abrandar o seu período de perturbação e adaptação.

Que os bons espíritos possam recebê-lo e ampará-lo nesta nova fase, fazendo com que ele se desprenda da terra e das coisas materiais .
Ajuda-o a se reajustar o mais rápido possível para o seu próprio bem.
Ampara, Senhor, seus familiares que aqui continuam suas provas e expiações, e permita que a luz do seu infinito amor esteja no coração de todos eles, encarnados e desencarnados.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 03, 2013 10:03 pm

Senhor faz de mim um instrumento de vossa paz,
Onde houver o ódio, faz que eu leve o Amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o Perdão;

Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvidas que eu leve a fé.

Onde houver o erro que eu leve a verdade;
Onde houver desespero que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza que eu leve a alegria;
Onde houver trevas que eu leve a luz.

Pai, faz com que eu procure mais:
- consolar do que ser consolado,
- compreender do que ser compreendido,
- amar do que ser amado.

Pois,
- é dando que recebemos,
- é perdoando que somos perdoados e,
- é morrendo que nascemos para a vida eterna.
Amém.

O ambiente estava totalmente modificado, com paz e serenidade geral.
Como é importante a prece em todas as situações da vida!
Se as pessoas soubessem disso rezariam mais.

Nos dias que se seguiram ao passamento do nosso personagem, a vida na casa do jovem Aguinaldo estava insuportável, seus pais, que não haviam se acostumado a cultivar o hábito da fé em Deus e nos seus desígnios, estavam desesperados diante do inesperado da situação que os acometia.

Não aceitavam, não acreditavam que tudo aquilo pudesse estar acontecendo com eles.
O desespero era geral, gritos, impropérios, insultos eram dirigidos a Deus e ao alto, a todo momento.
Nada servia para acalmá-los, o cuidado dos familiares zelosos e a atenção dos amigos, nada conseguia diminuir aquela dor atroz que atingia aquela família.

Os dois irmãos, mais jovens que Aguinaldo, também revoltados viviam chorando, não frequentavam mais a escola desde o dia do acidente.

A mãe, dona Judite, passava mais a poder de fortes calmantes "para aguentar" como diziam todos.
Somente o pai, o senhor Amarildo, que por ter exigências mais fortes que solicitavam sua presença na empresa que administrava, estava conseguindo reagir um pouco melhor, ia ao trabalho todos os dias, o que na verdade estava se constituindo numa bênção para ele, pois só assim conseguia sair daquele ambiente deletérico de sua casa e procurava harmonizar sua mente também tão revoltada;
mas, de todos, era o melhor, pelo menos era o que estava tendo uma reacção mais positiva e normal dentro da situação.

Mas a sua tristeza era grande e estava sendo nitidamente notada por todos os funcionários que se compadeciam da dor daquele pai.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 03, 2013 10:04 pm

VI

Enquanto isso acontecia aqui no ambiente da Terra, vamos dar uma olhadinha e ver como estava o espírito do Aguinaldo, que havia deixado o seu corpo no planeta há poucos dias e de uma forma tão brusca e inesperada.

Há muito que Aguinaldo vinha tendo um comportamento bastante estranho, revoltado e irreverente, como eles mesmos costumavam chamar no seu "grupinho" de acção.
Inconformados com os esquemas preestabelecidos, faziam tudo sempre para "chocar e agredir" a comunidade, causando escândalos e muitas vezes até mesmo esparramando o medo e o pânico entre os vizinhos e companheiros.

Almas desequilibradas, não queriam de forma nenhuma se adaptar a nenhum tipo de regime ou regras de conduta ligadas ao estudo, ao trabalho ou à melhora de si próprias.
Ansiando cada vez mais e mais emoções, começaram "provando" uma droga "fraquinha" - a maconha.

Vamos parar aqui para fazermos um pequeno comentário sobre esta classificação tão comum de se escutar - droga fraquinha.

Meus amigos, meu nome é Rubens Siqueira, perdi a vida na última encarnação, por me descuidar totalmente do património divino que me foi oferecido por Deus para que pudesse me reerguer diante de mim mesmo.
Mas, devido a minha imprudência, resvalei pelos caminhos ilusórios das drogas, seguindo antigo desvio moral que me acompanhava desde muitas vidas, e sobre o qual eu deveria ter exercido toda a minha força moral para reagir, ultrapassar e vencer em minha alma, o que como vocês podem ver não aconteceu.

Por isso é preciso que todos saibam, jovens ou adultos, que neste instante nos dão a honra de lerem este livro, é preciso que a gente se conscientize, de que não existem drogas fraquinhas ou drogas fortes, todas são o que o próprio nome diz, DROGA, e como tal devem ser encaradas e evitadas.

Existem tantas coisas nesta natureza abençoada por Deus para nos alimentar, nos alegrar, nos instruir, nos divertir, que este é realmente o último recurso para ser colocado como hipótese em nossas vidas.
Mas, geralmente, o que temos observado é que, na maioria das vezes, é o primeiro a ser escolhido por pessoas imprudentes e que não têm sequer respeito nem amor por si mesmas, pois se gostassem um pouco delas e tivessem respeito por este corpo perfeito que Deus lhes concedeu, jamais estragariam este património Divino.

Os vícios, meus amigos, as drogas, são um excelente recurso utilizado pelas forças das trevas, para descontrolar, de uma forma rápida e eficaz, mentes poderosas que deveriam estar a serviço do Bem e da Luz, mas que, imprudentes e invigilantes, deixam-se arrastar para despenhadeiros tão profundos, arruinando a chance de uma encarnação que deveria ser abençoada e agradecida diariamente.

Através das drogas ditas "fraquinhas", fácil é a descida às doses chamadas possantes e fortes.
Não devemos jamais buscar em efeitos externos a solução para nossas dúvidas, nossas inseguranças e nossos problemas, mas devemos sim buscar fortalecer nossa mente e nossa alma no esmeril do trabalho e no consolo bendito do Evangelho, o único remédio eficaz para todos os males, pois o médico que o prescreve é o melhor de todos que já estiveram no nosso planeta - Jesus.

Eu digo isto a vocês, porque também já fui um viciado em drogas, enquanto encarnado, fiz tudo que considerava que poderia fazer, pois eu tinha dinheiro, poder, mocidade, beleza, tudo.
Eu tinha tudo, que pobre iludido eu fui, achava que tinha tudo que a terra poderia oferecer a alguém, só que foi muito mais tarde, quando realmente despertei aqui na espiritualidade, que consegui entender a extensão do meu erro.

Chorei muito, pedindo perdão a Deus, mas reconhecendo todos meus erros, minhas culpas e minhas fraquezas.
Por isso quero escrever aos jovens da Terra, para preveni-los deste vício infeliz que estraga a vida de tantos jovens e de tantas famílias.

Hoje, do lado de cá da vida, eu auxilio jovens que desencarnam sob o efeito dos tóxicos, e procuro ajudá-los no que for possível para encaminhá-los novamente ao caminho da luz.
É uma missão muito árdua, mas eu a aceitei, primeiro para começar a me redimir de tantos erros lesando meu perispírito, e também para começar a corrigir estes mesmos defeitos em minha alma cansada de sofrer e ansiosa por escrever uma história melhor para minha alma tão endividada diante das leis de Amor do Pai.

Logo de cara eu me interessei muito pelo Aguinaldo, porque a história dele tinha muitas pontos semelhantes à minha.
Nós dois fomos filhos de famílias abastadas, que possuíam todos os recursos materiais para nos proporcionar.
Disto não posso me queixar, meus pais sempre me deram tudo que o mundo pode oferecer a alguém para ser feliz.

Para dizer a verdade, acho que tive até demais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 03, 2013 10:04 pm

O que eu não sabia na época, é que além deste corpo e desta vida material que a gente tanto preza e cuida, nós temos um corpo espiritual que pode ser danificado devido nossas atitudes imprudentes e levianas diante da vida, e temos também uma magnífica vida espiritual, que nos aparece de repente além túmulo, quer você tenha acreditado nela ou não, e diante desta grande verdade, enxergamos a nossa pequenez diante desta lei maior, e, aí sim, um desespero atroz, uma tristeza profunda nos acomete, por reconhecermos que desperdiçamos bobamente a chance tão difícil de uma encarnação.

Hoje, depois de muitos estudos, amparo e ajuda de missionários da espiritualidade que sempre se interessaram por mim, juntamente com uma senhora que já foi minha mãe em outra encarnação, e que continua interessada no meu verdadeiro progresso, aqui estou, e quero passar para meus companheiros encarnados que ainda se iludem com os falsos prazeres que as drogas possam proporcionar a alguém, a verdade de toda esta ilusão absurda.
As drogas, meus amigos, ao mesmo tempo que lesam de forma fatal e de difícil reconstrução dos nossos perispíritos, ainda nos levam a total ruína material e moral, porque mesmo entre os encarnados, ninguém confia trabalhos sérios e de responsabilidade a usuários de drogas, algumas esposas já se sentem cansadas de lutar diariamente com maridos dependentes e desnorteados, que mais dia, menos dia, acabarão sendo abandonados, porque ninguém está disposto a passar uma vida inteira ao lado de quem não quer mudar, não quer nada com nada.

Pais de família que permanecem no vício apenas conseguem transmitir aos seus descendentes a miséria material e moral que os envolve, a ruína espiritual e uma vida de acções descabidas e sem propósito.

Hoje, consciente do que venho falando e fazendo eu pergunto a vocês que hoje usam qualquer tipo de drogas:
Pare um momento só e me responda, que benefício esta droga trouxe para você?
Seja honesto e análise com sinceridade tudo que já te aconteceu nesta vida, antes e depois da droga.

Tenho a certeza que sua vida estacionou no instante em que você começou a ser um dependente.
É, esta é a verdadeira palavra, pois você acaba não sendo mais dono de você mesmo nem de seus próprios actos, você vira um robô do lado negro da vida e da espiritualidade.

Pense bem, reflicta, soluções existem e são muitas para te ajudar a superar este momento tão difícil, acredite em Deus e em você, e pode ter a certeza que além dos auxiliares da Terra, aqui na espiritualidade você terá inúmeros amigos interessados em você, no seu progresso, em te conduzir de novo ao encontro de você mesmo.

A reencarnação é a maior bênção que o pai do céu pode proporcionar a alguém, e é preciso que ela seja muito bem aproveitada, pois esta chance está ficando cada vez mais difícil, principalmente depois de tantos modernismos da vida, as pessoas não querem mais saber de ter muitos filhos, limitam a maternidade no mínimo possível, para que não "atrapalhe" muito a vida do casal.

E nós do lado de cá esperamos pacientemente uma nova e bendita chance de voltar.

O Aguinaldo, como todos aqueles que abusam do uso das drogas e saem pela vida afora cometendo as maiores loucuras, não tem a menor noção até que ponto este vício maldito, que de imediato parece nos proporcionar somente prazeres inusitados, só nos levará realmente à ruína total.

Ruína do corpo físico, do corpo espiritual e da nossa mente.

Além do efeito dos alucinogénios, o que eles não sabem é que se tornam verdadeiros marionetes nas mãos de entidades trevosas totalmente inescrupulosas, que por já terem descido tanto na escala evolutiva moral, não se importam nem um pouco de arrastar junto delas almas desavisadas, que nunca praticam o sábio conselho de Jesus quando ele disse:
ORAI E VIGIAI "

Para ser honesto, eu nunca fui de rezar ou de me interessar por assuntos de igreja ou religião, mas aqui na espiritualidade eu já estou tendo várias oportunidades de estudar e conhecer a vida deste homem maravilhoso, que tantos conselhos nos deixou e que a humanidade muitas vezes ignora.

O Orai e vigiai de Jesus, se for realmente seguido, conseguirá com certeza libertar as pessoas de muitos males.
Hoje eu entendo o quando isto é importante, pois ao lado da população encarnada no planeta, existe outro tanto muito maior de espíritos procurando viver ainda as sensações da matéria e com isto arrastando junto de si muitas pessoas que se esqueceram de praticar a higiene da alma diariamente através da prece.

O Aguinaldo desencarnou vitimado por um acidente automobilístico, mas com forte dosagem tóxica no organismo, tendo junto dele espíritos tão perturbados quanto meu próprio amigo.
Na hora do acidente, graças à acção intercessora de uma alma iluminada, que foi seu avô paterno, conseguimos dar-lhe assistência imediata, procurando desligá-lo o mais rápido possível dos restos mortais, trabalho que se tornou muito difícil pois as entidades que o acompanhavam consideravam-se no direito de exigir aquela alma para eles, e também no desejo de sugar-lhe os últimos fluídos vitais ainda tão fortes em seu corpo jovem tirado tão bruscamente desta vida.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 03, 2013 10:04 pm

Confesso que travamos verdadeira batalha para podermos dar-lhe a assistência necessária.
Só conseguimos graças à ajuda de instrutores maiores que vieram ajudar o avô tão empenhado na missão de auxílio ao neto.

E nestas horas de grandes dificuldades que vemos como é bom termos amigos do lado de cá da vida, e como é bonito vermos pessoas que através dos seus valores morais já adquiriram o direito de uma assistência maior da espiritualidade, como é o caso do avô do Aguinaldo.

Se não fosse sua intercessão benéfica no desencarne do meu amigo não sei o que teria sido dele nas mãos daquelas entidades que o acompanhavam.
Durante o tempo todo do velório, não conseguimos tirá-lo de perto do corpo, pois o desespero da família era tanto, que eles mesmos prendiam ali o espírito atormentado do Aguinaldo, que, sem saber realmente o que tinha acontecido, escutava os choros, as lamentações e todas as incompreensões que eram endereçadas contra Deus.

Só que Deus está num grau de superioridade tão grande que estes impropérios todos jamais poderiam atingi-lo, mas atingiam sim o próprio Aguinaldo que experimentou todas as frases de raiva, incompreensão e mágoa, como tormento, confusão psíquica e dor.

Esta é a grande verdade, julgando estarem culpando Deus e a espiritualidade por tudo que lhes acontecia, os familiares estavam lançando sobre o próprio ente querido todos aqueles tormentos que lhes ia na alma.

Sabemos que é muito difícil para os que ficam despedirem-se de alguém que parte para a pátria espiritual, mas é preciso que o comportamento das pessoas seja o mais sensato possível, para não perturbar aquele que sai e que já está passando por um período de confusão mental diante do seu novo estado.

O melhor é mandarmos pensamentos de paz e calma e muitas preces, que chegarão até o ente querido em forma de bálsamo suavizante que acalma e eleva.

O Aguinaldo, por força de todas as situações que ele mesmo criou para si, enfrenta forte perturbação mental, apesar de todos os esforços do avô solícito e amoroso que o acompanha incansável, e que ele em sua cegueira espiritual não consegue sequer enxergar.

E exactamente isto que acontece com a maioria das pessoas que desencarnam com fortes perturbações mentais, geralmente estão sendo muito amparadas por entidades mais iluminadas que muito as amam, ou que estão fortemente ligadas ao seu passado.

Mas infelizmente para o espírito desencarnante, este não se encontra em condições sequer de enxergar estas entidades, porque não se desligam dos padrões mentais viciados que os acompanham, não conseguindo fixar-se nem por instantes em ideias iluminadas sugeridas pela espiritualidade maior.

A revolta, o desespero ou a incompreensão não auxiliarão em nada aquele que deixa o planeta.

Era exactamente isto que acontecia com nosso amigo.
Fortemente ligado a entidades perturbadas, não conseguia captar os conselhos amorosos do avô.

Queria "fugir" daquela situação, buscando a companhia dos antigos comparsas de vícios.
Se não fosse o amor, a compreensão e o desprendimento de seu avô, o Aguinaldo realmente já teria "fugido" de encontro ao seu terrível destino.

Pensando bem, não é isto mesmo que todos nós fazemos quando estamos encarnados ainda?
Em vez de seguirmos as instruções dos mentores superiores nos chamando para os compromissos e as responsabilidades da vida, debandamos inconscientemente, e com bastante leviandade para os caminhos "largos" da vida, que, com certeza, nos levarão a despenhadeiros

tão profundos que nem nós mesmos saberemos como fazer para nos reerguer.
O problema maior é que, quando tomamos consciência das nossas fraquezas e dificuldades, já estamos tão emaranhados em dificuldades criadas que fica muito difícil desistir de tudo e seguir caminho novo.

Eu mesmo reconheci tudo isto tarde demais, ou seja, tarde demais diante da última chance de vida que me foi ofertada pelo Pai.

Mas hoje aqui na espiritualidade, percebo que amadureci bastante, aliás, eu acho que é mais fácil amadurecer-se deste lado da vida, não sei, alguns dizem que não, que quando a alma já enraizou dentro de si todas as grandes verdades, não importa se ela está encarnada ou desencarnada, seus exemplos de Amor pela humanidade se expressarão da mesma forma, mas para mim, e para muitos que como eu, ainda carregam nas energias do espírito tantas fraquezas, me parece que do lado de cá fica bem mais fácil evoluir, por isso eu pretendo ajudar meus companheiros encarnados, que como eu mesmo um dia, ainda hoje se iludem com sensações e prazeres fáceis que não levam a nada, a não ser à nossa própria ruína.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 03, 2013 10:05 pm

VII

Os dias passavam e a vida na casa do nosso Aguinaldo continuava insustentável.
Dona Judite cada vez mais e mais inconformada não conseguia se adaptar à nova situação que a vida lhe oferecia, recusava qualquer tipo de ajuda, fosse de profissionais na área de terapias, como várias vezes já haviam sido sugeridos, ou através das preces, da fé em Deus , da compreensão e da resignação. Seu estado de equilíbrio mental já preocupava seriamente a família.

Os outros dois filhos, Magda e Henrique, já cansados de todas as tristezas que a família vinha passando, queriam mais era esquecer tudo aquilo, e recomeçarem suas vidas.
Sem terem sido criados com base em uma religiosidade, na fé em Deus, também não queriam se ocupar da mãezinha que dava mostras de tão grande perturbação mental, necessitando agora do auxílio dos entes queridos que a rodeavam.

A única pessoa que ainda não tinha perdido a paciência com ela e desejava ajudá-la realmente, com o coração bondoso e religioso, era sua irmã, a mesma que no velório do Aguinaldo pediu à dona Ana que desculpasse sua irmã, e fizesse uma prece naquela hora.

- Débora - gritava Judite o dia inteiro-, onde está você?
- Estou aqui, Judite, o que você deseja?

- Onde estão todos que não vejo mais?
Onde está o Aguinaldo?
Será que ele veio para o jantar?
Não gosto que ele fique sem comer.

Vou pedir ao Amarildo para dar um carro novo para ele.
Ele gosta tanto de carros, não é mesmo?
E por falar no Amarildo, onde está ele?

Pacientemente Débora procurava colocar ideias positivas e o desejo de reagir e viver no coração da irmã, sem ter conseguido nenhum resultado até agora.
Procurando de todas as formas ajudar Judite, já havia trazido pessoas da sua fé católica para rezarem e fazerem novenas para sua irmã.

Mas aos poucos até estas mesmas pessoas foram se afastando, pois dona Judite não se dignava sequer a cumprimentá-las, gritara muito nas últimas vezes em que elas estiveram lá, expulsando-as de sua casa.
As amigas prometeram que continuariam orando por dela, mas na igreja, para não perturbarem a paz da doente.

O senhor Amarildo, homem jovem e bem posicionado, com estabilidade financeira, sem ter fundamentos religiosos que o sustentassem diante das dificuldades que ele vinha passando, buscava nas diversões da vida o remédio para seus males.
Débora, a cunhada, assistia a tudo isto, à deterioração daquela família que tinha tudo para ser feliz, mas que infelizmente, havia buscado apenas as realizações materiais e tudo que a matéria pode oferecer a alguém, ao invés das realizações espirituais, verdadeiras e duráveis.

Ninguém falava em Deus ou em religião, nem em alguma fé ou sentimento maior dentro daquela casa.
Apenas eram comentados assuntos de futilidades da sociedade local, quem tinha comprado um novo carro, quem estava viajando para fora do país, qual o último escândalo da sociedade, ou quem havia falido.

E impressionante como as pessoas gastam um tempo precioso de suas vidas preocupando-se com coisas tão fúteis e superficiais, quando existem tantos problemas e necessidades para serem acudidos.
AMOR é o sentimento sublime que com certeza fará com que as pessoas sejam mais felizes, auxiliem-se mutuamente e caminhem para conquistar, ainda aqui no planeta, a felicidade tão desejada.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 03, 2013 10:07 pm


Mas, o mais importante é saber que este amor deve ser exercido de forma incondicional, realmente desejando ao próximo aquilo que gostaríamos que acontecesse com a gente mesmo.

Débora era uma mulher religiosa, piedosa, que não tinha conseguido materialmente nada do que a irmã possuía, vivia com honestidade, dignidade, mas dentro de uma vida de trabalhos, lutas e muita fé em Deus.
Havia criado seus três filhos desta mesma forma, e hoje via sua família com estabilidade tanto material quanto moral, pois todos foram criados dentro de um ambiente de fé em Deus e de muito amor, auxiliando-se reciprocamente quando a situação se fizesse necessária.

Desejava muito auxiliar a sua irmã e a família desta, mas não sabia mais como agir, visto serem todos tão diferentes da sua própria família.
Um dia lembrou-se de dona Ana, aquela senhora simpática que esteve no enterro do sobrinho há dez meses atrás, e que havia conseguido apesar das circunstâncias equilibrar um pouco aquele ambiente tão perturbado.

- É mesmo, aquela senhora, a dona Ana, que mora perto daqui, como eu ainda não havia pensado nisto antes?
Ela pertence à fé espirita é verdade, mas quem sabe ela pode conseguir aqui o que eu não consegui.

E afinal das contas, eu acredito que aqui nesta casa eles estão precisando disso mesmo.
Decerto deve haver muitos espíritos necessitados perturbando todo mundo aqui. pensava Débora na sua simplicidade.

- Meu Deus, eu sempre tive tanto medo de espíritos e destas coisas de se conversar com os mortos, Deus me livre (dizia isto benzendo-se toda), mas se este for o recurso para acertar um pouco esta casa, o jeito vai ser pedir esta ajuda. virou-se para Rosa e perguntou:
- Rosa, você sabe onde mora aquela senhora que rezou no enterro do Aguinaldo?

Rosa era uma antiga empregada da casa, que praticamente criou as crianças da dona Judite.

- Claro que sei, Dona Débora, é a Dona Ana, pessoa muito boa, espírita e que frequenta o mesmo centro que eu vou.
- Você também mexe com estas coisas de espíritos, Rosa?
- É, Dona Débora, eu sou espírita há muito tempo, frequento o centro, e devo confessar à senhora, que se não fosse pela minha fé eu não sei o que teria sido de mim não.

- Por que você diz isto?
- Sabe, dona Débora, a gente passa por tantos problemas e por tantas dificuldades nesta vida, que se não tivermos uma fé, ou algo maior que nos auxilie a superar as dificuldades ou ainda que nos ajude a entender o que está nos acontecendo seria muito difícil.

E a doutrina espírita faz isto muito bem, porque ela não permite que ninguém tenha uma fé cega, mas estimula todo mundo a estudar os seus livros, os seus ensinamentos e aprender cada vez mais.
Se a senhora lesse alguns livros da doutrina espírita eu tenho a certeza que a senhora também iria gostar muito.

Aqui mesmo nesta casa, olha a situação deste povo.
Eu te garanto dona Débora, que se eles tivessem esta doutrina no coração, nada disto estaria acontecendo assim, tudo seria bem diferente.
- Porque você diz isto Rosa, você não acha que o que a gente passa já está escrito por Deus?

- Deus me livre dona Débora, a senhora acha então que Deus ia querer que o Aguinaldo tivesse a vida que ele tinha?
A senhora pode acreditar numa coisa destas?
Será que Deus iria querer que algum dos seus filhos fosse mexer com estas porcarias de drogas e se matar deste jeito?
Olha dona Débora, eu acho que a senhora pode colocar esta culpa nas costas de qualquer pessoa, menos nas costas de Deus, porque ele não tem culpa nenhuma nisto.

- Pensando deste jeito acho que você tem mesmo razão.
- É claro, Deus é bom Pai e quer que todos nós sejamos felizes, a gente é que estraga tudo com as nossas atitudes.
O próprio Aguinaldo, por exemplo, a senhora acha que se ele tivesse Deus no coração ele teria mexido com estas porcarias, teria feito tanta loucura e até se matado?
É claro que não. Isto é coisa das forças das trevas isto sim.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 03, 2013 10:07 pm

- Deus me livre, Rosa (e, supersticiosa, benzia-se novamente) não diga uma coisa destas.
- Mas eu tenho que dizer porque é a pura verdade.
A tentação está aí em todos os lugares, nós é que temos que dizer não para ela.

A senhora acha que eu também não tenho muitas tentações diariamente?
É claro que eu tenho, só que eu digo não, continuo firme no meu trabalho, que é muito humilde mas que eu faço com muito amor e daqui eu tiro o sustento da minha família.
Sabe dona Débora, quando a gente começa a pensar e a agir assim com honestidade e rectidão, Deus abençoa que aos poucos até as tentações vão diminuindo, porque a gente não dá confiança para elas, mas se dermos uma colherzinha de chá, elas voltam com a força toda.

É por isso que Jesus disse Orai e Vigiai, lembra?
- Lembro sim, isto está na bíblia, na vida de Jesus.
- Pois é, está lá, mas a gente tem que seguir.

- Engraçado Rosa, eu nunca havia pensado deste jeito.
Será que você poderia falar com aquela senhora para ver se ela pode nos ajudar com a minha irmã?
Será que ela vem?

- Acredito que sim.
Depois de amanhã eu vou me encontrar com ela no Centro, dou o seu recado.
Tenho a certeza que ela vai nos ajudar sim.

Débora, sem saber porque gostou muito de ter tido esta conversa com Rosa, saiu da cozinha feliz, levando no coração uma esperança nova.

- Deus vai nos ajudar de uma forma ou de outra, ele não disse que quem batesse na porta esta se abriria?
Então é isto que eu estou fazendo, e tenho a certeza que ele vai nos abençoar, e a minha Nossa Senhora da Medalha Milagrosa vai me conceder esta graça.

Rosa continuou como sempre terminando seus trabalhos e deixando tudo em ordem antes de sair.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 04, 2013 9:29 pm

VIII

Quarta-feira às sete e trinta pontualmente fechavam o portão do centro espírita Chico Xavier, e davam início aos trabalhos da noite.
Rosa, que havia chegado na última hora, por ter saído muito tarde do serviço, viu dona Ana de longe e apenas cumprimentou-a com um leve sinal da cabeça, pois os trabalhos já iam começar.

Após a prece de encerramento, dariam início aos passes, vovó Ana dirigiu-se à pequena sala reservada para este mister, cumprindo assim muito feliz com o seu trabalho sublime de levar ao próximo o alívio de todas as dores do corpo, da mente e do espírito.

Na saída, vários confrades se reuniam para agradável palestra.
Foi aí que Rosa aproveitou o ensejo, e dirigiu-se à dona Ana.

- A senhora é a dona Ana, não é mesmo?
- Sou sim, e você é nossa companheira de trabalhos e bastante assídua pelo que tenho observado.
Já te vi várias vezes auxiliando nas sopas de domingo também.

- Sou eu mesma. - respondeu Rosa .
- Em que posso te ser útil minha filha?
- Dona Rosa, eu venho te pedir que ajude a minha patroa.

- Por que? O que aconteceu?
- A senhora conhece ela também, eu vi quando a senhora estava no enterro do Aguinaldo.
- Você trabalha na casa da dona Judite?

- Trabalho, e devo confessar à senhora que a minha patroa está precisando de ajuda mais do que ninguém.
Desde que o filho morreu de forma tão trágica que ela não conseguiu mais se recuperar, coitada.
- Coitada mesmo, pois se ela pelo menos tivesse uma crença, uma fé, uma forma de se apoiar em algo mais além desta vida material seria bem mais fácil.

- Ih! Dona Ana, naquela casa se tem uma coisa que não existe mesmo é religião, de forma nenhuma.
Lá eles se lembram de tudo, não passam falta nem necessidade de nada.
Se a senhora soubesse, é até desperdício tudo que entra naquela casa, só que religião, fé em Deus e Amor ao próximo são palavras que não existem jamais.

- E o que você acha que eu posso fazer, como posso ajudar, pois, pelo que eu me lembre, no velório do rapaz ela nem queria que a minha oração fosse feita.
Aliás, eu só pude rezar por pedido, compreensão e consentimento de uma irmã dela, que estava lá no momento.

- Pois é ela mesma que pede a sua ajuda dona Ana.
No momento é a única pessoa que ainda suporta estar perto da dona Judite.
- Minha filha, não me diga que depois de tanto tempo as coisas ainda estão desta forma.

- Estão bem piores do que a senhora pode imaginar.
Naquela casa ninguém mais se entende nem se tolera.
O senhor Amarildo, acho que não suportando mais a tristeza que sentia e o estado perturbado de saúde da mulher que não consegue acompanhá-lo mais a nenhum lugar, procura se distrair como pode de noitadas em noitadas, sempre chegando em casa cada vez mais tarde.

Já até separou o quarto que tinha com a dona Judite, alegando que ela no seu desvario não o deixa descansar nunca, e que ele necessita estar bem no dia seguinte para trabalhar.
Às vezes até passa dias sem vê-la, não se interessa mais pelo que lhe acontece.

- Mas isto que você está me contando é muito triste, minha filha, pois quando algum problema sério nos acontece como foi o caso desta família, aí sim é a hora de todos se unirem para tentarem resolver o problema da melhor forma possível, e o casal, na perda de um filho deve se unir ainda mais, para poderem juntos suportar a prova tão rude.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 04, 2013 9:30 pm

- No começo ele tentou, dona Ana, mas como ele via que a dona Judite não queria saber de reagir de forma nenhuma, aí sim ele desistiu.
Tentou de tudo, médicos , enfermeiros, terapias, viagens para fora do país, mas nada surtia nenhum efeito.
Parece que ela cristalizou a cabeça no filho apenas, e não consegue esquecê-lo, nem sequer entender o que aconteceu, muito menos aceitar.

Ultimamente, Dona Ana, parece que ela está enlouquecendo de vez, pois muitas vezes ela fala, comenta e pergunta coisas como se ele não estivesse morto.
Pergunta se ele veio para jantar, diz que só vai comer na hora que ele chegar, Deus me livre, mas acho que ela vai acabar enlouquecendo.

- E quem está cuidando dela agora?
- Bom, eu e a outra funcionária, a arrumadeira, fazemos o que podemos, o que está no nosso alcance, mas da família mesmo, a única pessoa que ela chama muito, a única pessoa de quem ela pede a presença é a própria irmã, Débora, que é um anjo de boa, e tem feito tudo o que pôde para ajudá-la, estando com ela a maior parte do tempo possível, e foi ela que, lembrando-se da senhora e da paz que a senhora conseguiu colocar no velório depois da sua oração, resolveu pedir sua ajuda, e a ajuda da doutrina espírita, porque com as suas amigas da religião católica elas não conseguiram nada, pois a dona Judite gritava e tocava todo mundo de lá, não querendo saber de ver nem de ouvir ninguém.

Dona Ana, como eu estou dizendo, a situação naquela casa não está nada fácil.
A senhora acha que pode fazer alguma coisa?

- Acho que nós sempre podemos fazer alguma coisa pelos mais necessitados, minha filha.
E Deus permita que a gente, junto dos espíritos amigos que nos acompanham, possamos auxiliar esta família tão necessitada de fé, de amparo, de oração e de religião.
Eu acredito que a doutrina espírita, que tão bem nos explica a sistemática da reencarnação, a lei bendita de causa e efeito, e a grande misericórdia de nosso Pai, conferindo-nos sempre nova chance, há de levar para aquele lar o auxílio e a luz necessária.

- E como a senhora vai fazer isto?
- Ainda não sei, Rosa, vou rezar pedindo a protecção de Jesus e dos nossos mentores espirituais para este caso, e depois me comunico com vocês.
- Eu gostaria muito de ajudar também, no que fosse necessário.

- Você pode e deve nos ajudar sim.
- E o que eu posso fazer?
- Bom, em primeiro lugar, você vai começar a fazer preces dentro daquela casa todos os dias, se possível com todas as pessoas que você consiga.

- Isto não é difícil, eu posso fazer. Que mais?
- Gostaria que você lesse um trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo, antes de fazer cada oração, pedindo que os bons espíritos te assistam e protejam este lar, afastando todas as perturbações.
Se você puder, seria muito bom se estas orações fossem feitas perto de dona Judite, será que tem jeito?

- Ela precisa estar acordada ou pode estar dormindo?
- Pode estar dormindo, porquê?
- Se fosse para rezar junto dela acordada acho que não conseguiríamos não, pois ela detesta reza de qualquer tipo que seja, não deixaria mesmo.
Mas se pode ser dormindo então fica fácil porque ela dorme a maior parte do dia com os calmantes que bebe.

- Então é isto mesmo que vamos aproveitar.
Quando ela estiver dormindo, você aproveita e faz uma oração junto dela, com quantas pessoas você puder juntar, e se não tiver ninguém disponível na hora, faça a prece da mesma forma sozinha.
Eu tenho a certeza que Jesus e os mentores espirituais irão nos ajudar. Enquanto isto eu vou pedir orientação à espiritualidade, para saber qual a melhor forma de agirmos.

Assim que puder eu te telefono.
Deixa eu marcar o número do telefone dela.

Rosa volta para casa muito feliz, e com bastante esperança de que elas possam juntas fazer alguma coisa de bom para aquela família.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 04, 2013 9:30 pm

IX

Vovó Ana volta para casa, junto de seus filhos, na certeza de que, de alguma forma poderão ajudar aquela família tão necessitada.

Conversando com seu genro e sua filha, medita em voz alta:
- É meus filhos, o pior mal que existe, a pior doença é a daqueles que não querem enxergar suas próprias atitudes erradas, e fechando os olhos para todos os tipos de ajuda, seja da terra ou da espiritualidade, continuam errando e errando cada vez mais, como se um erro do passado justificasse mais erros hoje.

- O que é isto mãe, do que a senhora está falando? - dizia Mariza.
- A senhora está meditando em voz alta ou está falando com algum espírito, hein dona Ana? brincava António, seu genro.

- Não meus filhos, aqui na terra já existem problemas demais para serem discutidos, para podermos tentar ajudar, é isto que me preocupa neste momento.
Vocês se lembram dos pais do Aguinaldo, aquele menino que morreu de acidente há alguns meses atrás?

- Claro que sabemos, Dona Ana - disse António -, como a senhora sabe, ele era bem famoso no bairro por todas as arruaças e perturbações que sempre criava para todos.
Se a senhora quer mesmo saber, a morte dele foi um alívio para todos nós, pois depois disto parece que até seus companheiros ficaram mais quietos, mais calmos, ou até quem sabe resolveram mudar de vida.

- Não fale desta forma de alguém que já não está mais entre nós, meu filho.
- Dona Ana, de que jeito a senhora acha que eu devo falar daquele marginal, daquele drogado que preocupava todos nós?
Que vivia ameaçando nossas famílias?
Deus me livre de gente como ele.

- António, António; jamais julgue o próximo com tanta severidade, ninguém sabe o que o destino nos reserva, e que prova deveremos passar.
Não julgue desta forma para que, mais tarde, você mesmo, ou até um de seus filhos, não tenha como juiz de seus próprios actos alguém tão severo e implacável.

- De gente assim eu quero distância dona Ana, isto é uma praga para a sociedade.
- Eu acredito que são apenas almas perturbadas que necessitam muito do nosso amparo e da nossa ajuda.
Se todos virarmos as costas para os mais necessitados, como eles se reerguerão?
Não é assim que nós estamos aprendendo na doutrina espírita?

Você já não leu no Evangelho que os sãos não precisam de médicos, e sim os doentes, os desesperados e os desajustados?
Então, na hora de ler e comentar é bom, mas na hora de demonstrarmos que realmente entendemos a lição, e que estamos dispostos a segui-la e exemplificá-la, aí nós somos rigorosos e severos?
Dentro das muitas vidas que já passamos, quem pode dizer que nunca errou?

Será que diante dos nossos muitos erros passados nós conseguimos nos reerguer sozinhos?
Acredito que não. Para nos reabilitarmos diante das nossas próprias fraquezas é preciso muita força de vontade, mas também a ajuda de alguém que já aprendeu a Amar de forma maior, que entende as fraquezas da humanidade em vez de julgar, e que está sempre disposto a ajudar a todos a se reerguerem, a reiniciarem de novo suas trajectórias de volta ao Pai.

- Sabe dona Ana, eu aceito tudo isto que a senhora diz, entendo que talvez eu seja realmente muito severo, mas, só porque este rapaz morreu não quer dizer que ele virou santo não, todo o terror que ele espalhou está impregnado ainda na memória de todos nós.

- E você não acha que ele deve ser quem está sofrendo mais do que todos por isto mesmo?
Você acha que ele está em paz na nova vida?
Creio que ele e seus familiares são os mais necessitados do que todos nós que fomos muito ameaçados pelas suas atitudes imprudentes.

Ele é quem está colhendo os frutos da semente que plantou aqui, meu filho.
Seus familiares também, provavelmente, além da dor da perda de um filho muito amado, devem estar sentindo a dor do remorso de não terem feito por ele tudo que estivesse ao seu alcance, para livrá-lo das drogas e talvez até de morte tão trágica.
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Os Anjos de Felipe - JÚLIO / Anita Godoy Empty Re: Os Anjos de Felipe - JÚLIO / Anita Godoy

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 04, 2013 9:30 pm

Porque você não se iluda, se para nós ele representava ser um terror, para os seus familiares com certeza era um filho muito querido, como são, para nós o Guilherme, a Marcela e o Felipe.
Pense bem António, ele um dia foi um lindo bebé como os nossos, cujos pais seguraram no colo, traçando para esta criança um mundo de felicidades, alegrias e realizações como nós também fizemos.

O carro já havia chegado na porta de casa, mas nenhum deles se animou a sair, pois a conversa estava realmente muito boa.

- António, uma coisa eu te digo, depois de tantos anos de experiência de vida, jamais julgue alguém com tanta severidade pois você mesmo ou alguém a quem você ama muito poderá precisar mais tarde de um juiz menos severo.
O Aguinaldo e sua família estão precisando da nossa ajuda, e creio que o que nós pudermos fazer tanto material como espiritualmente deve ser feito.
É tão bom poder ajudar alguém.

Não querendo contestar a sogra, pois sabia no fundo da sua consciência que ela realmente tinha razão, mas também não tendo sublimado o coração ainda ao ponto de querer ajudar alguém que algum dia possa ter lhe prejudicado, António cala-se mas não se dispõe no momento a auxiliar dona Ana.

Todos entram em casa, e dona Ana, no leito de dormir, reza com muito fervor pedindo a Jesus ajuda para todas as pessoas envolvidas neste drama, fossem elas encarnadas ou desencarnadas.
Ela agora sentia de antemão como seria difícil vencer não só a ignorância daquela família quanto as questões do espírito e a sobrevivência da alma, mas ainda vencer também a pior de todas as doenças, o pior de todos os tumores que existe, que é e sempre será o do preconceito, pois este não permite que todos sejam iguais perante o Pai.

- Senhor Jesus, Pai, protector e amigo misericordioso de todos nós.
Aqui estamos senhor, fiéis aos seus ensinamentos e acreditando realmente na interferência da espiritualidade de luz em caso tão complicado.
Tenho a certeza senhor Jesus, que se este problema chegou até as nossas mãos, é porque de alguma forma ou de outra nós podemos fazer alguma coisa para ajudar efectivamente esta família.

Deus, permita que tenhamos valores morais suficientes para jamais abandonarmos o caso por encontrarmos dificuldades pelo caminho.
Ajuda Jesus, para que os empecilhos sirvam-nos cada vez mais de estímulos para seguirmos adiante no fiel desejo de ajudar o próximo cada vez mais.
Sabemos, Senhor, que ao tentarmos ajudar estes irmãos tão comprometidos diante das leis de amor, enfrentaremos forças trevosas desejosas de ganharem esta batalha e arruinarem cada vez mais e mais almas que vieram para nova encarnação com a missão sublime de evoluírem e vencerem seus próprios defeitos.

Ampara-nos Senhor, para que nada nos tire de nossos propósitos e defende-nos de todos os males.
Assim seja.
- prosseguiu:
Eu sei Jesus, que nós sozinhos nada podemos, mas com a ajuda dos seus fiéis missionários, os espíritos de luz que nos acompanham, nós tudo poderemos, porque na nossa frente irá sempre o seu Evangelho redentor de Perdão das ofensas e de muito Amor. Jesus, permita que este perdão e este amor possa atingir todos os envolvidos, e sensibilizar os seus corações, tanto dos encarnados como dos desencarnados.
Assim seja.

Nesta noite vovó Ana deita-se para dormir confiante na ajuda da espiritualidade diante do caso Aguinaldo/Judite.

Na manhã seguinte acorda alegre e bem disposta como sempre.
Apressa-se em deixar suas coisas arrumadas, e corre para preparar o desjejum de toda a família;
no seu afã do dia-a-dia chegou até a esquecer temporariamente o caso da dona Judite, mas à noite, na hora de suas orações, volta novamente a pedir a ajuda da espiritualidade para todos os envolvidos no drama.

Dois dias se passaram sem que nada viesse modificar o quadro dos nossos personagens.
Rosa preocupada por não ter tido nenhuma comunicação de dona Ana, procura telefonar para saber o que fazer.

- Dona Ana, bom dia, a senhora me desculpe estar incomodando na sua casa, mas como eu não tive nenhuma notícia sua, tomei a liberdade de telefonar para saber o que está acontecendo.
- Eu estou rezando muito daqui de casa para todos vocês, só que ainda não tenho bem definido como devo começar a agir.
E você, tem conseguido fazer as orações e a leitura do evangelho perto da dona Judite?

- Tenho sim Dona Ana, sabe que está sendo bem mais fácil do que eu imaginava, porque ela toma muitos medicamentos para dormir, e nestas horas de sono é muito fácil a gente fazer uma prece, ler o evangelho etc...
Quanto a isto eu não estou tendo nenhuma dificuldade.
A irmã dela também faz as leituras e as preces junto comigo quando ela está aqui.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 04, 2013 9:31 pm

- Isto já é um bom sinal, hoje à noite teremos reunião no centro espírita, e eu vou conversar com o mentor para saber qual a melhor forma de iniciarmos tudo isto, continue rezando, tenha fé, que com certeza os espíritos já estão agindo a nosso favor.

Nesta noite, problemas familiares impediram vovó Ana de ir ao centro, ficando ela muito ocupada em auxiliar os seus familiares.
Ela vai deitar pedindo a Jesus o melhor caminho.

Na manhã seguinte, antes mesmo de ela levantar.
- Vovó, a senhora já acordou?
- Claro meu querido.
- Posso entrar?

- Claro, - responde vovó Ana, já abrindo a porta com o sorriso mais bonito do mundo, e abraçando Felipe.
Como passou a noite o meu neto mais querido, hein?

- Isso não vale vó, a senhora fala a mesma coisa para todos.
- Mas é que todos são meus netos muito queridos.
E aí, como foi a sua noite hein?

- Passei muito bem, e sonhei com um lindo anjo, muito brilhante, que te mandou um recado.
- Um recado para mim?
De um lindo anjo!
Que coisa boa, e qual era o recado?

- Ele mandou dizer que você vai conseguir o que deseja, só que não vai ser nada fácil, você vai precisar ter muita fé e coragem para não desistir.
Ele falou que tem muita gente precisando de ajuda, tanto do lado de lá como do lado de cá.

O que será que ele quis dizer com isto hein vovó?
Ah! Ele disse também que quando a gente quer começar qualquer coisa, basta ter boa vontade e usar o que a vida nos oferece.
Esquisito não é vovó?
Qual será o significado de tudo isto?

Abraçando o neto com todo carinho e muita emoção, dona Ana entendeu realmente tudo que o menino dissera, mas não querendo alarmá-lo com nada, simplesmente responde:
- Nada em especial, meu querido.
Todos nós temos sempre muita luta para enfrentar nesta Terra, e como o anjo disse, não podemos desistir jamais, o mais importante é que ele disse que vamos conseguir vencer não é mesmo?
Vamos logo, que as horas passam voando e todos temos obrigações a cumprir.
Corre se aprontar que já já o café estará pronto.

Vovó Ana vinha conduzindo a mediunidade bonita de Felipe sempre com muita cautela, transmitindo-lhe ensinamentos seguros e equilibrados, dentro das lições obtidas nos livros da codificação da doutrina, escritos por Allan Kardec.
Desta forma, Felipe vinha desenvolvendo pouco a pouco sua faculdade, sem alarde, sem supervalorizações, e muito menos sem atrapalhar o equilíbrio geral dele e da família.

Vovó Ana sabia melhor do que ninguém que uma mediunidade destas, que já mostra tão cedo, que realmente não é a idade nem os conhecimentos obtidos nesta vida que definem o grau de uma mediunidade, porque esta, com certeza, já trazemos de outras encarnações, podendo sempre desenvolvê-la mais e mais, dependendo do jeito que a usamos e como ela é conduzida.

Na pureza do coração infantil precisa ser amparada e desenvolvida devagar, com simplicidade e com lições seguras do Evangelho Segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos.
Felipe teve a felicidade de, junto da segurança e do equilíbrio de sua avó, encontrar um caminho seguro para desenvolver seu corpo, sua mente e sua espiritualidade.

Como seria bom se todas as pessoas tivessem esta sorte também.
Quantas internações em sanatórios e quantos desequilíbrios poderiam ser evitados no planeta se as pessoas aceitassem os conhecimentos da Terceira e grande revelação que é o Espiritismo.

Moisés veio trazer à Humanidade a primeira e grande revelação que foi o Decálogo, numa época onde a barbaridade e a selvajaria dominavam a humanidade, através do Decálogo, que é o maior código de ética que já foi criado, ele trouxe como grande contribuição, a maneira mais correta para as pessoas agirem aqui.
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