LUZ ESPÍRITA
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Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz

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Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz - Página 4 Empty Re: Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 11, 2018 7:46 pm

16 - OS AMBIENTES INTERNOS
Mesmo depois de ingressarem no ambiente que correspondia ao nível de acolhimento de entidades em condição mediana de densidade fluídica, ainda foram necessários alguns instantes para que os mais novatos pudessem se adequar aos campos de energia específicos.
Acompanhando-os com desenvoltura e generosa atenção, Lucas explicou:
- Estamos no nível 12, na área destinada aos espíritos endurecidos que se valeram da inteligência para explorar a boa-fé dos seus semelhantes.
A consciência tigrina é facilmente identificada pela marca que possuem à altura da mente espiritual, corrompida pelo uso astucioso e intenso na proliferação das dores e decepções aos seus irmãos de humanidade.
Em cada nível, há subdivisões específicas para melhor agrupamento.
Assim, no nível 12 em que ingressamos, temos a ala dos que se comprometeram com as quedas do intelecto, separados, tanto quanto possível, pelas suas inclinações religiosas específicas.
Graças aos recursos terapêuticos espirituais que os envolve, podem permanecer adormecidos, mas apresentam um sono repleto das educativas visões de suas condutas vis, como se estivessem assistindo a um filme de terror, no qual foram os directores e os atores principais.
Isso lhes é extremamente doloroso, mas serve para activar os refolhos da consciência a fim de que, ao despertarem, resolvam trilhar outras estradas evolutivas.
Para enriquecer ainda mais a oportunidade, Lucas interrompeu a descrição e disse, sorrindo:
- Perguntas?
Como se tivesse rompido o lacre de um vulcão, começaram a brotar nas bocas dos mais inexperientes entre os membros do grupo.
- Quer dizer, então – tomou a dianteira Adelino -, que o estado de sono em realidade é uma espécie de regressão ao passado?
Não seria mais adequado que lhes fosse um repouso para a alma em sofrimento?
Entendendo a abrangência da indagação do inteligente companheiro, Lucas observou:
- Bem, Adelino, a etapa das tentativas e erros já passou para todos eles.
Aqui não estamos diante de espíritos cuja finalidade é a de corrigirem seus equívocos para que, depois de um ano inteiro de descaso, consigam tirar boa nota nos exames finais e passar de ano.
Encontramo-nos diante dos que já foram reprovados por sua desídia, por terem sido maus alunos.
É verdade que se trata, também, de uma etapa educativa.
No entanto, os mestres não são mais a paciência, a tolerância, a nova oportunidade.
Aqui, os professores são os efeitos das escolhas de cada um.
Assim, uma vez seleccionados por apresentarem teor vibratório incompatível com as modificações reais que assolam as forças magnéticas do orbe terreno em suas estruturas física e espiritual, estes irmãos não estão sendo preparados para retornarem ao campo das experiências carnais na mesma humanidade.
As lições que precisam recapitular são as que os direccionam para um futuro que será sempre mais feliz quanto mais distantes se mantiverem destes actos maus já praticados à exaustão.
Assim, ao sonharem com seus erros do ontem, poderão decalcar em suas mentes as condutas a serem evitadas, numa espécie de vacina a longo prazo, graças à qual, ao retomarem o controle de sua consciência, inclinem-se a não mais cometerem os principais equívocos.
Não estão aqui como resgatados das guerras humanas levados à retaguarda para o tratamento de suas feridas e o justo descanso.
Foram máquinas de fazer feridas e aqui estão porque sempre estiveram adormecidos para a verdade, adiando a hora do Bem em suas almas.
Agora, precisam acordar para as responsabilidades do viver.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 11, 2018 7:46 pm

Entendendo as lições claras, Alfredo acrescentou, diante da pausa de Lucas:
- Quer dizer que, além deste imenso alojamento, existem outras salas onde as entidades são congregadas em razão de suas crenças religiosas?
- Isso mesmo – respondeu Lucas.
- Mas por que semelhante medida? – redarguiu o diligente zelador do centro espírita.
- É por motivos práticos de organização, Alfredo.
Não esqueça você que, enquanto aqui permanecerem, são objectos da solicitude de Bem que, se não lhes permite mais regressar à velha morada terrena, não deseja o Mal para nenhum deles.
Assim, mesmo aqui, recebem alimento para o Espírito e, conquanto inconscientes, são bafejados pelas forças espirituais que lhes eram familiares quando na Terra, pela expressão das orações a que se afeiçoaram.
Não nos esqueçamos de que nossas rotinas criam raízes em nós mesmos e, assim, quanto mais nos sintamos inseridos nas velhas maneiras de viver, mais facilmente nos abriremos para as nossas realidades insofismáveis.
Por isso, atendemos os sofredores, os degradados, sem privá-los de nenhum dos recursos do Universo a benefício de suas modificações.
Entidades devotadas, ligadas às mais variadas religiões humanas, prestam serviços aqui também, levando aos seus fiéis a matéria espiritual para a semeadura de novas ideias diante dos desafios que os aguardam, reavivando a chama da fé para que, no cipoal dos desencantos, não percam o rumo novamente, recordando-se de que, onde quer que estejam, aí também é uma moradia divina, aguardando-os para a demonstração de suas novas disposições.
Então, temos áreas para cristãos, que se subdividem em algumas denominações específicas, áreas para muçulmanos, para profitantes de religiões orientais, para religiosos de outras denominações, sem contar o ambiente destinado aos que não assumiram qualquer tipo de conduta religiosa na Terra.
Naturalmente que, para todos eles, a religião fora apenas um rótulo, sem qualquer profundidade ou compromisso com mudanças interiores.
Diziam acreditar em algo ou terem uma ou outra religião, mas suas condutas jamais deixaram de ser as do lobo voraz espreitando suas presas, da leoa faminta pronta para o bote certeiro, o que os mantém neste padrão que observamos.
Para os serviços da enfermagem amorosa, é mais fácil tratar de todos os que sejam de uma mesma crença, porque carregam clichés mentais muito semelhantes, facilitando a compreensão de suas necessidades.
Nos serviços da espiritualidade, a especificação significa eficiência.
Observando o interesse de seus tutelados, mas procurando ganhar o máximo de aproveitamento em função do tempo de que dispunham, Bezerra sugeriu, cortês:
- Filhos queridos, façamos um estudo de caso, tomando um destes infelizes irmãos para a compreensão de sua problemática.
Dizendo isso, acercou-se de um deles, que se encontrava em um quase total alheamento e, colocando a mão sobre a testa suarenta, criou condições vibratórias ao redor da cabeça do paciente para que suas ideias em forma de sonho fossem visíveis, facilitando para os seus amigos a compreensão dos ensinos.
- Observem os sentimentos do nosso irmão – disse Bezerra.
- Sim, paizinho, ele está conduzindo algumas crianças ao semáforo de uma cidade grande, ameaçando-as de espancamento caso não o abasteçam com o dinheiro que espera ganhar – falou Alfredo, compungido.
Mais um pouco de observação, e o quadro mental se alterava.
Agora, surgiam furtos praticados no meio da multidão, roubos premeditados, sem medir as consequências sobre suas vítimas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 11, 2018 7:46 pm

Homicídios perpetrados com a frieza dos que pensam que jamais serão alcançados pela Justiça Divina.
Tais quadros eram um filme que abrangendo várias etapas da mesma vida, ao mesmo tempo em que também penetrava os arcanos do inconsciente de outras existências, para a constatação da repetição interminável dos mesmos delitos.
Bezerra retirou a mão da testa do infeliz meliante moral e a transferiu para o que estava no leito vizinho.
O mecanismo foi igual ao do anterior, mas a cena vista, absolutamente distinta.
- Parece ser um representante governamental.
Sim... sim.... – disse Adelino, agora – é um homem importante, com responsabilidade social, parece ser um prefeito, ou coisa do tipo.
Está extorquindo dinheiro de uma empresa com a desculpa de lhe favorecer com concessões tributárias, lesando o património do povo.
Agora, parece estar ordenando certa perseguição política a adversário, valendo-se de calúnia ou difamação ardilosamente urdida.
Meu Deus... agora está usando o dinheiro público para embelezar a entrada de sua propriedade rural, alegando ser uma necessidade pública quando outra coisa não deseja do que valorizar o próprio imóvel.
Todos viam as cenas, enquanto Adelino as ia descrevendo.
Então, tudo pareceu voltar ao passado, misturando as imagens de agora com as de outro tempo muito recuado.
- Vejam... ele está, agora, em pleno Coliseu.
Parece Roma antiga.
Está assistindo a um espectáculo de morte, enquanto aguarda o resultado de suas apostas pesadas.
Dinheiro roubado, novamente, usado para financiar sua jogatina desenfreada.
Pertence a tradicional e rica família romana, que sustenta seus vícios através dos saques indiscriminados que faz junto aos cofres de César, que generoso com tais excessos porque necessita de seu apoio político para manter-se no poder sem oposições maiores.
Agora, vejam, está mais velho, decrépito, parece doente de lepra.
Perdeu seus títulos e suas riquezas e, dessa forma, ameaça os seus pares com as chagas e pústulas que carrega, de forma a obter alguns recursos com base na chantagem ou na ameaça.
Seus adversário de outrora tramam sua morte, pagando para um outro leproso enterrar uma adaga na garganta do infeliz.
Ódio e mais ódio.
Rico ou pobre, este irmão jamais se afastou das inclinações mesquinhas, nem mesmo quando recebeu o berço doce e amoroso de seus pais que tentaram nele edificar outros princípios.
Ele próprio executou mais de dezoito progenitores, ao longo de inúmeras existências, com o intento de herdar-lhes os bens ou vingar justas reprimendas, ou então, se não matava, encaminhava inumeráveis benfeitores para os vales dos aflitos, para asilos variados, para hospitais de loucos.
A emoção das palavras de Adelino contaminava os corações dos amigos que, igualmente, se admiravam da vastidão dos malefícios produzidos por um único dos espíritos ali estagiando.
Retomando o fio da lição, Bezerra asseverou:
- Como podem ver, nestes ambientes, não encontramos nenhum irmão ao qual tenha sido negado a mão da Misericórdia.
Todos os que aqui se congregam padecem do mesmo tipo de doença, enraizada no orgulho e no egoísmo, carregados de interesses pessoais, colhendo as dores que semearam.
São réus por suas próprias escolhas.
Mesmo assim, estão em um leito limpo e sob os cuidados da enfermagem amorosa e consoladora, ainda que seu destino seja o exílio distante no qual se reencontrarão consigo mesmos e com as Leis do Universo, no respeito que devem aprender a nutrir pelas coisas de Deus.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 11, 2018 7:47 pm

Aproveitando a lição, Jerónimo perguntou, certamente para ensejar o aprendizado de seus companheiros:
- No caso dos que se encontram neste nível, em ambientes destinados aos que tiveram algum tipo de religião declarada, encontraremos apenas sacerdotes dos cultos variados?
Bezerra, então, esclareceu:
- Longe disso, meu filho.
Lá encontraremos tantos sacerdotes e pregadores de todos os cultos, quanto os fiéis a eles vinculados, contaminados pela mesma enfermidade do interesse mesquinho, das práticas desumanas, das argumentações religiosas para fundamentar seus desatinos e desmandos.
Toda espécie de lesão moral produzida pelo interesse, pelo orgulho e pelo egoísmo reflecte-se não apenas nos que eram integrantes de religiões oficiais, mas, como não poderia deixar de ser, sobre os que, religiosos e conhecedores dos ensinamentos do Bem, se fizeram surdos a eles visando a conquista
dos tesouros do mundo.
Como podem entender, agora, aí estão aqueles a quem Jesus advertia de que não deveriam esperar a recompensa do Céus porque já a haviam recebido na Terra.
O ensinamento era rico e interessante, mas era preciso aproveitar os minutos.
Então, Bezerra sugeriu que encerrassem as observações e partissem para um nível mais inferior, onde terminariam o aprendizado daquela noite.
Atendendo à sugestão sempre cordial e sábia, deixaram-se levar por Lucas que, conhecendo o interesse do Médico dos pobres pelos mais infelizes, comunicou-se através de minúsculo aparelho, solicitando a presença de espíritos da Escolta. Protectora à porta do elevador que os conduziria ao nível 27.
Aguardaram, então, a chegada do veículo que se deslocava internamente pela vasta Nau e que os levaria ao pretendido objectivo, quinze andares abaixo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Nov 11, 2018 7:47 pm

17 - O FIM DA VISITA
O grupo foi recebido à porta do elevador pelo responsável pela segurança em serviço naquele turno, que informou aos visitantes os procedimentos padrão que deveriam ser observados durante o tempo em que ali permaneceriam.
O nível 27 era destinado ao acomodamento de entidades de evolução primária, extremamente vinculadas aos padrões inferiores da vida, motivo pelo qual ser mantidas em câmaras especiais, cuidadosamente construídas para que reproduzissem o habitat primitivo ao qual se acostumavam.
Apesar de já possuírem a condição hominal, traziam o raciocínio pouco exercitado, e no caso daqueles que conseguiam organizar o pensamento de maneira mais completa, viam-se dominados pela força do instinto do qual não se haviam libertado adequadamente, o que os tornava criaturas muito agressivas e dominadoras, incapazes de medir o efeito dos seus actos.
Observando as advertências do sentinela responsável, Bezerra acrescentou:
- Não nos esqueçamos de que estamos em nível vibratório muito inferior à nossa condição evolutiva, circunstância esta que dificultaria nossa defesa contra o ataque de tais entidades.
Aqui nos achamos no “território fluídico” deles, ainda que sob a vigilância dos encarregados pela ordem.
Por isso, assemelham-se aos tigres em plena vida selvagem, prontos para atacar qualquer um que se lhes apresente como ameaça ou fonte de alimento.
Para a compreensão das dificuldades enfrentadas pelos benfeitores que os ampara, a questão da alimentação exige que lhes seja fornecida a ração diária compatível com seus hábitos.
São elaboradas formas fluídicas àquelas que lhes agradavam mais ao apetite voraz e animalesco, plasmadas em elementos-força superiores à carne sanguinolenta, mas que se parecem com ela.
Tal cuidado permitirá que se abasteçam de energias mais subtis, melhorando indirectamente sua condição animal para que, com o tempo, deixem esta situação pelo efeito de uma alimentação adequada, que se reflectirá em sua estrutura espiritual.
Entendendo as explicações e procurando tornar o ensinamento mais pedagógico para todos, Jerónimo indagou:
- Seria como dizer, querido doutor, que nós somos o que comemos?
Depois de significativo gesto, Bezerra respondeu:
- Certamente que esta frase não pode ser levada ao pé da letra, porque seria a negação da liberdade e do controle que o Espírito pode exercer sobre o corpo.
No entanto, meus filhos, a afirmativa de muitas escolas do pensamento terreno acerca da importância da alimentação como produtora de estados vibratórios mais ou menos adequados está muito próxima da realidade.
A acção energética reequilibrante encontra-se na estrutura dos vegetais e minerais, além de estar, igualmente, plasmada nos tecidos.
A diferença que se observa é que, como estes últimos são extremamente vinculados à acção mental e aos imperativos do ser espiritual que administra cada organismo, não podemos deixar de reconhecer que, usada como alimento, a carne, representada por vísceras e músculos, é composta não somente por proteínas e gorduras, aminoácidos e vitaminas tão conhecidos pela humanidade.
Impregnada pelas vibrações do ser inteligente em processo de desenvolvimento activo, toda a sua estrutura física é bombardeada pelos elementos hormonais desencadeados pelo medo, pela agressividade, além de repercutirem sobre sua estrutura energética as atitudes mentais ou emocionais que originaram as respostas metabólicas.
Tanto quanto o nervosismo do ser humano pode produzir, entre outros, a pressão alta, a gastrite, a ulceração do estômago ou do esófago, a disfunção do aparelho gastrointestinal, a ruptura de artérias e, até mesmo, a ocorrência de falências cardíacas ou neuronais, reacções similares são observadas no corpo dos animais em desenvolvimento quando são abatidos para servir às necessidades de alimentação dos humanos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 12, 2018 8:39 pm

Medo, stress do pré-abate, angústias e reacções agressivas produzem descargas deletérias que impregnam a carne e se transferem para todos os que a consumirem.
Tal circunstância é decorrência da estrutura fluídica que possuem por já terem atendido o referido patamar evolutivo a que nos referimos.
Certamente que tais toxinas, sejam as físicas ou as vibratórias, não produzirão a morte dos que consumirem suas vísceras.
No entanto, os que se alimentam delas, somente depois de um grande esforço reequilibrante do próprio organismo é que conseguirão se libertar de seus efeitos, quando precisarão ser drenadas para o exterior através dos processos excretores do corpo e do perispírito.
Não estamos nos referindo, ainda, aos prejuízos causados pelos métodos artificiais de tratamento, usados para antecipar as etapas do crescimento através da aplicação de hormónios artificiais como mecanismo de produção em massa.
Este é outro problema grave que, atingindo as modernas formas de criação e cultivo, está presente que também na área dos alimentos vegetais, na forma de adubos químicos, pesticidas e técnicas desrespeitam a natureza em seus princípios básicos.
Dando maior ênfase às próprias palavras, acrescentou:
- Se observarem com atenção os diversos casos que atendemos em nossas rotinas de auxílio, encontrarão sempre um padrão típico.
Os seres mais agressivos nutrem-se de maneira mais grotesca, abusando de tudo o que seja pernicioso ao próprio organismo, tóxico aos tecidos e sistemas, apreciando as substâncias que mais se assemelhem ao estado íntimo.
Da mesma maneira, os Espíritos mais agressivos se vinculam a tais encarnados, deles usando-os como fornecedores de carne fresca, fluídos densos, emoções fortes e gozos dilatados, em todas as áreas da vida.
Não queremos com isso condenar aqueles que ainda sentem falta do bife malpassado nas refeições diárias.
São irmãos que estão se valendo do que está disponível para a sobrevivência diária, sem pretensões violentas ou desejos insaciáveis.
Falamos aqui de encarnados e desencarnados cuja “fome fluídica” só se sacia quando abastecida por energias pesadas.
As necessidades do Espírito se reflectem na busca do garfo tanto quanto na dos prazeres que o abasteçam de emoções.
Relembremo-nos da antiga Roma. O Circo e o Coliseu estavam sempre repletos de espectadores ansiosos por sangue e emoções fortes.
Nos dias de hoje, ainda que exista público que busque esse tipo de sensações grotescas, os grandes estádios trocaram os espectáculos de morte e dilaceração pelas disputas desportivas.
Todos torcem por seus partidos exteriorizando as emoções, mas graças aos esforços espirituais visando o desenvolvimento colectivo, já não mais ao preço da matança indiscriminada de animais e pessoas.
Também é importante relembrar que existem pessoas santificadas no Bem que apreciam a alimentação animal.
Fazem-no, contudo, com parcimónia, com comedimento, comendo para viver e não vivendo para comer.
Tudo o que fazemos em nossas rotinas interfere no padrão de nossa caminhada rumo à evolução.
A alimentação igualmente está entre os instrumentos mais importantes que nos revelam o patamar evolutivo de nosso espírito, ainda que, isoladamente, não nos defina os destinos quando voltamos ao plano espiritual.
Não nos esqueçamos de que o Divino Amigo asseverou que não era o que entrava pela boca do homem o que manchava o homem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 12, 2018 8:39 pm

Continua a ser aquilo que sai da sua boca o que demonstra a sua nobreza ou imperfeição.
Todavia, o espírito menos elevado busca, em tudo, mais a quantidade do que a qualidade, o abuso mais que o equilíbrio, o excesso mais que a contenção.
O tempo passava rápido e Bezerra queria levar seus amigos ao contacto directo com os hóspedes daquele nível.
Sinalizou ao anfitrião sentinela que os conduzisse.
Discreta iluminação no solo indicava aos caminhantes o trajecto seguro evitando que ficasse expostos a ataques daqueles espíritos pouco conscientes de sua condição humana.
Em cada compartimento, uma grotesca e monstruosa entidade se acomodava como podia, em leve estado de sonolência, num ambiente obscuro e claustrofóbico, bem ao gosto de tais espíritos. Grunhidos diversos eram escutados aqui e ali, entendendo-se, então, o porquê das recomendações de silêncio absoluto por parte dos visitantes.
As celas não eram guarnecidas, até aquele nível, com grades em suas entradas.
No entanto, do alto de cada uma delas eram visíveis os orifícios de onde seriam projectadas imediatamente, ao primeiro sinal de perigo ou de ataque, isolando o espírito dementado antes que ele conseguisse atingir seu objectivo.
A demarcação luminosa no piso orientava a zona segura para que o visitante estivesse fora do alcance do ataque, nos casos de descontrole da entidade enquanto as grades eram accionadas automaticamente para a contenção do espírito agressor.
Alfredo era o que mais sofria para manter o silêncio, impressionado com cada quadro e, menos adestrado para tais excursões, era amparado e controlado pelas forças generosas de Bezerra, que o envolviam para a manutenção de sua calma e coragem.
Percorreram todo o ambiente sem se deterem especificamente em nenhum caso, obedecendo ao conselho do sentinela.
No entanto, atingindo certo ponto da visita, Lucas solicitou ao responsável pela segurança que accionasse o mecanismo que baixava a grade vibratória que cerrava a entrada de todas as câmaras daquele sector.
- Não seria instrutivo passarem por aqui sem realizarem o exame de um de nossos irmãozinhos tutelados – falou o representante do comandante Alírio.
Então, podem aproximar-se para a observação adequada já que todas as câmaras deste sector estão isoladas.
As palavras de Lucas provocaram um alvoroço de rugidos, grunhidos e urros oriundos de todas as celas.
Identificando as vozes ao redor aqueles seres despertavam da letargia prontos para desferir o golpe contra alguma ameaça imaginária, de acordo com as atitudes mecanizadas do instinto.
Acercaram-se da porta para melhor visualizarem o interior da câmara, transformada em verdadeira jaula para a contenção da disforme entidade numa mescla de homem e animal.
Fosse pelo magnetismo suave de Bezerra ou pela contenção energética no interior da própria câmara, o certo é que a entidade não conseguiu atingir as grades protectoras, guardando distância significativa de onde rugia e gesticulava ameaçadoramente.
Então, puderam vislumbrar pequena tela fixada na parede externa, responsável pelo monitoramento de seu hóspede, na qual se visualizavam as experiências evolutivas daquela entidade, numa espécie de filme detalhado que estampava as etapas por ela vividas.
Ali se podia mensurar o grau de violência, de fome ou necessidades espirituais variadas, da inconsciência ou lucidez, de maneira a bem orientar os enfermeiros que velavam.
Mais uma vez, Lucas realçou que, apesar das tristes condições em que se achavam, não eram tratados como encarcerados ou malfeitores.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 12, 2018 8:40 pm

Eram considerados hóspedes especiais, nos quais se respeitavam os hábitos, ainda que esdrúxulos, os desejos ainda que exóticos, amparando-os da melhor forma para o encaminhamento aos seus destinos específicos.
Precisavam submeter-se às disciplinas educativas daquele local, mas tais regras eram conduzidas de maneira amorosa e discreta, tendo em vista o bem colectivo.
Depois de bem examinada a tela cristalina, onde eram abundantes os detalhes, Bezerra considerou encerrada a experiência e convidou a todos para que regressassem à sala do comandante da embarcação, a fim de lhe apresentarem o agradecimento e as despedidas.
Alírio recebeu-os sorridente e feliz por ter sido possível que os planos do velho amigo Bezerra se realizassem.
- Esperamos que a viagem seja suave, Alírio, uma vez que a preciosa carga que este transportador carrega, apesar do destino triste de seus ocupantes, é composta dos futuros Embaixadores Celestes, adormecidos na forma de Espíritos Imaturos – falou Bezerra ao comandante.
- Tudo fazemos para que não aconteçam sobressaltos, ainda que existam turbulência vibratórias sempre que temos que atravessar longas distâncias entre fronteiras vibratórias tão díspares.
No entanto, depois que deixamos a zona de maior influência terrena, os nossos passageiros se acalmam e, em geral, perdem o ímpeto agressivo, caindo em um estado de prostração característico.
O problema maior, Bezerra, é quando chegam ao destino.
- É, meu amigo, eu imagino como devem ser as coisas por lá.
Receba o nosso abraço e a gratidão dos irmãos que são sempre mais e mais devedores de sua bondade, querido Alírio.
- Aqui estaremos sempre disponíveis, bondoso doutor.
Que Jesus os ilumine sempre.
Abraçaram Lucas e, conduzidos pelo venerando Médico dos Pobres, deixaram para trás a grande embarcação, uma dentre tantas que se empenhavam em realizar o deslocamento das entidades eu não mais poderiam permanecer na atmosfera terrena.
Era necessário, no entanto, regressar ao núcleo de trabalhos espirituais de onde haviam saído várias horas antes, porquanto o dia se aproximava e ainda se faziam necessários certos entendimentos finais sobre o prosseguimento dos atendimentos tanto dos encarnados quanto dos espíritos.
Lá no Centro Espírita, sob a direcção espiritual de Ribeiro os trabalhos tinham o curso normal e intenso, caracterizados pela responsabilidade da Obra Divina num cenário de grande necessidade.
Multidões esperavam atendimento e encaminhamento.
Alguns trabalhadores encarnados desprendidos do corpo pelo sono físico cooperavam activamente, ora como doadores de energias vitais, ora como médiuns de outros espíritos, ajudando, atendendo, conversando, servindo.
Todavia, alguns se encontravam no serviço extremamente abatidos, como se estivessem em terrível provação.
Esse era o caso específico de nosso irmão Alberto, o Gerente Contábil que, sob a pressão de seus chefes, recusaram-se a fazer as trapaças que pretendiam realizar na tentativa de se livrarem das responsabilidades decorrentes das condutas ilícitas.
Desprovidos de seriedade de carácter, os dois sócios, Moacir e Rafael, acusaram Alberto como responsável pelo ilícito, atacando o funcionário honesto e dedicado de tantos anos.
Alberto sabia que os erros do passado poderiam ser descobertos um dia, mas depois que entendera os compromissos assumidos por ter sido conivente com as irresponsabilidades de seus patrões, estava consciente de que responderia por elas, ainda que na condição de cumpridor de ordens.
No entanto, jamais lhe passara pela cabeça que os dois, acovardados pelo perigo das punições fiscais e criminais, procurassem livrar a própria responsabilidade oferecendo a sua cabeça às feras.
Recebera o comunicado de demissão por justa causa e vira
a sua reputação profissional jogada na lama da noite para o dia.
Além do mais, na situação de Gerente Financeiro, teve todos os seus bens pessoais bloqueados, impedido de usar seus recursos longamente conquistados, o que causou uma verdadeira revolução dentro de sua casa como se verá a seguir.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 12, 2018 8:40 pm

18 - COLHENDO OS ESPINHOS SEMEADOS
Como já se explicou anteriormente, o comportamento de Alberto dera guarida a todas as tristes consequências que agora lhe tocava enfrentar.
Na empresa, acomodado aos procedimentos financeiros inadequados que lhe garantiam o polpudo salário mensal, permitira que as ordens de seu superiores fossem efectivadas, ainda que isso correspondesse a um ilícito perigoso.
Acautelou-se, documentando as ordens recebidas dos patrões, guardando cópias de relatórios detalhados sobre as actividades financeiras e os possíveis riscos legais que dela decorriam.
No entanto, apesar de todos estes papéis, não havia como negar que, acovardado pela conveniência e pelas falsas ilusões de uma vida cómoda, acumpliciara-se com o estado de coisas, agindo de maneira tal que, senão por acção, ao menos por omissão não poderia deixar de ser responsabilizado.
Ferido pela indiferença de seus patrões, esperava encontrar refúgio no carinho da família, mas, ao buscá-lo, frustrou-se profundamente.
Apesar de tudo isso, não havia como negar a sua responsabilidade pessoal no problema.
Portanto, não tinha mágoa dos chefes ou parentes.
A culpa estava ligada à sua postura tíbia, nada mais do que a ela.
Apesar de ter sido afastado das actividades da empresa, continuava atrelado às investigações policiais judiciais organizadas pelas autoridades competentes com os reflexos negativos em sua vida pessoal.
Alberto se viu na necessidade de comunicar sua delicada situação à esposa e aos filhos, organizando uma reunião familiar na qual exporia as consequências daquela situação na vida da família.
Sua esperança era a de que, ao menos junto dos corações mais chegados, uma palavra de afecto, de carinho ou de ânimo pudesse surgir em sua direcção, sustentando-o em tão doloroso transe, atacado que já estava sendo por todos os lados, sem piedade.
Entretanto, nem da esposa nem dos filhos conseguiu recolher semelhante demonstração.
A reacção inicial de todos foi a de se sentirem arrasados com as notícias.
À medida, porém, que começavam a processar as novas informações avaliando os prejuízos pessoais, passavam à posição agressiva, indignada, ofensiva mesmo, acusando-o de irresponsabilidade.
Quando souberam que acabariam perdendo tudo o que haviam conseguido, a explosão atingiu o clímax em cada coração.
Os filhos, crianças crescidas à sombra do conforto e da ausência de problemas, partiram para a revolta, atirando na face do pai abatido as ofensas mais baixas, como se estivessem diante de um malfeitor pego em flagrante delito.
- Quer dizer, então, que vou perder o meu carro? – gritou Robson, meio alucinado.
E sem esperar a resposta do pai, acrescentou:
- Isso é que não... não vou entregar meu carro por nada neste mundo.
E a minha faculdade?
A alegação era cínica ao extremo.
Alberto, procurando manter o equilíbrio por entender que a nenhum deles havia sido preparado para a derrota ou a dificuldade, exclamou com firmeza:
- Qual faculdade, meu filho?
Aquela que me custa caríssimo, mas que você nunca honrou com a mínima frequência ou dedicação?
Pensa que não sei de suas ausências constantes, suas viagens e aventuras sob o disfarce de trabalhos e mais trabalhos da faculdade?
Robson corou imediatamente.
Não imaginava que o pai poderia estar inteirado de suas actividades levianas.
- Um curso que já deveria ter encerrado há quase três anos e se arrastou até os dias de hoje é a prova principal de sua pouca dedicação, meu filho.
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Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz - Página 4 Empty Re: Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 12, 2018 8:40 pm

E se tudo correr como estou prevendo que aconteça, ou você vai trabalhar para manter seu carro e seus estudos ou, então, precisará ganhar na loteria para sustentar as suas farras semanais.
Romeu, o irmão que acompanhava a cena com a mesma inclinação de rebeldia e irritação, tomou a dianteira e, de maneira agressiva, contestou as palavras firmes de Alberto:
- O senhor acha que a gente merece essa vergonha?
Acha que a gente tem de aceitar essa notícia sem se revoltar?
Ficamos toda a vida entregues às facilidades graças às suas próprias atitudes e, agora, temos de pular fora do navio luxuoso e nos contentar em flutuarmos com salva-vidas?
Ouvindo as frases entrecortadas de dor e decepção que nasciam da boca daquele filho irresponsável e problemático, Alberto acenou com a cabeça, informando:
- Isso mesmo, Romeu, ainda que bem que alguém está raciocinando com lucidez, compreendendo o que estou dizendo aqui.
Sim, todos nós vamos ter de deixar o navio luxuoso e mudar nossas rotinas.
E não adianta nada se revoltarem agora.
Gozaram tudo o que quiseram, fizeram de tudo o que o capricho os aconselhava.
Como a cigarra da fábula, cantaram à vontade enquanto o verão era favorável.
Agora, meus filhos, estamos entrando no inverno e, antes que a fome nos consuma as forças, estou lhes avisando para que se preparem para os tempos difíceis.
- Mas tenho muitos compromissos com meus amigos.
Como vou fazer para cumpri-los?
- Ou se desculpa dizendo que não poderá ou arrumem um emprego para manter seu nome honrado, se sua verdadeira preocupação é, mesmo, com sua honra – respondeu o pai.
Os rapazes estavam arrasados com a calma inflexível e com o horizonte nebuloso que feira seus caprichos de maneira definitiva.
Restava Leda, sentada a um canto, esperando passar as explosões dos filhos para usar a palavra.
Quando lhe tocou dizer alguma coisa, a réstia de esperança de Alberto se desvaneceu ao contacto com os estiletes cortantes representados pelas frases da própria esposa.
- Sempre soube que você era um inútil, Alberto.
No entanto, jamais imaginei que a sua competência em inutilidade fosse tão grande.
Conseguiu afundar toda a família, sem nos dar tempo ou saída para nos safarmos com dignidade.
Como pude me iludir estando ao lado de um derrotado por tantos anos, meu Deus!
Observando como os dois filhos se postavam ao seu lado naquela explosão de acusações injustas que lhe direccionavam, o desditoso Alberto elevou o pensamento ao Alto, lembrando-se do carinho dos espíritos amigos, a começar por Ribeiro, que o acompanhava pessoalmente naquele transe amargo da descoberta da Verdade.
Suas lágrimas silenciosas não eram fruto da perda do dinheiro ou da posição de conforto.
Eram a expressão da tristeza do coração do esposo digno e do pai extremamente generoso que com recursos materiais abundantes conquistaria o carinho daqueles a quem servia.
Sobre sua cabeça, as mãos luminosas do dirigente espiritual do Centro Espírita garantiam-lhe um mínimo de serenidade e equilíbrio, além de manterem um fluxo de forças que protegeria o coração e o cérebro dos choques fulminantes da emoção em desalinho e das decepções a que estava sendo exposto.
Alberto, por força dos aprendizados espirituais, já estava preparado para todos estes momentos dolorosos, inclusive para a perda dos bens que acumulara ao longo dos anos, bens e valores estes que, segundo o seu novo entendimento da vida, haviam sido mais causa de desdita familiar do que de alegrias colectivas.
Graças ao excessivo dinheiro, perdera a proximidade da esposa, convertida em boneca de festas e certames sociais e, em relação aos filhos, a abundância lhes havia aberto as portas fáceis dos velhos vícios do espírito, aqueles acumulados no pretérito e que eclodiam novamente ao toque luminoso do ouro das facilidades.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 12, 2018 8:40 pm

De nada adiantara suas palavras orientadoras a respeito das realidades do Espírito, tentando levá-los a uma compreensão mais elevada dos objectivos da existência.
Seus entes queridos continuavam despreparados para as surpresas da estrada, sem entendimento mais profundo acerca das coisas espirituais e dos diversos ensinamentos positivos que cada um pode recolher das inúmeras decepções, dificuldades, enfermidades ou dores no trajecto da encarnação edificante.
Viam a vida pelo viés das facilidades e confortos, alijando-se de quaisquer esforços na luta por adquirir sabedoria e profundidade, madureza e amplitude de vistas.
Alberto sabia que, mais cedo ou mais tarde, todos seriam reconduzidos pela dor ao caminho recto e, se para tanto se fizesse necessária a bancarrota financeira, que ela viesse e terminasse logo o serviço, já que as bancarrotas familiar, emocional e moral havia muito já se tinham instalado no contexto daquele lar desajustado.
Todos estavam falidos há muito tempo.
Só lhes restava a falência económica, talvez aquela que, em acontecendo, fosse o ponto de partida para o reerguimento de todos.
Amparado pelos raciocínios claros e equilibrados do mentor Ribeiro, recebia os dardos venenosos da indignação dos seus mais amados procurando compreender suas dificuldades, sabendo dos estreitos limites de suas possibilidades.
Apesar de todos os cuidados do mundo espiritual e dos conhecimentos das leis invisíveis, Alberto sofria muito diante das palavras frias e dilacerantes da antiga companheira de equívocos.
- Pois bem, Alberto.
Já que as coisas são desse modo, espero que terminemos aqui também o nosso infausto relacionamento.
Se tenho de passar fome pelo tempo que me resta, não quero estar ao lado de homem derrotado, de um perdedor.
Se terei de trabalhar para manter o meu nível de vida, não pretendo que meu suor seja compartilhado por um ser tão abjecto e sem valor como você.
Acho que nossa união que vinha capengando há muito tempo, chegou ao fim nesta reunião.
Se você não quiser facilitar as coisas, nós nos enfrentaremos no tribunal.
As palavras de Leda eram punhaladas no espírito daquele que tudo fizera para lhe corresponder aos anseios de mulher caprichosa. Aquilo era o fim.
Diante disso, Alberto sabia que não haveria mais ambiente para permanecerem juntos.
Então, melancólico e vencido, respondeu:
- Se é assim que você vê as coisas, Leda, faremos da forma mais adequada para que seu desejo se concretize.
Dormirei aqui esta noite e, amanhã, procurarei um lugar para me alojar, longe de vocês.
Depois falaremos sobre os termos da separação, já que não creio que nos restará muita coisa para dividir além das roupas, bens pessoais e algumas lembranças.
- Você pode ficar com as lembranças... eu não pretendo carregá-las comigo.
Quero esquecer o passado.
Eu sou nova ainda, falarei com minhas amigas.
Tenho certeza de que Moira poderá me amparar nesta hora difícil.
- Bem lembrado, Leda.
Agora você conhecerá quais suas verdadeiras amigas.
Boa sorte.
Alberto saiu da sala, mas, enquanto deixava o ambiente, ainda escutou o comentário irónico da esposa, insatisfeita:
- Nossa desgraça foi esse maldito espiritismo que entrou na cabeça desse homem fraco.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 12, 2018 8:40 pm

Depois que se meteu nesse caminho, parece que se tornou um frouxo.
Além disso, se fossem bons mesmo, por que motivo tais espíritos deixaram que tudo isso acontecesse?
É coisa do Satanás, isso sim...
E para que Alberto escutasse, mesmo à distância, dava vazão ao histerismo, gritando:
- Vai lá no centro, seu inútil!
Vai fazer uma macumba para se safar da desgraça em que você nos colocou!
Fale com seus chefes e mande resolverem esse problema.
Afinal, você não é empregado deles? Eles que nos socorram agora, seu traste.
Nas palavras torpes de Leda, a culpa de tudo era do mundo espiritual.
Que fosse ao centro espírita pedir seu emprego de volta, que falasse com os Espíritos para que lhe devolvesse com juros e correcção todas as horas de serviço gratuito que havia prestado aos sofredores.
Era obrigação das chamadas “entidades” tirá-los dessa enrascada.
Além disso, intimava o marido para que abandonasse aquele “antro” agora que a vida financeira havia ido para o abismo, para que coisa pior não viesse a lhes acontecer.
Infelizmente, Leda estava em surto de desequilíbrio emocional e mental.
No entanto, ao seu lado, uma grande quantia de entidades necessitadas se divertia com a desgraça da família de Alberto.
Espíritos desajustados e infelizes que os acompanhavam havia muito tempo, vitimados por seus excessos e deslizes, vítimas de engodos, furtos, traições que, em excitação festiva, comemoravam o sucesso de suas iniciativas persecutórias pela dor que espalhavam no caminho dos antigos desafectos.
Triste expressão da maldade humana, a satisfação com que tais espíritos vingadores se divertiam era digna da compaixão dos corações esclarecidos das entidades generosas que a tudo assistiam.
Certamente porque, eram sérios candidatos a um lugar na grande Nau Transportadora que aguardava aqueles que, nos diversos departamentos da vida, não logravam elevar o teor de suas vibrações.
Fossem os desencarnados ali conspirando contra a felicidade daquela família, fossem os seus integrantes indiferentes, levianos e egoístas, todos teriam de enfrentar as consequências de suas atitudes diante do tribunal da Verdade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 12, 2018 8:41 pm

19 - AS ATITUDES RENOVADAS DE ALBERTO
A noite do pobre médium Alberto foi extremamente difícil.
Não conseguiu adormecer pelo volume frenético de pensamentos que circulavam em sua mente.
Acostumado a avaliar situações e encontrar soluções criativas para os problemas financeiros da empresa, não lograva se conduzir com a mesma agilidade, agora, que os problemas o envolviam na área pessoal, nas questões da família e do destino.
Suas ideias migravam dos deveres de marido e pai para as obrigações de ser humano, diante de leis indefectíveis que governam todas as coisas.
Se fosse o mesmo Alberto do passado, quando não conhecia a doutrina espírita, facilmente se inclinaria para a solução mais fácil, aquela que o levaria a mais graves compromissos financeiros para manter as aparências familiares.
Contrairia empréstimos e tomaria recursos emprestados, os quais nunca mais devolveria, comprometendo outras pessoas e espalhando a sua desdita pela vida dos seus semelhantes.
Muito bem relacionado como era, não lhe faltariam oportunidades de novo emprego, ainda que com menor salário, conseguindo manter as aparências.
Depois de tantos anos aprendendo sobre as realidades da vida, a importância dos conceitos espirituais para a evolução de cada filho de Deus, não se via mais à vontade para a prática da insanidade, da leviandade financeira e da desonestidade social.
Sentia a intensa necessidade de colocar um basta a essa vida de “faz-de-conta” na qual, por culpa dele mesmo, todos os seus mais íntimos tinham se desenvolvido e se perdido moralmente.
Eram bibelôs caprichosos, cuja fé se fundamentava no altar do talão de cheques recheado consumido na cerimónia dos prazeres, nada mais.
Possuía alguns recursos que lhe garantiriam vida modesta e, com isso, saberia recomeçar.
Deixaria o que restasse, depois da solução de todo o processo, sob a posse da esposa.
Conceder-lhe-ia a separação até mesmo porque já não conseguiria viver ao lado daquela que, com o passar dos anos, se transformara de maneira tão radical.
Sabia da influência das entidades inferiores, mas, também conhecia as leis de sintonia, recordando que sem a participação da maldade dos vivos, a maldade dos mortos não teria onde se apoiar.
Leda, por falta de alimento espiritual, havia reforçado em si mesma as antigas falhas e tendências que, ao invés de corrigir pelo aprendizado de novos e mais nobres caminhos, estimulara graças às facilidades materiais que encontrara. O marido também acreditava que já não lhe seria a melhor companhia, durante o estado de pobreza ou simplicidade material no qual ele passaria a viver.
Amanheceu o dia de maneira triste para o ex-gerente financeiro.
Levantou-se, arrumou as coisas que lhe serviriam de imediato, colocando tudo em duas malas, recolheu seus livros, seus pertences pessoais e documentos e, sem dizer nada a ninguém, deixou a casa, tomando rumo ignorado.
Depois que se acomodasse, forneceria o endereço quando julgasse conveniente.
Caso precisassem localizá-lo, dispunha ainda do telefone celular.
Assim que as imobiliárias abriram o expediente comercial naquele dia, Alberto iniciou a procura por um tecto simples e afastado, de custo baixo e que pudesse abrigá-lo imediatamente.
Não lhe foi difícil encontrar modesta casinha de fundos, por sorte localizada no mesmo bairro do centro espírita, facilitando duplamente seu esforço de recomeço, porque lhe garantia o anonimato além de permitir-lhe a continuidade à frequência regular aos estudos e trabalhos espirituais, para onde poderia se deslocar a pé mesmo.
Como não possuía mais nenhum compromisso com a empresa, restava-lhe tempo para leituras, meditações e trabalho mediúnico.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 12, 2018 8:41 pm

Naquele dia, o tempo fora destinado aos acertos da locação e à instalação de suas poucas coisas.
A casinha, inclusive, já possuía algum mobiliário, e a proprietária era uma senhora que residia na parte da frente do imóvel, onde poderia, inclusive, guardar o próprio veículo.
Quando caiu a noite, Alberto se sentia em paz!
Parecia que havia saído de uma imensa turbulência que o consumia já há muitos anos, perdido no centro de uma família de doidivanas da qual parecia que nunca poderia sair.
Definidos os caminhos pelo teor das decisões do dia anterior, libertara-se das amarras familiares e do emaranhado complexo de deveres profissionais, voltando à estaca zero, sem trabalho, sem esposa, e sem filhos que, já na idade adulta, deveriam aprender a viver por sua própria conta.
Apesar disso, seu coração estava arrasado.
Tomou um banho, trocou de roupa e, bem mais cedo do que de costume, dirigiu-se ao Centro Espírito onde pretendia conversar com o dirigente encarnado.
Assim que chegou, foi recebido por Alfredo, o zelador que, cuidadoso, varria a frente da instituição para permanecesse limpa quando da chegada dos trabalhadores da noite.
- Ora, dr. Alberto, o senhor por aqui tão cedo?
- Sim, meu amigo.
Resolvi “ madrugar” porque preciso conversar com Jurandir.
Por acaso ele já chegou?
- Sim, doutor.
O nosso irmão presidente é dos primeiros que chega.
Deve estar lá no salão arrumando as coisas.
- Ah! Que bom saber... posso entrar e falar com ele?
- Ora, doutor, a casa é sua mais do que minha.
Vá entrando...
Agradecendo o carinho daquele homem simples, Alberto dirigiu-se para o interior, onde encontrou Jurandir às voltas com as cadeiras, a mesa dos trabalhos, os livros espíritas que cada um usava para elevar pensamentos e sentimentos enquanto não começava a reunião mediúnica, etc.
- Ora, Alberto, você por aqui tão cedo?
- É, seu Jurandir, graças a Deus eu posso estar aqui com um pouco de antecedência para falar com o senhor.
Vendo o abatimento do amigo de tantos anos, Jurandir convidou-o a que se sentasse para melhor conversarem.
- Vamos, meu irmão, pode falar...
- Sabe o que é, seu Jurandir, eu não estou passando por uma boa fase, e, assim, acho justo informá-lo de que não me julgo com equilíbrio suficiente para trabalhar mediunicamente durante este período.
Isso não quer dizer que eu não estarei aqui.
Virei ao trabalho, cooperarei com minhas orações, se possível receberei passes magnéticos, mas, para a segurança da tarefa mediúnica, não acho prudente me ofereça diante do estado espiritual tão abatido como o que me encontro.
Jurandir observava com olhar fraterno e compassivo o amigo que, com coragem moral e lisura de carácter, se confessava necessitado de ajuda, expondo suas próprias mazelas.
Pensou consigo mesmo quantos médiuns havia por aí que não tratavam a mediunidade como coisa séria e responsável, preferindo agir como atores e actrizes de teatro, fazendo de conta que estavam em equilíbrio e, certamente, colocando em risco a limpidez e autenticidade das manifestações mediúnicas obtidas por seu intermédio.
- Entendo os seus escrúpulos, meu amigo – respondeu Jurandir.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 12, 2018 8:41 pm

Naquele dia, o tempo fora destinado aos acertos da locação e à instalação de suas poucas coisas.
A casinha, inclusive, já possuía algum mobiliário, e a proprietária era uma senhora que residia na parte da frente do imóvel, onde poderia, inclusive, guardar o próprio veículo.
Quando caiu a noite, Alberto se sentia em paz!
Parecia que havia saído de uma imensa turbulência que o consumia já há muitos anos, perdido no centro de uma família de doidivanas da qual parecia que nunca poderia sair.
Definidos os caminhos pelo teor das decisões do dia anterior, libertara-se das amarras familiares e do emaranhado complexo de deveres profissionais, voltando à estaca zero, sem trabalho, sem esposa, e sem filhos que, já na idade adulta, deveriam aprender a viver por sua própria conta.
Apesar disso, seu coração estava arrasado.
Tomou um banho, trocou de roupa e, bem mais cedo do que de costume, dirigiu-se ao Centro Espírito onde pretendia conversar com o dirigente encarnado.
Assim que chegou, foi recebido por Alfredo, o zelador que, cuidadoso, varria a frente da instituição para permanecesse limpa quando da chegada dos trabalhadores da noite.
- Ora, dr. Alberto, o senhor por aqui tão cedo?
- Sim, meu amigo.
Resolvi “ madrugar” porque preciso conversar com Jurandir.
Por acaso ele já chegou?
- Sim, doutor.
O nosso irmão presidente é dos primeiros que chega.
Deve estar lá no salão arrumando as coisas.
- Ah! Que bom saber... posso entrar e falar com ele?
- Ora, doutor, a casa é sua mais do que minha.
Vá entrando...
Agradecendo o carinho daquele homem simples, Alberto dirigiu-se para o interior, onde encontrou Jurandir às voltas com as cadeiras, a mesa dos trabalhos, os livros espíritas que cada um usava para elevar pensamentos e sentimentos enquanto não começava a reunião mediúnica, etc.
- Ora, Alberto, você por aqui tão cedo?
- É, seu Jurandir, graças a Deus eu posso estar aqui com um pouco de antecedência para falar com o senhor.
Vendo o abatimento do amigo de tantos anos, Jurandir convidou-o a que se sentasse para melhor conversarem.
- Vamos, meu irmão, pode falar...
- Sabe o que é, seu Jurandir, eu não estou passando por uma boa fase, e, assim, acho justo informá-lo de que não me julgo com equilíbrio suficiente para trabalhar mediunicamente durante este período.
Isso não quer dizer que eu não estarei aqui.
Virei ao trabalho, cooperarei com minhas orações, se possível receberei passes magnéticos, mas, para a segurança da tarefa mediúnica, não acho prudente me ofereça diante do estado espiritual tão abatido como o que me encontro.
Jurandir observava com olhar fraterno e compassivo o amigo que, com coragem moral e lisura de carácter, se confessava necessitado de ajuda, expondo suas próprias mazelas.
Pensou consigo mesmo quantos médiuns havia por aí que não tratavam a mediunidade como coisa séria e responsável, preferindo agir como actores e actrizes de teatro, fazendo de conta que estavam em equilíbrio e, certamente, colocando em risco a limpidez e autenticidade das manifestações mediúnicas obtidas por seu intermédio.
- Entendo os seus escrúpulos, meu amigo – respondeu Jurandir.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 13, 2018 8:32 pm

Compreendendo a oferta fraterna e respeitosa, certamente correspondente ao auxílio alimentar que Jurandir lhe apontava, o médium, emocionado, respondeu:
- Puxa vida, seu Jurandir, o senhor não sabe como sua mão estendida me emociona.
Há muito tempo ninguém tem um pensamento de bondade e preocupação comigo – disse, enquanto não conseguia mais conter as lágrimas que lhe brotavam do próprio coração.
Uma explosão de soluços fez com que Alberto escondesse o rosto entre as mãos e se debruçasse sobre o próprio corpo.
Jurandir, igualmente emocionado, enlaçou-lhe os ombros hipotecando-lhe a solidariedade fraterna, sem impedir, contudo, que chorasse convulsivamente.
O transe de dor levou alguns minutos para diminuir, sobretudo porque Alberto carregava aquele fardo de pranto arquivado no peito havia muitos anos.
Quando cessou a torrente de angústias, o médium procurou refazer-se, secando a face orvalhada e, organizando os pensamentos, afirmou:
- Tomo o doutor Bezerra de Menezes por testemunha de minhas palavras, seu Jurandir:
não é o orgulho pessoal que me faz recusar a oferta de ajuda desta casa, na forma de alimento para minhas necessidades.
Por agora, posso lhe dizer que não preciso ser mais pesado nos ombros desta instituição que já é tão carinhosa comigo, uma vez que guardo alguns recursos, enquanto não consigo trabalhar em alto.
Não terei, porém, qualquer dificuldade em aceitar esse auxílio caso me veja às portas do crime, quando, então, o procurarei para recebê-la.
Além disso, resta-me o carro que, se precisar, venderei.
Naturalmente que só poderei me desfazer do veículo caso não tenha que entregá-lo por força do confisco legal.
Ao se referir à questão judicial, sentiu-se no dever de aclará-la plenamente para que não existisse qualquer segredo que viesse a tisnar a relação de confiança entre Jurandir e ele.
Relatou, assim, com detalhes, as circunstâncias em que se viu enredado, a conivência com as atitudes irresponsáveis dos patrões, a demissão e acusação que contra ele foi lançada para comprometer-lhe a vida tanto quanto a responsabilidade que lhe pesava em função do cargo de confiança que exercia.
Então, sua derrocada era um conjunto de circunstâncias, mas que, entre elas, nenhum deslize moral, nenhum tipo de delito financeiro contra quem quer que fosse.
De sua parte, sua grande culpa era a da omissão, por não ter-se afastado da gerência da empresa enquanto havia tempo, enfraquecido pelo temor da perda do salário e das facilidades que o mesmo propiciava família.
Por isso, trazia a consciência tranquila no que dizia respeito a qualquer maldade ou torpeza de que alguém o pudesse acusar.
Jurandir entendeu a sua posição e, então, para deixar bem definidas as coisas, ponderou:
- Bem, meu irmão, vamos fazer uma coisa.
Iremos submeter a sua situação à orientação dos irmãos espirituais, que nos poderão dizer sobre o seu estado geral e a sua segurança mediúnica.
É verdade que um momento tão tormentoso pode comprometer um pouco o equilíbrio mediúnico dos trabalhadores inexperientes, menos acostumados aos percalços desse tipo.
Observaremos o conselho dos nossos dirigentes invisíveis.
Enquanto isso, você continua connosco, servindo na doação de energias, na vibração em favor dos necessitados e, se houver alguma suspensão temporária de suas actividades na psicofonia, assim que a tempestade passar o trabalho será retomado.
Enquanto isso, gostaria de pedir que me ajudasse na organização do centro, nos dias de trabalho, caso haja disponibilidade de tempo de sua parte.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 13, 2018 8:32 pm

- Nossa, seu Jurandir, isso seria a minha maior felicidade.
Estou desempregado, mas não quero ser desempregado.
Quero trabalhar em alguma coisa, ser útil e aproveitar o tempo, só pelo prazer de agir.
Preciso ocupar minha mente e não vejo melhor oportunidade de me preservar contra os maus pensamentos e minhas fraquezas do que me oferecendo aqui nesta casa, que tanto me tem ajudado e sustentado nas horas mais duras de minha jornada. Estarei aqui em todos os dias de trabalho para qualquer coisa que o senhor precisar.
- Pois bem, então, Alberto.
Falarei com Alfredo para que o oriente sobre as actividades que, por falta de trabalhadores disponíveis nestes horários, tenho eu próprio que realizar.
Assim, você me ajuda e eu poderei me dedicar a alguns compromissos que tive de abandonar em decorrência das tarefas de organização e limpeza que me fazem chegar sempre mais cedo.
Não quero, com isso, colocar todo o peso em suas costas, mas já que você está disposto, isso será muito importante para nós.
Observando o sorriso voltar ao semblante do Alberto, Jurandir advertiu:
- No entanto, preciso lhe dizer que se trata de coisa simples, sem qualquer realce.
São arrumações, uma vassourada no salão, limpar e organizar cadeiras, observar se há copos descartáveis, se não faltam ordem e higiene nos banheiros, se não acabou a água do garrafão, e outros coisinhas miúdas que as pessoas não se dão do quão importantes são para as tarefas da casa espírita.
A maioria que deseja trabalhar no centro está buscando postos de realce, querendo aparecer.
Alguns pleiteiam coisas simples e anónimas com segunda intenção e tangidos pela velha vaidade que insiste em fazer morada nos corações ambiciosos, esperando usar o trabalho singelo como trampolim para cargos mais importantes.
Parece que os espíritas não conscientizaram de que Jesus lavou os pés de seus mais próximos seguidores, demonstrando com atitudes como é que cada um de nós deveria se acercar do trabalho efectivo.
Consultando o relógio, Jurandir observou que o horário já avançava, e dentro de trinta minutos seria necessário abrir as postas da instituição.
Então, aproveitando-se da disposição do companheiro, ali mesmo lhe assinalou alguma tarefas pendentes e, com isso, pôde dedicar-se a pensar nos trabalhos da noite, organizando os pedidos de orações e os casos delicados que deveria submeter ao aconselhamento dos espíritos.
Em lugar de Alberto, naquela noite, dona Dalva seria a médium através da qual Ribeiro se manifestaria, dando seguimento à tarefa esclarecedora do grupo de trabalhos.
Alberto se sentia reviver com as pequenas tarefas, que cumpria com o devotamento e o entusiasmo do recém-contratado, como se aquele fosse o seu primeiro “emprego”.
Procurando esquecer o homem importante que havia sido, agora se fiscalizava nas menores coisas, sempre interessado em fazer o melhor, inclusive nos detalhes, procurando não pesar nas preocupações do amável dirigente que o acolhera de braços abertos.
Trabalharia dando o melhor de si sem nada reclamar.
Começaria do zero, como ajudante do zelador e, assim, se apoiaria em Deus para enfrentar a dor daquela hora de isolamento afectivo, quando encontrara albergue seguro não entre os parentes, sangue do seu sangue, mas junto dos corações estranhos, daqueles que eram apenas irmãos de ideal cristão, trabalhadores do Bem em lutas com a vida, a caminho da evolução.
Lembrou-se do exemplo der Jesus que, guardadas as devidas distâncias, também passara pelo mesmo tipo de problema:
“Quem é minha mãe, quem são meus irmãos?
E olhando aqueles que estavam sentados ao seu redor:
Eis, disse, minha mãe e meus irmãos:
porque todo aquele que faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe.”
(Marcos, capítulo III, v.20, 21, e 31 a 35).
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Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz - Página 4 Empty Re: Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 13, 2018 8:32 pm

20 - CONVENIÊNCIAS E INCONVENIÊNCIAS (I)
Os espíritos amigos acompanhavam os esforços de Alberto na transformação de suas atitudes mais profundas, deixando de se prender às coisas do mundo, abrindo mão de direitos que, por certo, poderia exercer nas lutas jurídicas infindáveis contra seus antigos patrões, alegando sua inocência e tentando safar-se com parte de seu património, lutas essas desgastantes e, muitas vezes, infecundas.
Não porque não fosse lícito recorrer aos tribunais humanos, cuja existência corresponde a um avanço da civilização, mas porque, entendendo como necessária a própria modificação, se recusava a usar os velhos métodos das disputas e contendas, tomando o caminho mais fácil, aquele em que as coisas são regidas pelas circunstâncias mundanas.
Decidira confiar-se à Bondade Divina na administração da Justiça, que sobre ele pesaria inflexível, tanto na acusação quanto na defesa, tudo baseando-se nas suas condutas como Espírito Imortal.
Bezerra, Jerónimo e Adelino acompanhavam, emocionados, a disposição daquele filho de coração limpo, apesar da dor que suportava nos embates do testemunho moral.
Tal admiração por parte das entidades se lastreava no valor moral que estava demonstrando no momento difícil, que envolvia desemprego, injustiça, abandono, solidão, perdas reunidas num único momento de sua vida.
Pouca importância atribuíam aos agentes causadores daquela triste circunstância, graças aos quais podiam reluzir as virtudes do irmão encarnado.
Todos sabiam que Alberto tinha escolhido, entre suas provas na presente encarnação, aquela que agora chegava para testá-lo vivamente.
Abandono afectivo da família e dos antigos amigos, solidão, derrocada material, desvalia social, perda de importância – era preciso perder para recomeçar sem os antigos vícios.
Apesar da dificuldade e das pressões sociais e familiares, soubera, até aquele momento, manter a mente limpa dos pensamentos inferiores, aberta para nova forma de viver e o coração distante da mágoa, da raiva ou da decepção, desculpando os entes queridos e assumindo, como sua culpa, a maneira tão ególatra e irresponsável pela qual eles viam o mundo.
Por isso é que contava com a sintonia elevada a aproximá-lo dos amigos invisíveis que, a todo o instante, o cercavam de boas palavras, estímulos afectuosos e apoio vibratório.
No entanto, a mesma coisa não poderia ser observada em relação ao caso Peixoto, mesmo que muito parecido, em suas causas básicas, ao do companheiro do centro espírita.
Na reunião daquela mesma noite, como já se havia entrevisto antes, Peixoto, o médium desajustado, compareceu à reunião o amigo Alceu, rico empreendedor que estava às turras com a esposa que pleiteava a separação com a respectiva divisão do vasto património.
Era possível observar, nos pensamentos do endinheirado senhor, as filmagens mentais produzidas pelas estimulantes palavras de Peixoto, prometendo:
- Vamos hoje, meu amigo.
Seu caso é grave e, assim, falarei com Jurandir para que lhe seja dado um atendimento “especial”.
Essa expressão “ATENDIMENTO ESPECIAL” era um abre-alas que Peixoto usava mesmo sabendo das disciplinas da casa, que não permitiam a presença de estranhos que não pertencessem ao círculo dos trabalhadores comprometidos com a reunião mediúnica.
Insistia em desrespeitar as determinações, notadamente quando, com isso, desejava prestar um favor para obter rendimentos que lhe interessavam.
Iludido com a palavra fácil de Peixoto, que lhe prometera todo o tipo de privilégios no atendimento de seu caso, Alceu ali estava não como alguém que deseja, realmente, acordar para as realidades espirituais da vida.
Acostumado a “ouvir dizer” sobre o Espiritismo, também julgava que ali se resolviam problemas materiais e emocionais, arrumavam-se casamentos ou se conseguiam separações vantajosas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 13, 2018 8:33 pm

Afastava-se o “olho gordo”, conquistavam-se postos de realce nas tertúlias profissionais, venciam-se adversários com tácticas mágicas.
Peixoto não se ocupara de informar ao amigo sobre a necessidade da própria transformação, até porque não lhe era conveniente intrometer-se em questões de vida pessoal de alguém que, rico e indisciplinado, era tão importante aos seus interesses, desagradando-o com recomendações indesejadas.
Por isso, recheado de promessas, Alceu chegou ao centro espírita carregando a arrogância que lhe era própria, a dos indivíduos que vão a qualquer evento público ou certame comercial contando com o tratamento privilegiado dos que podem pagar e, por isso, recebem as homenagens de todos. Sem apresentar a alma aberta para o auxílio verdadeiro, queria a solução do problema, disposto a pagar quanto fosse necessário para que tal se desse, sem o menor esforço de sua parte.
Assim que chegaram, Peixoto procurou Jurandir em particular para expor o caso de Alceu, deixando o amigo na entrada do centro esperando por seu regresso.
- Olá, seu Jurandir, tudo bem? – falou apressado, sem interesse verdadeiro em saber qual era o estado geral do dirigente da instituição.
- Olá, Peixoto, vou bem... e você?
- Bem... eu estou bem e não estou – respondeu o médium, propositadamente reticente.
- Ora, aconteceu-lhe algo, meu irmão?
Perguntou Jurandir, demonstrando interesse fraterno no oferecimento de ajuda.
Você sabe que nos dias de reunião de desobsessão tudo costuma ficar um pouco mais complicado, já que as entidades sofredoras são aproximadas dos respectivos médiuns, muitas horas antes do trabalho.
- Sim, seu Jurandir, disso eu sei, sim... eu... eu estou bem... mas estou sofrendo por causa de um problema que não é meu.
- Entendo, meu amigo. E no que nós podemos ajudá-lo?
Vendo a disposição do dirigente em fazer algo em seu benefício, passou a falar abertamente do caso Alceu.
- Sabe o que é, seu Jurandir, eu tenho um amigo que está sofrendo muito.
Sabe, é muito bem postado na vida, mas de uns tempos para cá, está sendo perseguido por entidades que querem acabar com sua existência – falou Peixoto, tentando florear as dificuldades de Alceu com o intuito de conquistar o interesse de Jurandir.
Ele tem um bom casamento, mas, desde alguns meses, sua esposa o está fustigando com um processo de separação que, ao que nos parece, quer apenas dividir o património do casal.
Ela modificou totalmente o comportamento, parece uma outra pessoa e não há o que o pobre homem faça que a tire dessa ideia fixa.
Eles não são espíritas, mas, como se trata de uma pessoa de meu relacionamento pessoal, falei-lhe das influências das entidades perseguidoras e de nossos trabalhos aqui na noite de hoje.
Então, demonstrou tanto interesse em resolver essas pendências, tanta vontade em solucionar as suas diferenças com a esposa e com esses espíritos perturbadores, que não tive como deixar de trazê-lo aqui, mesmo sabendo das regras da casa.
Expliquei-lhe que não poderia estar connosco se não obtivéssemos a autorização do dirigente dos trabalhos, e por isso aqui estou, colocando o caso desse nosso irmão para que o senhor o autorize, se julgar conveniente, a que participe da nossa reunião e, quem sabe, sentindo-se acolhido, consigamos ajudá-lo, à sua família e aos espíritos que os perseguem.
Sabendo que Peixoto era um médium indisciplinado e sempre muito preso às conveniências mundanas, Jurandir não se deixou envolver com as labiosas expressões que lhe apresentava.
Além do mais, pela sintonia que mantinha com Ribeiro, sabia que aquela não era a verdade real.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 13, 2018 8:33 pm

Poderia, sim, estar acontecendo uma separação, mas as vibrações que o caso lhe transmitia demonstravam que, por detrás de tudo isso, interesses e problemas mais graves pendiam tanto sobre Alceu quanto sobre o próprio Peixoto.
- Você sabe, meu amigo, que nem sempre podemos admitir em nossas reuniões pessoas despreparadas para o entendimento daquilo que aqui vai acontecer.
Vendo que Jurandir não se deixara tocar tanto quanto se era de esperar, Peixoto se fez de mais submisso ainda.
- Sim, seu Jurandir, o senhor, que é o nosso dirigente, tem toda a razão e eu informei tudo isso ao nosso irmão.
No entanto, mesmo assim, ele insiste em participar em busca de uma explicação espiritual ou de um aconselhamento sobre como proceder. Além do mais, a sua presença física neste ambiente poderia facilitar a comunicação de algumas das entidades que os atrapalham, tirando a esposa do caminho correto do matrimónio.
Por isso é que julguei que não seria de todo inoportuno aceder aos seus desejos, estando entre nós como mero ouvinte.
O mentor espiritual da instituição, além de Bezerra e seus dois tutelados em tarefas já estavam cientificados de todo o contorno do “caso Peixoto” e sabiam que aquilo era puro teatro através do qual Peixoto pensava ser, ele mesmo, o agente mediúnico a permitir que os problemas de Alceu fossem encaminhados, obtendo os dividendos que tal auxílio certamente conseguiria na gratidão do ricaço infeliz.
Para não atrasar o andamento das tarefas da noite cujo início já se acercava com a chegada dos diversos médiuns, Jurandir pediu que tanto ele quanto Alceu esperassem à entrada da instituição, sentados em pequena sala, a fim de que ele próprio julgasse como seria mais adequado agir.
Em seus pensamentos sabia que, da mesma maneira que não deveria deixar de atender a um caso sério, não poderia permitir que alguém inescrupuloso se valesse de uma actividade mediúnica sagrada visando aliciar favores financeiros.
- Sim, seu Jurandir, nós esperaremos a sua resposta, mas, por favor, leve em consideração o meu pedido, afinal, há muitas décadas milito nesta casa como um simples servo do trabalho cristão, sem nenhuma pretensão de infringir as rotinas fixadas pelos nossos mentores para o melhor resultado dos atendimentos.
Além do mais, Alceu sempre pareceu ser uma pessoa muito agradecida e generosa.
Certamente não ficará indiferente às necessidades desta casa, no auxílio aos necessitados.
- Claro, Peixoto, os Espíritos levarão tudo isso em consideração, certamente.
Aguarde uns quinze minutos e falaremos novamente.
Afastou-se o dirigente enquanto o médium se dirigia ao amigo, antecipando-lhe o sucesso da empreitada, arriscando presunçosamente:
- Tudo está acertado, Alceu.
Já falei com o Jurandir sobre o seu caso e foi lá dentro arrumar uma cadeira a mais pra você poder participar da reunião.
Lembre-se, no entanto, que não deverá falar nada a não ser que alguém lhe pergunte alguma coisa, certo?
- Tudo bem, Peixoto, fico muito grato pela atenção que estão dando ao “meu caso” e espero sair daqui hoje com a solução do problema.
Quem sabe, se tudo correr bem, não me torne um colaborador da instituição.
O que você acha?
- É, meu amigo, tem sempre muita gente precisando de ajuda por aí, mas não falemos disso agora.
O mais importante é resolvermos o seu problema! – exclamou Peixoto, pensando mais intensamente na ajuda de Alceu à sua causa económica do que aos ideais da casa do Cristo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 13, 2018 8:33 pm

Jurandir, assim que deixou o solicitante, penetrou pequena e isolada sala na qual, através da oração sincera e directa, buscou o amparo do dirigente espiritual para que o inspirasse sobre aquele caso, sobretudo porque rompia com importantes rotinas da instituição e dos trabalhos mediúnicos.
- Não pretendo ser o definidor de quem merece ou não merece ser recebido, irmão Ribeiro.
Apenas que não acho adequado quebrar as ordens da casa sem, antes, ouvir os sábios conselhos dos verdadeiros dirigentes espirituais deste trabalho de Deus.
Por isso, ajude-me com a intuição necessária.
Você sabe como é o Peixoto e qual é a verdadeira necessidade de Alceu.
Aqui me coloco como aquele que obedece.
A oração demonstrava humildade daquele que, mesmo na condição de dirigente encarnado de uma instituição religiosa, mantinha a sua cabeça no lugar, sem julgar-se na posição do infalível decididor de todas as questões, detentor de sabedoria e acuidade que poderiam dispensar os conselhos do mundo invisível.
Conhecendo-lhe a fidelidade e obediência, apesar de saber de todos os interesses e conveniências envolvendo o médium interesseiro, Ribeiro não tardou em aclarar mentalmente as dúvidas do amigo encarnado.
- Meu irmão, obrigado por nos permitir ajudá-lo nesse momento especial da evolução desses dois amigos encarnados.
É verdade que Peixoto continua negociando com as coisas de Deus, interessado em obter vantagens da actividade no Bem.
No entanto, também é verdade que ele precisará aprender com suas próprias atitudes.
Além do mais, Alceu é um irmão endurecido, que certamente poderá ser beneficiado ao contacto com algumas circunstâncias especialíssimas que envolvem o seu caso.
Por isso, ainda que não modifiquemos a regra que visa seriedade e discrição, abriremos uma excepção educativa.
Pode permitir que ambos participem nesta noite que, certamente, trará inesquecíveis lições para todos.
A intuição era clara, como um pensamento que lhe brotava da mente espiritual para o cérebro físico, acalmando suas dúvidas.
Dirigiu-se à saleta de espera na qual Peixoto apresentou o visitante ao dirigente, ressaltando em Jurandir uma infinidade de qualificativos, conduta típica dos que se valem da lisonja para abrir portas nos caminhos por onde têm que passar, contando com a vaidade dos que escutam.
- Bem, é um prazer conhecê-lo, meu irmão – disse Jurandir, dirigindo-se a Alceu.
Não creia, no entanto, em tudo o que Peixoto lhe acaba de dizer porque, nesta casa, os únicos com tais atributos são os espíritos abnegados que nos amam, sabem de tudo o que se passa connosco e nos amparam com discrição e paciência.
Eu, como qualquer outro, sou apenas um apêndice físico deste trabalho imenso que eles realizam.
Por isso mesmo, quero dizer-lhe que nossos amigos acederam à sua participação excepcional nesta noite, não sem antes solicitarem-lhe discrição, bons pensamentos, silêncio e oração, em qualquer situação que lhe ocorra.
As conversas entre os que estão na sustentação energética e os espíritos só é possível caso nossos Mentores Espirituais nos dirijam a palavra.
Por isso, trouxe papel e lápis para que, enquanto esperam pelo início da reunião, possa você escrever o nome de sua esposa e o endereço da família, de maneira que as equipes de trabalho do mundo invisível já possam ir adiantando as providências.
Quanto a você, Peixoto, pode sentar-se à mesa para a preparação indispensável. Vamos?
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 13, 2018 8:33 pm

Com um gesto de cortesia, demonstrou-lhes a necessidade de se deslocarem para o ambiente dos trabalhos, enquanto que Alfredo, o zelador, verificava se havia mais algum trabalhador chegando antes de fechar as portas do centro espírita que, então, só seriam reabertas ao final das actividades da noite.
Todos se posicionaram no salão, tendo, Jurandir, o cuidado de colocar Alceu sentado próximo dos trabalhadores experientes e sabedores dos procedimentos adequados quando um ou outro “novato” se apresentasse na reunião.
Localizara Alceu entre Plínio e Alberto, na fileira dos doadores de energia para as actividades que se iniciariam.
A oração simples marcou o início dos trabalhos, logo seguida da leitura do Evangelho, dos comentários precisos e rápidos e, depois, com a diminuição das luzes teve início o trabalho mediúnico.
Ribeiro se faria escutar através de Dalva, com conselhos morais visando o aproveitamento das experiências da noite.
Esta providência visava a preparação das mentes ali presentes, harmonizando-as a fim de que, convocadas a mais nobres e elevados padrões de vibração no Amor Verdadeiro, entrassem na sintonia adequada aos objectivos pretendidos, conectando cada médium com os respectivos dirigentes mediúnicos que organizariam o campo energético individual para a aproximação das entidades aflitas que se manifestariam naquela noite.
- Boa noite, meus filhos – falou Ribeiro, através da médium Dalva.
- Boa noite – responderam, discretos.
- A tarefa da transformação não espera.
Cada um de vocês é convocado a pensar nos próprios interesses de crescimento e evolução para que retirem da vida o melhor que a vida tem a lhes oferecer.
Pessoas há que, com a desculpa da inteligência, outra coisa não fazem senão investir tudo o que possui em aquisições condenadas.
Verdadeiras sumidades da cultura lutando para ajuntar coisas perecíveis, como se investissem toda a fortuna pessoal na aquisição de um navio de peixes.
Jamais conseguirão alimentar-se de tantos peixes, por mais lhe sejam agradáveis ao paladar e perderão todo o investimento se não o dividirem com outras pessoas, seja pela comercialização ou pela caridade.
Tratando das coisas de Deus, gratuitas por excelência, é indispensável que observemos que todos os bens que ajuntamos continuam a pertencer ao Criador, que nos emprestou a posse sobre os mesmos.
Não somos donos de nada.
Por isso, não desejamos que iniciem o trabalho desta noite sem meditarem nas importantes modificações de pensamento e sentimento.
Se não o fizerem, continuarão aplicando valores da energia, da inteligência e da vontade para adquirir coisas perecíveis e sem valor maior do que os peixes que apodrecem.
Somos constantemente acompanhados por entidades que nos conhecem e, com facilidade, identificam o núcleo de nossas necessidades e interesses.
Não nos iludamos com ideias de milagres ou de soluções fantasiosas para coisas que fazem parte das nossas próprias lutas pessoais para as quais é indispensável nossa própria mudança.
Sem ela, continuaremos como os doentes que querem a saúde, mas que, invariavelmente, continuam a envenenar-se.
Entidades que aqui serão atendidas estão na faixa comum dos iludidos pelas coisas do mundo, relatando como se encontraram perdidos no mundo espiritual, depois de terem visto fechar sobre seus corpos a cova rasa do cemitério, sem terem amealhado as riquezas indispensáveis da alma.
Morrem magnatas e despertam indigentes.
Escutem e aprendam, filhos queridos, apagando a ilusão mentirosa dos interesses da matéria, não importando quão difícil lhes seja a vida, em seu cortejo de provas e testemunhos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 13, 2018 8:33 pm

Mãos à obra, meus filhos.
Depois de breve pausa, antes das despedidas, Ribeiro dirigiu-se a Alceu, nos termos seguintes:
- Estas advertências também são para você, querido filho visitante desta noite.
Esteja aberto para os ensinamentos que lhe toquem, sem qualquer consideração de desvalia pessoal ou de tristeza.
Se lhe foi autorizada a participação na tarefa de hoje, de maneira excepcional, é que Deus, em sua Infinita Bondade, haverá de considerar a sinceridade de seus propósitos na construção de uma Nova Vida.
Um pouco tímido diante das circunstâncias, mas recordando-se de que poderia responder se lhe dirigissem a palavra, Alceu ensaiou breve resposta, lavrada no verniz da boa educação:
- Agradeço as palavras de estímulo e aqui estou como quem escuta com atenção.
- Que Jesus o ilumine... – respondeu Ribeiro.
- Amém... – falou Alceu.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 13, 2018 8:34 pm

21 - CONVENIÊNCIAS E INCONVENIÊNCIAS (II)
A reunião mediúnica teve início, com o atendimento das entidades que eram encaminhadas, uma a uma, a cada um dos médiuns sentados ao redor da mesa, ocupando-se Jurandir de realizar a conversação individual.
A primeira a apresentar-se para o diálogo naquela noite, comunicou-se através de Lorena, médium psicofónica.
Apesar da seriedade e do controle que exercia sobre o comunicante, podia-se perceber o estado de insatisfação que as primeiras palavras deixavam patente:
- Não adianta vocês se colocarem em meu caminho.
“Ele” vai pagar por tudo o que me fez!
Enquanto não destruir sua vida e sua família, não desistirei e ninguém aqui poderá me impedir.
- Olá! – falou Jurandir, procurando infundir calma ao espírito agitado.
No que podemos ajudar?
- Podem ajudar se não se meterem onde não são chamados.
Se aprenderam mínimas noções de respeito, respeitem minhas decisões.
Ele parece muito injustiçado, mas não passa de um “homem” insano e rude.
Pensa que tudo pode com o seu dinheiro, que estará sempre por cima e que nunca precisará temer o mal que já cometeu por aí.
Mas eu serei, como tenho sido, o espinho em sua carne.
E vou destruir todos os que estão no mesmo caminho.
Podem pedir por ele quanto quiserem, podem me amarrar aqui, me prender, mas não adianta.
Nós somos MUUUUUUUUIIIIIITOSS.
Nas primeiras frases trocadas entre a entidade e o esclarecedor, começava a ser atendido um dos espíritos que se encontravam junto a Rafael e sua família, aquele patrão de Alberto, sobre quem, poucas horas antes, havia desabafado com Jurandir, contando-lhe os dramas pessoais.
A identidade do espírito não era, de fato, importante de se conhecer, porque não passava de mais um infeliz, iludido pelo ódio, imaginando conseguir paz e felicidade através da vingança.
Apesar de não ter nenhuma ligação com o próprio Alceu, as palavras da entidade caíam-lhe nos ouvidos como severas advertências, como acusações directas por atitudes que somente ele próprio, Alceu, conhecia.
Por sempre ter estado envolvido por muitos interesses em conflito, a construção de sua fortuna se deu com o prejuízo de muita gente, muitos infelizes que acabaram postos de lado para que ele próprio brilhasse.
Criaturas que, sem forças ou poder suficiente para se oporem às suas ambições, juraram prejudicá-lo de uma forma ou de outra.
Como o pobre visitante carregava a consciência cheia de nódoas e factos infelizes, desconhecidos de todos os presentes, as palavras da entidade pareciam revelar os segredos longamente arquivados no cofre da culpa, fazendo-o tremer na cadeira por se imaginar desmascarado em seus erros diante de todos.
Começou a ficar nervoso e impaciente, não conseguindo prestar atenção nas palavras que eram trocadas, ainda mais depois que recebera aquele “ele vai pagar por tudo o que me fez” como uma ameaça pessoal dirigida contra ele próprio.
Muitas vezes escutara isso das vítimas de seus golpes ou negociatas.
A comunicação, entretanto, não tinha a ver com o seu caso pessoal.
Depois de mais alguns minutos de conversa, a entidade, que recusava desistir do impulso vingativo, acabou encaminhada para o plano espiritual a fim de dar lugar à seguinte que, já devidamente vinculada ao próximo médium, era contida em sua fúria pela disciplina firme que o trabalhador encarnado sabia exercer sobre suas faculdades.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 13, 2018 8:34 pm

Jurandir, então, dando continuidade, prosseguiu, dizendo:
- Meire, concentre-se e, se sentir alguma aproximação, pode permitir a comunicação.
A médium, que já estava sob a atmosfera vibratória do mentor amigo que controlava sua mediunidade, e sentindo a influência da entidade necessitada que falaria por seu intermédio, sentiu as alterações fisiológicas costumeiras, com o acelerar da respiração e dos batimentos cardíacos e, assim, não lhe foi difícil veicular as ideias que lhe brotavam da mente, como se sua boca apenas repetisse aquilo que lhe ocupava o centro do pensamento, sem a participação criativa de seu raciocínio.
- Quem pensam que são para me trazerem até aqui?
Tratava-se do espírito de uma mulher revoltada.
Atrelada aos processos de perseguição dos médiuns da instituição, buscava usar de suas fragilidades sexuais para induzi-los a condutas infelizes fora dos trabalhos espíritas.
Particularmente, estava ligada aos médiuns Cássio e Moreira, trabalhadores imaturos das lides do Bem que, sem maiores compromissos com a própria evolução, imaginavam que a mediunidade fosse mecanismo neutro e automático, para cujo exercício não se fazia necessária qualquer modificação moral, qualquer disciplina de pensamentos e sentimentos.
Haviam chegado à mediunidade pela porta da obsessão, mas pouca coisa haviam aprendido ao contacto com as orientações fraternas dos amigos invisíveis.
Cássio, que era servidor da mediunidade em dois dias da semana, se imaginava livre dos espíritos inferiores, vacinado contra suas influências.
Por isso, nos outros dias da semana, frequentava todo o tipo de festas em companhia de pessoas menos dignas, imaginando que isso nada tinha a ver com seus trabalhos mediúnicos.
Disso decorria que, todas as noites, entidades perniciosas o buscassem para a continuidade das festas na região inferior, aproveitando-se de suas energias.
Aí se via exposto às emoções primitivas, embrenhando-se facilmente nas actividades sexuais desajustadas tão comuns nesses níveis vibratórios degenerados.
O médium, no entanto, era outra pessoa quando chegava o dia e o horário dos trabalhos na casa espírita, onde se fazia passar por equilibrado cooperador, prestimoso e simpático.
O mesmo se dava com Moreira que, fora da instituição, costumava ser encontrado em visitas aos bordéis, na companhia de infelizes mulheres e nas mais esdrúxulas aventuras do corpo sem freios.
Havia muito tempo, ambos vinham sendo acompanhados de perto pelos cuidados de Ribeiro e de outros amigos invisíveis, que viam suas leviandades como efeito da ignorância e dos vícios do passado, do que propriamente decorrentes da maldade deliberada.
Então, naquela noite, procurando ajudar aos dois médiuns atacados por muitos espíritos, Ribeiro havia conseguido trazer ao trabalho do esclarecimento encarniçada vampirizadora sexual que se valia das forças de ambos com a finalidade de afastá-los das tarefas salvadoras do Bem.
- É uma satisfação podermos conversar com você.
Quais são suas necessidades? – falou Jurandir, exprimindo um sentimento de fraternidade pura em favor da própria entidade.
Importante se mencione que tanto Cássio quanto Moreira se encontravam na reunião, esperando a sua oportunidade de manifestação mediúnica.
Por isso, para que ambos escutassem a comunicação que lhes serviria de importante alerta como um aprendizado construtivo, os dirigentes espirituais preferiram usar outra médium, deixando os dois imaturos trabalhadores totalmente conscientes para testemunharem o diálogo franco.
- Satisfação é a minha em encontrar o meu favorito aqui, hoje.
Vocês foram muito ousados em me trazerem aqui na presença dele.
Pois se desejam que eu me afaste, quero dizer-lhes que não sou eu quem o procura, mas, sim, o contrário.
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