LUZ ESPÍRITA
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Lírios de Esperança- Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 06, 2018 7:43 pm

Lírios de Esperança
Wanderley Soares de Oliveira

Pelo espírito Ermance Dufaux

Série Atitudes de Amor

"A Cidade de Corinto começou, então, a produzir os frutos mais ricos de espiritualidade.
A cidade era famosa por sua devassidão, mas o Apóstolo costumava dizer que dos pântanos nasciam, muitas vezes, os lírios mais belos; e como onde há muito pecado, há muito remorso e sofrimento, em identidade de circunstâncias, a comunidade cresceu, dia a dia, reunindo os crentes mais diversos, que chegavam ansiosos por abandonar aquela Babilónia incendiada pelos vícios."

Emmanuel. As Epístolas. Paulo e Estêvão.

"Todo o tesouro da literatura mediúnica produzida até hoje, apesar de sua excelsitude e valor, nada mais é que um mísero grão de areia na praia universal da imortalidade."
Dufaux, Ermance. Lírios de Esperança.

"A questão mais aflitiva para o espírito no além é a consciência do tempo perdido..."
Baccelli; Carlos. O Evangelho de Chico Xavier. Item 11.


Última edição por Ave sem Ninho em Qua Abr 28, 2021 9:40 am, editado 2 vez(es)
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 06, 2018 7:43 pm

Sumário
Lírios de Esperança
Prefácio
Introdução


01. Olhai os Lírios
02. Convocação de Eurípedes
03. Medidas Impostergáveis
04. Novos Colaboradores
05. Primeiras Entrevistas
06. Encontro com Inácio Ferreira
07. Delicada Cirurgia
08. Novas Motivações
09. Ao Encontro de si Mesmo
10. Os Ovóides
11. Visão Ampliada
12. Nossas Obras
13. Técnica Anímica
14. Cargos e Responsabilidades
15. Projecto Essencial
16. O Servo de Todos
17. Horizontes Mentais
18. Obra de Amor
19. Ala restrita
20. Segundo Andar
21. Lição Áurea
22. Subsolo 02
23. Tribuna da humildade
24. Geração Solidária
25. Planos para o Futuro

Anexo I - A Proposta das Atitudes de Amor de Bezerra de Menezes


Lírios de Esperança
Os apontamentos desta obra são inspirados em factos reais e reflectem um trabalho de equipa.
Coube-nos a tarefa de organizá-los e enviar à Terra sob chancela de Eurípedes Barsanulfo.
Enveredamos pela trama somente até o ponto de tornar compreensível a história, pois nosso objectivo é destacar as preciosas lições morais contidas nas experiências de vários corações.
Para isso, dispomos da didáctica dos diálogos interactivos, abdicando do enredo romanceado que poderia desviar-nos a atenção para o exterior, em detrimento das vivências interiores.
Esforçamo-nos tanto quanto nos permitiram as condições, para retractar as peculiaridades de cada personagem, no intuito de reconstruir os factos com realismo.
Em nome de nossa amizade, que a cada dia se consagra, e mantendo-me esperançosa em dias melhores para nossa humanidade, recebam a bênção fraternal em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, endereçada aos leitores e amigos.

Ermance Dufaux - 1° de maio de 2005.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 06, 2018 7:44 pm

Prefácio
Nos Tempos de Transição
"Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada”
Jesus, Mateus, 24:2

Nos bastidores dos dramas sociais visíveis aos olhares humanos, trava-se uma batalha decisiva do bem contra o mal.
Tirania e indiferença tomam conotações incomparáveis, estabelecendo uma hecatombe moral sem precedentes.
Em meio dessa faina desairosa, os verdadeiros discípulos de Jesus são convocados à formação de trincheiras resistentes, de amor incondicional, em favor da paz e do bem.
Não teremos regeneração sem retaguarda e defesa.
Se existem os missionários do progresso cuja função é criar o bem de todos, é mister entender que, mesmo eles, somente terão êxito sob regime de amparo e motivação.
Enorme contingente de criaturas com tarefas definidas para o avanço social, em todos os campos das actividades humanas, tomba em armadilhas de perdição quando fustigadas pelos verdugos do mal que buscam, de todas as formas, reter o crescimento do planeta.
Muita ingenuidade acreditar que os inesquecíveis baluartes da ciência e da cultura, da política e da religião, agiram à mercê de cuidados espirituais especiais em suas missões.
Quanta ordem e disciplina preenchem os caminhos das almas que mourejam de mente afinada ao progresso colectivo!
Quanta atenção e interesse fraterno despertam os que abrem seus corações ao amor sem fronteiras!
Como imaginar que Albert Schweitzer e Gandhi realizaram a messe de bênçãos sem enormes medidas de segurança do Mais Alto?!
Einstein e Freud foram assessorados ininterruptamente.
Kardec recebeu de Jesus a autorização para medidas de protecção jamais utilizadas a nenhum missionário na face da Terra.
O bem, para ser espalhado, não prescinde de fileiras de defesa eficientes.
Vivemos e respiramos sob os auspícios de uma rede de reflexos.
Quaisquer desordens, assim como uma oração, são capazes de alterar nosso psiquismo.
Luzes que se acendem fortalecem toda a rede.
Quaisquer lampejos de paz atraem esfomeada multidão de almas atormentadas, sob o jugo de tiranos dotados de uma longa trajectória de inteligência e perspicácia na perversidade.
Essas almas escravizadas pela maldade procuram agir como astutos vigilantes para arruinar todos os focos de luz sobre a Terra.
Essa a razão dos golpes sucessivos nas "actividades-amor" do Espiritismo cristão.
Apesar da luz dos conhecimentos espíritas, o tesouro espiritual das informações não tem sido suficiente para despertar muitos adeptos a uma nova ordem de atitudes e ideias face aos desafios da hora presente...
O intercâmbio inter-dimensional nesse contexto, que poderia servir de fortaleza aos mais auspiciosos projectos de liberdade e ascensão, em inumeráveis casos, não passa de enxada afiada em plena semeadura à espera do lavrador que a deseje manejar a contento.
A história é a mãe da cultura, e a cultura é o conjunto das noções que os homens aceitam como referências para se conduzirem em seus grupos.
A cultura espírita, em torno das questões mediúnicas, responde por uma mentalidade que inspira práticas e posturas nem sempre ajustadas aos reclames do tempo espiritual da transição.
Transição é o tempo mental da renovação, a hora do recomeço e da reavaliação.
Nesse cenário, os aprendizes da mediunidade serão aferidos com rigor.
Muita coragem e sacrifício serão exigidos de quem realmente anseia servir sob novos e mais apropriados regimes, nesse tempo de contínuas mudanças.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 06, 2018 7:44 pm

Indispensável romper conceitos, vencer barreiras intelectuais e ter a ousadia para esculpir os novos modelos de relação inter-mundos, retirando a mediunidade do dogmatismo que aprisiona o raciocínio humano, e da tristeza que estorcega o coração como se os médiuns cumprissem severa sanção.
Sem exageros, vivemos um tempo em que as comportas mediúnicas, a despeito de estarem em plena movimentação, não permitem que a linfa cristalina da imortalidade goteje com a necessária abundância por suas frestas, para dessedentar o homem aprisionado ao deserto das paixões materiais...
Vivemos uma nova proibição mosaica como a do Velho Testamento!1
Proibição essa mais nociva que a dos velhos textos hebreus, porque não se faz por decretos formais, passíveis de serem revogados, mas sob a coacção impiedosa do preconceito subtil, das convenções estéreis e de sofismas aprisionantes - hábitos de difícil extirpação da mente humana.
Indispensável que haja um "Novo Tabor" em que Jesus, ao lado de Moisés e Elias, revogue a proibição da comunicabilidade dos espíritos com os homens.2
O espírito Charles Rosma e as irmãs Fox protagonizaram o "Tabor da Era do Espírito".
O drama de Rosma, assassinado há décadas na residência dos Fox3, é o de bilhões de almas na humanidade à espera de quem lhe possa estudar a dor e amparar os caminhos, presos a grilhões de maldade e infortúnio, ou em porões fétidos de amargura e dor.
Só haverá renovação social, quando houver limpeza psicosférica.
É hora de abertura, desenvolvimento de parâmetros experimentais sem perder o carácter moral e educativo, para o qual as atuais práticas de intercâmbio se destinam.
Nesse objectivo se firma a autora espiritual Ermance Dufaux em continuidade à série Atitudes de Amor4, sob os auspícios do venerável baluarte do amor fraternal, Adolpho Bezerra de Menezes.
Um clamor ao serviço abnegado e consciente na regeneração da humanidade em ambas as esferas de vida, formação de frentes corajosas de amor, tarefas maiores de libertação e asseio psíquico da Terra.
Eis os desafios delegados pelo Cristo a todos que O amam.
Desafios que, em muitas oportunidades, são substituídos pela atitude impensada da acomodação...
Enquanto inúmeros aprendizes da mediunidade optam pelo fascínio da mordomia para servirem, preferindo o exercício mediúnico distante do sacrifício e nos braços do convencionalismo, Jesus conta com os destemidos, dispostos à segunda milha das acções que ultrapassam o comodismo inspirado na rigidez da pureza filosófica.
A atitude de amor sem lindes de Eurípedes Barsanulfo deve ser exemplo inspirador para nossas acções no legítimo bem.
Somente nesse clima de testemunho sacrificial, encontraremos condições de plantio das sementes do mundo novo que sonhamos para o futuro da humanidade.
Ao enfocar a história de líderes cristãos tombados no remorso sob o açoite da negligência com a qual se conduziram durante a vida física, Ermance Dufaux abdica da visão derrotista de falência e queda irremediável, para alertar ao homem terreno sobre quanto lhe compete realizar no clima do sacrifício e da renúncia em favor de si mesmo, quando bafejado pelas benesses da Doutrina Espírita.
Seu enfoque é compassivo e pródigo de esperança ao destacar a extensão da tolerância activa das almas superiores para com nossas necessidades de aperfeiçoamento.
Ao mesmo tempo, a autora convoca-nos aos mais árduos imperativos peculiares ao tempo da transição.
Digno de nota, igualmente, é o seu esforço sacrificial em manter fidelidade ao pensamento e as características de seus personagens.
Tarefa essa cumprida a contento segundo avaliação de nossa equipe espiritual.
O sentimento da imortalidade precisa ser construído na intimidade do homem reencarnado.
É instrução a serviço da espiritualização.
Essa instrução, no entanto, carece de aplicação prática que retracte quanto possível a realidade imortal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 06, 2018 7:44 pm

Daí o imperativo de vivências mediúnicas incomuns, para além dos rígidos padrões de segurança e utilidade consagrados pela comunidade doutrinária.
Um desafio de investigação e fé espera os servidores da mediunidade em tempos de transição.
Nesses textos encontraremos uma preciosa reflexão a esse mister.
Investigação para dentro e para fora de si mesmo.
Conscientes de que evolução é processo íntimo e gradativo, não temos dúvida que certos ensinos nem sempre acompanham o tempo psicológico e espiritual de alguns aprendizes.
Estou convicta, porém, de que, nessas linhas despretensiosas, existem motivos de sobra para endossá-los como convite inadiável ao tempo de maioridade das ideias espíritas, independente de aceitação e acolhimento por parte de quantos se consideram os intelectuais do Espiritismo.
Perante a iniciativa dos discípulos sinceros ao mostrarem a estrutura do templo para Jesus, Ele declarou:
"Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.”5
O templo material simbolizava a concepção encharcada de materialismo por parte dos que ansiavam seguir o Cristo.
Não deserdam dessa assertiva!
Os conceitos e as práticas se renovam celeremente.
Descerra-se um horizonte novo e belo, educativo e libertador ante os olhos de quantos tenham olhos de ver e ouvidos de ouvir...
Da amante do bem e servidora do Cristo,
Maria Modesto Cravo* - 1° de janeiro de 2005.

* Maria Modesto Cravo
Nasceu em Uberaba, a 16 de abril de 1899 e desencarnou em Belo Horizonte, a 08 de agosto de 1964.
Uma das pioneiras do Espiritismo em Uberaba, actuou com devotamento junto ao "Centro Espírita Uberabense" e ao "Lar Espírita".
Médium de excelentes qualidades, trabalhadora incansável do amor ao próximo e mulher de muitas virtudes, dona Modesta, como era conhecida, foi a fundadora do "Sanatório Espírita de Uberaba", voltado para tratamento dos transtornos mentais, inaugurado em 31/12/ 1933, e em plena actividade até hoje.
Foi nessa casa de amor que se tornou conhecido o valoroso companheiro Dr. Inácio Ferreira, médico psiquiatra e um baluarte do bem.

1 Kardec, Allan. Da proibição de evocar os mortos. O Céu e o Inferno. Cap. XI
2 Kardec, Allan. Da proibição de evocar os mortos. O Céu e o Inferno. Cap. XI
3 Doyle, Arthur Conan. O Episódio de Hydesville. A Historiado Espiritismo. CAP. IV
4 O primeiro livro da Série Atitude de Amor é Unidos pelo Amor. Editora Dufaux.
5 Mateus, 24:2
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 06, 2018 7:44 pm

Introdução
A Quem Vamos Seguir?
"E Pedro o seguiu de longe até o pátio do sumo sacerdote e, entrando, assentou-se entre os criados, para ver o fim”
Mateus, 26:58

Em todos os tempos da humanidade, os cooperadores do bem e os missionários da vanguarda sempre contaram com retaguardas espirituais seguras para as tarefas que desempenharam, mesmo desconhecendo, muitas vezes, o amparo do qual eram alvos. Toda luz que se acende requer cuidados especiais na continuidade de sua expansão.
Uma escola e um hospital, assim como quaisquer instituições sociais do progresso, jamais se verão livres das lufadas cruéis do mal e da treva que tentam apagar-lhes o brilho da bondade e do amor.
É da Lei: os que avançam atraem para si quantos tentam entravar a ascensão. O objectivo é a multiplicação do bem através da cooperação sacrificial na renovação de almas.
Uma educadora alinhada ou um aluno promissor podem trazer, no âmago, o peso cruel da "lama psíquica" em que se encontravam antes do renascimento, ligando-se aos expoentes do desequilíbrio.
Assim sendo, a escola educativa passa a funcionar como posto de orientação de almas em crescimento, atraindo o séquito indisciplinado de desencarnados para dentro de suas portas.
Um médico carinhoso ou um paciente em convalescença podem carregar, na mente, os "monstros da insensatez e da loucura" em sintonia com os asseclas da impiedade e do ódio.
Dessa forma, o lugar abençoado de recuperação torna-se também um celeiro de amparo a corações desorientados, abrindo campo para a acção dos oponentes da Verdade que enxameiam nos seus corredores e dependências.
Em quaisquer rincões da Terra, nos dias da transição, existe sede e fome, tormenta e dor, esmolando mãos amigas e instrução correta em favor da libertação.
Um encarnado representa as enfermidades ou as necessidades de uma multidão.
Nos bastidores imortais das tragédias e dramas da sociedade carnal, encontramos factores causais ou influentes na acção organizada da maldade.
As raízes do mal se alongam do visível para o invisível e vice-versa.
O avanço tecnológico, a explosão da cultura e a busca de Deus no século XX provocaram um desconforto nos abismos em forma de comoções ostensivas.
Como se fosse um vulcão, a pressão exercida nas sombras expeliu para a superfície do orbe as larvas do desespero e da angústia, da maldade e da desobediência.
A Ordem Divina é limpeza, regeneração, liberdade e paz.
Hoje, mais que nunca, o bem exige alicerces seguros e trincheiras eficazes.
Essa a razão da oposição sistemática em relação aos esforços espíritas.
Quaisquer projectos de elevação e consolo são alvos de atenções aguerridas dos adversários da luz.
É nesse contexto que podemos entender o valor inestimável das trincheiras de amor, construídas no desinteresse e na forja da coragem.
Entre os homens, equipes que se amam e respeitam.
E, além da matéria, grupos socorristas que operem quais pólos produtivos de lídimo serviço cristão em favor da libertação de consciências.
Inúmeras actividades e metas espíritas têm sido boicotadas ou mantidas em retardo por faltarem esses círculos vibratórios de protecção.
Sem retaguarda espiritual, até para manter um estudo do Evangelho no lar, será exigido da família a movimentação de forças incontáveis...
Os grupos mediúnicos funcionam, nessa hora grave de asseio da psicosfera, como salutares unguentos cicatrizantes ou medidas preventivas em favor da evolução e da ordem.
A superação de parâmetros na aquisição de conhecimentos novos pode ser amealhada através da instauração de iniciativas experimentais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 06, 2018 7:45 pm

Os contributos morais da compaixão, do desejo de auxiliar e de aprender são as únicas linhas morais a serem conservadas nessa modalidade de aprendizado.
Quanto ao mais, bom senso, ousadia, rompimento com padrões e muito diálogo, serão os fios condutores de novos modelos de parceria entre mundos físico e espiritual.
Os grupos conscientes do momento pelo qual atravessamos, não se norteiem pelas convenções aceitáveis na colectividade doutrinária que, quase sempre, mostra-se indisposta a andar a segunda milha...6
Trilhar vivências novas...
O preconceito e a descrença alheia costumam arruinar muitos planos do bem!
Jesus estabeleceu:
"não vim ab-rogar a Lei, porém, cumpri-la.7
A maioria das práticas de intercâmbio se orienta pelos textos, poucos ousam a investigação, a observação, a experimentação fraterna.
O apego à letra é um rigoroso processo de engessamento relativamente a questões essencialmente subjectivas, portanto sem critérios definitivos de segurança.
O estudo e a disciplina, conquanto imprescindíveis, não deveriam se converter em cadeados para a espontaneidade...
Sem produção de conhecimento novo sobre imortalidade, as práticas mediúnicas atolam em lamentável processo de estagnação, isto é, uma rotina de acção que estanca a mais preciosa qualidade dos médiuns e dos grupamentos:
a criatividade - única habilidade capaz de ampliar os horizontes de análise sobre a profundidade das questões invisíveis que cercam a matéria palpável.
Esse conhecimento novo, entretanto, depende da aquisição de vivências novas, sem as amarras do convencionalismo.
Uma questão credora de minuciosas reflexões aos companheiros de lide na vida física:
que motivos estariam impedindo a formação de trincheiras corajosas nos serviços de intercâmbio para além dos padrões?
Conquanto essa seja uma valorosa questão de debates de vós outros, na carne, deixaremos nossa colaboração, incondicionalmente aberta a críticas, embora nutrida de clareza.
Além da dogmatização, tal ordem de factos na seara desemboca na formação moral do próprio grupo.
Exigir-se-á uma convivência muito cristalina e rica de confiança, para que se ergam pólos valorosos e destemidos de serviço com o Cristo nessa hora de transição.
Por sua vez, o paciente labor de tecer essas relações duradouras e autênticas na convivência pedirá algumas condições, costumeiramente desprezadas por variadas razões.
Que conjunto doutrinário esculpirá um clima familiar de confiança e honestidade sem ombrear desafios em comum, além da própria tarefa mediúnica?
Que comunidade conseguirá vencer os ardis da vida emocional sem aprenderem a dialogar em grupo sobre seus sentimentos, com isenção de melindres?
Quais grupamentos conseguirão diluir seus papéis na equipe para agirem como parceiros de uma jornada, sem desapegarem de suas expressões de personalismo no dia-a-dia do centro espírita?
Quantos companheiros terão suficiente dignidade para colocarem suas dúvidas íntimas ou desconfiança em relação aos outros, sem recorrerem a terceiros, completamente fora do ambiente experimental em teste no seu grupo?
Quantas iniciativas serão formuladas no clima da pureza de corações nas quais médiuns ou dirigentes, por mais experiência amealhada, disponham-se a "rasgarem" suas folhas de serviço e recriarem sempre o que aprenderam?
Imprescindível superar conceitos e barreiras culturais erguidas no valioso laboratório do intercâmbio inter-mundos.
Todo saber acumulado deverá conduzir às novas sondagens com propósitos educativos.
Assim como Allan Kardec lançou-se na pesquisa honesta dos fenómenos, contrariando todas as opiniões a respeito de sua atitude, hoje, os aprendizes da mediunidade que almejam servir à causa do Cristo são convocados a imprescindíveis discussões.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 06, 2018 7:45 pm

Até onde a "cultura das convenções" que avassalou o psiquismo de inúmeros cooperadores na seara terá penetrado, igualmente, nesse campo sagrado da relação inter-dimensional?
Os parâmetros estabelecidos como roteiros de segurança mediúnica não estarão, em verdade, constituindo fortes amarras ao progresso das práticas de intercâmbio?
Que caminhos tomar para situar a tarefa mediúnica como laboratório educativo de almas, distante do dogmatismo?
Como edificar grupos de servidores mais adequados aos imperativos da hora de transição?
Como resgatar e como utilizar a espontaneidade?
Que noções cristãs exarar sobre educação mediúnica?
Quais seriam os critérios na selecção dos componentes de uma frente de serviços mediúnicos em tempos de transição?
Sem as trincheiras espirituais do amor, o mundo padecerá ainda mais as dores da transição.
O Hospital Esperança, essa obra de amor erguida pelo Apóstolo da Benevolência, Eurípedes Barsanulfo, constitui um dos mais avançados núcleos de defesa, orientação e abrigo para a comunidade espírita mundial.
O Espírito Verdade, prudente em Sua tarefa de amor, projectou medidas preventivas para os desafios no transporte da árvore do Evangelho para o Brasil.
A "Obra de Eurípedes" é um exemplo vivo da Bondade Celeste em suas expressões de compaixão sem lindes, uma "trincheira" do amor em favor da paz mundial.
Importa-nos indagar: "a quem seguiremos?"
Ao Cristo e a Sua proposta ou ao estreito pátio das formalidades que tanto atraem as almas tíbias e preguiçosas, interesseiras e vaidosas?
Pedro, no instante crucial de sua decisão, preferiu camuflar-se entre os criados, amargando terrível culpa pelo resto da existência.
Seguir Jesus de longe é fruir o clima das facilidades, submisso à aprovação da colectividade.
É gozar das concessões concedidas pelo Senhor, recebendo um talento sem a aplicação desejável.
Um "novo Tabor" apresenta-se aos lidadores da mediunidade.
Nele transfiguram-se, além de infindáveis baluartes do mundo, génios perversos.
Desconheceram a erraticidade enquanto no corpo e agora anseiam por auxiliar a extinguir o estreito limite entre esferas de vida, cooperando com os planos do Mestre para o futuro da humanidade.
Artistas e expoentes da cultura, políticos e educadores, muçulmanos e evangélicos, índios e ecologistas, astrónomos e cientistas, poetas e escritores, economistas e pacificadores, todos eles têm procurado as tarefas inter-dimensionais sem serem ouvidos.
Todos eles trabalham pela paz.
Pelo Cristo. Imprescindível a abertura de mentes e conceitos.
O Céu está mais próximo da Terra do que se imagina.
Paulo Freire e Tarsila do Amaral, Jacques Cousteau e Charles Darwin, Albert Schweitzer e Osho, Tancredo Neves e Joaquim Nabuco, Carlos Prestes e Rousseau, Sri Aurobindo e Elisabet D'Esperance, Einstein e Sigmund Freud, Jung e Pierre Janet.
São alguns dos infinitos nomes de quantos estão recorrendo aos pólos protectores das reuniões mediúnicas de vanguarda, para buscarem recurso e amparo para as obras que edificaram ou para aquelas que se tornaram tutores.
Vivem todos eles nesse eco-sistema intercontinental como artífices activos dos tempos de regeneração, sob a tutela de almas nobres e mais elevadas, orientando-os na nova dimensão.
Além do Tabor, esse símbolo de abertura das trocas psíquicas, espera-nos os campeões do mal, mas, igualmente, os mais gloriosos expoentes do bem, com tesouros de alívio e incentivo à ingente caminhada dos homens.
Trabalhemos sem cessar pela formação desses postos avançados de ligação com a vida extrafísica, e um magnífico horizonte se abrirá aos nossos olhos.
Somente então perceberemos com mais clareza a exuberância da mediunidade e a interpretaremos como canal por onde flui a Excelsa Misericórdia em favor da Obra da Criação para o bem de todos.
Cícero dos Santos Pereira* - l" de janeiro de 2005.

* Cícero dos Santos Pereira
Nasceu em 14 de novembro de 1881, no povoado de Gorutuba, próximo à Diamantina, Minas Gerais.
Além do exercício do magistério, foi guarda-livros, taquígrafo e bacharel em direito.
Foi presidente da União Espírita Mineira (1937 a 1940) e fundador de vários centros espíritas em Belo Horizonte e Montes Claros.
Foi um dos fundadores do "Abrigo Jesus", instituição espírita de amparo à criança carente,
na capital mineira.
Foi colaborador da imprensa espírita, especialmente "O Espírita Mineiro".
Desencarnou em 04 de novembro de 1948, na cidade de Belo Horizonte.

6 Mateus, 5:41
7 Mateus, 5:17
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01 - Olhai os Lírios
“A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos; é a irmã da caridade, que vos conduz a Deus!
Deixai que o vosso coração se enterneça ante o espectáculo das misérias e dos sofrimentos dos vossos semelhantes"

O Evangelho Segundo Espiritismo, capítulo XIII, item 17.

A alta madrugada impunha silêncio.
Sob o lençol alvinitente, encontrava-se o fiel servidor.
A tez desfigurada pela dor física alterou-lhe os traços fisionómicos.
Olhos semi-abertos digladiavam com a impiedosa febre da influenza.
Era o primeiro dia de novembro, ano bom de 1918.
No dia anterior, a despeito de seu torpor, já havia previsto seu desenlace.
Uma lufada de forças sublimes tomou-lhe a cabeça, estancando o avanço acelerado da enfermidade.
O doente repentinamente abre os olhos, recosta-se melhor no leito e observa uma luminosidade irradiante vinda do Alto.
Mesmo abatido pela peleja física, emociona-se às lágrimas.
Uma suave cantiga de sua predilecção brotava-lhe na mente.
As imagens inesquecíveis do coral entoando melodias...
Recordava a inauguração do Colégio Allan Kardec.
Sentia-se transportado ao vitorioso dia em que abriu aos caminhos humanos um significado novo para o ato de educar.
Seu mundo mental agora se confundia entre a realidade das estreitas percepções físicas e os sentidos da alma.
Dilatava-se a visão.
Um vulto feminino desenha-se em meio ao clarão das energias refazentes.
Vestida com trajes típicos da era cristã primitiva, uma judia de olhos fulgurantes apresenta-se com ternura e serenidade:
— Eurípedes, servo do Cristo, sabes quem sou?
Surpreendentemente refeito, ele responde:
— És tu, Mãe Santíssima?!
Tão jovial e bela?!
— Venho em nome de meu Filho amado.
— Maria... Maria... - o discípulo fiel balbuciou o nome entre incontidas emoções que lhe afogaram as palavras.
— Eurípedes, mestre de sacramento e servidor do amor, Jesus convoca-te a novos rumos.
Uma classe de aprendizes empedernidos suplica educação e luz.
Um submundo de atrocidades e loucura está à espera de serviços imediatos.
Chega o tempo de banir a escuridão da Terra, separar o joio do trigo.
Uma clarinada de paz desce das esferas maiores em direcção aos pântanos da maldade.
O Pastor conclama teu coração generoso a esse mister.
— Serva do amor, orienta-me, se posso auxiliar o Bem Maior.
— Este século será o tempo da alforria para a humanidade terrena.
Urge, entretanto, salvar os escravos da ignorância e converter os senhores da perversidade.
Uma sanha enfermiça lança-se nesse momento sobre o Consolador.
A sociedade assiste, angustiada e estarrecida, aos efeitos da guerra cruel que vitimou o mundo na epidemia do medo e da insegurança nesse primeiro quartel do século XX.
Um império de trevas aguarda o lume da bondade...
O Senhor prepara as trilhas para um porvir de glórias à Sua Mensagem Rediviva.
— Que fazer, Mãe Santíssima?
— Os pântanos da maldade estão repletos de almas tíbias.
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Lírios de Esperança- Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira Empty Re: Lírios de Esperança- Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 06, 2018 7:45 pm

São lírios encharcados pela lama pútrida das imperfeições, mas não perderam o viço, a exuberância.
Não deixaram de ser lírios.
Ali jazem, atolados nos lamaçais da insanidade, muitos laços de nossa trajectória pela cristianização nesse orbe.
Vem, servidor do amor!
Uma obra que já começaste na erraticidade aguarda-te!
Um celeiro de esperança e promessa encontra-se à tua espera.
O Senhor Compassivo, no entanto, permite-te a continuidade junto ao templo corporal.
Queres a cura ou aceitas a vereda da esperança?
— Mãe Amantíssima - falou Eurípedes aos prantos - faça-se em mim a vontade do Pai!
— Então, Filho Amado, recebe a unção prometida pelo Teu Senhor.
O Espírito Verdade chama-te para o labor de implantação de Sua Leira Bendita.
Nessa Terra abençoada, a mensagem do Consolador será a luz do mundo para o século.
Auxilia, meu filho, na tarefa redentora do transporte da árvore do Evangelho.
Estruge um grito de pavor e remorso nas grutas da sordidez.
Quais meninos atormentados, suplicam socorro e alívio ante as bravatas de sangue e dor.
— Mensageira Bendita, quem são os sofredores a que te referes?
— Nos abismos, encontram-se os Lírios de Deus, aqueles que amam a mensagem do Cristo, todavia não souberam honrá-la.
Inúmeras almas rebeldes que amam ao Cristo.
Uma nação de exilados que o tempo não converteu.
São lírios de esperança em pleno pântano de egoísmo.
Olhai pelos lírios, meu filho.
Jesus te chama para erguer-lhes abrigo acolhedor e oferecer-lhes descanso e elevação.
Por quem o Senhor chorou naquela noite de abençoado encontro contigo? Lembras-te?8
— Sim, Digna Serva!
Jesus chorou pelos que lhe conhecem os ensinos e não os vivenciam na atitude.
— Esses serão teus novos filhos.
Doravante, serás o Apóstolo da Esperança.
Darás conforto educativo aos cristãos de todos os tempos, que foram atingidos pelo encanto da negligência e pela tirania da ilisão9.
As Ovelhas Perdidas de Israel serão teus novos alunos.
Ensina-lhes a pedagogia do amor.
Restitui-lhes a Herança Divina de Filhos de Deus.
Assegura-lhes suficiente misericórdia para testemunharem o roteiro de Meu Filho Amado:
"Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem."
Todos ainda vão florir, serão lírios nos campos da vitória.
Vão embelezar os destinos da humanidade.
O Apóstolo sacramentado fora novamente surpreendido por novas visitações.
Maria, a Mãe das dores do mundo, afastou-se de sua clarividência, e Doutor Bezerra de Menezes surgiu-lhe aos olhos do espírito.
Não contendo mais as emoções, chorou como criança, sem dizer palavra.
O velho paladino do Cristo estendeu-lhe os braços.
Um abraço amoroso e, com incomparável leveza e naturalidade, Barsanulfo desprendeu-se do corpo como se deixasse uma veste de panos.
A testa empapada de suor lívido decretou-lhe falência instantânea.
Eram seis horas da manhã do primeiro dia de novembro.
Trinta e oito anos10 na edificação de um monumento eterno...
Barsanulfo partiu para continuar.
Partiu para servir com mais liberdade.
A obra implantada na vida física teve continuadores honrosos.
Seu desafio maior esperava-lhe nas esferas próximas ao orbe.
Um enxame de doentes de outra natureza lhe bateria às portas.
Uma nova dimensão de dores se lhe apresentaria ao coração bondoso.
Uma nova ordem de lutas e armas a serem ensarilhadas.
Um outro cortejo de aflitos para confortar.
Uma classe de doentes empedernidos suplicava-lhe a palavra salvadora, nos roteiros da educação de suas almas, clamando por piedade e compaixão.
Passaram-se oitenta e dois anos desse momento glorioso na vida do Apóstolo da Esperança.

8 Silva, Hilário (Espírito). Visão de Eurípedes; psicografado por Francisco Cândido Xavier e Valdo Vieira. A Vida Escreve.
9 Nota do digitalizador: ILISÃO, como no original.
10 Eurípedes Barsanulfo (1880-1918).
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 07, 2018 8:30 pm

02 - Convocação de Eurípedes
"Essa a estrada pela qual temos procurado, com esforço, fazer que o Espiritismo enverede.
A bandeira que desfraldamos bem alto é a do Espiritismo cristão e humanitário,
(...) "
O Livro dos Médiuns, Capítulo XXI.X, item 350.

Estamos nos primeiros dias do ano 2000.
As actividades do Hospital Esperança intensificaram após ordenações maiores, descerradas por Bezerra de Menezes em nome do Espírito Verdade.
Sua magistral palestra "Atitudes de Amor", proferida no mês de outubro de 199911 inaugurou um tempo de renovação e medidas promissoras para a causa do amor.
O movimento em torno das ideias espíritas, no plano físico e na vida dos espíritos, não foi mais o mesmo depois da prédica do paladino do bem.
Fazia-se urgente uma nova ordem de medidas para o sacrifício incondicional de quantos nutrem o desejo de servir à obra regenerativa da Era do Espírito na Terra.
O iniciar do novo milénio constituía-se num apelo retumbante para o engrandecimento moral da Terra, perante a uniformidade das leis que regem o ecossistema no cosmo universal.
Eurípedes, por sua vez, recebeu directriz urgente da Falange Verdade e convocou-nos sem demora.
Nosso director já havia preparado com antecedência um encontro no qual os trabalhadores e cooperadores activos do Nosocómio Esperança reunir-se-iam no salão principal para ouvir-lhe os novos alvitres.
À noite, pontualmente aos dez para as oito horas, adentrou Eurípedes, como de costume, acompanhado por dona Maria Modesto Cravo12, conhecida como Dona Modesta.
Acomodamo-nos nas últimas fileiras, junto ao professor Cícero13, apelido mantido na vida espiritual, e a Inácio Ferreira14.
Dona Modesta, depois de sentida prece, notificou a todos, pela sua mediunidade, que a Equipe Verdade velava pelo nosso encontro.
Sem formalidade de qualquer espécie, o director se postou atrás de um singelo púlpito e iniciou sua fala:
"Amigos em Cristo, esperança em seus corações.
Um fenómeno social irreversível vem ocorrendo nas relações:
a superação dos modelos verticais de convivência.
Contrapondo os velhos referenciais de autoridade para ditar o que fazer e como fazer, a família e a escola, a religião e a cultura, assim como todas as organizações humanas são convocadas a repensar as carcomidas formas de relacionamento.
Ninguém estabelece as normas, ninguém tem certezas ou verdades definitivas.
Todos em busca de posicionamento a partir de suas necessidades mais profundas.
O caminho actual aponta para a criação de relações horizontais,
a diluição dos papéis e a formação de grupos cooperativos.
Os clamores da alma retumbam no coração humano à procura de paz, equilíbrio, saúde e sossego interior.
Um extenso labirinto apresenta-se, cujo percurso é individual, singular.
É a saga da alma em crescimento, eterna perseguidora da felicidade e das respostas para ser em plenitude.
Cartilhas e padrões, estatutos e regras sofrem golpes impiedosos.
A nova ordem social conduz a uma decisiva derrocada na supremacia de velhos e corroídos significados.
Resinificar...
Dar sentido novo em direcção a um porvir de esperanças e completude interior.
Encontramo-nos em meio a essa turbulenta gestação de ideias, valores e referências.
A humanidade prepara-se para adoptar o conceito sistémico, solidário.
Enquanto isso, rui todos os paradigmas em verdadeira hecatombe de convenções hegemónicas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 07, 2018 8:31 pm

Os velhos parâmetros não atendem às necessidades do agora.
Por outro ângulo, ainda não se formaram novos modelos de inspiração para que o homem se guie nas suas experiências e metas.
O certo e o errado variaram totalmente seus sentidos, e ainda não se teve tempo bastante para estipular outros conceitos.
Portanto, nutrir muita certeza sobre algo, cultivar rigidez de entendimento, é postura extremamente arriscada nessa fase de mutação.
Não menos arriscado é assumir a desafiante atitude de "inventor" de novas formas de caminhar.
Esse fenómeno social que nasce nas entranhas da alma exige siso moral, responsabilidade individual, coragem.
É algo bem diferente.
Antes se tinha alguém para ditar o caminhar, algum modelo, uma experiência em que se apoiar.
Tornava-se cómodo responsabilizar o próximo ou alguma orientação institucional a fim de evadirmos ou esquivarmos dos efeitos nocivos de nossos actos.
Esperam-se mudanças para melhor na humanidade, todavia poucos são os que perceberam uma realidade inquestionável:
a Terra mudou rapidamente.
Seus habitantes não conseguiram ainda avaliar a profundidade de tudo que ocorreu nas últimas três décadas.
Em trinta anos, efectivaram-se séculos de mudanças.
Atordoados e aflitos, sem direcção e sem rumo, a humanidade debate-se à procura de bússolas que resgatem o sentimento de segurança.
Nesse cenário global, repete-se, no iniciar do século XXI, a mesma experiência do Espiritismo prático no alvorecer do século XX.
Naquele tempo, as bússolas não existiam, foram criadas.
Agora, somos chamados a recriá-las.
A mediunidade e seu exercício obedecem a esse ciclo inadiável e dinâmico.
Os seareiros do intercâmbio, em quaisquer patamares de conquistas, são convocados a construírem sentidos novos na utilização das forças psíquicas e mentais, que envolvem a relação inter-dimensional entre esferas de vida.
A diversidade, conquanto, a princípio, cause insegurança, é propícia à expressão da criatividade.
Criatividade que deverá sempre ser regida pelos valores morais da sensatez, da responsabilidade e do amor.
Allan Kardec, o emissário da Era do Espírito, refere-se ao fermento da incredulidade que ainda tomaria conta da humanidade por duas ou três gerações.15
Incredulidade em relação à imortalidade e comunicabilidade do ser espiritual.
Adentramos exactamente essa terceira geração, dividida em três períodos de setenta anos, a partir da chegada do Espiritismo.
É o período da sensibilidade, da fé que supera o medo humano de existir e progredir no bem.
Fé é a adesão espontânea da alma na busca da Verdade.
Mediunidade é o ventre sagrado do fervor.
Através dela, ocorre a sublime gestação do património da crença lúcida e libertadora.
Raciocínio é o dínamo da lógica e do bom senso.
Quando atacado pela rigidez emocional, converte-se em preconceito e estagnação.
Inúmeros grupos doutrinários transformaram o critério do raciocínio em medida prática de defesa, para não serem enganados pelas bem urdidas mistificações.
Com essa postura, se não são enganados nas suas produções mediúnicas, são ludibriados quanto ao significado abrangente das relações de amor entre as almas, circunscrevendo a prática de intercâmbio a expressões superficiais de conversão de desencarnados, com espaço acanhado para a manifestação livre dos benfeitores e aprendizes da erraticidade.
Vigilância excessiva é um cadeado nas portas da sensibilidade, aprisionando os sentimentos aos severos regimes de descrença e engessamento mental.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 07, 2018 8:31 pm

A cautela excessiva com a fantasia e o engodo manietaram inúmeros servidores.
E o resultado mais infeliz de tanta censura é o enfermiço desânimo com as sagradas práticas de intercâmbio entre os mundos.
O mais grave efeito do engessamento cultural das ideias espíritas é a paralisia da noção de imortalidade.
Um plano espiritual estático e desconectado da vida na Terra.
Jesus, o paradigma do Amor Universal, ao estabelecer pela Sua Atitude a era da ética aplicada e sentida, assegurou em suas palavras:
"Não vim ab-rogar, porém, cumprir."16
Que definição mais precisa se pode ter de uma transição?
Quando se fala em novos significados, estamos, em verdade, referindo-nos ao ingente desafio de viver a mensagem esquecida do amor.
Transição, portanto, muito antes que uma etapa que deflagra o novo, significa a sublime decisão de afinar-se com o bailado cósmico do amor, o ritmo pulsante de Deus desde a origem dos tempos infinitos.
No século XX, os espíritos procuraram os homens.
Agora, os homens deverão ser os parceiros dos espíritos.
Buscar-lhes para a vivência de uma relação mais consciente e educativa.
O "telefone" tilinta daqui para lá, todavia, chega o instante de recebermos também os "chamados" do homem, cujos interesses repousem na transformação de si mesmo.
A bondade celeste conferiu-me novos desafios nesta casa de amor.
Imperioso reflectirmos sobre os destinos da mediunidade ante o clímax da transição espiritual do planeta.
Nossa missão consiste em avaliar medidas promissoras a nosso alcance, que facilitem a consolidação dos Planos do Espírito Verdade para a messe espírita do mundo físico no século XXI.
Os primeiros cem anos do terceiro milénio serão os alicerces da Era do Espírito.
Na condição de educadores da alma, importa-nos reconhecer o exacto valor das instituições humanas, jamais as adoptando como expressões absolutas da verdade.
Tradições e valores estão em acelerado processo de metamorfose.
Estamos atravessando uma crise de referências sem precedentes na seara.
O movimento espírita está sendo sacudido por um terremoto de diversidade.
Porém convenhamos, é nesse cenário que vai emergir a rota da regeneração.
"O Espiritismo não cria a renovação social”.
As necessidades do homem elegerão seus princípios como senda indispensável.
Não se deve deduzir, todavia, que seu perfil social servirá de modelo, porque a diversidade nesse terreno será avassaladora a tal ponto de diluir, apropriar e melhorar as características de suas práticas e conceitos.
Ante essas mutações necessárias, os discípulos aferrados a modelos serão convidados a sofrido teste de desapego.
A ciência e a religião, a arte e a filosofia serão caminhos propulsores da força do pensamento espírita, sobrepujando o materialismo que grassa.
Nenhum deles, no entanto, servirá de via preferencial.
Por essa razão, urge desenvolver um novo significado para a comunidade adepta da verdade consoladora face ao predominante carácter religiosista.
Religião com religiosidade. Religião com educação.
Se a religião não educar, ficará retida no dogmatismo.
Se a ciência não educar, será sovinice.
Se a filosofia não educar, transformará em cátedra de vaidade.
Se a arte não educar, constituirá um palco para exibicionismo.
O momento converge todas as conquistas humanas para a espiritualização da criatura e pelo desenvolvimento de seus valores nobres e divinos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 07, 2018 8:31 pm

Amigos e trabalhadores, nessa hora tão decisiva, os médiuns maduros revestem-se de importância singular.
O primeiro século de mediunidade orientada pelas luzes da doutrina, desde as reuniões realizadas nos núcleos familiares, ensejou um nível de intercâmbio inter-mundos jamais deflagrado em qualquer tempo da história da Terra.
Apesar disso, somente ao libertarmo-nos do corpo, averiguamos claramente quão rude ainda são nossos contactos com o mundo físico.
Por esse motivo natural, não será exagero afirmar que o século XX, no que tange à mediunidade, foi o período de ensaios promissores, tendo em vista o futuro glorioso que espera o homem psíquico do século XXI.
Os médiuns mais consagrados de nossa seara fizeram-se canais abençoados para que a linfa da Divina Providência jorrasse sobre o mundo.
Eles próprios, contudo, sabem que estamos, indubitavelmente, na infância dos contactos entre as esferas física e espiritual.
O século XX foi uma farta semeadura.
Os grãos deram uns a trinta, outros...
Outros foram sufocados, pisoteados...
Que o optimismo e a bondade não entorpeçam nossa visão quanto às infelizes ciladas da maldade...
Em meio à farta semeadura de bênçãos nascidas do intercâmbio mediúnico, vicejou lastimável semente de joio...
O que era apenas uma ameaça ao intercâmbio mediúnico responsável, regido pela espontaneidade, hoje se concretiza como autêntico cerceamento criado por padrões rígidos e institucionais nas leiras de serviço.
Tais padrões, a princípio erigidos como "estacas de segurança", transformaram-se em "cartilhas" por sugestões de corações bem intencionados, porém, desprevenidos quanto ao significado da singularidade nos assuntos metafísicos.
Além disso, a existência dos "mentores culturais" de sofismas, em ambos os planos, multiplicaram as noções inconsistentes absorvidas pela comunidade em suas práticas e conteúdos.
O resultado inevitável é o restringimento, ainda maior, das manifestações do céu para a vida terrena.
Chega a hora de um novo chamado!
A hora que atravessamos é similar à parábola das Bodas, narrada em Mateus, capítulo vinte e dois.
Os convidados do Rei não compareceram para o evento.
A eles, foi destinado o convite, a oportunidade lhes pertencia, entretanto, por motivos pessoais, não compareceram.
O Rei, perante a ocorrência, manda seus servos nas aldeias e campos a chamar quantos se apresentassem ao mister.
O tempo e a aquisição do conhecimento têm causado perturbadora sensação de grandeza a muitos aprendizes das frentes de labor mediúnico.
Desse modo, afastam de si próprios os convites ininterruptos aos novos misteres que a cada época são dirigidos à vida física, destinados a promoverem o progresso e amadurecimento de nossas relações inter-dimensionais.
Não se trata de criar novidades nas laboriosas frentes de intercâmbio, e sim de resgatar a linfa cristalina da produção mediúnica, exonerando-a dos pedregulhos e impurezas provenientes dos "entulhos culturais" a ela infligidos.
Em verdade, propomos um retorno ao exercício mediúnico conforme as propostas do Cristo de Deus.
Somente a poder de trincheiras produtivas, implantadas em solo brasileiro no início do século XX, foi possível ampliar o raio social de acção do pensamento espírita.
De tudo fizeram os vales da sombra e da morte com fins hostis a esse projecto.
As tarefas socorristas constituíram-se em "válvulas de alívio" às pressões ininterruptas e incansáveis.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 07, 2018 8:31 pm

Passaram-se cem anos nesse campo de lutas acirradas.
Ao penetrarmos esse terceiro período de mais setenta anos na busca da maioridade das ideias espíritas17, urge algumas medidas salvadoras.
A vitalidade do movimento em torno dos postulados espíritas dependerá de uma nova ordem cultural em todos os seus sectores de acção, especialmente na sementeira da mediunidade.
A solidez da investigação fraterna requisita das equipes cristãs o gosto pela crítica, sincero apoio ao crescimento de todos, honestidade emocional em relação uns aos outros, tratamento responsável com todas as dúvidas.
Somente nesse clima de relacionamentos sinceros e leais, respaldados pelo desejo de aprender e servir, a luz da misericórdia celeste brilhará, transformando a fragilidade humana em abundante celeiro de imorredouras venturas.
Existem servidores sérios e vigilantes na seara, experimentando o açoite da calúnia de trabalhadores incautos e orgulhosos.
O tempo indica aos tais servidores do amor a discrição a fim de não terem seus ideais esmagados pelo peso da chocarrice alheia.
A truanice não merece resposta.
Compete-nos destinar a eles, servos destemidos, um alerta para que, nesse momento, não declinem da oportunidade de colocarem a luz onde possa ser vista por todos, no velador.
São as bússolas indicadoras para os caminhos do Cristo ante os tempos novos.
O século XXI será o tempo do sentimento, e até as esferas abissais do planeta vivem esses momentos.
Antes, dominavam pelas ideias, agora, com o avanço da ética e da cidadania, não conseguem usurpar, com a mesma facilidade, a inteligência humana, no entanto agridem o homem pelo coração.
A inteligência avançou, mas a emoção humana, com raras e honrosas excepções, estagia no instinto!
É assim que atuam os hábeis manipuladores dos sentimentos perturbadores de desmerecimento e inferioridade.
Fazem esquecer as conquistas para exacerbar a indignidade.
Uma análise antropológica cuidadosa nos apontaria a intensidade com a qual as estruturas religiosas e políticas, de todos os tempos, exploraram a "cultura da indignidade" como instrumento de domínio.
Os líderes das regiões abismais utilizaram de semelhante expediente na gestação desse estado deplorável das agremiações doutrinárias do Espiritismo no que tange às relações extrafísicas.
Que esse foco não entorpeça nossa razão, por se tratar de realidade previsível, considerando o caminhar lento, mas progressivo, da humanidade.
Incentivemos os caminhos novos aos nossos parceiros no mundo físico!
Os médiuns que melhor irão retractar as mensagens celestes são os que educarem seus sentimentos.
As bússolas serão encontradas.
É lei. O longo percurso de descoberta e criatividade solicita a aplicação de atitudes de amor condizentes com os novos tempos.
Assinalemos algumas delas no intuito de estudar e debater as sendas da mediunidade em tempos de transição:
— valorosa noção e aplicação do 'espírito' de equipa;
— desapego de concepções;
— coragem para experimentar;
— adesão afectiva e espontânea na participação de novas vivências;
— investigação nas conquistas da ciência;
— acendrada postura de despretensão ante as vitórias com as novas práticas;
— incansável abertura mental para ouvir, alterar, avaliar e discutir em clima de aprendizado e fraternidade;
— superação dos limites filosóficos doutrinários em busca de conceitos universais aplicáveis à mediunidade."
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 07, 2018 8:31 pm

Nesta altura da palestra, Eurípedes alterou perceptivelmente o tom de voz.
Uma luz de intenso brilho envolveu todo o seu corpo.
O apóstolo parou de falar e fechou os olhos.
Em meio à luminosidade, quase não podia ser mais percebido.
Eurípedes transfigurou-se e surgiu um vulto de mulher.
Uma Judia de roupagem similar ao cetim, com detalhes em azul claro.
Rosto cândido e olhos verdes.
Cabelos aos ombros.
Uma paz indefinível tomou-nos a todos.
Olhei para o professor ao meu lado e notei as lágrimas descendo pela face.
Doutor Inácio, em ato reflexo, trouxe as mãos à boca, recordando um menino surpreso.
Uma voz terna, como se penetrasse nossa alma como um todo, dizia:
— Filhos do amor!
Perseverai nas veredas que meu Filho amado vos conclamou!
Exultai em serdes os servos benditos do último instante, chamados à gloriosa missão!
Recordem Seu chamado quando ao Seu lado encontravam-se Moisés e Elias:
"Levantai-vos; e não tenhais medo ".18
Sede solidários com a excelsa obra da regeneração humana.
Dizei aos homens que Jesus está na Terra e convocai seus servidores ao ministério do amor incondicional, interligando dimensões, enaltecendo a vida!
Dona Modesta, guardando equilíbrio e sensibilidade, descreveu, pela clarividência que percebia, um enorme painel acima do Hospital Esperança.
Era um retrato trazido por almas angelicais que reproduzia a cena do lava pés19 conforme o acontecimento original narrado no Evangelho.
O encontro foi encerrado em clima de extrema sensibilidade e sentimentos elevados.
Em poucos minutos, nosso director sintetizou uma previsão sobre o que será o século XXI no que tange aos rumos da espiritualização, e Maria abriu-nos as portas do coração como a preparar-nos aos desideratos da hora nova...
A ocasião foi um clamor do Mais Alto em favor do Espiritismo cristão e humanitário.

11 A referida palestra está contida na obra Seara Bendita- Editora Dufaux.
12 Maria Modesto Cravo - fundadora do sanatório espírita uberabense.
13 Cícero dos Santos Pereira- espírita actuante no estado de Minas Gerais.
14 Inácio Ferreira - director do sanatório espírita uberabense.
15 Allan Kardec - comentário da questão 798 O Livro dos Espíritos.
16 Mateus, 5:17
17 Referência contida na palestra "Atitude de Amor", Seara Bendita, Editora Dufaux
18 Mateus, 17:7
19 João, 13: l a 20
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 07, 2018 8:32 pm

03 - Medidas Impostergáveis
"Ora, assim como, numa cidade, a população não se encontra toda nos hospitais ou nas prisões, também na Terra não está, a Humanidade inteira"
O Evangelho Segundo Espiritismo, capítulo III, item 7.

A palavra sábia de nosso director revestiu-se de carácter emergencial.
Os cooperadores do Hospital Esperança, recebemo-la como uma convocação para medidas inadiáveis.
A hora presente reclamava maior soma de informações sobre a natureza das provas depois da morte.
Diversas equipes se mobilizaram ante os alvitres de Eurípedes para traçar planos.
Após o término da inspirada explanação, Dona Modesta convidou o Professor Cícero e o Doutor Inácio ao seu gabinete particular, a fim de se organizarem.
— Inácio, creio que acabamos de obter endosso a velhos anseios!
- abriu o diálogo Dona Modesta.
— Modesta, você sabe, há quanto tempo, espero para levar ao plano físico um noticiário franco e destemido sobre a situação dos espíritas nesta casa.
Adoraria assustar um bocado de gente...
— Chega de sustos, Inácio!
O momento nos pede clareza, entretanto com objectivos puramente educativos.
De nada nos valerá surpreender e não educar.
— Jamais deveremos esquecer esse foco - atalhou o professor.
Nossos confrades na Terra, especialmente os operários da mediunidade, carecem de apontamentos sobre mediunidade e transição.
As colocações de Eurípedes foram decisivas.
Imperioso oferecer-lhes mais vasta noção sobre o momento que atravessamos.
De facto, as "cartilhas" e os "mentores culturais de sofismas" somente deixarão de existir quando fomentarmos a lucidez pelo bom senso.
— Continuo intrigado sobre como escalar essa montanha de condicionamentos sem "dinamitar".
— Sim Inácio, sua assertiva não deixa de ter fundamento - aclarou Dona Modesta -, desde que apliquemos farta dose de lógica e instrução moral, junto às novidades contundentes que detonam os paradigmas.
Entre uma xícara de chá e outra, os três seareiros continuavam a conversa.
O professor, sempre muito ponderado, procurava oferecer um roteiro para as medidas da hora:
— A evolução é uma Lei Natural norteada por ciclos.
Homens e instituições, ideias e fenómenos da natureza obedecem ao sublime princípio da "emancipação ordenada".
Nascer e renascer, infância e maturidade, semeadura e colheita.
O Espiritismo alcança seu período de maioridade.
É a etapa na qual ocorre a ceifa. Instante divino de definições, tendo em vista o futuro de expansão e glória a que tudo e todos se destinam na vida.
Esse ciclo da ceifa orienta-se pela separação do "joio e do trigo".
Após crescerem juntos, é mister discernir para que servirá o fruto da plantação.
Após mais de um século de Espiritismo prático em Terras brasileiras, desponta o momento de avaliação face aos horizontes novos que se descortinam para nossa abençoada colmeia doutrinária.
Hora de pesar as conquistas e construir parâmetros adequados às necessidades no momento presente. Espiritismo é dinamismo e acção.
Somos todos conclamados a ressignificar, repensar, avaliar e edificar.
Desde o surgimento do Guia dos Médiuns e Experimentadores - O Livro dos Médiuns - lançado em janeiro de 1861, o mundo ganhou o mais lúcido roteiro de condução das forças psíquicas.
Inspirados em suas abordagens profundas e seguras, médiuns e doutrinadores lançaram-se ao exercício.
As conquistas foram ilimitadas.
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Lírios de Esperança- Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira Empty Re: Lírios de Esperança- Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 07, 2018 8:32 pm

Mais de um século de vivências com o mundo espiritual, através das célebres reuniões mediúnicas, foi suficiente para consolidar uma noção clara e consciente de imortalidade entre os encarnados.
Embora acanhadas para um orbe que passou milénios na ignorância intencional sobre as realidades extra físicas, essas foram passos muito significativos.
A hora da maioridade é, no entanto, uma chamada à mais vasta investigação nos domínios da vida futura.
Imprescindível superar conceitos e barreiras culturais erguidas no valioso laboratório do intercâmbio inter-mundos.
Todo o saber acumulado deverá conduzir às novas sondagens com propósitos educativos.
Assim como Allan Kardec lançou-se na pesquisa honesta dos fenómenos, contrariando todas as opiniões a respeito de sua atitude, hoje, os aprendizes da mediunidade que almejam servir à causa do Cristo são convocados a imprescindíveis discussões.
Até onde a "cultura das convenções" que avassalou o psiquismo de inúmeros cooperadores na seara terá, igualmente, penetrado nesse campo sagrado da relação inter-dimensional?
Os parâmetros estabelecidos como roteiros de segurança mediúnica não estarão, em verdade, constituindo fortes amarras ao progresso das práticas de intercâmbio?
Que caminhos tomar para situar a tarefa mediúnica como laboratório educativo de almas, distante do dogmatismo?
Como edificar grupos de servidores mais adequados aos imperativos da hora de transição?
Como resgatar e como utilizar a espontaneidade?
Que noções cristãs exarar sobre educação mediúnica?
Quais seriam os critérios na selecção dos componentes de uma frente de serviços mediúnicos em tempos de transição?
— Excelente reflexão, professor! - manifestou Dona Modesta.
— Sem dúvida, essas indagações são pertinentes ao contexto de muitas histórias que nós conhecemos neste Hospital! - exclamou o médico uberabense.
Daí, por que não oferecer aos companheiros na carne uma nova série de obras que retractam os sucessos e insucessos dos espíritas?
— Não só dos espíritas, mas dos amantes da mensagem Cristã.
— Que seja, Modesta.
O que importa é o casuísmo.
Para mim, os escritores espirituais foram muito generosos, poupando notícias nesse particular - asseverou, com sua típica sinceridade, o Doutor Inácio.
— Generosos, não, Inácio!
Foram compassivos - retrucou o professor.
— Pode ser! Ainda assim o momento pede um "susto" - insistiu o doutor.
— Tenho a certeza, Inácio, de que sua ligação com o médium uberabense será o caminho certo para os recados mais "directos".
Essa será uma vertente a seguir.
Por outra análise, Eurípedes tem demonstrado enorme esforço na formação de trincheiras do amor cristão e humanitário.
Fale-nos um pouco mais de sua experiência no assunto, professor - solicitou Dona Modesta.
— Em todas as épocas, os inventores e descobridores, cientistas e expoentes da cultura, educadores e religiosos tiveram a protecção de frentes solícitas e benfazejas, a fim de exercerem suas missões e compromissos.
Trincheiras de amor sempre foram organizadas em torno de quantos acalentaram e viveram pelos sonhos de progresso e amor.
Se esse é o dinamismo do Mais Alto em favor de quantos cuidam do avanço linear do planeta, que se dirá daqueles cuja tarefa é abrir os olhos dos homens, verticalizando a mentalidade e a acção para os destinos além da matéria?
Os vanguardeiros da espiritualização sempre são alvos da Misericórdia Celeste no cumprimento de seus misteres.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 07, 2018 8:32 pm

Por essa razão, nossa fala converge para um apelo clamoroso e urgente na formação de trincheiras de amor para o planeta.
Tais medidas fizeram-se indispensáveis e, algumas vezes, insubstituíveis para com os projectos de caridade e resgate em tempos de transição planetária.
Os serviços defensivos do bem, nessa etapa de mutações, são imprescindíveis.
Urge a criação de pólos de retaguarda e refazimento espiritual.
Toda pequenina luz que se acende no bem é tremendamente procurada pelo movimento das trevas densas.
Difícil avançar na direcção da luz sem inspiração e equilíbrio.
E, sem imunidade, não garantimos por muito tempo as aspirações nobres.
Os ataques e a criatividade dos génios da perversidade nunca foram tão pujantes.
Essa é a lei.
É preciso que o inferno procure o céu para exterminá-lo e acabe concluindo sobre a conveniência de aceitá-lo.
Pesada nuvem se adensa na psicosfera terrena, proclamando a decisiva hora do ajuste.
As espessas crostas do mal são cuspidas dos abismos e sobem à superfície em regime de higienização psíquica do planeta.
Uma marcha, jamais vista em todos os tempos, movimenta as regiões abissais da erraticidade.
Tempo de transição!
Uma semi-civilização se esconde nas entranhas da sub-crosta.
Por lá, enxameia a vida em estágios de precariedade e sordidez.
São nossos irmãos. Nossa família.
Nossas notícias não devem, porém, ser analisadas sob um prisma apocalíptico de decadência e ruína.
Muito ao contrário!
Se a humanidade "atrai" a sua parcela enfermiça "para cima", é porque adquiriu os recursos profilácticos para se curar.
Essa é a ordem.
Esse é o ciclo pelo qual passamos nessa Casa de Esperança, chamada Terra.
Nos compromissos da espiritualização, despedem-se do mundo físico os "desbravadores da Era do Espírito" para que assumam os "operários audaciosos da regeneração".
Somente com muita coragem e desprendimento de convenções e padrões rígidos, seremos capazes de estabelecer ambientes para as sentinelas vigilantes do amor nesse turbilhão de lutas e conflitos.
O espírita, nesse cenário, é convocado a severo chamado.
"Muito será pedido a quem muito recebeu..."20
Hora de romper com as amarras do receio e, a exemplo do Senhor Allan Kardec, em plena Paris da cultura e do saber, lançar-se ao trabalho.
Decerto todo espírita consciente, por fazer parte da sociedade encarnada, deverá agir como um cidadão cuja tarefa é realizar seu papel responsável na erradicação dos males colectivos em todas as esferas.
Ledo engano, todavia, será ignorar que a origem de todos os males humanos, em todas as épocas, sempre teve como raiz os sítios da perversidade, organizados há mais de dez mil anos nas grotescas localidades da vida errática.
Ninguém, em são juízo, vai querer resolver os problemas do mundo dentro de uma reunião mediúnica de amparo, descuidando da tarefa de responsabilidade social.
Mas nosso apelo dessa hora é para a formação de grupos conscientes, dispostos a cooperarem em uma das mais árduas medidas de saneamento e solução, ante os destinos novos da humanidade.
Há vida nesses antros fétidos e nauseantes.
Cabe-nos enxerta-los de esperança para recobrarem a lucidez.
Há vida nesses pântanos de amargura, compete-nos nutri-los de carinho para sentirem que podem recomeçar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 07, 2018 8:32 pm

Nesses pântanos de dor, existem lírios exuberantes capazes de reflectir a luz do sol.
É nossa família que ficou no tempo, mendigando nosso amor.
Apresentam-se iludidos pelo orgulho e, fazendo-se de fortes e vingativos, entretanto, amam e amam muito.
Nosso desafio é amá-los ainda mais para descobrirem o quanto vale a pena viver plenamente e retomar nossos caminhos para Deus.
Busquemos os nossos lírios.
Depois de uma pausa em que se mostrava, sobremaneira, emocionado, continuou o professor:
— Nossos números de censo são muito próximos do censo humano.
No período da vinda do Cristo à Terra, a faixa estimativa populacional girava na ordem de trezentos milhões de almas reencarnadas.
Nessa ocasião, os censos do Mais Alto notificam fel que, entre encarnados e desencarnados, a Terra possuía uma população geral na ordem de vinte biliões de almas.
Nunca aconteceram tantas reencarnações na humanidade até essa época.
Depois houve um declínio acentuado em virtude da precária condição de vida na derrocada do império Romano, reduzindo a população humana a menos de duzentos milhões de criaturas no corpo.
Somente no segundo milénio da Era Cristã, a população voltou a crescer vertiginosamente, atingindo pouco mais de quinhentos milhões de almas na carne até o século XV.
Em 1900, o contingente girava em torno de um bilhão e seiscentos milhões.
Mas somente após 1950, encontramos o período decisivo da humanidade.
Viramos o milénio com a estimativa da população terrena de seis e meio biliões de espíritos no corpo e com uma população geral de trinta bilhões de criaturas.
Essa projecção nos auxilia a concluir que, em certas épocas, os serviços socorristas realizaram-se totalmente na vida espiritual, considerando ser inexequível efectivá-lo com a participação humana.
Depois da Doutrina Espírita e da experiência adquirida em mais de cem anos de actividades mediúnicas, o cenário é outro.
Hoje são mais de seis bilhões de espíritos no corpo e nunca a Terra passou por tão diferenciado processo de êxodo, migração e emigração de espíritos entre o mundo dos sentidos físicos e extra-sensoriais.
A senhora tem reflexões mais claras, Dona Modesta, sobre o significado desses dados!
— É verdade, professor.
Venho analisando-os para ter uma noção mais fiel sobre a extensão do trabalho que nos aguarda nesse século, junto aos servidores da mediunidade em ambas as esferas.
A Terra tem hoje um pouco mais de seis bilhões de almas, envergando o corpo carnal.
Sua população geral, conforme os "censos" do Mais Alto, chega à faixa de trinta bilhões de criaturas atraídas pelo magnetismo e lutas do planeta.
Do contingente geral, temos vinte por cento dos habitantes reencarnados.
O que possibilita pensar em quatro almas de cá para cada uma na vida física.
Através de controles bem mais elaborados e sem margens de falhas, as equipes de celestes sociólogos, que orientam os destinos dos continentes, destacam que quatro bilhões desses seis bilhões reencarnados são almas doentes que purgam dolorosos processos de reeducação. Os outros dois bilhões são corações na busca ostensiva de sua recuperação, entre os quais, pouquíssimas vezes, encontramos os chamados "missionários colectivos", ou "encarregados de outorgas específicas" que venham a corroborar com o planeamento do progresso e bem-estar social.
Algo muito similar sucede-se com os outros vinte e quatro biliões da população terrena na erraticidade.
Temos doze biliões de desencarnados em patamares de luta e sofrimento, seis biliões de almas medianas que já cooperam eficazmente na tarefa regenerativa de outros, e mais seis biliões de condutores elevados, entre os quais se encontram os "avatares" que velam pelo grande plano do Cristo para o orbe, missionários, guias espirituais, avalizadores, espíritos superiores, auxiliares galácticos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 08, 2018 8:12 pm

A maioria deles liberados da reencarnação ou ainda inúmeros homens e mulheres comuns, que venceram as provas expiatórias no suceder das reencarnações.
Algumas inferências tornam-se necessárias para que possamos apresentar propostas de serviço e cooperação inadiáveis aos amigos no corpo.
Somando-se à aglomeração de seres em franca condição de dor e doença, temos um total de dezasseis biliões, em ambos os planos devida, distribuídos em quatro biliões no corpo e mais doze biliões nas regiões de pavor e desequilíbrio de nosso plano.
Uma média de três almas em crise para cada uma em tormenta na vida física, totalizando um pouco mais de cinquenta por cento da população geral do orbe.
Desses dezasseis bilhões encontramos quatro bilhões de almas, apesar de enfermas, em franca busca do bem.
Outros quatro bilhões são criaturas perversas que deliberadamente agem no mal.
Os oito bilhões restantes se encontram em postura de indiferença ou indecisão, com fortes apelos para a apatia é o desânimo.
Essa faixa de doze bilhões de enfermos traz em comum a falta de idealismo superior e o apego às questões materiais, dois traços que se distribuem de conformidade com a individualidade, seus pendores, seus valores e sua cultura.
E daqueles quatro bilhões de irmãos nossos que gerenciam o mal através da perversidade, temos hoje nada menos que um bilhão deles em plena sociedade terrena, destilando o fel da cultura nociva e da atitude insana, enquanto outros três biliões ainda guardam os postos mais elevados nas "ordenações infernais" juntos às esferas extrafísicas.
Imaginem uma casa terrena com cinco membros na família e considerem que, no mínimo, mais vinte entidades ali transitam quase que diuturnamente. O critério que define essas aproximações são variados e multifacetados, criando as mais infinitas formas de interacção e convivência.
Tomando por base a colocação de O Livro dos Médiuns, item 232, temos:
Consideremos agora o estado moral do nosso planeta e compreenderemos de que género devem ser os que predominam entre os espíritos errantes.
Se tomarmos cada povo em particular, poderemos, pelo carácter dominante dos habitantes, pelas suas preocupações, seus sentimentos mais ou menos morais e humanitários, dizer de que ordem são os espíritos que de preferência se reúnem no seio dele.
O Brasil insere-se como grande pólo magnético que renova e alivia as dores humanas pela força natural que irradia de seu povo e de seu solo.
Fé espontânea e natureza rica são fontes inesgotáveis de atracção para quantos se encontram sem norte na vida espiritual.
Razão pela qual esse torrão tem funcionado como um centro de gravidade para todas as questões que dizem respeito à história e aos caminhos da Terra.
Nessa etapa chamada transição, torna-se imprescindível alargar os horizontes dos depositários da revelação espírita, a fim de não reduzirem, em míseros informes literários, a complexidade das operações de que se revestem esses períodos decisivos para o futuro.
Transição é o período que separa dois ciclos.
Passamos, neste instante, pela transição entre o ciclo provacional-expiatório para o ciclo regenerativo.
Além de factores sócio-políticos e económicos, o traço indelével dessa metamorfose é, antes de tudo, espiritual.
Os caracteres do homem civilizado são claros conforme a questão 793, de O Livro dos Espíritos:
Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios dos que a desonram e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade cristã.
Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primara fase da civilização.
Homens civilizados, na acepção integral da palavra, são aqueles que integram moral e inteligência a serviço do bem de todos.
A moralização do planeta é condição essencial para que se instale a Era da Regeneração.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 08, 2018 8:12 pm

— Esses dados deveriam ser os primeiros a serem revelados ao plano físico! - intercedeu Doutor Inácio.
Somente estando por aqui para se ter noção do significado de uma tarefa de intercâmbio nesse cenário de lutas globais.
— Exactamente, Inácio.
Esse é um foco importantíssimo!
— Volto a insistir...
— Lá vem o cabeça dura!... - descontraiu Dona Modesta.
— Você já sabe Modesta...
— Claro que sim! Você adoraria dar notícias sobre os infernos.
— Que sabem os espíritas sobre dragões, as sete organizações do mal, a origem de Lúcifer, a influência das falanges perversas na raiz do mal?...
Que noções possuem sobre a antropologia da maldade organizada no planeta?
Será que já ouviram sobre as "escórias", o "vampirismo assistido" e os "vibriões"?
Quem revelou algo sobre os sete vales da perversidade e o cinturão vibratório que agasalha a humanidade?
Quantos conhecem sobre as relações entre religião e as ordenações das hostes do mal?
Quais informações possuem sobre a vida social nessa semi-civilização?
Que conhecem além do umbral?
— E acreditariam? - aparteou o professor.
__ Certamente teriam dificuldade.
Se eu mesmo, estando aqui, me assusto ainda com o que vejo, que se dirá no plano físico?!
Apesar disso, a hora chegou e estamos convocados a novos procedimentos.
— Inácio tem razão, professor!
Eurípedes referiu-se à Parábola das Bodas.
Não podemos pensar naqueles que são considerados os "aprovadores da pureza doutrinária" se desejamos servir ao Cristo.
Se nossos propósitos forem honestos e consistentes, serão ouvidos pelas almas livres de amarras culturais e dispostas a dilatar sua visão espiritual.
Só não podemos ser ingénuos... - concluiu Dona Modesta.
— Nossa coragem não pode ser ingénua!
Nisso concordo... - completou Doutor Inácio.
— E o professor, que pensa?
— Realmente compete-nos informar sobre a extensão do mal para chamar os homens a dimensionar o serviço que nos aguarda.
Entretanto, haveremos, igualmente, de noticiar sobre as medidas salvadoras do bem a fim de incentivar o optimismo.
O "excremento mental" de expressiva parcela da humanidade geral, decorrente de hábitos primitivos e de atitudes perversas, contamina a psicosfera terrena com espessa "nuvem bacteriana" capaz de provocar desequilíbrios de variado matiz.
Organizações que envelheceram nas técnicas do mal e da sordidez, da crueldade e da inteligência beligerante, mais que nunca, agitam seus "bastonetes de ódio" contra as felizes investidas do Mais Alto em seus "Túmulos de Maldade".
Essa matéria mental, por si só, representa pesado ónus para o psiquismo humano que, para se ver livre de seu contágio, carece de severo regime de asseio nos pensamentos, nos costumes, na oração defensiva, na meditação e na acção benfazeja.
Estamos todos, sem excepção, a serviço do programa regenerativo da humanidade, planejado pelo Cristo para instauração da Era do Espírito na Terra.
Os corações apaixonados pelos interesses maiores assumem espontâneos retornos à vida material no desafio dos testemunhos.
Outros tantos, que já se encontram nos ofícios de espiritualização, são convidados a trabalhar pela "escória das trevas" em ambos os planos de vida.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 08, 2018 8:12 pm

Uma encarnação nesse clímax vale por mais duas, considerando o aproveitamento que se fará.
Essa é a mensagem contida no Evangelho quanto aos trabalhadores da última hora, que recebem salário igual, mas que suam com mais intensidade os seus membros no trabalho activo.
Quem desdenhar semelhante quadro aqui apresentado por nós, certamente estará optando pela ilusão que prefere tirar-nos a chance de enxergar e vislumbrar o desafio mais difícil e doloroso, em detrimento das leiras confortáveis de labor, assemelhando-se ao lavrador que, pretextando prudência, não sai ao sol, nem vai aos campos, aguardando farta colheita de frutos somente porque tem em seus celeiros os divinos grãos do espiritismo...
Mensagens como essas ainda não devem ser dirigidas a uma comunidade que não se sente sensibilizada por trocar horas de lazer pela edificação moral.
Se muitos aprendizes ainda vacilam em acreditar que as trevas podem com grande mestria reencarnar os verdugos do vício e da veleidade, como acreditarão em propostas voltadas para o sacrifício e o desprendimento?
Se muitos médiuns ainda vacilam em deixar seus prazeres de fim de semana, corno receberão semelhantes notícias?
Certamente, nesses casos, os "velhos chavões" funcionarão como escape e justificativa:
"Por que mensagens tão desastrosas quando o espiritismo devem confortar?!"
"Por que notícias tão tristes quando a função da Boa Nova é dar a boa notícia?!"
Outros mais dirão:
"A que pode nos conduzir essas ideias senão ao medo e terror?!"
Ainda outros vão asseverar:
"Com que fim, algum espírito do bem trataria desses assuntos?!"
As perguntas se multiplicarão, embaladas pelo desculpismo e pela invigilância dos que se acostumaram aos regimes de "dever cumprido" no limite das folgas.
Porém, aos que destinamos essa convocação em regime de urgência, será pedido muito equilíbrio ante o medo de dar novos passos e a prudência que, nós próprios, os conclamamos para não se perderem nos labirintos da fascinação e do fanatismo.
— Tomaremos, portanto, medidas no intuito de apressar a formação de novos horizontes aos lidadores espíritas no que concerne à mediunidade.
Que cada qual reúna sua equipe e defina os passos - arrematou Dona Modesta.

20 Lucas, 12:48
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 08, 2018 8:13 pm

04 - Novos Colaboradores
Aliás, que importam algumas dissidências, mais deforma que de fundo!
Notai que os princípios fundamentais são os mesmos por toda parte e vos hão-de unir num pensamento comum: o amor a Deus e a prática do bem"

O Livro dos Espíritos, conclusão, item IX.

Era chegado o momento de levarmos ao mundo físico um novo contingente de reflexões acerca das relações inter-dimensionais.
Todas as actividades do nosocómio, especialmente as alas destinadas a médiuns e dirigentes, passariam por avaliações profundas no intuito de melhor atenderem aos desígnios dos Planos Maiores.
Entre nós, os desencarnados, havia muito a ser feito.
No dia posterior à palestra, reunimos com o professor Cícero Pereira.
Discutimos algumas medidas para as tarefas de rotina junto ao pavilhão dos dirigentes espíritas.
Seria de bom alvitre ampliar o raio das discussões, oferecendo maior liberdade aos recém ingressos no Hospital.
Suas impressões, ainda carregadas pelo teor das ideias geradas no plano físico, constituem farto material educativo.
Nas actividades matinais, cujo objectivo é realizar o processo gradativo de adaptação e desilusão post-mortem, reunimos pequeno grupo de líderes espíritas recentemente desencarnados e passamos ao labor.
O Professor Cícero fez breve resumo da prédica "Atitudes de Amor", de Bezerra de Menezes21, passando em seguida a debater a seguinte questão:
"Que dizer aos amigos na leira espírita carnal sobre imortalidade nesse momento de transição?".
Uma servidora consciente destacou:
— Professor, de minha parte, creio ser urgente deixar claro aos companheiros reencarnados o significado do "período de maioridade"
no qual adentra o Espiritismo, conforme a fala amorável de Bezerra de Menezes.
Como sabemos, muitos idealistas ainda estão subjugados por noções ilusórias acerca da expansão das ideias espíritas.
Muitos chegam mesmo à infantilidade de acreditar que toda a humanidade se tornará espírita.
Não concebem a urgência do centro espírita se deslocar para os meios sociais em regime de participação e responsabilidade social.
Ao invés disso, aguardam a sociedade bater às portas dos núcleos de amor.
— Concordo! - asseverou um colaborador.
A palestra de Bezerra, sem dúvida, é um marco na história do movimento espírita de ambos os planos.
Será oportuno aos homens na carne saberem que o Espírito Verdade continua com um programa bem definido para o futuro do ideário.
— De minha parte - atalhou outro integrante do grupo - além dos dados preciosos sobre a fala do benfeitor, creio que devemos mostrar aos amigos de doutrina os efeitos da negligência e descaso com os recursos concedidos pela Divina Providência. Raros de nós escapam dessa aferição.
— Permita-me discordar! - atalhou um dos integrantes que fora presidente de centro espírita por quarenta e seis anos consecutivos - para mim, a melhor advertência destina-se ao problema dos cargos.
Quem sabe um estudo sobre o poder e o apego?!
As falas multiplicavam conforme as visões pessoais quando o professor, inspiradamente, ofertou-nos precioso foco condutor das ideias.
— Amigos, inegavelmente, todas essas propostas são valiosas.
Podemos utilizá-las com enfoque mais abrangente e profundo.
— Como? - interrogou o jovem Lisandro, trabalhador da cidade do Rio de Janeiro, recém-chegado ao Hospital.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 08, 2018 8:13 pm

— Convém-nos usar as vivências pessoais sempre em função da Obra do Cristo e não apenas para noticiar efeitos de nossos desatinos ou transmitir informes reveladores ao mundo terreno.
Lisandro, não satisfeito, voltou a expressar-se:
— Explique melhor, professor!
— Nossos equívocos são diferentes quanto à forma, entretanto, quase sempre trazem origens morais similares.
Seria oportuno adequar todas as ideias expostas a um tema geral que auxiliasse mais claramente na identificação das causas das lutas humanas.
Assim, contribuímos para formação de uma colectividade espírita mais activa e consciente de seus deveres sociais e humanitários.
Existe um velho tema que merece toda a atenção dos trabalhadores do Cristo.
A mensagem do Evangelho, em todos os tempos, vem sofrendo o golpe dos "inimigos do Cristo" através do ofuscamento da verdade.
O objectivo deles sempre foi reter a Terra na ignorância sobre as luzes espirituais como sendo a mais eficaz estratégia de domínio.
— E qual tema é esse? - insistiu Lisandro.
— As nuances da imortalidade.
E hora de rasgar o véu, "desmascarar" o plano espiritual.
Mostrá-lo como ele é.
Ajudar nossos companheiros no corpo a entenderem a vida dos espíritos sem o dogmatismo com o qual ainda teimam em pintá-la com as cores dos velhos condicionamentos religiosos.
E comum ouvirmos os espíritas dizerem que o plano terreno é uma cópia daqui.
Apesar disso, com raras excepções, ainda enxergam o mundo espiritual através das lentes das tradições religiosas.
Urge eliminar os mitos sobre a erraticidade, "desmitificar" e desmistificar a realidade das esferas evolutivas adjacentes ávida material.
Os adversários da causa sabem que não podem mais esconder a imortalidade da alma, porém, trabalham muito para tentar turvá-la e subjugá-la a malfadados regimes de ameaças e penitências do céu e do inferno, agora conhecidos, por lá, como umbral e Nosso Lar desde o surgimento da literatura mediúnica subsidiária.
O professor mal terminou sua fala e foi interrompido por um doutrinador de grande cidade do estado de Goiás.
Visivelmente incomodado, embora sincero, assim pronunciou Marcondes:
— Estará o meu irmão fazendo uma crítica velada às obras de André Luiz que explicam em detalhes o plano espiritual?
— Não se trata de crítica, Marcondes.
Você está chegando agora em nosso plano e, tanto como nós, verá que muito temos a aprender e a repensar sobre as noções trazidas da vida física acerca do plano espiritual.
Comumente, carregamos para cá os conceitos e pontos de vista individuais, talhados pela cultura da comunidade doutrinária.
Tudo muito natural!
No entanto, o meu amigo terá tempo bastante para descobrir que, o farto material sobre vida imortal destinado aos homens, por André Luiz, representa minúsculo grão de areia na praia infinita das verdades espirituais.
— Essa colocação é um reducionismo ao nobre guia!
Que autoridade tem o senhor para essa afirmativa sobre ensinos tão completos?!
- desabafou o dirigente.
— Reducionismo sobre qual sentido?
— O senhor, dessa forma, diminui o significado da excelsa obra mediúnica de Chico Xavier.
Para mim, essas obras constituem a quarta revelação.
Que mais precisa um homem saber além dos ensinos enviados por André Luiz?
Além do mais, quem pode questionar a literatura do médium Xavier?
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