LUZ ESPÍRITA
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Reavaliando verdades distorcidas / Jacob Melo

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Abr 02, 2018 8:02 pm

Relembrando que o doutor Demeure foi grande magnetizador e que, enquanto encarnado, permutou larga correspondência com Kardec, aqui ele traz seu testemunho acerca da mediunidade curadora, destacando a própria inconsistência na acção do médium curador. Claramente afirma o não universalismo do magnetismo, no terreno da conquista de seus resultados nas curas assim como de um mesmo médium ante certas doenças.
Ora, se nem mesmo em relação a idêntico problema um mesmo médium não tem assegurado o poder de realizar idênticos resultados, como se pode afirmar que todos os passes são iguais?

O tratamento magnético

Um outro ponto de destaque é o quesito: tratamento propriamente dito.
Isto porque nem sempre há um bom esclarecimento às pessoas que buscam o apoio do passe — magnetismo — para a cura de suas mazelas físicas, psíquicas e espirituais.
Na maioria dos casos existe recomendação de número de vezes e uma velada proibição ou restrição quanto a se receber passes numa outra Casa, tudo sem maiores explicações ou detalhes.
Nalguns casos, até parece bula de remédio indicando posologias e dosagens pré-estabelecidas, mas, que critérios são usados nessas indicações?
Estas respostas devem ser dadas pelos dirigentes espíritas, pois quem define regras é quem melhor habilitado está para explicá-las.
Contudo, da palavra de Allan Kardec dá para se obter boa conclusão a respeito, pelo menos no que toca ao entendimento do que é o tratamento em si, se é magnético ou mediúnico.

Diremos apenas que este género de mediunidade (curadora) consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação.
Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que magnetismo.
Evidentemente, o fluido magnético desempenha aí importante papel; porém, quem examina cuidadosamente o fenómeno sem dificuldade reconhece que há mais alguma coisa.
A magnetização ordinária é um verdadeiro tratamento seguido, regular e metódico...
- In: O Livro dos Médiuns - Cap. XIV - "Dos Médiuns" - Item 175, "Mediunidade curadora".

Enquanto na mediunidade curadora o processo terapêutico costuma ser rápido e seus efeitos percebidos na quase instantaneidade, os procedimentos magnéticos pedem tempo e acompanhamento, pelo que a acção magnética se configura como um verdadeiro tratamento: seguido, regular e metódico.
Sendo assim, não deve ser uma boa opção sair por aí recebendo passe de qualquer maneira, em qualquer lugar e sob condições variadas e inconsistentes entre si.
Não por tal ou qual Casa ser melhor, mais forte ou ter maiores poderes sobre as causas do mal afugente, mas porque o tratamento magnético pede padrão e regularidade, além de todos os outros requisitos já tão explorados ao longo deste livro. Inclusive, este é o mesmo motivo que leva às indicações para que o paciente não falte ou se ausente do tratamento, sob pena de ver seus efeitos desaparecerem como por encanto.
Não se trata de punição, castigo ou ameaça, mas constatação do fato fluídico.
Um outro ponto a ser observado é que no início da citação acima o codificador faz referência a variantes de procedimentos magnéticos, tais como o toque, o gesto — e aqui se incluem tanto a imposição de mãos como os passes com movimento delas — e o olhar. Convenhamos, caso houvesse mesmo uma restrição, fosse de origem magnética, fosse de orientação espiritual, no sentido de só se fazer imposição de mãos, aí estaria mais uma primorosa oportunidade para que Allan Kardec se manifestasse nesse sentido.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Abr 02, 2018 8:02 pm

Estas palavras: conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, são significativas.
Exprimem o movimento fluídico que se operara de Jesus para a doente; ambos experimentaram a acção que acabara de produzir-se.
É de notar-se que o efeito não foi provocado por nenhum ato da vontade de Jesus; não houve magnetização, nem imposição das mãos.
Bastou a irradiação fluídica normal para realizar a cura.
Mas, por que essa irradiação se dirigiu para aquela mulher e não para outras pessoas, uma vez que Jesus não pensava nela e tinha a cercá-lo a multidão?
É bem simples a razão.
Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do doente.
Com relação à corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba aspirante.
Algumas vezes, é necessária a simultaneidade das duas acções;
doutras, basta uma só.
O segundo caso foi o que ocorreu na circunstância de que tratamos.
- In: A Génese - Cap. XV, item 11.

Este singular caso de Jesus curando ou favorecendo, fluidicamente, para que a cura da mulher hemorroíssa se desse, fornece, na palavra de Kardec, campos para raciocínios bastante fecundos.
Ali se destacam factos como:
os fluidos podem ser pedidos, buscados, sugados, absorvidos, rejeitados, nulos, eficientes...
O magnetizador pode perceber a vazão ou o fluir de suas próprias energias assim como o paciente registar toda pujança da captação fluídica, comprovada pela eficiente cura...
Ainda fica bem vivo o sentido da fé e seu poder...
Mas... apenas para aproveitar a citação, sobre as imposições Allan Kardec faz um surpreendente destaque:
"não houve magnetização, nem imposição das mãos".
Significa dizer que magnetização e imposição de mãos também poderiam ser vistos como eventos diferentes, distintos, ou, então, ele estava deixando mais evidente a distinção entre o magnetismo humano e o constante da mediunidade curadora.
No tangente ao tratamento em si, "Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a fim de repará-la".
Vou me permitir fazer uma reflexão sobre os casos de depressão grave tratados pelo magnetismo.
Ora, como o fluido que irá promover o benefício ao paciente precisa atingir a matéria orgânica, torna-se imperioso que esse fluido atravesse ou perpasse o(s) centro(s) de força que estiver(em) afectado(s).
Ora, se esse(s) está(ão) congestionado(s) a ponto de não permitir qualquer acesso do fluido ao sistema orgânico, como poderia "um passe qualquer" resolver essa problemática?
E, por outro lado, como não iria gerar agravamentos no paciente se as deposições fluídicas fossem concentradoras e densas?
São questões que não podem passar despercebidas nem serem desconsideradas ou mal consideradas.
Apesar de Kardec não ter-se detido, objectiva e directamente, sobre essa doença, por tudo o que estamos analisando fica mais do que evidente que é preciso cuidado para tratar de situações delicadas como as que se associam à depressão e outras problemáticas das quais ainda temos poucas conclusões.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Abr 02, 2018 8:02 pm

Kardec e o Magnetismo

No início deste livro comentei acerca do longo tempo de experiência que o senhor Allan Kardec tinha de conhecimento e prática magnética — 35 anos.
Para uns, isto poderia ter sido coincidência;
para outros, seu interesse em ligar o Espiritismo ao Magnetismo deveria ser visto como uma forma de, mesmo numa ciência iniciante, deter certo poder intelectual, considerando seus conhecimento específicos nessa área; alguns outros ainda interpretariam como sendo obra dos Espíritos, os quais sabiam que, mais à frente, ele precisaria desses conhecimentos... Ouçamo-lo.

Eu seguia, há algum tempo, as sessões que tinham lugar na casa do Sr. Roustan, e ali começara a verificação de meu trabalho que deveria, mais tarde, formar O Livro dos Espíritos.
Numa sessão íntima, à qual não assistiam senão sete ou oito pessoas, conversava-se sobre diferentes coisas, relativas aos acontecimentos que poderiam provocar uma transformação social, quando o médium, agarrando a cesta, escreveu espontaneamente o que se segue:
"Quando o grande sino soar, vós o deixareis; somente aliviareis o vosso semelhante; individualmente, o magnetizareis, a fim de curá-lo.
Depois, cada um preparado no seu posto, porque será necessário de tudo, uma vez que tudo será destruído, sobretudo por um instante.
Não haverá mais religião e dela será necessária uma, mais verdadeira, grande, bela e digna do Criador...
Os seus primeiros fundamentos já estão colocados...
Tu, Rivail, a tua missão aí está. (Livre, a cesta retornou para o meu lado, como o faria uma pessoa que quisesse me designar com o dedo.)
A ti, Sr... a espada que não fere, mas que mata;
contra tudo o que é serás tu que virás primeiro.
Ele, Rivail, virá em segundo: é o obreiro que reconstrói o que foi demolido."
Nota. Esta foi a primeira revelação positiva sobre a minha missão, e confesso que, quando vi a cesta se dirigir bruscamente para mim, e me designar nominalmente, não pude me defender de uma certa emoção.
- In: Obras Póstumas - "Primeira revelação de minha missão".

O primeiro destaque desta citação aponta para a humildade dele em anotar tudo isso com toda simplicidade, humildade e franqueza.
Em seguida, a revelação em si:
"somente aliviareis o vosso semelhante; individualmente, o magnetizareis, a fim de curá-lo".
Incrível! Ele, individualmente, ou seja, em pessoa, iria magnetizar aquele que espera isso dele.
Pode ser indivíduo — esta a ilação primeira e a mais directa —, mas igualmente pode ser referência à família, ao povoado, à cidade, à região, ao Estado, ao País, ao planeta...
Continuando, todos devem estar preparados, em seus postos, pois haverá necessidade de tudo — tanto individual e material, quanto colectivo e psíquico, mental, espiritual enfim.
Todos devem estar preparados em tudo, para tudo; todos serão convidados, pois haverá destruição, momentânea, mas haverá.
Uma destruição de coisas, de valores, de ritmos, de acomodações, de movimentos non-gratos ao meio em progressão...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Abr 02, 2018 8:03 pm

E, desde então, beleza, radiância, luminosidade, serenos movimentos de vida, progressos, regeneração!
E a quem foi confiado isso, directa e inequivocamente?
Ao senhor Allan Kardec.
A cesta se curvou, reverente, a ele;
movendo-a, só Deus pode discernir quantos grandes Espíritos se acotovelavam para seus preciosos avais.
E, enquanto o tempo vai passando, não conseguimos, AINDA, ser tão respeitosos, tão reverentes e tão aplicados com ele e com sua codificação, como seria de se esperar!!!
Incrível! Allan Kardec era o magnetizador, o pesquisador, o compilador, o organizador de uma doutrina universal, mas a ele caberia magnetizar, individualmente, o que precisava de cura.
Mesmo com tal anotação, a ele lhe negam hoje o inquebrantável vínculo, por ele evidenciado, testemunhado e provado, de ligação entre o magnetismo e o Espiritismo.
Como é duro de se crer nisso!
Como deve ser pesado esse fardo!

Não instantaneidade do magnetismo

Muito comum a busca pelas curas.
Todos a querem.
Só que o comodismo costuma ser a base de sustentação dessa busca, seu alcance fica severamente comprometido.
Além do magnetizador necessitar de pré-requisitos indispensáveis para sua consecução, os pacientes também precisam deter campos de atracção e de fixação dos benefícios para que tudo ocorra — a fé real é o maior agente centrípeto desses campos.

Tendo chegado a Betsaida, trouxeram-lhe um cego e lhe pediam que o tocasse.
Tomando o cego pela mão, ele o levou para fora do burgo, passou-lhe saliva nos olhos e, havendo-lhe imposto as mãos, lhe perguntou se via alguma coisa.
O homem, olhando, disse:
Vejo a andar homens que me parecem árvores.
Jesus lhe colocou de novo as mãos sobre os olhos e ele começou a ver melhor.
Afinal, ficou tão perfeitamente curado que via distintamente todas as coisas.
Ele o mandou para casa, dizendo-lhe:
Vai para tua casa; se entrares no burgo, a ninguém digas o que se deu contigo.
(Marcos, VIII, vv. 22 a 26)
Aqui, é evidente o efeito magnético;
a cura não foi instantânea, porém gradual e consequente a uma acção prolongada e reiterada, se bem que mais rápida do que na magnetização ordinária.
A primeira sensação que o homem teve foi exactamente a que experimentam os cegos ao recobrarem a vista.
Por um efeito de óptica, os objectos lhes parecem de tamanho exagerado.
- In: A Génese - Cap. XV - Os milagres do Evangelho, itens 12 e 13.

Todo magnetizador ou passista sabe, por experiência própria, que as curas só muito raramente se dão de forma instantânea, mas, em tese, isso não seria de se esperar de uma acção realizada por Jesus.
Todavia, na narrativa feita pelo evangelista Marcos — João, em 9, 6 faz o mesmo registo — e os comentários de Kardec em "A Génese" são suficientemente explícitos quanto ao facto.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Abr 02, 2018 8:03 pm

Um detalhe interessante é que pedem para Jesus o tocar;
Ele o pega pela mão e o leva para fora do povoado e só quando lhe passa saliva nos olhos é que ele reage à cura.
Quer dizer então que pegar na mão não seria um toque?
Ou o toque, em si, pede algo mais intencional, com mais vontade, ou por outra, mais que um simples toque?
A despeito de outra imensidade de curas instantâneas capitalizadas pelo poder magnético fabuloso que Jesus detinha, quiçá mesmo para que ficasse exemplo de que a acção magnética obedece a leis nem sempre bem percebidas pelo ser humano foi que ele, no caso acima, permitiu que a cura daquele cego fosse gradual e não instantânea.
Isto nos permite deduzir que, também para as curas, há um tempo e um meio correcto ou mais efectivo do que outro.
Como já afirmei alhures, são muitas, quase infinitas, as variáveis convidadas a se equilibrarem em acções curadoras, tanto da parte do agente quanto do atendido.
Portanto, nada de nos espantarmos nem com o imediatismo que envolve algumas curas como a lentidão característica verificada na maioria.

Sonambulismo, Magnetismo, mediunidade e Espiritismo; tudo junto.
Quanto mais estudo Kardec, quanto mais conheço o Espiritismo, mais e melhor percebo a vida.
Que bom que ele, preparado, me antecedeu! Que bom!!!

A rapidez com a qual se propagaram, em todas as partes do mundo, os fenómenos estranhos das manifestações espíritas, é uma prova do interesse que causam.
Simples objecto de curiosidade, a princípio, não tardaram em despertar a atenção dos homens sérios que entreviram, desde o início, a influência inevitável que devem ter sobre o estado moral da sociedade.
As ideias novas que deles surgem, se popularizam cada dia mais, e nada poderia deter-lhes o progresso, pela razão muito simples de que esses fenómenos estão ao alcance de todo mundo, ou quase todo, e que nenhuma força humana pode impedi-los de se produzirem.
Se os abafam em algum ponto, eles reaparecem em cem outros.
Aqueles, pois, que poderiam, nele, ver um inconveniente qualquer, serão constrangidos, pela força das coisas, a sofrer-lhes as consequências, como ocorreu com as indústrias novas que, na sua origem, feriram interesses privados, e com as quais todo o mundo acabou por se ajeitar, porque não se poderia fazer de outro modo.
O que não se fez e disse contra o magnetismo!
E, todavia, todos os raios que se lançaram contra ele, todas as armas com as quais o atingiram, mesmo o ridículo, se enfraqueceram diante da realidade e não serviram senão para colocá-lo mais e mais em evidência.
É que o magnetismo é uma força natural, e que, diante das forças da Natureza, o homem é um pigmeu semelhante a esses cãezinhos que ladram, inutilmente, contra o que os assusta.
Há manifestações espíritas como a do sonambulismo;
se elas não se produzem à luz do dia, publicamente, ninguém pode se opor á que tenham lugar na intimidade, uma vez que cada família pode achar um médium entre seus membros, desde a criança até o velho, como pode achar um sonâmbulo.
Quem, pois, poderia impedir, a qualquer pessoa, de ser médium ou sonâmbula?
Aqueles que combatem a coisa, sem dúvida, não reflectiram nela.
Ainda uma vez, quando uma força é da Natureza, pode-se detê-la um instante:
aniquilá-la, jamais!
Não se faz mais do que desviar-lhe o curso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 03, 2018 8:09 pm

Ora, a força que se revela no fenómeno das manifestações, qualquer que seja a sua causa, está na Natureza, como a do magnetismo;
não será aniquilada, pois, como não se pode aniquilar a força eléctrica.
O que é preciso fazer é observá-la, estudar-lhe todas as fases para, delas, deduzir as leis que a regem.
Se for um erro, uma ilusão, o tempo lhe fará justiça;
se for a verdade, a verdade é como o vapor: quanto mais se comprime, maior é a sua força de expansão.
- In: Revista Espírita, edição janeiro-1858 - "Introdução".

Realmente, a transcrição foi longa.
Poderia ter recortado mais, aposto reticências, enfim, se quisesse teria focado apenas no que pretendia, mas não resisti;
não poderia roubar de você o prazer que tive ao seleccionar este trecho.
— Aproveito para confessar;
foi muito difícil seleccionar trechos, reduzi-los, eleger o mais interessante em detrimento de outros...
Talvez esta tenha sido a parte mais dura que tive na composição deste livro.
É que os textos são tão bons e ricos que dá pena não poder alongá-los mais do que o muito já feito.
Por isso mesmo, aceite minha sugestão:
se ainda não tiver lido a Revista Espírita, toda, todos os 12 volumes, não perca mais tempo: leia-a!
Será uma das mais ricas viagens que você fará em toda sua vida!
Mas... Vamos ao trecho acima.
Kardec começa falando do Espiritismo e suas dificuldades iniciais, apesar da rápida e eloquente ampliação de suas informações ao redor do mundo.
Respalda-se, como exemplo, no que aconteceu e com o que fizeram com o Magnetismo no passado recente.
Mas ele sabia que o Espiritismo, como o Magnetismo, era e é uma força da Natureza, contra a qual nada se sustentará.
Presunção? Não! Convicção!
No passo seguinte, ele traz o sonambulismo como uma extensão do Espiritismo, como o é igualmente a mediunidade.
Interessante notar que essa faculdade, o sonambulismo, ele a dispõe de forma destacada da mediunidade. Por que será?
Exactamente porque o sonambulismo propriamente dito é uma atitude ou efeito anímico e não mediúnico, já que o sonâmbulo participa dos fenómenos com sua própria essência, dispondo de uma visão mais ampla e clara, pois que se encontra "desdobrado" de si mesmo e, nessa posição, tanto percebe o físico aparente, o físico profundo como o fluídico e várias porções do perispírito.
Por fim, a sábia sugestão:
se há dúvidas ou desconhecimento sobre uma força, o ideal a se fazer é observá-la, estudá-la e aplicar-lhe os benefícios possíveis, pois se está disposto na Natureza está disposto ao homem.
E que não se comprima tanto as verdades que estão abertas para o ser humano, bastando apenas que ele se decida por recebê-las, beneficiando-se perene e moralmente.

O chamado sonambulismo magnético tem alguma relação com o sonambulismo natural?
"É a mesma coisa, com a só diferença de ser provocado."
- In: O Livro dos Espíritos, questão 426.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 03, 2018 8:10 pm

Vimos que Kardec, no item anterior, diferenciou sonambulismo de mediunidade.
Aqui ele buscou outra diferença, a qual, na verdade, não existe além do facto de ser uma natural e provocada a outra.
Nota-se que quem provoca o sonambulismo induzido é o magnetismo.
Muito relevante isso, apesar de óbvio.
Entre as singulares faculdades que se notam nos convulsionários, algumas facilmente se reconhecem, de que numerosos exemplos oferecem o sonambulismo e o magnetismo, tais como, além de outras, a insensibilidade física, a leitura do pensamento, a transmissão das dores, por simpatia, etc.
Não há, pois, duvidar de que aqueles em quem tais crises se manifestam estejam numa espécie de sonambulismo desperto, provocado pela influência que exercem uns sobre os outros.
Eles são ao mesmo tempo magnetizadores e magnetizados, inconscientemente.
- In: O Livro dos Espíritos, questão 482 - Obs. Idêntico trecho se encontra na Revista Espírita, edição novembro - 1859, artigo "Os Convulsionários de Saint-Médard".

Nesta oportunidade, novamente Kardec relaciona sonambulismo e magnetismo, informando, inclusive, que ambos provocam estados e sensações semelhantes.
Tanto que, no fenómeno dos convulsionários, os submetidos ao sonambulismo são magnetizadores e magnetizados ao mesmo tempo.
É que o magnetismo, actuando de forma ampla, centrípeta e centrifugamente, envolve circunstantes como envolve o próprio emitente dos fluidos, predispondo quem por ele é envolvido a uma espécie de sonambulismo em estado desperto, patenteando a existência de uma crise, onde o evento deixa características bem visíveis, ora com semelhança a sonambulismo natural, ora provocado, ora como se fosse um transe mediúnico. Sem dúvida, exuberante fenómeno.
É de se perguntar: poderia haver uma situação tão consorciada entre os vários elementos em análise quanto esta?
(...) Sim, é a alma que dá ao sonâmbulo as faculdades maravilhosas das quais goza;
a alma que, em circunstâncias dadas, se manifesta se isolando em parte e momentaneamente de seu envoltório corporal.
Para quem observou atentamente os fenómenos do sonambulismo em toda a sua pureza, a existência da alma é um facto patente e a ideia de que tudo se acaba em nós com a vida animal é, para ele, uma insensatez demonstrada até à evidência;
também se pode dizer, com alguma razão, que o magnetismo e o materialismo são incompatíveis;
se há alguns magnetizadores que parecem se afastar dessa regra, e que professam doutrinas materialistas é que não fizeram, sem dúvida, senão um estudo muito superficial dos fenómenos físicos do magnetismo, e que não procuraram seriamente a solução do problema da visão a distância.
Qualquer que ele seja, jamais vimos um único sonâmbulo que não estivesse penetrado de um profundo sentimento religioso, quaisquer que possam ser as suas opiniões no estado de vigília.
- In: Obras Póstumas — "Causas e natureza da lucidez sonambúlica".

O intercâmbio entre todos esses fenómenos - sonambulismo, magnetismo, mediunidade e Espiritismo - é tal que sempre se pode colocá-los em um mesmo recipiente sem que nada de danoso ou adulterado surgirá.
Pensando aqui com meus botões, paralelamente, percebo hoje uma forte enfatização de uma prática chamada apometria, como se isso fosse uma grande novidade ou se constituísse num novo marco dentro do conhecimento e da prática espírita.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 03, 2018 8:10 pm

Sonambulismo!
Eis a palavra mágica, eis a definição do insigne codificador para o assunto.
Só que não lhe demos a atenção devida, concorrendo, assim, para que tal prática fosse tão relegada às favas a ponto de surgirem novos vanguardeiros de uma verdade que já é e já estava estabelecida até mesmo bem antes do Espiritismo.
E Allan Kardec tanto falou no sonambulismo, tanto lhe descreveu a prática, a exuberância, a realidade e os potenciais que se estendiam sob seus mantos e nós apenas o deixamos passar, de mansinho, discretamente, como se esse fenómeno fosse tão pequeno e insignificante que não fizesse falta ao bojo doutrinário!
Que lástima! Que lástima!
Em sua reverência e, de certa forma, homenageando-o, tratarei do sonambulismo de forma destacada, pois é mais do que necessário que tal seja feito.

O sonambulismo - este desconhecido

Também foi para servir de reflexão acerca desse desprezado assunto que decidi tratar dele, ainda que muito sumariamente, só para ver se acordamos também nesse terreno.

-172. Pode considerar-se o sonambulismo uma variedade da faculdade mediúnica, ou, melhor, são duas ordens de fenómenos que frequentemente se acham reunidos.
O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio Espírito; é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos.
O que ele externa tira-o de si mesmo; suas ideias são, em geral, mais justas do que no estado normal, seus conhecimentos mais dilatados, porque tem livre a alma.
Numa palavra, ele vive antecipadamente a vida dos Espíritos.
O médium, ao contrário, é instrumento de uma inteligência estranha;
é passivo e o que diz não vem de si.
Em resumo, o sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento, enquanto que o médium exprime o de outrem.
Mas, o Espírito que se comunica com um médium comum também o pode fazer com um sonâmbulo; dá-se mesmo que, muitas vezes, o estado de emancipação da alma facilita essa comunicação.
Muitos sonâmbulos vêem perfeitamente os Espíritos e os descrevem com tanta precisão, como os médiuns videntes.
Podem confabular com eles e transmitir-nos seus pensamentos.
O que dizem, fora do âmbito de seus conhecimentos pessoais, lhes é com frequência sugerido por outros Espíritos.
Aqui está um exemplo notável, em que a dupla acção do Espírito do sonâmbulo e de outro Espírito se revela e de modo inequívoco.

173. Um de nossos amigos tinha como sonâmbulo um rapaz de 14 a 15 anos, de inteligência muito vulgar e instrução extremamente escassa.
Entretanto, no estado de sonambulismo, deu provas de lucidez extraordinária e de grande perspicácia.
Excedia, sobretudo, no tratamento das enfermidades e operou grande número de curas consideradas impossíveis.
Certo dia, dando consulta a um doente, descreveu a enfermidade com absoluta exactidão.
Não basta, disseram-lhe, agora é preciso que indiques o remédio.
Não posso, respondeu, meu anjo doutor não está aqui.
Quem é esse anjo doutor de quem falas?
- O que dita os remédios.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 03, 2018 8:10 pm

- Não és tu, então, que vês os remédios?
- Oh! não, estou a dizer que é o meu anjo doutor quem mos dita.
Assim, nesse sonâmbulo, a acção de ver o mal era do seu próprio Espírito que, para isso, não precisava de assistência alguma; a indicação, porém, dos remédios lhe era dada por outro.
Não estando presente esse outro, ele nada podia dizer.
Quando só, era apenas sonâmbulo; assistido por aquele a quem chamava seu anjo doutor, era sonâmbulo-médium.
- In: O Livro dos Médiuns, cap. 6, item "Médiuns sonambúlicos".

Volto a me perguntar: quem sabe a explicação para o menosprezo ao sonambulismo não tenha surgido da evidência de que tal faculdade é, acima de tudo, anímica?
Isso mesmo, pois o animismo, no meio espírita brasileiro, sofreu uma grave distorção no entendimento geral em virtude de se usar esse termo tanto para referir faculdades anímicas — as quais se optava por classificá-la, embora que correctamente, apenas como de efeitos físicos, certamente para resguardá-la do pejo associado ao animismo — como, especialmente, para se encobrir mistificações, ludíbrios ou até mesmo insegurança de médiuns menos preparados.
Com uma faculdade tão ligada ao próprio ser, perdia-se um pouco do místico que traz o fenómeno mediúnico em si.
Será mesmo que foi esse o detonador do sonambulismo em nosso meio?
De passagem, recordo-me da pressão que foi feita no meio espírita quando surgiu o estudo sobre a "saída do corpo", baptizada de projeciologia, por Waldo Vieira.
Se tivesse sido dado tal poder a quem se sentiu ofendido com tal pesquisa, esse estudo teria sido banido da face da Terra.
Mesmo não me sentindo autorizado a tratar do tema projeciologia, por nunca tê-lo estudado com a atenção devida, louvo que não se tenha deixado perder essa valiosa vertente de pesquisa, análise, estudo e conhecimento das faculdades humanas.
Retomando, de certa forma acredito que o mesmo ou algo muito semelhante se deu com o magnetismo em nosso seio, pois ele também se expressa como potência anímica e isto parece incomodar sobremaneira aos que optam por sempre desconfiar excessivamente do semelhante, embora credite positividade a tudo o que vem do ambiente espiritual, não importando se a origem é digna de crédito ou não.
Bem se percebe que acabo de fazer uma generalização muito forte, mas assim o fiz na esperança de que repensemos melhor o que temos feito com tanta coisa boa, vigorosa e indispensável que está no alicerce kardequiano.
Afinal, o codificador tratou do sonambulismo com segurança e fartura, ressaltando tanto seus aspectos anímico como mediúnicos.
Continuando com a mesma transcrição, vejamos mais um pouco do assunto.

A lucidez sonambúlica é uma faculdade que se radica no organismo e que independe, em absoluto, da elevação, do adiantamento e mesmo do estado moral do indivíduo.
Pode, pois, um sonâmbulo ser muito lúcido e ao mesmo tempo incapaz de resolver certas questões, desde que seu Espírito seja pouco adiantado.
O que fala por si próprio pode, portanto, dizer coisas boas ou más, exactas ou falsas, demonstrar mais ou menos delicadeza e escrúpulo nos processos de que use, conforme o grau de elevação, ou de inferioridade do seu próprio Espírito.
A assistência então de outro Espírito pode suprir-lhe as deficiências.
Mas, um sonâmbulo, tanto como os médiuns, pode ser assistido por um Espírito mentiroso, leviano, ou mesmo mau.
Aí, sobretudo, é que as qualidades morais exercem grande influência, para atraírem os bons Espíritos.
- In: O Livro dos Médiuns, cap. 6, item 174, "Médiuns sonambúlicos".
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 03, 2018 8:10 pm

O primeiro negrito que destaquei aponta para o que, acredito, muitos temem: reconhecer que nem sempre os fenómenos anímicos e/ou mediúnicos estão intrinsecamente associados à moral.
É verdade que dessa associação depende a condução positiva e feliz dos fenómenos, mas esconder ou desconhecer essa realidade não os transforma, assim como não os diviniza nem os sataniza.
Maturidade é necessária para que tenhamos a tranquilidade de tudo examinar com isenção e objectividade, do contrário iremos surrupiando, de coisinha em coisinha, quase tudo o que Kardec legou e estabeleceremos um outro espiritismo, com "e" bem minúsculo, sem que se guarde muita parecença com o verdadeiro Espiritismo.
Não devemos, a partir do medo de sermos enganados, simplesmente rechaçarmos um fenómeno tão útil e eloquente quanto o sonambulismo. Nosso dever é o de estudá-lo.

"P. Quais são os efeitos do magnetismo?
"R. O magnetismo produz ordinariamente, diz-se, dois efeitos principais:
1° um estado de sonambulismo no qual o magnetizado, inteiramente privado do uso dos seus sentidos, vê, ouve, fala e responde a todas as perguntas que lhe são dirigidas;
2° uma inteligência e um saber que não tem senão na crise;
ele conhece seu estado, os remédios convenientes às suas enfermidades, o que fazem certas pessoas mesmo distantes.
(...) ... Qualquer que ela seja, isso não se encontra em um livro sábio, dogmático, para uso único dos teólogos, mas em um livro elementar, para uso de catecismo, por consequência destinado à instrução religiosa das massas; consequentemente não ê uma opinião pessoal, é uma verdade consagrada e reconhecida de que o magnetismo existe, e produz o sonambulismo, que o sonâmbulo goza de faculdades especiais, que no número dessas faculdades está a de ver sem o socorro dos olhos, mesmo à distância, de ouvir sem o socorro dos ouvidos, de possuir conhecimentos que não tem no estado normal, de indicar os remédios que lhe são salutares...
- In: Revista Espírita, edição outubro-1858, artigo "O magnetismo e o sonambulismo ensinados pela Igreja".

Ligados, interligados, consorciados...
Magnetismo e sonambulismo estão firmes em suas batalhas.
Por que, então, não utilizar este último nas experiências magnéticas?
O magnetismo gera o sonambulismo e, por este, abre canais de percepção fenomenais.
Repete-se, então, a pergunta:
por que, então, não usar o sonambulismo magnético nas actividades magnéticas?
Você saberia responder?
É complexo, dirão muitos.
É verdade, é complexo, até porque essa faculdade, de forma segura e harmónica, não se encontra em qualquer pessoa.
Portanto, pede procura, estudo e educação.
E desde quando deixar para lá algo que seja complexo resolve alguma coisa?
Se o magnetismo e o Espiritismo são uma única e só ciência, e se o sonambulismo está frutuosamente inserido nesse contexto, fica no ar a sensação de que estamos devendo mais essa ao codificador, ao Espiritismo...
Inclusive, eu me insiro nesse débito, pois também demorei muito a perceber essa falha lamentável que temos cometido.

(...) Dissestes, em seguida, que a faculdade dos médiuns difere pouco da dos sujeitos na mão do magnetizador, dito de outro modo, do sonâmbulo;
mas, admitamos mesmo uma perfeita identidade;
qual pode ser a causa dessa admirável clarividência sonambúlica, clarividência que não encontra obstáculo nem na matéria, nem na distância; que se exerce sem o concurso dos órgãos da visão ?
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 03, 2018 8:11 pm

Não é a demonstração mais patente da existência e da individualidade da alma, pivô da religião?
Se eu fora padre, e quisesse, num sermão, provar que há em nós outra coisa além do corpo, demonstrá-lo-ia, de modo irrecusável, pelos fenómenos do sonambulismo natural ou artificial.
Se a mediunidade não é senão uma variedade do sonambulismo, seus efeitos não são menos dignos de observação.
Nela encontraria uma prova a mais em favor de minha tese, e dela faria uma nova arma contra o ateísmo e o materialismo.
Todas as nossas faculdades são obras de Deus;
quanto maiores e maravilhosas, mais atestam seu poder e sua bondade.
Para mim que, durante trinta e cinco anos, fiz do sonambulismo um estudo especial, que nele fiz um não menos aprofundado de todas as variedades de médiuns, digo, como todos aqueles que não julgam pela visão de uma única face, que o médium é dotado de uma faculdade particular, que não permite confundi-lo com o sonâmbulo...
- In: Revista Espírita, edição maio - 1859, artigo "Refutação de um artigo de O Universo".

Empolgante! Isso é empolgante!
O Espiritismo já completou, neste ano de 2007, 150 anos de existência, mas ainda o temos novinho, inteiro, riquíssimo, bastando apenas buscar a obra de Kardec para ver quanta virgindade segue incólume por não termos sabido desfrutar-lhe as virtudes!
Kardec associa, de forma bivalente, o sonambulismo à mediunidade, deixando claro que um se relaciona com a outra, embora cada um siga rumo próprio, sendo ambos, contudo, grandiosas bênçãos divinas.
E de tão perfeita que a ligação se dá entre esses elementos — sonambulismo, magnetismo e mediunidade — que Kardec regista o mesmo tempo de conhecimento que tem de um como dos outros.

Por que, pois, encontra-se, no mundo inteligente, tanta resistência para admitir a intervenção dos Espíritos sobre a matéria?
Porque se encontram pessoas que crêem na existência e na individualidade do Espírito e que lhes recusam a possibilidade de se manifestarem, é porque não se dão conta das faculdades físicas do Espírito que se afigura imaterial de maneira absoluta.
A experiência demonstra, ao contrário, que, por sua natureza própria, ele age directamente sobre os fluídos imponderáveis, e, consequentemente, sobre os fluidos ponderáveis e mesmo sobre os corpos tangíveis.
Como procede um magnetizador comum?
Suponhamos que queira agir sobre um braço, por exemplo: concentra sua acção sobre esse membro e por um simples movimento de seus dedos, executado à distância e em todos os sentidos, agindo absolutamente como se o contacto da mão fosse real, ele dirige uma corrente fluídica sobre o ponto desejado.
O Espírito não age de outro modo; sua acção fluídica se transmite de perispírito a perispírito, e deste para o corpo material.
O estado de sonambulismo facilita consideravelmente essa acção, em consequência do desligamento do perispírito, que se identifica melhor com a natureza fluídica do Espírito, e sofre então a influência espiritual elevada à sua maior força...
- In: Revista Espírita, edição setembro-1865, artigo "Cura peta magnetização espiritual".
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 03, 2018 8:11 pm

Na proposição de Kardec, para explicar como um Espírito pode actuar sobre a matéria, ele busca no exemplo da acção magnética o apoio para sua explanação e complementa justificando as razões pelas quais a actuação via sonambulismo é mais eficiente e precisa.
Para que o leitor não pense que apenas estou gerando reflexões para terceiros, também me surpreendo estudando Kardec e, vez por outra, exclamo:
"Nossa! Como não tinha visto isso ainda!"
Nesse campo da união do sonambulismo com o magnetismo, de forma mais directa no terreno das curas, só muito recentemente vim me dar conta do quanto podemos avançar nas pesquisas e melhorar mais largamente nos resultados e benefícios para os pacientes fazendo uso dessa conjugação bendita.
Portanto, cada vez mais descubro que preciso seguir lendo e estudando, reflectindo e aplicando, aprendendo e progredindo, pois já faz tempo que Kardec se foi para o Mundo Espiritual e ainda estou capengando por aqui.

O sonambulismo, que pode ser dividido em três categorias

1°- O sonâmbulo natural será muito raramente um bom magnetizador.
Ele não é acessível nem à inspiração e nem ao fluido forçado e concentrado num só ponto pela sua vontade.
De outras vezes, seu estado apresenta uma predisposição favorável a receber uma impulsão.

(...)
O sonâmbulo age sob a simples inspiração que dele emana; ele está concentrado sobre um único objecto, é porque, em todos os actos que realiza então, parece muito superior a si mesmo.
Sendo despertado, ele se perturba, grita como no meio de um pesadelo e essa brusca transição não ê sem perigo para ele.
Esse estado estranho não ataca nem cansa os órgãos.
Esses seres se portam muito bem, porque, enquanto agem, o ser físico dorme, repousa enquanto que só a imaginação trabalha.

2° - No inspirado, pode-se dizer que há sempre uma grande soma de repouso físico.
Marcado de uma outra individualidade, seu corpo não participa da acção que realiza, e seu próprio Espírito de um certo modo dormita, uma vez que se vem forçá-lo a assimilar os pensamentos de um outro do qual perde, em seguida, até o mais leve traço, à medida que desperta para a vida comum.
Nas naturezas dóceis (e todos os sonâmbulos não o são), esse trabalho de concentração, de posse do ser, se faz sem luta, é porque seus pensamentos lhes são mais particularmente dados, precisamente porque não interrompem o repouso naqueles a quem são trazidos.
As vezes, confundem-se os sonâmbulos com os inspirados, porque há semelhança nos resultados.

(... )
O magnetismo desperta no sonâmbulo, superexcita e desenvolve um instinto que a Natureza deu a todos os seres para sua cura, e que a civilização incompleta no meio da qual nos debatemos, abafou-o em nós para substituí-lo por falsos lampejos da ciência.
Os inspirados não tem de nenhum modo necessidade do socorro do fluido magnético.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 03, 2018 8:11 pm

Eles vivem pacificamente, não pensam em nada.
De repente uma palavra, obscura e indistinta de início, é murmurada a seu ouvido; essa palavra os penetra;
tomam sentido, cresce, se amplia, torna-se um pensamento;
outras se agrupam ao seu redor, depois a elaboração íntima tendo chegado à maturidade, uma força irresistível os domestica, e, seja pela palavra, seja pela escrita, é preciso que ponham para fora a verdade que os obsedia.

(...)
Por si mesmo, o magnetismo não dá a inspiração:
quando muito a provoca, a torna mais fácil.
O fluido é como um ímã que atrai os mortos bem-amados para aqueles que ficam.
Liberta-se abundantemente dos inspirados e vai despertar a atenção dos seres que partiram primeiro e que lhe são similares.
Estes, de seu lado, depurados e esclarecidos por uma vida mais completa e melhor, julgam melhor e conhecem melhor aqueles que podem lhes servir de intermediários na ordem de fatos que crêem úteis nos revelar.
É assim que estes seres mais avançados descobrem, frequentemente, naquele que adoptam por seu eleito, disposições que ele mesmo não conhecia.
Eles o desenvolvem nesse sentido, apesar dos obstáculos que lhes opõem os preconceitos do meio social, ou as prevenções da família, sabendo bem que a Natureza preparou o terreno para receber a semente que querem espalhar.

(...)
O magnetismo, no que respeita à inspiração, nada pode para esta criatura fatalmente desencaminhada.
Somente, como há desacordo entre as tendências que lhe imprimem seus fluidos e as funções que os circunstantes o condenaram a exercer, ele está descontente, infeliz; sofre, e, deste ponto de vista, o magnetismo pode vir a acalmar, por um momento, os pesares que sente em presença de seu futuro frustrado.
É, pois, muito errado que se o creia geralmente no mundo que, por ser inspirado, é preciso ser magnetizado.
Ainda uma vez, o magnetismo não dá a inspiração; ele faz circular o fluido e nos coloca em equilíbrio, eis tudo.
Além disto, é incontestável que ele desenvolve o poder de concentração.
Os sonâmbulos do mais alto título, aqueles que derramam ao seu redor luzes novas, são ao mesmo tempo inspirados;
somente não se deve crer que eles o são igualmente em todas as horas.

3° - Os sonâmbulos são mais geralmente fluídicos do que inspirados;
então, concebe-se a oportunidade na acção magnética.
O toque, seja do magnetizador, seja de uma coisa que lhe pertenceu, pode lhe dar esse poder de concentração provocada e preliminarmente aumentada pelos passes magnéticos.
Unido à predisposição sonambúlica, o magnetismo desenvolve a segunda vista e produz resultados extraordinários, sobretudo do ponto de vista das consultas médicas.
O sonâmbulo é de tal modo concentrado pelo desejo de curar a pessoa cujo fluido está em relação com o seu, que lê no seu ser interior.
Acrescentando-se a esta disposição a de ser inspirado, coisa extremamente rara, então é que se torna completo.
Ele vê o mal, e indicam-lhe o remédio!
(...)
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 03, 2018 8:11 pm

Sendo o fluido o princípio de vida, a animação, nossa alma tendo, graças a fluidos diferentes, atracções e, consequentemente, destinos múltiplos e diversos, se, pela acção magnética, desvia-se de sua espontaneidade o poder de concentração sobre o pensamento que nos deve ser transmitido, o Espírito não pode mais exercer sua acção, conservar sobre nós sua mesma força, sua vontade intacta para nos fazer escrever, ou ler em alta voz, ao mundo de que tem necessidade, o que ele veio nos trazer.
Também os médicos que dirigem os sonâmbulos devem evitar, tanto quanto possível, de magnetizá-los, sob pena de substituir a verdadeira inspiração por uma simples transmissão de seu próprio pensamento.
( • • •)
Para os sonâmbulos fluídicos, o emprego do magnetismo é útil em exercendo sobre eles sua influência de concentração.
Somente há, nesse estado, mais ainda do que em outro, uma força de atracção ou de repulsão, contra a qual jamais se deve lutar.
Os mais ricamente dotados são acessíveis a antipatias muito extremas para que possam abafá-los.
Eles a sentem como as inspiram.
Suas prescrições são então raramente boas.
Mas dotados, comummente, de uma grande força moral, ao mesmo tempo que de uma excessiva benevolência, eles adquirem um grande poder de moderação sobre sua pessoa, e se não lhes é sempre permitido fazer o bem, pelo menos jamais farão o mal.
EUGÈNE BONNEMÈRE.
- In: Revista, edição fevereiro-1868, artigo "Extracto dos manuscritos de um jovem médium bretão", subtítulo "os Sonâmbulos"

A transcrição foi tão longa e ela retrata tão bem o que seja o sonambulismo, como existe e como se relaciona com o magnetismo e a mediunidade em si que me dispensarei comentar, deixando a você o prazer de exalar todo o perfume dessas flores fluídicas de um consistente saber. Todavia, quero destacar a muito interessante distinção feita entre o sonâmbulo intuitivo do sonâmbulo fluídico.
Ideal seria quando, num mesmo sonâmbulo, fossem localizadas as duas disposições:
inspiração e magnetismo, posto que este não gera aquela.
Mas os fluídicos são aqueles que podem ser qualificados, também, de magnetizadores, pois não se limitam a ver e traduzir, mas igualmente a agir e manipular campos energéticos, à feição dos magnetizadores ordinários.
A dupla vista - esta desconhecida

Nas abordagens que venho fazendo, não poderia deixar de fora a dupla vista.
Logo na primeira questão a seguir já dá para saber o porquê.

O fenómeno a que se dá a designação de dupla vista tem alguma relação com o sonho e o sonambulismo?
"Tudo isso é uma só coisa.
O que se chama dupla vista é ainda resultado da libertação do Espírito, sem que o corpo seja adormecido.
A dupla vista ou segunda vista é a vista da alma."
- In: O Livro dos Espíritos, questão 447 (grifos originais).

Sendo a dupla vista uma espécie de sinónimo ou parente íntimo do sonambulismo, implica dizer que essa faculdade muito tem a ver com o que vimos tratando.
O que me causa espanto, mais uma vez, é o facto dela, como faculdade assim chamada, muito pouco frequentar o vocabulário e a prática espírita actual.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Abr 03, 2018 8:12 pm

Talvez a razão disso esteja na colocação seguinte:
A dupla vista é susceptível de desenvolver-se pelo exercício?
"Sim, do trabalho sempre resulta o progresso e a dissipação do véu que encobre as coisas."
a) - Esta faculdade tem qualquer ligação com a organização física?
"Incontestavelmente, o organismo influi para a sua existência. Há organismos que lhe são refractários."
- In: O Livro dos Espíritos, questões 450 e 450-a.

Anímica; eis a característica forte dessa potência humana.
Talvez seja por isso que, em vez de a abraçarmos e a desenvolvermos para valer, com ela nos assustemos e a deixemos numa longa e interminável quarentena.
Se for isso mesmo o que acontece, meu Deus!, quanta ignorância nossa, quanta perda injustificável, quanto prejuízo.
Para quem ache que eu esteja exagerando, pergunto:
tem você ouvido falar nessa faculdade no meio espírita?
Tem sido apresentado a espíritas que façam uso regular e conhecido dessa faculdade?
Sabe me dizer a razão disso?
Allan Kardec tem uma sugestão sábia para que resolvêssemos problemas desse jaez, mas parece que nem sempre o ouvimos:

Os charlatães o exploram (o sonambulismo), dizem.
Razão de mais para que não lhes seja deixado nas mãos.
Quando a Ciência se houver apropriado dele, muito menos crédito terão os charlatães junto às massas populares.
Enquanto isso não se verifica, como o sonambulismo natural ou artificial é um facto, e como contra factos não há raciocínio possível, vai ele ganhando terreno, apesar da má-vontade de alguns, no seio da própria Ciência, onde penetra por uma imensidade de portinhas, em vez de entrar pela porta larga.
Quando lá estiver totalmente, terão que lhe conceder direito de cidade.
- In: O Livro dos Espíritos, 455, "Resumo teórico do sonambulismo, do êxtase e da dupla vista".

Brilhante sugestão:
que estudemos a faculdade para deter seu domínio e não a deixemos nas mãos dos prestidigitadores, de seres que agem de má-fé.
E que seja bem anotado que tudo isso está na primeira e principal obra espírita, "O Livro dos Espíritos".
Portanto, é de se lamentar que a ciência espírita siga deixando escapar tudo isso, fazendo muito pouco uso de tão potentes instrumentos da alma.
Sei que corro o risco de ser apontado como um escritor que não sabe se conter e resumir os trechos que transcreve, mas é praticamente impossível não retornar à citação desse resumo teórico escrito por Kardec.

Para o Espiritismo, o sonambulismo é mais do que um fenómeno psicológico, é uma luz projectada sobre a psicologia.
É aí que se pode estudar a alma, porque é onde esta se mostra a descoberto.
Ora, um dos fenómenos que a caracterizam é o da clarividência independente dos órgãos ordinários da vista.
Fundam-se os que contestam este facto em que o sonâmbulo nem sempre vê, e à vontade do experimentador, como com os olhos.
Será de admirar que difiram os efeitos, quando diferentes são os meios?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 04, 2018 7:54 pm

Será racional que se pretenda obter os mesmos efeitos, quando há e quando não há o instrumento?
A alma tem suas propriedades, como os olhos têm as suas.
Cumpre julgá-las em si mesmas e não por analogia.
( • • • )
Essa separação parcial da alma e do corpo constitui um estado anormal, susceptível de duração mais ou menos longa, porém não indefinida.
Daí a fadiga que o corpo experimenta após certo tempo, mormente quando aquela se entrega a um trabalho activo.
(...)
A emancipação da alma se verifica às vezes no estado de vigília e produz o fenómeno conhecido pelo nome de segunda vista ou dupla vista, que é a faculdade graças à qual quem a possui vê, ouve e sente além dos limites dos sentidos humanos.
Percebe o que exista até onde estende a alma a sua acção.
Vê, por assim dizer, através da vista ordinária, e como por uma espécie de miragem.
(...)
O sonambulismo natural e artificial, o êxtase e a dupla vista são efeitos vários, ou de modalidades diversas, de uma mesma causa.
Esses fenómenos, como os sonhos, estão na ordem da Natureza.
- In: O Livro dos Espíritos, 455, "Resumo teórico do sonambulismo, do êxtase e da dupla vista".

Isto que o codificador define como importância do sonambulismo para o Espiritismo é um chamado de responsabilidade imenso, o qual deve ser bem reflectido e pensado.
Esses fenómenos, sonambulismo e dupla vista, são luzes projectadas sobre a psicologia, só que as lâmpadas precisam estar acesas, ligadas, para fazerem incidir seus raios luminosos e clarearem a realidade que se posiciona sob seus reflexos.
E quem pode acendê-los somos nós mesmos; basta querermos.

Rápida vista sobre a obsessão

São muitos e variados os artigos, referências, notas e indicações de Kardec acerca das obsessões.
Como não tenho em mente tratar deste assunto, de forma pormenorizada, neste livro, vou me limitar a uma única transcrição, embora no item seguinte retome o tema em uma feição bastante específica.

A cura das obsessões graves requer muita paciência, perseverança e devotamento.
Exige também tacto e habilidade, a fim de encaminhar para o bem Espíritos muitas vezes perversos, endurecidos e astuciosos, porquanto há-os rebeldes ao extremo.
Na maioria dos casos, temos de nos guiar pelas circunstâncias.
Qualquer que seja, porém, o carácter do Espírito, nada se obtém, é isto um facto incontestável pelo constrangimento ou pela ameaça.
Toda influência reside no ascendente moral.
Outra verdade igualmente comprovada pela experiência tanto quanto pela lógica, é a completa ineficácia dos exorcismos, fórmulas, palavras sacramentais, amuletos, talismãs, práticas exteriores, ou quaisquer sinais materiais.
A obsessão muito prolongada pode ocasionar desordens patológicas e reclama, por vezes, tratamento simultâneo ou consecutivo, quer magnético, quer médico, para restabelecer a saúde do organismo.
Destruída a causa, resta combater os efeitos.
- In: O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XXVIII, Preces Espíritas, observação do item 84.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 04, 2018 7:54 pm

Tratar de obsessão requer tacto e habilidade, portanto, conhecimento e moral.
Ademais, as circunstâncias sempre determinam procedimentos diversos, pelo que nem sempre se consegue estabelecer padrões para os casos em tratamento.
Mas é no segundo parágrafo da transcrição que quero sublinhar algo que parece vir escapando aos estudiosos da desobsessão: a demora e a intensidade com que a obsessão fica instalada numa pessoa pode gerar patologias que, como tão rigidamente afirma Kardec, "por vezes reclama tratamento simultâneo ou consecutivo, quer magnético, quer médico".
Aí está, explicitamente, mais um caso em que a necessidade de magnetizadores espíritas, no bom sentido do termo, é imperiosa, motivo pelo qual cabe aos dirigentes, médiuns, doutrinadores e demais trabalhadores da área da mediunidade promoverem actividades que despertem o surgimento dessas pessoas.
E que não dispensemos a necessidade dos acompanhamentos médicos.

A subjugação pede entendimento

"Panos para as mangas"!
Eis um item no qual se aplica a expressão popular!
Este tem panos para mangas, pernas, cós, viés, golas, babados...
Qual a Casa Espírita que não trata ou não aborda a questão da desobsessão?
Muito embora nem todas realizem reuniões específicas para tratar da questão é quase impossível que um Centro Espírita não saiba ou não comente a respeito.
Apesar de tão estreita ligação, será que somos, de facto, fiéis à proposta de Kardec conforme grafada em "O Livro dos Médiuns"?

A subjugação corporal tira muitas vezes ao obsediado a energia necessária para dominar o mau Espírito.
Daí o tornar-se precisa a intervenção de um terceiro, que actue, ou pelo magnetismo, ou pelo império da sua vontade.
Em falta do concurso do obsediado, essa terceira pessoa deve tomar ascendente sobre o Espírito;
porém, como este ascendente só pode ser moral, só a um ser moralmente superior ao Espírito é dado assumi-lo e seu poder será tanto maior, quanto maior for a sua superioridade moral, porque, então, se impõe àquele, que se vê forçado a inclinar-se diante dele.
Por isso é que Jesus tinha tão grande poder para expulsar o a que naquela época se chamava demónio, isto é, os maus Espíritos obsessores.
Aqui, não podemos oferecer mais do que conselhos gerais, porquanto nenhum processo material existe, como, sobretudo, nenhuma fórmula, nenhuma palavra sacramental, com o poder de expelir os Espíritos obsessores.
Às vezes, o que falta ao obsediado é força fluídica suficiente; nesse caso, a acção magnética de um bom magnetizador lhe pode ser de grande proveito.
Contudo, é sempre conveniente procurar, por um médium de confiança, os conselhos de um Espírito superior, ou do anjo guardião.
- In: O Livro dos Médiuns - Cap. XXIII - Da obsessão - Item 251.

No tratamento de tão grave problema, a subjugação, Allan Kardec praticamente resumiu tudo no texto acima.
Analisemos com calma o que ele escreveu.
Na primeira frase, ele prestigia o que acha ser o mais poderoso agente presente na subjugação:
a falta de uma 'energia' no subjugado que lhe permitiria sair do jugo do obsessor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 04, 2018 7:54 pm

Claro que pelo termo 'energia' podemos interpor que ele fazia alusão à energia moral.
Mas a frase seguinte define claramente ao que ele se referia, pois a intervenção de um magnetizador ou de um terceiro no evento, com sua força de vontade, é imperiosa.
Por incrível que pareça, esta conclusão parece ser incómoda, pois a grande maioria, ou melhor, a quase totalidade das pessoas que abordam o tema subjugação quer que a situação moral do obsediado seja colocada em primeiro lugar em vez da questão fluídica.
É claro que a moral, ou seja, a falta dela, gera graves campos de desarmonia no ser, mas nem sempre seu alcance e sua consequência são tão imediatos como vulgarmente imaginamos.
Analisemos o seguinte raciocínio: um indivíduo, extremamente mau, assassino frio e confesso, que diz sentir prazer em fazer o mal, muito raramente será encontrado sob subjugação. Por quê?
Antes de concluir lembremos o que os Espíritos disseram a Kardec na resposta da questão 552 de "O Livro dos Espíritos":

“Algumas pessoas dispõem de grande força magnética, de que podem fazer mau uso, se maus forem seus próprios Espíritos, caso em que possível se torna serem secundados por outros Espíritos maus..."

Ou seja, existem pessoas muito más, agindo vigorosamente nas entranhas do mal, perpetrando tudo de ruim em seu derredor e, ao contrário do esperado, não sentem um friozinho de arrependimento na espinha, uma tontura sequer devido a influências espirituais negativas.
Não que estas não ocorram, mas, de tão similares as vibrações com seus próprios padrões energéticos não geram sensações ruins ou de possessão.
Seria de se perguntar qual a razão de tamanha insensibilidade, já que o mal atrai fluidos ruins?
Além da similitude de padrões vibratórios, esses seres encarnados, ainda maus e insensíveis, detêm vigorosos campos vitais a encouraçá-los, formando uma espécie de protecção contra certos envolvimentos psíquicos.
Todavia, quando o enfraquecimento de seus órgãos vitais se apodera de suas vidas começa a surgir visões apavorantes, assombrações, sensações de medo insofreáveis, alucinações...
Estará, então, estabelecido o padrão fluídico compatível com o domínio exercido pelo(s) obsessor(es).
Disso fica fácil se perceber que Kardec, novamente, está coberto de razão quando inicia sua análise dirigindo seu foco para o problema fluídico e não para a questão moral, muito embora esta surja de forma bastante segura em sua argumentação.
Temos que concordar que não é apenas o pensamento ruim ou a maldade praticada que nos leva a uma obsessão tão severa, mas sim uma conjugação de factores, dentre estes se destacando a energia vital em baixo nível da parte do obsediado.
Daí Kardec ter indicado, de saída, a imperiosidade da presença e da acção de um magnetizador ou de alguém detentor de uma vontade firme para actuar fluidicamente sobre o subjugado.
Na sequência, ele sugere que essa terceira pessoa aja moralmente sobre o Espírito obsessor a fim de impor-se sobre ele e afastá-lo do paciente, através de uma renovação de padrão moral e não pelo simples expulsar.
Se bem que nem todos os casos sejam iguais, existem outros padrões de terapia, mas o que o codificador deixou muito claro foi o papel do magnetismo na acção terapêutica das subjugações:
"Às vezes, o que falta ao obsediado é força fluídica suficiente; nesse caso, a acção magnética de um bom magnetizador lhe pode ser de grande proveito".
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 04, 2018 7:54 pm

Um bom magnetizador.
O que estaria querendo Allan Kardec dizer com isso?
Por mais óbvio que seja, vale a pena expressar:
por bom magnetizador ele queria dizer bom magnetizador mesmo!
Um magnetizador com potencial fluídico, com equilíbrio emocional e moral e conhecimento de técnicas de magnetismo, para dar ao obsediado o que ele necessita, esse é um bom magnetizador.
Só que, ao tempo de Kardec, esse era um profissional e, como tal, cobrava para prestar seus serviços.
A propósito de pagamentos, no próximo item desta abordagem tratarei do assunto.
Concluindo meus comentários acerca dessa transcrição, atentemos para sua conclusão:
"é sempre conveniente procurar, por um médium de confiança, os conselhos de um Espírito superior, ou do anjo guardião".
Pois é isso mesmo o que está escrito na obra: é sempre conveniente contarmos com médiuns de confiança para, através de suas faculdades, evocarmos Espíritos superiores ou o anjo guardião do obsediado a fim de contarmos com um apoio seguro nessa terapia.
Mesmo sabendo que livros são, basicamente, fontes de respostas, neste quero deixar, como venho fazendo, mais uma pergunta:
será que as reuniões que cuidam desse tipo de terapia têm seguido pelo menos essa última instrução do mestre Kardec?
Em outra obra Allan Kardec adita importantes considerações sobre a terapia da subjugação que merece ser vista aqui.
Vou dividir a transcrição em duas partes para facilitar a percepção de certos detalhes.

Mas ocorre, algumas vezes, que a subjugação aumenta ao ponto de paralisar a vontade do obsediado, e que não se pode dele esperar nenhum concurso sério.
É então, sobretudo, que a intervenção de terceiros torna-se necessária, seja pela prece, seja pela acção magnética;
mas a força dessa intervenção depende também do ascendente moral que os intervenientes podem tomar sobre os Espíritos; porque se não valem mais, a sua acção é estéril.
A acção magnética, nesse caso, tem o efeito de penetrar o fluido do obsediado de um fluido melhor e de livrá-lo do Espírito mau;
ao operar, o magnetizador deve ter o duplo objectivo de opor uma força moral a uma força moral e de produzir sobre o sujeito uma espécie de reacção química, para nos servirmos de uma comparação material, expulsando um fluido por um outro fluido.
Por aí, não somente ele opera um desligamento salutar, mas dá força aos órgãos enfraquecidos por uma longa e, frequentemente, vigorosa opressão.
Compreende-se, de resto, que a força da acção fluídica está em razão, não só da energia da vontade, mas sobretudo da qualidade do fluido introduzido e, segundo o que dissemos, que essa qualidade depende da instrução e das qualidades morais do magnetizador; de onde se segue que um magnetizador comum, que agiria maquinalmente para magnetizar pura e simplesmente, produziria pouco ou nenhum efeito;
é preciso, de toda a necessidade, um magnetizador espírita agindo com conhecimento de causa, com a intenção de produzir, não o sonambulismo ou uma cura orgânica, mas os efeitos que acabamos de descrever.
Além disso, é evidente que uma acção magnética, dirigida nesse sentido, não pode ser senão muito útil no caso de obsessão comum, porque então, se o magnetizador é secundado pela vontade do obsediado, o Espírito é combatido por dois adversários ao invés de um.
- In: Obras póstumas, item 58.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 04, 2018 7:55 pm

Na primeira parte do trecho, Kardec repõe o que já analisamos acima, ou seja, a intervenção magnética e moral sobre o Espírito obsessor.
Só que aqui ele explica como se dá o processo:
dá-se a substituição de campos fluídicos, o que reforça o que venho destacando ser privilegiado o aspecto fluídico quando se pretende obter uma feliz desobsessão.
Prosseguindo, renova ele a necessidade de potencial fluídico bem como da qualidade do fluido para se atingir uma eficiente desobsessão, sendo que esta "qualidade depende da instrução e das qualidades morais do magnetizador".
Seja isso bem observado: depende da instrução — que significa dizer:
estudo, conhecimento, prática, domínio sobre as técnicas — do magnetizador tanto quanto de suas qualidades morais.
Nesse momento, surge um personagem importantíssimo para tudo o que estou tentando gerar em termos de assumpção de responsabilidades:
"é preciso, de toda a necessidade, um magnetizador espírita agindo com conhecimento de causa, com a intenção de produzir, não o sonambulismo ou uma cura orgânica, mas os efeitos que acabamos de descrever".
Mais enfático, impossível! Magnetizador espírita com conhecimento de causa; é isso o que estamos todos buscando.
Um magnetizador com conhecimento de causa e que também considere o sonambulismo, mas que destine seus poderes e saber para resolver tanto curas orgânicas como obsessões, subjugações e muito mais até.

Prosseguindo...

(...) A prece, geralmente, é um meio poderoso para ajudar na libertação dos obsediados, mas não é uma prece de palavras, dita com indiferença e como uma fórmula banal, que pode ser eficaz em semelhante caso;
é necessária uma prece ardente que seja, ao mesmo tempo, uma espécie de magnetização mental; pelo pensamento pode-se levar, sobre o paciente, uma corrente fluídica salutar, cuja força está em razão da intenção.
A prece não tem, pois, somente por efeito invocar um socorro estranho, mas de exercer uma acção fluídica.
O que uma pessoa não pode fazer só, várias pessoas unidas pela intenção, numa prece colectiva e reiterada, frequentemente o podem, sendo a potência da acção aumentada pelo número.
- In: Obras póstumas, item 58.

Reforçando a prece como uma espécie de magnetização mental e reavivando como ela deve ser interiorizada e externada, indica que seu poder pode ser crescido pela união de pensamento de várias pessoas, o que é uma forma de corrente magnética, o que tratarei no item a seguir.

Correntes magnéticas

Acima, Kardec colocou a força do pensamento colectivo, unido numa mesma intenção, através da prece, concluindo que o aumento da força se dá pelo número de participantes.
Vejamos a questão numa outra abordagem dele.
Outro meio, que também pode contribuir fortemente para desenvolver a faculdade, consiste em reunir-se certo número de pessoas, todas animadas do mesmo desejo e comungando na mesma intenção.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 04, 2018 7:55 pm

Feito isso, todas simultaneamente, guardando absoluto silêncio e num recolhimento religioso, tentem escrever, apelando cada um para o seu anjo de guarda, ou para qualquer Espírito simpático.
Ou, então, uma delas poderá dirigir, sem designação especial e por todos os presentes, um apelo aos bons Espíritos em geral, dizendo por exemplo:
Em nome de Deus Todo-Poderoso, pedimos aos bons Espíritos que se dignem de comunicar-se por intermédio das pessoas aqui presentes.
É raro que entre estas não haja algumas que dêem prontos sinais de mediunidade ou que até escrevam correntemente em pouco tempo.
Compreende-se o que em tal caso ocorre.
Os que se reúnem com um intento comum formam um todo colectivo, cuja força e sensibilidade se encontram acrescidas por uma espécie de influência magnética, que auxilia o desenvolvimento da faculdade.
Entre os Espíritos atraídos por esse concurso de vontades estarão, provavelmente, alguns que descobrirão nos assistentes o instrumento que lhes convenha.
Se não for este, será outro e eles se aproveitarão desse.
Este meio deve sobretudo ser empregado nos grupos espíritas a que faltam médiuns ou que não os possuam em número suficiente.
- In: O Livro dos Médiuns, cap, XVII, item 207, "Da formação dos médiuns".

Ainda que a corrente aqui referida seja para facilitar o desenvolvimento das aptidões mediúnicas, essa "influência magnética" também se faz presente nos outros casos em que ela é requerida.
O que deve ser bem frisado, entretanto, é o aspecto dos comunicantes descobrirem "o instrumento que lhes convenha".
Se o caso fosse puramente magnético, poder-se-ia dizer que os vários padrões magnéticos dos circunstantes unidos pela corrente propiciarão maiores possibilidades de combinações fluídicas mais apropriadas a cada caso, motivo pelo qual muitas vezes a união de vários magnetizadores unidos em torno de um atendimento magnético pode proporcionar um mais eficiente e rápido tratamento.
Não se trata de apenas se juntar pessoas.

Pagamento ao magnetizador

No item "A subjugação pede entendimento" veio à baila a questão do pagamento por acção magnética.
Muita gente encara isso como se fosse um sacrilégio, um absurdo, algo apavorante.
Antes de apresentar a opinião de Allan Kardec, entretanto, quero dizer que, particularmente, não coloco o passe espírita no mesmo nível de uma acção magnética propriamente dita, no seu sentido profissional, pois sendo esta realizada dentro da Casa Espírita ou em nome do Espiritismo, não é coerente cobrar por sua aplicação.
Isto se explica em cima de práticas outras que vemos e sabemos serem realizadas nessas Casas, tais como serviços médicos, dentários, psicológicos e outros, e não se costuma fazer-se pagar igualmente, pois o movimento espírita se caracteriza, dentre muitas faces, por esta de prestar serviço assistencial, promocional e voluntário gratuito aos necessitados que as buscam.
Isto posto, analisemos o que disse Kardec.

A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente.
Se há um género de mediunidade que requeira essa condição de modo ainda mais absoluto é a mediunidade curadora.
O médico dá o fruto de seus estudos, feitos, muita vez, à custa de sacrifícios penosos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 04, 2018 7:56 pm

O magnetizador dá o seu próprio fluido, por vezes até a sua saúde.
Podem pôr-lhes preço.
O médium curador transmite o fluido salutar dos bons Espíritos; não tem o direito de vendê-lo.
Jesus e os apóstolos, ainda que pobres, nada cobravam pelas curas que operavam.
Procure, pois, aquele que carece do que viver, recursos em qualquer parte, menos na mediunidade;
não lhe consagre, se assim for preciso, senão o tempo de que materialmente possa dispor.
Os Espíritos lhe levarão em conta o devotamento e os sacrifícios, ao passo que se afastam dos que esperam fazer deles uma escada por onde subam.
- In: O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XXVI - "Dai gratuitamente" - item 10

Em primeiríssimo plano está o sentido de pureza que precisa estar associado à mediunidade curadora; esta deve ser santa, religiosa mesmo.
Por extensão e pelos vínculos que essa mediunidade tem com o magnetismo, não devemos pensar diferente quando agirmos magneticamente.
Logo em seguida, o codificador expressa seu entendimento acerca do magnetismo ser pago, justificando o preço pelo fato de o magnetizador doar fluidos de si mesmo e não de outros níveis, como é o caso da mediunidade curadora.
Com os pés no chão e a razão em harmonia com o coração temos que convir que o codificador novamente está correctíssimo, se bem que, como ressalvei na abertura deste item, não seria o caso de se generalizar e, no contexto, se colocar o passe espírita.
Finalizando, o cuidado com os limites e o bom senso para se definir o quanto se pode e se deve dispor para se pôr a serviço das actividades de cura é mais uma prova da sensatez kardequiana que jamais deveria ser perdida de vista e de prática.
Que cada um dê dentro de seus próprios limites, prestando-se ao bem responsavelmente.

Esta prece, no mesmo Evangelho, sendo proferida com o espírito que caracteriza o desinteresse egoístico, bem coloca o médium de cura num ponto em que a cobrança pelos feitos fica totalmente descartada, já que qualquer ideia de orgulho e egoísmo alterariam a pureza requerida para os feitos dessa mediunidade.

Água magnetizada - seu poder

Quase todas as vezes que Allan Kardec quis falar sobre fatos comuns do magnetismo ele se referia à magnetização da água.
Ao longo das muitas transcrições deste livro o leitor atento terá observado como isso foi comum.
Portanto, não repetirei essas transcrições, apenas acrescentarei dois breves comentários a uma única transcrição.

Quanto ao meio empregado para a sua cura, evidentemente aquela espécie de lama feita de saliva e terra nenhuma virtude podia encerrar, a não ser pela acção do fluido curativo de que fora impregnada.
É assim que as mais insignificantes substâncias, como a água, por exemplo, podem adquirir qualidades poderosas e efectivas, sob a acção do fluido espiritual ou magnético, ao qual elas servem de veículo, ou, se quiserem, de reservatório.
- In: A Génese - Cap. XV— Os milagres do Evangelho, item 25.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 04, 2018 7:56 pm

Explicando a acção curativa produzida por Jesus utilizando a lama com saliva, a água é apresentada como elemento simples que pode ser veículo do magnetismo ou mesmo seu reservatório.
Com isso, embora ele deixe em aberto a possibilidade de uso de outras substâncias para desempenhar o mesmo papel, é sempre à água que ele e os magnetizadores clássicos fazem indicação como sendo o melhor de todos os elementos para a magnetização.
E se considerarmos a colocação de a água ser um reservatório energético ou fluídico, aí se confirma que tal prática, magnética por excelência, é também espírita.

Finalizando este item, sugiro que seja lido o artigo "A mediunidade no copo d'água", das edições de junho e agosto de 1868 da Revista Espírita de Allan Kardec.
Não os transcrevi porque foge ao propósito deste item e deste livro, mas é muito interessante observar como o codificador era totalmente aberto aos fenómenos, pois ele analisa e aprova relatos de médiuns que vêem factos e narra-os a partir de um copo com água.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 04, 2018 7:56 pm

Conclusão

Agora, que chego ao fim da proposta deste livro, fico pensando: 'Nossa!
Como tem coisa, como tem matéria, como tem assunto para se investigar na obra de Allan Kardec!
Será que não valeria alongá-lo?'
Concluo que não, pois muita gente boa já fez isso e muitas outras investigarão com propriedade e garra tão grandes ou maiores do que as empregadas por mim.
Pelo menos, torço muito por isso.
Será que, chegando ao final deste resgate de alguns pontos da obra kardequiana, você não terá ensejo para outras e novas pesquisas e abordagens, trazendo para todos nós reflexões e análises tão necessárias como ricas, inquietantes, instigadoras, engrandecedoras? Espero que sim também.

... Os médiuns curadores são um dos mil meios providenciais para alcançar esse objectivo de acelerar o triunfo do Espiritismo.
Compreende-se facilmente que essa qualificação não pode ser dada aos médiuns escreventes, que obtêm prescrições médicas de certos Espíritos.
Não encaramos a mediunidade curadora senão do ponto de vista fenoménico, e como meio de propagação, mas não como recurso habitual...
- Revista Espírita, edição janeiro-1864, conclusão do artigo "Médiuns curadores".

A ponderação de Kardec na conclusão do artigo acima é singular, pois ele põe a mediunidade curadora em uma espécie de reclusão ou cuidado rigoroso, por motivo de ela não ser recurso habitual.
Paralelamente, ele deixou o magnetismo prático fora dessa circunstância de eventualidade.
Creio ser viável interpor que ele espera do Magnetismo, notadamente o misto, um crescimento e uma ocupação de lugar mais privilegiado do que o reservado a esse tipo de mediunidade.
Seguramente, não lhe faltaram motivos para tanto, dentre os quais se destacam:
a impossibilidade de se contar sempre com os Espíritos, a tempo e a hora;
a dificuldade de se estabelecer métodos e padrões, já que a mediunidade guarda algo de muito pessoal; e que sendo a mediunidade um dom para o qual o estudo nem sempre é primordial, fica difícil se passar seus conhecimentos e seu domínio intrínseco.

(...) Pela natureza de seus efeitos, a mediunidade curadora exige imperiosamente o concurso de Espíritos depurados, que não poderiam ser substituídos por Espíritos inferiores, ao passo que há efeitos mediúnicos para cuja produção a elevação dos Espíritos não é uma condição necessária e que, por esta razão, são obtidos mais ou menos em qualquer circunstância.
Certos Espíritos até menos escrupulosos que outros quanto a estas condições preferem os médiuns em quem encontram simpatia.
Mas pela obra se conhece o operário.
- In: Revista Espírita, edição de novembro-1866, artigo "Considerações sobre a mediunidade curadora".

Eis aí mais um ponderado e eloquente motivo para que a mediunidade curadora não seja, em si mesma, uma prática habitual e que, no dia-a-dia das actividades fluídicas e assistenciais, não possa substituir o magnetismo — ao menos enquanto formos criaturas de curto progresso e baixa estatura moral.
Pela necessidade da presença e da actuação de Espíritos depurados, ou seja, elevados, superiores, de escol, na actividade da mediunidade curadora, não temos como assegurar a existência, em grande número, de médiuns com requisitos morais quais os imprescindíveis para uma perfeita prática.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Abr 04, 2018 7:56 pm

Para evitar esses retornos, é preciso que o remédio espiritual ataque o mal em sua base, como o fluido material o destrói em seus defeitos; é preciso, em uma palavra, tratar ao mesmo tempo o corpo e a alma.
Para ser bom médium curador é preciso que não só o corpo esteja apto a servir de canal aos fluidos materiais reparadores, mas é preciso ainda que o Espírito possua uma força moral que ele não pode adquirir senão pela sua própria melhoria.
Para ser médium curador é preciso, pois, para isto se preparar, não só pela prece, mas pela depuração de sua alma, afim de tratar fisicamente o corpo por meios físicos, e de influenciar a alma pela força moral.
Uma última reflexão.
Aconselha-se-vos procurar de preferência os pobres que não têm outros recursos do que a caridade do hospital; eu não sou inteiramente desta opinião.
Jesus dizia que o médico tem por missão cuidar dos doentes e não daqueles que estão saudáveis;
lembrai-vos que em caso de saúde moral, há doentes por toda a parte, e que o dever do médico é de ir por toda a parte onde seu socorro é necessário.
Abade Príncipe de Holienlohe
- In: Revista Espírita, edição outubro-1867, artigo "Conselhos sobre a mediunidade curadora", mensagem 1 - Paris, 12 de março de 1867, grupo Oesliens; Médium Sr. Desliens.

A par dessas instruções de como se ser bom médium curador, posso dizer que praticamente aí encontramos toda uma síntese do que foi coligido acerca dessa mediunidade e de como aproveitar-lhe os méritos.

No começo de uma Ciência ainda tão nova é muito fácil que cada um, olhando as coisas de seu ponto de vista, dela forme uma ideia diferente.
As Ciências mais positivas tiveram sempre, e têm ainda, suas seitas, que sustentam ardorosamente teorias contrárias.
Os sábios criaram escola contra escola, bandeira contra bandeira e, muitas vezes, para sua dignidade, as polémicas se tornaram irritantes e agressivas para o amor próprio ofendido e ultrapassaram os limites de uma sábia discussão.
Esperemos que os sectários do magnetismo e do Espiritismo, melhor inspirados, não dêem ao mundo o escândalo de discussões muito pouco edificantes e sempre fatais à propagação da verdade, seja qual for o lado em que ela esteja.
Podemos ter nossa opinião, sustentá-la e discuti-la:
mas o meio de nos esclarecermos não é nos estraçalhando, processo pouco digno de homens sérios e que se torna ignóbil desde que entre em jugo o interesse pessoal.
- In: Revista Espírita, edição março - 1858, artigo "Magnetismo e Espiritismo".

Estaria Allan Kardec prevendo algo que aconteceria entre seus próprios pares após sua partida para o mundo dos Espíritos?
Talvez estivesse ele vivendo um belo momento de dupla vista, pois pedia que não nos estraçalhássemos, pois só nos enriqueceríamos buscando a sabedoria, unindo o amor com o conhecimento, a teoria com a prática, o Magnetismo com o Espiritismo.
E ainda faço uma última questão:
se Allan Kardec achasse, de verdade, que no meio ou na Casa espírita não há nem haveria espaço para o magnetismo e a acção dos magnetizadores, teria ele gasto tanto esforço e tantos escritos nessa direcção?

De tudo isto, concluo que o magnetismo, desenvolvido pelo Espiritismo, é a chave de abóbada da saúde moral e material da humanidade futura.
- In: Revista Espírita, edição junho-1867, artigo "O Magnetismo e o Espiritismo comparados" - Ditado pelo magnetizador E. Quinemant e psicografado pelo médium sr. Desliens.

Faço minhas estas palavras. Tenho dito!

§.§.§- O-canto-da-ave
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