LUZ ESPÍRITA
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O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 7:45 pm

O AMOR NÃO PODE ESPERAR
MAURÍCIO DE CASTRO

PELO ESPÍRITO HERMES

SINOPSE

Nunca houve tanto desamor no mundo, se revelando no descanso da maioria para com a responsabilidade de cuidar bem de si, na leviandade com que muitos cuidam das suas reais necessidades, mergulhando nas ilusões das aparências, nos jogos da competição, do poder, do orgulho e da inconsequência, ignorando as oportunidades de progresso que a vida lhe oferece, como se fossem seres merecedores de todos os privilégios sem ter que dar nada em troca.
Essas ilusões têm custado caro e o sofrimento aparece tentando mostrar a verdade que muitos não querem ver culpando os outros pelos seus desacertos.
Dia cegará que cansados de sofrer, começarão a enxergar a realidade, reconhecerão a própria responsabilidade cobrando o desenvolvimento de seus potenciais.
Sentirão amor dentro de si e a necessidade inadiável de se cuidar, de conquistar a própria felicidade e estar em condições de participar da construção de um mundo melhor.
Não retarde seu progresso, faça já a sua parte porque a hora é agora e seu AMOR NÃO PODE ESPERAR.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 7:45 pm

PALAVRAS AMIGAS DO AUTOR ESPIRITUAL
Colaborar com a divulgação da espiritualidade é um trabalho maravilhoso, porém difícil.
As dificuldades do processo muitas vezes superam o entusiasmo de muitos irmãos nossos da comunidade onde vivo.
É que os médiuns, em grande parte, ainda continuam resistentes.
Passam por todas as provas de manifestações mediúnicas, têm inúmeras chances de perceber a continuação da vida após a morte, o processo de reencarnação, porém não se dedicam ao ideal espiritual que muitas vezes escolhem antes do próprio nascimento.
Mas, estou aqui, com minha personalidade teimosa e persistente tentando passar o que aprendi e vivi com companheiros mais evoluídos que eu.
Garanto que é fascinante encontrar recepção mediúnica em companheiros da Terra.
Psicografar!
Viver experiências de outros como se fossem nossas!
Sorrir com suas vitórias, chorar com seus fracassos, amar, descobrir a vida em suas dimensões mais profundas!
Tenho certeza de que se a ignorância fosse vencida muitas pessoas veriam na mediunidade uma ferramenta a mais para seu progresso e felicidade e não mais como instrumento de medo e de tortura.
Quando recebi de irmãos mais elevados a tarefa de enviar mensagens de esclarecimento para a Terra preferi o romance.
Em meu nível de aprendizado e evolução tenho algumas condições de escolha e este trabalho - a escrita mediúnica - por ser de profunda responsabilidade, atinge centenas de criaturas, e deve ser dosado com muita cautela.
Acredito que passar receitas sobre o certo e o errado, lições de moralismo ou cientificismo pura e simplesmente não seja de minha alçada.
Já uma história, onde os personagens viveram seus dramas, seus erros e acertos, suas escolhas e os resultados dos mesmos, me parece bem mais convincente e bem menos complicado de se fazer entender.
Em nosso curso para escritores temos como condição essencial o poder de escolha e a categoria romance tem atraído muitos de nós.
Também pudera!
Tudo o que temos de mais belo em termos de literatura no mundo terreno deve-se em grande parte à forma romanceada como os autores conduzem seu pensamento.
A própria Bíblia é uma colectânea de romances, cada um em seu estilo e em sua função.
Que beleza!
Passar histórias, contos, acontecimentos, factos de todos os tipos fascinam não só a nós escritores "fantasmas" como também os leitores, que ávidos pela narrativa podem desfrutar de intensos momentos de prazer, encantamento e aprendizado.
Afinal, ler bons livros é a melhor forma de experimentar a vida sem sofrer.
É isso que me dá forças para levar esta tarefa adiante, e me desculpem os amigos que desistiram, quero dizer que todos eles estão se privando da imensa oportunidade de utilizar o amor em favor de todas as pessoas que sofrem.
Refiro-me aqui também aos médiuns que continuam achando que mediunidade é sofrimento e vale de lágrimas, e movidos por esses pensamentos desistem de suas tarefas com facilidade.
Eles ignoram que a maior ajuda que damos à espiritualidade é divulgá-la com amor, com o amor que Deus tem pela humanidade e esse mesmo amor jamais pode esperar...

Hermes 24/05/2004
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 7:45 pm

PRÓLOGO
Flávio olhou mais uma vez aqueles envelopes em suas mãos e sua irritação aumentou.
Não era isso o que ele queria para sua vida.
Trabalhar ainda que como office-boy naquela famosa empresa era o sonho de nove entre dez jovens de sua idade, mas para ele era como se fosse nada.
Contava 23 anos e sua turma de amigos lhe dizia que ele era um rapaz de sorte, nada lhe faltava.
Tinha uma família boa, pais responsáveis, amigos leais, porém mesmo assim ele não se sentia feliz.
Esse emprego arranjado por um amigo de seu pai, a princípio lhe proporcionou uma grande euforia.
Era a empresa onde seus colegas de colégio mais almejavam trabalhar e realmente era óptimo ter seu nome em qualquer currículo, o emprego viria certo.
Quando iniciou a tarefa percebeu que não era tão bom assim.
Passar a metade do dia entregando correspondências, prestando favores a terceiros no centro de São Paulo não era nada agradável.
Andar pela Paulista se tornou uma rotina e ele não parava mais para admirar a beleza de seus majestosos edifícios.
Naquele dia, após três meses de trabalho, sentia que não ia resistir, deixaria o emprego.
Com o segundo grau incompleto, Flávio sabia que não era fácil conseguir um emprego melhor.
Criado em família de classe média, se quisesse nem trabalharia, passaria o dia a vagar com alguns amigos e a fingir que estudava.
Mas seu pai desde cedo lhe incutiu a ideia do trabalho como meio de progresso e ele tentava seguir.
Havia também alguns poucos amigos que assim como ele tentavam aproveitar melhor o tempo.
Mas Flávio não estava gostando do que estava fazendo.
De súbito olhou o relógio e percebeu que já eram cinco horas da tarde.
Felizmente não iria mais transitar pela empresa levando e trazendo envelopes.
Só no próximo dia faria esse serviço e como no dia seguinte ele pretendia se demitir, com certeza estaria livre dele.
Desceu as escadarias que o levavam ao elevador e pensativo recordou a alegria de Ângelo e Érica, seus pais, quando o presenciaram chegando no primeiro dia de trabalho.
Flávio cresceu ouvindo a história de que seus progenitores haviam sido pobres.
Érica havia nascido em uma zona rural e seu pai tinha sido um rapaz pobre que, ingressando na faculdade de Administração logo conseguiu juntar o suficiente para o casamento.
No princípio, seus pais sofreram inúmeras dificuldades, mas como aprenderam desde cedo a lutar e não desanimar, conseguiram o que hoje chamam de vida boa.
Será que ele, Flávio, não estaria deixando para trás uma chance de progresso?
Desceu do elevador e seguiu andando, sua casa era a poucas quadras dali.
Durante o trajecto começou a recordar sua aversão pelos estudos e como os pais sofriam com isso.
Não sabia como havia conseguido chegar ao segundo ano do segundo grau.
Contudo, apesar de manter a apatia pelos estudos, Flávio se revelava um observador arguto da natureza e do comportamento humano, por isso sonhava com um trabalho onde pudesse desenvolver melhor essa capacidade.
Na empresa onde várias pessoas conviviam seria uma óptima oportunidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 7:45 pm

Porém, logo se decepcionou, a apatia e a preguiça o fizeram pensar em deixar aquele trabalho.
As pessoas chatas e fechadas daquele ambiente onde se trabalhava apenas pelo dinheiro enchiam a sua paciência.
Chegou em casa desanimado e encontrou a mãe preparando o jantar.
- Flávio? Já chegou meu filho?
- Cheguei daquela espelunca!
Disse mais para si do que para a mãe.
- Por que está abusado, algum problema no trabalho?
- O trabalho é o próprio problema, descobri que não dou para isso.
Érica largou o pano de prato, deu ordens à empregada que continuasse com o serviço e foi falar com o filho no sofá da sala.
Percebeu o que ela já esperava há muito tempo:
Flávio desistiria do emprego.
Olhou dura para ele e disse:
- O que você está querendo?
Deixar o trabalho?
Ah! Isso eu não permitirei!
- Isso não dá para mim mãe!
Ando estressado com o que estou fazendo, cansei!
Amanhã mesmo deixarei este emprego.
- Você não pode fazer isso, seu pai vai ter um desgosto daqueles.
Flávio parou para pensar e resolveu não dar largas àquela discussão.
Disse:
- Vou pensar, agora tomarei um banho para relaxar um pouco.
Ele subiu as escadas e foi para o quarto.
Érica ficou no sofá, pensativa.
Por que o Flávio tinha que ser assim?
Era o filho mais diferente que tinha.
Cristiano, de 26 anos, viajara para a Inglaterra havia muito tempo e estava fazendo excelentes progressos.
Foi fazer intercâmbio e já estava bem empregado.
Apesar de não ver a família há mais de cinco anos, Érica e Ângelo estavam contentes em saber que o filho estava bem encaminhado.
Sua segunda filha Marina cursava Direito em excelente faculdade e não havia dúvidas que seu futuro também seria brilhante.
Mas Flávio... Esse não era nada fácil.
Desde pequeno, apesar de aprender com facilidade não dava tanto valor ao estudo, reclamava da chatice das aulas, das coisas inúteis que estudava, dos professores, de tudo!
Para estimulá-lo, Ângelo começou a falar em empregá-lo e até que ele não rejeitou a ideia.
Porém, Érica que conhecia muito o filho e seu temperamento instável, sabia que qualquer trabalho em suas mãos duraria muito pouco.
Por que o Flávio era assim?
A porta da sala se abriu e Marina entrou:
- O que minha mãe linda faz aí no sofá com esse ar de tristeza?
- Oh, Marina, só você agora para me levantar um pouco o ânimo.
Seu irmão diz que amanhã deixará o emprego.
Marina fez um ar de desagrado e comentou:
- Esse menino sempre querendo aparecer e fazer chantagens.
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Bem que as pessoas falam que o que ele quer mesmo é levar vida boémia e sem fazer nada.
Não me admira se ele conseguir uma velha rica que o sustente!
Érica atemorizada protestou:
- De onde você tirou essa ideia? Era só o que faltava!
Marina continuou:
- Pensa que não observo as coisas?
Outro dia a tia Francisca disse a mesma coisa e ainda disse que por ser o caçula foi criado errado e muito mimado pela senhora e papai.
Érica fez um ar azedo.
Aquela metida da Francisca, o que ela queria dando opinião na sua família?
Logo ela uma solteirona amarga que nunca havia tido filhos.
- Olha, vamos mudar de assunto - disse Érica.
Vá tomar seu banho que logo iremos jantar, seu pai hoje vai chegar mais tarde, tem uma reunião extra na empresa e mandou dizer que não o espere.
Marina foi para o seu quarto e pelo corredor percebeu que Flávio estava no banho.
Pensou: Aquele metido!
Bem que merecia perder o emprego e levar uma boa dura do pai.
Flávio tomava uma ducha e pensava no que fazer de sua vida que, aliás, estava muito sem graça.
Desde o início da adolescência sentia um vazio interior e uma sensação de saudade indefinível.
Nunca estava realmente bem.
Os namoros apesar de divertidos e saudáveis não serviram para lhe preencher, estudar era muito chato, trabalhar também não estava sendo nada agradável.
Tinha um tino muito grande para compreender as pessoas ao seu redor, mas compreender a si mesmo não estava sendo fácil.
Os amigos também já não lhe pareciam tão agradáveis.
Terminou o banho e sentiu uma tristeza infinita.
Vestiu uma roupa confortável e foi para a varanda de seu quarto.
Já eram sete horas da noite e de onde estava dava para perceber uma nesga do céu e suas estrelas despontando iluminadas.
Era uma linda noite de verão e o céu aberto convidava-o para uma reflexão interior.
Sentou-se na cadeira de balanço que havia na varanda e pensou em como seria bom viver longe dali, num lugar onde só houvesse paz e alegria.
Fixou seu olhar no firmamento e um torpor o invadiu. Adormeceu.
Sonhou que estava num campo verde cheio de flores amarelas, caminhou por ele e à sua frente um rapaz de jeans e camisa branca, lábios abertos em terno sorriso, disse:
- Seja bem-vindo Flávio, a reunião já vai começar.
Meio atordoado, Flávio recordou-se que deveria estar ali por um motivo sério que não conseguia compreender de pronto.
O rapaz pegou em sua mão e seguiram por uma estrada que terminava em um pesado portão de ferro.
O rapaz tocou a campainha que havia num alto muro e o portão se abriu.
Flávio não sabia que lugar era aquele.
Do portão seguia-se uma alameda ladeada por um imenso jardim todo iluminado onde várias pessoas conversavam animadamente.
Continuaram andando calados e aos poucos Flávio foi lembrando do local:
era nesta cidade que ele vivia antes de reencarnar.
Numa esquina, uma moça se aproximou e os cumprimentou.
Flávio encheu os olhos de lágrimas e exclamou:
- Carlota! Quanto tempo!
- Que é isso querido?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 7:46 pm

Não existe tempo para aqueles que realmente se amam! - E se abraçaram.
Noel, o rapaz que acompanhava Flávio, virou para ela e disse:
- Como imaginávamos não foi difícil trazê-lo até aqui, ele conserva ainda muito do que aprendeu connosco e no mar encapelado do mundo felizmente ainda não esqueceu.
Carlota concordou feliz e os três sentaram-se num banco.
Flávio, muito sereno, disse:
- Oh, Noel, não sei como tenho conseguido viver lá.
As ideias e os comportamentos frívolos imperam, eles invertem tudo.
O que é realmente importante ficou encoberto e o que é passageiro e fútil está em evidência.
Sinceramente não sei se terei coragem de iniciar à tarefa.
Noel olhou para ele com profundidade e disse:
- Vejo que tem certa razão no que diz amigo, porém você deve perceber que quando algo nos incomoda é porque não estamos vendo com os olhos da verdade.
No mundo onde existem espíritos de diferentes níveis é natural existir a variedade de comportamentos e muitas vezes os mais descabidos.
Porém, cada espírito cria o seu próprio universo e vive feliz ou infeliz de acordo com ele.
Quem já aprendeu a viver bem em qualquer ambiente compreende as necessidades de cada irmão e antes de criticar procura auxiliar.
Carlota ouvia atenta e Flávio exultou:
- Como é bom poder conviver com vocês, há sempre a chance de reaprender o que sempre ouvi e estudei por aqui.
Noel o interrompeu:
- Vamos para a sala de reuniões onde Hilário nos aguarda.
Saíram por uma rua larga que dava numa bela praça iluminada.
No centro da praça havia um enorme prédio com letreiros que diziam:
Departamento de orientação e auxílio aos missionários.
Carlota inseriu uma espécie de cartão magnético e a porta se abriu dando passagem a um recinto cheio de portas.
Abriu uma delas e uma espécie de elevador surgiu.
Em poucos segundos eles entravam em uma sala espaçosa onde um senhor de cabelos grisalhos lia pausadamente alguns papéis. Ao vê-los, disse:
- Já os esperava e sei que Camila não pôde vir.
Carlota respondeu:
- Como sempre deixou se levar pelo vício e foi impossível adormecê-la, só podemos contar com Flávio.
Hilário levantou-se, virou-se de costas e ficou a observar a noite pela janela de sua sala, depois se virou e disse:
- Os verdadeiros trabalhadores do bem não se abatem se um companheiro desertar da tarefa.
Camila terá a própria hora de amadurecer ainda que seja sob o peso da dor.
Quanto a Flávio é chegada a hora.
Mandei chamá-lo aqui hoje porque o tempo avança e é imperioso que recorde algumas verdades antes do que está por vir.
Sua família, apesar de aparentar tranquilidade e segurança, no fundo está construindo um destino sobre a areia e não sobre a rocha como ensinou Jesus.
Seu pai cultiva formas-pensamentos que irão criar situações tumultuantes e os preconceitos da mãe, com sua rotina estafante e seu pessimismo, materializarão uma reacção negativa da vida.
Por outro lado, sua irmã debaixo da postura de boa moça cultiva na mente hábitos infelizes devido um terrível complexo de inferioridade.
Todos ouviam calados respeitando a sabedoria daquele espírito.
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- Não é difícil perceber o que receberão da vida.
Você, Flávio, concordou em renascer com eles para lhes prestar auxílio, porém observando seu comportamento nos últimos dias estamos notando que já começa a se envolver no turbilhão do mundo.
Como espírito estudado e benevolente você já compreende a inutilidade de tantos ensinamentos que as escolas terrenas passam.
A forma de ensino atrasada e cansativa comparada à do mundo onde vivia o levou ao desinteresse.
E com razão, não se pode forçar a natureza.
Quero lhe explicar que seu desinteresse com relação ao trabalho também não é à toa, você quer se encontrar, quer saber onde está sua vocação e estamos aqui justamente para isso.
Carlota, ligue a tela.
Um monitor de grandes proporções foi ligado e nele surgiu a imagem de Flávio dois anos antes de reencarnar.
Ele se chamava Henrique e ouvia de Carlota as explicações sobre o tipo específico de mediunidade que teria.
Carlota explicou-lhe que aceitando a missão de levar alívio a um grupo que tanto amava era necessário que ele recebesse do mundo maior a dádiva da mediunidade.
Pessoas materialistas e grosseiras necessitariam de provas da espiritualidade para que pudessem acordar do pesado sono em que viviam.
Não que essas provas dos espíritos viessem de graça só pelo capricho de mostrar que a vida espiritual existia.
O grupo necessitado já vinha sofrendo há algumas encarnações por não usar o melhor de si.
Eles já tinham condições de dar um passo à frente e pediram orientação espiritual para que na próxima existência não falissem mais.
Carlota fez uma pausa e explicou que a família foi orientada de que o auxílio do Alto nunca falta a ninguém, porém era preciso estar receptivo para recebê-lo.
Eles aceitaram e Flávio, espírito amigo que estava estudando os processos de evolução aceitou a tarefa com o intuito de ajudar e aprender ao mesmo tempo.
Flávio sabia que ensinar era uma forma de reter conceitos e sentia que apesar de saber muito ainda havia infinidades de lições a aprender.
Foram programadas as reencarnações.
Juliete, espírito que usou a sensualidade de forma perversa e prostituída, estava arrependida e queria começar uma nova vida; viria como Marina, irmã de Flávio.
Zuleika Carbajaua, antiga fanática religiosa, não tinha sido tão rica quanto gostaria e não aceitando a forma da filha Juliete viver, expulsou-a de casa acomodando-se na religião, nos preconceitos e na rotina entediante; viria como Érica, mãe de Marina.
Solano Carbajaua, revoltado com o padrão de vida que tinha e com a atitude da filha, apegou-se a Eduardo, seu filho mais velho, e ambos começaram a roubar nos negócios que mantinham, sendo descobertos e presos.
Solano, sem dinheiro e deixando a mulher na miséria, matou-se na prisão.
Eduardo conseguiu fugir mais tarde consorciando-se com uma prostituta e dando golpes e mais golpes.
Solano renasceu como Ângelo e por sentir-se culpado da vida de ladrão incutiu na cabeça de todos que só o trabalho sacrificioso é que tinha valor.
Eduardo retornou como Cristiano e Henrique viria como Flávio para, no momento certo, lançar sobre eles a semente da espiritualidade, pois já tinham alçado algumas conquistas espirituais, graças a seus esforços e aceitação.
Logo depois foi mostrado a Flávio todo o seu trabalho futuro e toda a sua preparação para exercê-lo com segurança na Terra.
A tela foi desligada e Flávio olhou para Hilário.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 7:46 pm

Ele percebendo o que lhe ia no íntimo disse:
- Pode perguntar, sei que tem uma dúvida.
- Isso mesmo. Se aqui no astral eles haviam aprendido muito, qual seria a necessidade de minha ajuda?
Noel ressaltou:
- Bem se vê como o esquecimento do mundo, apesar de benéfico pode nos paralisar!
Hilário explicou:
- Meu filho, nós os espíritos que estudamos a personalidade humana há séculos, conhecemos muito bem os pendores de cada um neste grupo; pelas leis das probabilidades sabíamos que o que eles tinham a oferecer numa nova encarnação era muito pouco.
São comuns espíritos tocados pelo remorso demonstrar arrependimento.
Eles pareciam ter aprendido, porém o contacto com o mundo carnal faz aparecer os problemas mal resolvidos de outrora, colocando-os à prova para saber o quanto haviam assimilado.
Como Carlota disse a pouco, o tempo que passaram connosco em nossa cidade fez com que o solo de seus corações fossem abertos e você seria o encarregado de regá-lo em momento propício.
E chegou esse momento.
Você com poderosa mediunidade de desobsessão e de psicofonia será chamado a esse encargo, não pode e nem deve desanimar.
Olhando nos olhos de Flávio prosseguiu:
- Seus corpos físicos e perispiritual foram programados para o trabalho de ajuda e nosso aviso é que as sensações pré-mediúnicas irão começar.
Você já está com os 23 anos que foram permitidos para o entrosamento familiar, e os dissabores de uma mediunidade de prova o colocarão frente a frente com o que deve ser feito.
Suas perturbações não virão por causa da mediunidade; é muito comum o médium sofrer e culpar a sua sensibilidade aguçada, isto é um erro.
Nosso desequilíbrio emocional é que atrai para nós energias perturbadoras.
Lembre-se de que você Flávio, apesar de não viver mais no mal, ainda tem muitos resquícios de pensamentos desarmoniosos e depressivos.
Sua tarefa, assim como a de todos, é ajudar se ajudando.
A conquista do nosso mundo interior é uma tarefa grande e é necessário não só deixar de fazer o mal aos outros como principalmente de fazer o mal a si mesmo.
Estaremos sempre juntos e é importante avisar que Noel e Carlota serão seus mentores.
Que Deus te abençoe e que o Universo possa conspirar a nosso favor.
Os três levantaram-se e já iam cruzando a porta quando Flávio voltou e perguntou:
- E Camila?
Não vai cumprir sua parte?
Hilário olhou com olhos profundos ao responder:
- Só o tempo dirá!
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 7:46 pm

1 – DESPERTANDO DO SONHO
Você se lembrará parcialmente do que se passou aqui - disse Noel a Flávio.
O cérebro do corpo denso esquecerá quase que a totalidade dessas informações a nível consciente, porém haverá a infalível intuição que o orientará no que fazer.
De volta à praça onde ficava o prédio, Flávio pôde observar melhor toda a sua sumptuosidade, o estilo moderno acompanhava as cidades terrenas e havia muita harmonia no ar.
- Sinto informá-lo Flávio - falou Carlota.
Senti o que você pensou e se me permite farei uma correcção:
não são as nossas cidades que acompanham as modas terrenas em sua arquitectura, é a Terra que acompanha o nosso ritmo.
Tudo o que lá existe primeiro existiu aqui.
Não é tão errado dizer que a Terra é uma cópia do mundo espiritual.
Os três seguiram animados e volitaram até a varanda do quarto de Flávio.
Voltando ao corpo de carne ele acordou.
Quanto tempo teria dormido?
Olhou para o relógio e percebeu que havia dormido por uma hora e meia.
Que sono estranho foi esse que o acometeu?
Desceu e viu a mãe e a irmã acabando de jantar.
- Nossa, o príncipe acordou! - disse Marina num gracejo.
- Entrei em seu quarto e o vi dormindo tão profundamente que não quis acordá-lo.
Sente-se, eu mandarei Sandra colocar a mesa pra você - falou Érica prestativa.
- Não precisa se preocupar mãe, eu como na cozinha mesmo.
Aliás, estou sem fome.
A propósito, papai já chegou?
- Não, hoje ele disse que haveria reunião extra na empresa, reunião de emergência, só chegaria mais tarde.
Mas estou estranhando...
Ele nunca chegou tão tarde.
Marina levantou-se da mesa e disse:
- Bom, isso não me importa, hoje às nove horas Dirce e Juliana vêm estudar comigo uma matéria importante e não quero ser interrompida, principalmente porque o Ricardo Valadares também vem e não é sempre que se pode contar com a ajuda dele.
Flávio olhou-a desconfiado e disse:
- Por acaso está interessada no herdeiro dos Valadares?
- Não seja bobo, ele é meu colega desde que ingressei na faculdade e muito inteligente, ele vem só dar uma ajuda.
E se eu fosse você, além de continuar trabalhando, eu tratava de me interessar mais pelo colégio, vejo que seu futuro será uma porcaria, sem emprego e sem dinheiro.
Marina subiu para seu quarto e Érica concordando com o que ela disse, continuou:
- Sua irmã tem razão, pense bem antes de deixar esse trabalho e sair por aí vagando com aqueles seus amigos que só dão problemas para a família.
Sabe o quanto seu pai e eu lhe amamos e não queremos nosso filho por aí em meio a bêbados e prostitutas.
Flávio ouvia calado, para que argumentar?
Ele sabia que a mãe e a irmã eram assim mesmo e o melhor seria calar.
Amanhã não iria mais trabalhar e ponto final.
Érica foi para a sala de vídeo e Flávio foi para a cozinha.
A empregada arrumava a prataria do jantar e solícita esquentou a comida para ele.
De repente, Flávio sentiu vontade e perguntou:
- Sandra, você acredita em sonhos?
Ela, que não esperava uma pergunta dessas, disse sem pensar muito.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 7:46 pm

- Olha, seu Flávio, eu nunca parei pra acreditar em sonho.
A gente que vive assim nessa vida agitada não tem muito tempo para pensar nessas coisas.
Mas a Margarida, vizinha da minha mãe, sempre pára pra interpretar os sonhos de todo mundo do bairro.
É muito engraçado, e o melhor é que na maioria das vezes ela acerta tudo.
Mas por que esta pergunta?
Flávio parou de mastigar um instante e vendo a receptividade de Sandra resolveu se abrir:
- É que hoje tive o mais estranho sonho de minha vida.
Quando terminei de tomar banho sentei-me na cadeira da varanda de meu quarto e um sono irresistível me invadiu.
Lembro-me que eu me vi conversando com um senhor e mais duas pessoas numa sala; esse senhor me dizia que eu precisava ajudar minha família e que uma tarefa iria começar.
Depois só me lembro de estar voando no céu da cidade e vendo as casas lá embaixo bem pequenininhas.
Em seguida acordei.
Porém, a sensação que mais me deixou confuso foi um nome que ficou em minha mente até agora.
Sandra que ouvia atenta perguntou:
- Qual nome, seu Flávio?
- Camila! Esse nome me soa muito familiar apesar de não conhecer ninguém com ele.
- Bem, - disse ela sorrindo - só levando o senhor na casa de dona Margarida para ela adivinhar seu sonho, porque eu mesma não entendi nada.
- Muito pior eu.
Logo agora que deixei o trabalho vem um velho e me diz que a tarefa vai começar, veja só.
- Olha, eu não gosto de me meter na vida de ninguém, muito pior de meus patrões, mas eu concordo com o senhor deixar esse emprego.
Flávio se surpreendeu, afinal uma pessoa lhe entendia.
Curioso, ele quis saber o porquê desse pensamento dela.
- Eu via o senhor chegar desse emprego sempre chateado, quase não comia direito, até emagreceu!
Olha seu Flávio, dinheiro assim não presta não.
O dinheiro é energia espiritual e só o que é ganho com prazer é que rende.
Olhe para mim, nunca tive estudo e sei que empregada doméstica ganha pouco, mas sou feliz com o que tenho e meu dinheiro dá pra tudo que preciso.
Gorete, uma vizinha de minha mãe, é solteira e ganha o mesmo que eu, só que trabalha mal-humorada, vive se queixando e o dinheiro dela parece que é amaldiçoado, não rende, é todo gasto em problemas de saúde ou prejuízos.
Parece até trabalho feito.
- Não fale besteiras Sandra, mas concordo em parte com o que você falou, não sinto nenhum prazer em trabalhar ali, e o pior é que penso que não vou gostar de trabalhar mais em lugar nenhum.
- Se acalme rapaz, um dia você descobre sua vocação.
A conversa foi interrompida pelo ar sério e grave de Ângelo que entrou na cozinha.
Secamente ele disse:
- Flávio, termine esse jantar e vá para a sala, preciso conversar com você, sua mãe e sua irmã.
Pelo tom do pai, Flávio sentiu que alguma coisa negativa havia acontecido.
Terminou a refeição e foi para a sala.
Lá já estavam Érica e Marina juntamente com Ângelo.
- Posso saber o motivo dessa reunião doméstica? - disse Marina. Há tempos não existe isso aqui.
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O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro Empty Re: O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 7:47 pm

Por acaso alguém ganhou na loteria?
- Pare de gracinhas Marina, o assunto é sério.
Hoje na empresa recebi um chamado do accionista majoritário para uma reunião onde fui notificado de que perdi o emprego.
O silêncio foi geral. Ele continuou:
- A empresa passa por uns problemas delicados...
Desses em que se passa a vender supérfluos, coisa e tal...
E foi preciso haver alguns cortes.
Por azar eu fui um dos escolhidos para sair.
A empresa pagou-me tudo que havia direito por demissão sem aviso prévio, alegando que seria melhor devolver minhas receitas do que manter-me empregado.
Enfim, mais uma demissão sem explicações nesse imenso país.
Marina protestou:
- Aí tem coisa!
O senhor é um dos mais velhos administradores daquela empresa que me parece ir muito bem.
Tenho acompanhado pelos jornais e vejo que os produtos dela têm muita aceitação no mercado.
Conte direito pai, o que o senhor tem a esconder?
Foi à vez de Érica tomar a palavra:
- O que é isso, sua atrevida?
É assim que se fala com um pai?
Pai é sempre pai e o que eles dizem os filhos não devem contestar.
Ângelo tentou contornar:
- Olha filha, tudo o que os donos da Limbol fizeram comigo está dentro dos trâmites legais.
É assim mesmo, de quando em vez os directores vêem que precisam reciclar o quadro de funcionários e fazem isso:
demitem quem querem.
Também há outros administradores da família que trabalham na empresa; entre eles e eu é lógico que iriam optar pelos familiares.
Flávio desde que entrara na sala sentira arrepios percorrer-lhe o corpo.
De repente, sem que pudesse controlar, ele começou a se sentir dominado por uma força diferente.
Quis gritar, mas a voz não saiu.
Sentiu seu corpo sendo conduzido para o sofá da sala mecanicamente e a sentar impávido.
Enquanto seu pai falava, um nervosismo foi tomando conta de seu ser.
Os presentes, atentos ao que Ângelo dizia, nem observaram o estado estático de Flávio.
O espírito de Carlota envolvera Flávio para iniciar o trabalho mediúnico conforme haviam combinado.
Na verdade "violentar" um médium era tarefa que ela não gostava de fazer, porém era necessário e mais necessário ainda era deixá-lo consciente.
Sem treinar suas defesas, Flávio foi se deixando levar pela energia da entidade, que assim pôde iniciar o que já estava traçado.
Interrompendo o pai, ele disse com voz modificada:
- Cada um recebe de acordo com as suas atitudes.
Cabe a você agora ver a parcela de sua responsabilidade no que lhe aconteceu e se reavaliar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 7:47 pm

Ângelo olhou-o desconfiado e rebateu:
- Vai dizer agora que a culpa é minha?
Meu filho que deveria desvelar-se por mim, agora me acusa?
- Não estou culpando ninguém, mas é hora de perceber que você atraiu tudo isso por causa de seus pensamentos e atitudes.
O tempo para você será de desafios, haverá horas em que pensará em desistir, porém nós estaremos do seu lado.
Lembre-se de que a culpa jamais resolveu nenhum problema, o que vale mesmo é a mudança de atitudes para outras mais positivas.
Era inacreditável, Flávio, seu filho, dando agora uma de profeta!
- Cale a boca e deixe de falar besteiras, o que você pode saber sobre o futuro?
Marina interrompeu:
- Ora papai, não vê que esse pirralho como sempre está querendo aparecer?
De repente, Érica percebeu que Flávio não se mexia e falou para os outros:
- Olhem o Flávio, está estranho, não se movimenta.
Nessa hora soa a campainha e entram na sala Dirce, Juliana e Ricardo.
Marina, envergonhada por ver seus colegas presenciarem aquela cena enrubesceu.
Flávio continuou:
- Não posso saber muito sobre o futuro, pois o destino não existe, porém o modo como encaramos a vida hoje é o que vai determinar as experiências de amanhã.
Não há nada de errado com Flávio, ele é apenas um ajudante, aproveitem a chance para melhorar e reciclar valores.
Até a próxima vez.
Carlota afastou-se de Flávio cansada pela resistência do rapaz que já se fazia sentir sobre ela.
Flávio, por sua vez, livre do jugo de outra mente sentiu seu rosto cobrir-se de fino suor.
Ele ouviu claramente tudo o que falou, porém não conseguiu parar a boca.
O medo por haver se deixado levar por uma sensação esquisita fez com que ele desesperado subisse imediatamente as escadas.
Vermelhos de vergonha por Flávio ter se passado por louco, Érica e Ângelo pedindo desculpas aos amigos de Marina foram atrás dele no quarto.
Dirce, olhando para Marina que continuava rubra, não se conteve:
- Mas o que houve aqui?
Seu irmão parecia fora de si, com outra voz e depois saiu correndo...
Ele está doente?
Envergonhada ela mentiu:
- É que o Flávio sempre foi assim desde pequeno, adora chamar a atenção dos outros, deve estar querendo deixar papai e mamãe preocupados com sua saúde para amanhã não ir trabalhar.
Foi à vez de Ricardo falar:
- Deve ser por causa dos problemas bobos que todos nós temos de vez em quando com o trabalho.
- Ou preguiça mesmo! - falou Juliana.
Marina interrompendo a conversa disse:
- Não vamos perder tempo com as criancices do Flávio, vamos ao que interessa que é o nosso trabalho.
Subam garotos - e fazendo a pose de bem equilibrada, Marina fingiu muito bem e foi sorridente estudar com os amigos.
Flávio não abriu a porta por mais que seus pais batessem e insistissem.
Érica e Ângelo que agora tinham um duplo problema pela frente estavam esgotados.
- Agora mais essa!
Além de você ter perdido o emprego temos um filho fazendo teatro dentro de casa.
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O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro Empty Re: O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 7:47 pm

- Cale a boca, mulher! - reclamou Ângelo.
Não vê que o caso é sério?
- Não acho que seja não.
O Flávio à tardinha me confessou que vai deixar o emprego na empresa do Dr. Otto e eu acho que ele está fazendo manha, fingindo um abalo nos nervos para não ser obrigado a trabalhar amanhã.
Ângelo ficou muito nervoso:
- Não é possível.
Ele vai trabalhar amanhã nem que seja arrastado!
O dinheiro que tenho em mãos só é suficiente por algum tempo.
Se eu não arranjar outro emprego rápido, muito de suas despesas ele mesmo terá de custear.
- Quer-me dizer que está pessimista?
- Não é isso.
É que um excelente administrador como eu não deve aceitar tudo o que vem pela frente.
Tenho que só optar pelo melhor.
Como Flávio não respondia de forma nenhuma aos chamados eles resolveram descer e dormir.
No seu quarto Flávio estava banhando seu travesseiro de lágrimas.
Logo agora que o pai perdera o emprego, isso acontecia em sua vida.
O certo é que uma força estranha tomara conta de sua voz e ele, mesmo percebendo, não conseguiu conter.
A sensação de conforto sentida nesta hora foi solapada pelo seu medo e sua sensação de impotência.
Estaria ficando louco?
Olhou para o céu e percebeu que ele já não estava mais estrelado.
Ouvira as últimas palavras do pai que dizia que o forçaria a ir para o trabalho e sua depressão aumentou.
Impaciente esperou a hora que Sandra foi dormir e desceu até a cozinha.
Lembrou que sua mãe tomava uns calmantes de vez em quando e sabia onde eles ficavam.
Abriu o frasco e tomou dois de vez, precisava relaxar e dormir.
Foi para a cama e angustiado adormeceu.
Com o efeito dos calmantes, Ângelo também dormia, porém Érica não conseguia conciliar o sono.
Por que seu marido com o emprego estável de uma hora para outra se viu no olho da rua?
Ela não trabalhava e vivia à custa dele.
Era uma perfeita matrona.
Passava o dia a cuidar da casa, dos cabelos, da pele e da religião.
Desde a mais tenra idade, Érica era ligada ao Catolicismo com um fanatismo intenso.
Todo o dia ia à missa das seis na Catedral, nos fins de semana estudava a Bíblia com suas amigas e dava aulas de catecismo às crianças.
Ela tinha certeza de que Deus não desampararia a sua família, afinal ela era uma mulher extremamente virtuosa e caridosa.
Dava somas e mais somas de dinheiro que Ângelo lhe cedia para as pastorais e se punia por qualquer ato que julgasse indigno e impuro para uma senhora casada.
Tudo o que ela julgava errado nos outros condenava ferozmente e nessa postura não percebia que a cada dia tornava sua aura impregnada de energias negativas.
Era o tipo de criatura que não queria enxergar a verdade: o que realmente era importante ficava de lado e tudo que levasse ao descumprimento das normas sociais e da igreja virava motivo de fúria.
Mas ela estava segura de que assim encontraria a felicidade.
Iludida, achava que cumprir as regras exteriores mesmo em detrimento aos chamados do coração, daria à sua alma a elevação que o céu exigia.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 7:47 pm

Apesar de pessimista no cotidiano, ela adormeceu na espera do auxílio divino.
Flávio começou a ter um sono agitado.
Debatia-se na cama e suava muito.
Ninguém na casa percebeu que três entidades movidas pelo ódio, com semblantes deformados entraram acompanhando Ângelo desde a hora que ele chegou do trabalho.
Ficaram observando Carlota utilizar a mediunidade de Flávio e assim não desgrudaram mais dele.
Viram quando ele desceu para tomar os calmantes e muito se alegraram.
Com os remédios o assédio que eles planeavam fazer ficaria muito mais fácil.
Ester, Malaquias e Roque como eram chamados iniciaram seu plano de vingança e desta vez tudo daria certo.
Eles começaram a sugar a vitalidade de Flávio e incutir no seu corpo astral semi desprendido imagens de aberrações espirituais.
Os pesadelos iniciaram e Flávio acordou num susto.
Olhou para o relógio, viu que não dormira nem meia hora e que estava com o corpo molhado de suor.
Começou a se sentir mal, um misto de tontura com angústia e uma sensação de morte iminente apoderou-se de seu corpo.
Dois fachos de luz chegaram no quarto e foram tomando corpo, eram Carlota e Noel, que pressentindo o que iria acontecer vieram prestar auxílio.
Flávio, achando que estava sozinho no quarto tinha a companhia de cinco pessoas.
Noel disse:
- Não sei se poderemos fazer muito por ele.
É um médium de prova em desenvolvimento que se deixa levar facilmente pelo medo.
Se tivesse mais força para reagir, esses factos não estariam acontecendo.
Carlota e Noel começaram a aplicar passes no coronário, acima da cabeça, mas foi em vão.
Ester sem perceber a presença deles se lançou violentamente sobre o corpo de Flávio que estremeceu.
De repente, Ester o envolveu tanto que parecia haver tomado o corpo inteiro dele.
Carlota disse:
- O perispírito dele está semi-afastado e agora Ester assumiu o comando.
Pouco temos a fazer senão orar a Deus para que nos ajude a cumprir nossa parte - e começaram a orar.
Enlouquecida, Ester abriu violentamente a porta do quarto e seguida por seus comparsas deu violento chute na porta do quarto de Ângelo.
Flávio parecia ter força multiplicada e os olhos abertos e brilhantes expeliam chispas de raiva.
Ângelo e Érica acordaram assustados e viram o filho ali, sorrindo diabolicamente e gritando:
- Você perdeu, seu ladrão!
Solano mais uma vez foi descoberto.
Você agora vai morrer! - e avançou no pai com fúria.
Érica começou a chorar e a gritar:
- Flávio! Pare com isso.
O meu Deus do céu, nos ajude!
- Cale-se maldita!
Esse aí teve a paga que merece e em breve será a sua.
Ângelo que estava assustado, tentava ainda concatenar os pensamentos:
- Do que me acusa, filho?
Olhe, eu sou seu pai, seu pai.
Flávio rebelou-se:
- Cale-se ladrão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2017 7:48 pm

Eu sei de tudo, sou sua sombra, te acompanho desde aquele maldito dia que você roubou toda a minha família e nos deixou na miséria.
Você passou um bom tempo fugido, mas te encontrei neste outro corpo bem diferente, eu sei que é você Solano!
Não te deixarei em paz.
Fui eu e meus filhos fiéis que colaboramos para que sua falcatrua na empresa fosse descoberta.
Aquele papel não estava lá à toa, fizemos você esquecer ele e mais os outros e abrimos o caminho para você ser pego em flagrante.
Ângelo gelou.
Mas o que era aquilo?
Como Flávio sabia do que havia ocorrido na empresa? De repente uma onda de raiva o acometeu.
Alguém contara ao filho o seu envolvimento com desvios de dinheiro e ele agora estava querendo rir de sua cara.
Num ímpeto avançou para ele e deu violento soco em seu queixo:
- Cale-se moleque.
Érica, vendo a agressão, desmaiou.
Ester deixou o corpo de Flávio e sorriu vitoriosa.
Livre dela, Flávio, queixo sangrando, saiu em disparada para a garagem, pegou a chave do carro de sua mãe e lançou-se pelas ruas de São Paulo em alta velocidade.
Malaquias que havia influenciado Ângelo para bater no filho juntou-se com Roque e Ester que disseram:
- Por hoje já está bom!
Vamos para o Desterro que Jorge ficará feliz com as notícias.
E os vultos escuros sumiram na noite.
Todos acordaram com a gritaria.
Sandra e Marina pegaram o corpo de Érica e colocaram na cama.
Ninguém entendeu o motivo da briga.
Sandra estava estarrecida.
Nunca em tantos anos de serviço vira Ângelo bater em ninguém, muito menos num filho, mas respeitando a privacidade dele nada perguntou.
Marina disse:
- Parece que um furacão passou por aqui.
- Seu irmão, que se aproveita para fingir-se de louco e me desrespeitar.
- O quê? O Flávio fez isso?
Ah, então bem que mereceu o soco que levou.
Nisso Sandra percebeu que Érica despertava.
Após lavar o rosto, Ângelo pediu para que Marina e Sandra se retirassem, pois estava tudo bem e o destino de Flávio nas ruas de São Paulo não o incomodava.
Érica ouvindo isso enlouqueceu.
Além de seu filho não saber guiar direito, a noite de São Paulo era muito violenta e o trânsito desenfreado.
Não conseguiu dormir mais.
Estava com raiva do marido porque ele lhe ocultava alguma coisa e preocupada com Flávio, pois sabia que ele realmente estava doente.
Pior que isso era pensar nele sozinho em seu carro numa selva de pedra como esta cidade.
No quarto, Noel e Carlota não se cansavam de orar pela família.
Eles não conseguiram agir a contento porque as mentes deles não permitiram.
Pessoas que se deixam levar impulsivamente por ideias nefastas e perniciosas são presas fáceis dos espíritos levianos e vingadores que se aproveitam e fazem tudo o que querem com suas supostas vítimas.
Restava agora buscarem Flávio que, a esta altura, se deixava levar pelo sentimento de raiva e cometia o grave erro de dirigir em excesso de velocidade.
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O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro Empty Re: O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2017 8:26 pm

2 - CAMILA
Flávio tentava conter as lágrimas que embaçavam sua visão.
Nunca havia recebido uma surra do pai, no máximo algumas palavras ásperas, mas agora aquele soco foi à gota d'água.
Ele queria esquecer e aumentava cada vez mais a velocidade.
No banco traseiro Noel e Carlota observavam a situação ao mesmo tempo em que em telepatia recebiam a mensagem do instrutor Hilário:
- Aguardem com serenidade.
Seriam perfeitamente dispensáveis essas dores porvindouras, porém a vida usa a ignorância de uns para fazer o aprendizado de outros ou para colocá-los frente a frente com algo que muito aguardam.
Continuem seguindo o caminho sem desanimar, jamais esquecendo que Jesus está sempre próximo e nunca desampara.
Numa avenida movimentada um carro conversível vinha na contramão com uma pessoa distraída ao volante. Flávio tentou brecar, mas foi tarde demais.
Uma batida, uns gritos de horror e muita confusão.
O carro de Flávio juntamente com o conversível foram parar a metros de distância.
Rapidamente apareceram bombeiros que de dentro dos destroços retiraram o corpo de Flávio e de uma jovem loura, no outro carro, conduzindo-os para o pronto-socorro.
Por coincidência os dois jovens foram atendidos na mesma hora e ficaram no mesmo quarto.
Ela estava consciente e havia fracturado um braço e uma perna.
Flávio com apenas alguns arranhões, porém, talvez por força do desmaio continuava adormecido.
As enfermeiras procuraram os documentos dele, mas não os encontraram.
Na bolsa da moça havia sua identidade:
Camila Assunção Ferguson.
Após conseguir o seu número a equipe do hospital ligou para a família dela e os informou dos recentes acontecimentos.
Enquanto isso Flávio adormecido foi levado para o astral.
Numa sala de um dos prédios da colónia Campo da Redenção ele foi despertando e mais uma vez estava com Hilário, Carlota e Noel.
Ao abrir os olhos, disse:
- O que houve, onde estou?
Hilário adiantou-se:
- Mais uma vez connosco.
Em menos de 24 horas duas viagens ao além, muita mudança e muita confusão.
Como tem se saído?
Ele ainda atordoado pareceu recordar-se e disse:
- Já sabe que não estou fazendo o bem, peço desculpas.
- Não há o que desculpar, mas sim aprender a fazer melhor.
Ele, com um quê de revolta, perguntou:
- Por que tudo tinha de acontecer assim tão de repente?
Ainda hoje pela tarde chegava do trabalho com a rotina de sempre.
Tudo ia sem mais novidades e de uma hora para outra parece que o céu desaba sobre minha cabeça.
Não lhe parece injusto?
Hilário, num terno sorriso, explicou:
- Não existem injustiças, a vida é uma equação perfeita.
No que diz respeito à mediunidade não é de hoje que você vem sentindo seus efeitos.
Desde a infância os constantes desmaios e as mudanças repentinas de humor já davam indícios do que viria mais tarde.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2017 8:26 pm

Quando o trabalhador está pronto o trabalho aparece.
Mandei trazê-lo aqui pelo rumo rápido que os acontecimentos vêm tomando.
Os encarnados com o livre-arbítrio fazem mudanças muitas vezes tão céleres nos caminhos pelos quais trilham que aqui na espiritualidade a orientação "orai e vigiai" é seguida com o triplo de intensidade.
Sua desorientação mental o levou àquele acidente e como não há acaso na obra divina, seu carro se chocou com outro guiado por uma alma muito necessitada de sua presença.
Chegou a hora:
você reencontrará Helena, que hoje se chama Camila.
As afinidades de energias os colocaram frente a frente, aproveite.
Completamente desperto, Flávio mostrou-se feliz:
- Que maravilha, afinal são 23 anos de espera, desejo que ela não sofra quando eu reencontrar Anita.
Mas, e minha família, por que indo assim tão de repente?
Carlota retorquiu:
- Vejo que você já captou um vício humano: o de exagerar as coisas.
Hilário prosseguiu:
- Isso mesmo.
O que eles estão passando e vão passar são reflexo dos pensamentos do passado que ainda insistem em manter.
Como sabíamos que essa fase viria trabalhamos em você um desenvolvimento rápido de mediunidade.
Mas você se deixou levar pelo desequilíbrio e atraiu as entidades perturbadoras.
Um portador de mediunidade pode atrair tanto um espírito sofredor como um superior, e sua vinda aqui, é para que perceba que não deve mais deixar se levar tão profundamente por sentimentos negativos.
Noel interrompeu:
- A espiritualidade não cobra sua perfeição, apenas seu esforço em se conscientizar e dar o melhor de si.
O resto nós aqui fazemos.
Mas quando a pessoa deixa de fazer o seu melhor como você fez agora a pouco, a conexão com o superior é cortada e pouco ou nada podemos fazer, a não ser deixar a pessoa colher os próprios resultados.
Hilário prosseguiu:
- Pela urgência que você tem em melhorar para fazer um bom trabalho nós viemos lhe pedir que busque os meios da auto-ajuda, felizmente, muitos dos nossos irmãos encarnados na Terra estão cumprindo perfeitamente seu papel palestrando, escrevendo e mostrando para todos os caminhos necessários para a felicidade, busque-os.
Jesus disse:
"batei e abrir-se-vos-á".
Se procurar esse auxílio, mais fácil irá conseguir o que pretende.
Flávio perguntou:
- Quer dizer que devo buscar os livros do Espiritismo?
- Também. Os nossos irmãos do astral esforçam-se para passar tudo o que aprendem aqui através da psicografia não só na linha do espiritismo como no espiritualismo em geral.
A psicologia experimental vem inspirando pessoas que têm feito grandes obras.
Na cidade que vivemos não temos rótulos e valorizamos tudo o que é capaz de levar o espírito a desenvolver seus potenciais inatos e eternos.
- Entendi - disse Flávio.
A febre dos livros de auto-ajuda, das palestras, dos lugares de refazimento já se faz sentir sobre o mundo e vem ganhando campo cada vez maior.
Saberei procurar no momento oportuno; mas vim parar novamente aqui apenas para ser alertado sobre isso?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2017 8:27 pm

- É claro que não! - ponderou Hilário.
Viemos avisá-lo sobre o estado penoso em que se encontra Camila.
Vocês vão se reencontrar e será imperioso que você a auxilie como irmão um pouco mais adiantado.
Camila não conseguiu perdoar sua mãe e bebe desenfreadamente para se vingar da mesma.
É uma atitude dolorosa que só a tem feito sofrer.
Flávio encheu os olhos de lágrimas e concluiu:
- Talvez não cumpra mesmo sua parte no trato, neste caso o que acontecerá com ela?
Hilário, olhos profundos, respondeu:
- Sofrerá muito.
Assim como você, Camila é portadora de ostensiva mediunidade e na exacta hora será chamada ao encargo que escolheu e aceitou antes de renascer na Terra.
Por ter o corpo programado para o trabalho mediúnico sentirá a consequência danosa daqueles que desertam aos chamados do coração.
Na vida que leva, facilmente será vítima de terrível obsessão dos espíritos principalmente os viciados em alcoolismo.
Toda pessoa que bebe carrega consigo companhias espirituais viciadas e sugadoras que se aproveitam de seu desequilíbrio para sugar as libações do álcool às quais tanto se habituaram.
- Bom, é chegada a hora de retornar ao corpo.
Cuide de Camila fazendo o seu melhor.
Não caia na vaidade de salvá-la, pois isso não lhe compete; siga apenas seu coração dando o que ele tem de melhor.
Jamais se esqueça de buscar o contacto espiritual e a literatura confortante da auto-ajuda.
Vá em paz!
No quarto do hospital Flávio despertou.
Apesar do machucado, uma doce sensação de paz invadiu o seu ser.
A assistente que o observava pegou seus dados pessoais e saiu.
Numa cama ao lado, uma moça de cabelos encaracolados, louros, na altura dos ombros, tez clara, olhos amendoados se mexia inquieta.
Flávio vislumbrou seu semblante meio revoltado e pensou:
"Que mulher linda!
Quem dera uma aproximação".
Ele não se lembrava de quase nada que ouviu na colónia espiritual, apenas a última frase ecoava em seu cérebro:
"Nunca deixe de procurar o auxílio espiritual".
Meio atordoado ele virou-se para a moça e disse:
- Não dá nem para saber que horas são, não é mesmo?
Ela irritada respondeu:
- Essa droga de hospital nem relógio tem.
Se eu não estivesse com a perna e o braço quebrados já teria fugido daqui.
Só queria saber quem foi o bobo que atravessou na minha frente.
Flávio suspirou:
- Você também foi acidentada num automóvel?
Ela, meio sarcástica, disse:
- Dá para perceber!
E você teve sorte, pois não está muito mal.
É sempre assim, até nesses casos a vida sempre privilegia os homens em detrimento das mulheres.
- Oh! Não diga isso, talvez tenha sido a sorte sei lá, mas logo você também vai se recuperar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2017 8:27 pm

O conversível no qual bati teve menos sorte que eu, acredito que quem o dirigia deve estar bem mal, mas eu não guardo culpa, pois foi a outra pessoa quem vinha na contramão.
Ela empalideceu:
- Não me diga que seu acidente foi na Paulista!
- Isso mesmo, por quê?
Ela fez um ar de raiva e bradou:
- Seu irresponsável, foi você que bateu no meu conversível.
Quando o meu pai chegar darei um jeito de lhe processar e você vai pagar caro, afinal eu vinha distraída isso sei, mas a minha velocidade era a mínima possível, você é que parecia estar fugindo da polícia.
- Mas você vinha na contramão, por acaso estava bêbada?
Nesse instante, a moça enrubesceu, falando com raiva:
- Quem é você para me chamar de bêbada?
Olha, que se eu não estivesse imobilizada, me levantava daqui e te dava um tabefe no rosto.
E vamos acabar com essa conversa mole que não é com qualquer um que eu falo.
E começou a gritar: - enfermeiraaaa!
Incompetentes! Quero meu pai!
Flávio não se ofendeu e achando-a até divertida disse:
- Acalme-se, senão vai acordar toda São Paulo!
Ela continuou a berrar e a atirar os objectos do criado-mudo no chão.
Uma enfermeira surgiu e vendo a cena perguntou:
- Mas o que é isso aqui?
Tenha modos menina, olhe o que você fez, contenha-se!
Ela não deu ouvidos:
- Cale a boca sua enfermeirazinha de nada, saiba que meu pai com o dinheiro que tem pode colocar essa espelunca abaixo!
Nessa hora entrou no quarto um casal de meia-idade acompanhado de uma moça.
Eles olharam para Camila e o homem disse:
- Camila, o que foi que te aconteceu?
Ela chorando agarrou-se ao pai.
Ele percebeu que a filha ainda estava alcoolizada e preferiu não falar sobre o acidente.
Camila fitando a mãe falou rancorosa:
- O que quer aqui?
Ver minha derrota, meu corpo estragado só para rir de mim?
Vá embora, não preciso de sua presença aqui.
Élida, mulher acostumada ao convívio social, contemporizou:
- Que é isso filhinha, veja como fala, todos nós aqui só queremos o seu bem.
Camila ainda mais alterada vociferou:
- Não precisa fingir dona Élida Assunção Ferguson, estamos sozinhos aqui, excepto por esse desconhecido aí, portanto pode dizer que veio tripudiar sobre mim juntamente com essa aí.
E olhou para Isabela sua irmã.
- Eu já avisei que só quero meu pai aqui, vão embora antes que eu perca minha paciência!
Élida virou-se para Flávio e disse:
- Não se assuste garotinho com o que ela diz, sabe como são os jovens, vão em festas com amigos e acabam passando um pouco da conta na bebida, mas depois tudo volta ao normal.
Fernando virou-se para a mulher e disse:
- Vá com Isabela providenciar a cadeira de rodas para Camila.
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O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro Empty Re: O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2017 8:27 pm

Elas obedeceram e saíram.
Outra enfermeira entrou no quarto e avisou:
- Finalmente localizamos seus pais Flávio, eles estão a caminho, porém avisaram que o trânsito pode atrasá-los, não fique impaciente, logo eles estarão aqui.
Isabela e Élida entraram com a cadeira de rodas e auxiliadas pelo médico e duas enfermeiras colocaram Camila nela para ser levada à outra sala para fazer exames.
Antes de sair Camila olhou para Flávio c disse:
- Voltaremos a conversar rapaz!
E saiu. Flávio estava impressionado.
Que mulher! Apesar das cenas desagradáveis que ela havia aprontado, ele pensou que sóbria ela poderia ser uma linda mulher.
Que olhos! Onde os teria visto?
O espírito de Carlota o envolveu dizendo:
- Não se deixe levar pelas aparências.
Ela é a Helena de sempre, apenas estacionou um pouco na ilusão, porém a luz que tem ainda continua lá, é só ter paciência e esperar que ela venha para fora.
Flávio pensou:
- Ela é linda, apenas se esconde na aparência da revolta e estupidez, no fundo tem uma luz especial que me encantou.
Flávio sentiu que aquele acidente não fora de todo ruim.
Apesar dos dissabores, ele havia conhecido uma linda garota que o encantou.
Mas que sensação esquisita foi aquela?
Por que de uma hora para outra ele havia perdido o controle de seu corpo e de sua voz?
E por que duas vezes no mesmo dia?
Ele estava com vergonha por haver agredido o pai, jamais se perdoaria por isso.
Por que mesmo fazendo força para se calar acabou chamando seu pai de ladrão?
Logo ele um homem tão trabalhador e honesto.
Flávio começou a chorar.
A conexão com Carlota foi rompida pela energia depressiva.
Noel que também estava a seu lado comentou:
- Ele não consegue compreender por que fez aquilo com o pai.
Ele ainda não percebeu que mediunidade tem tudo a ver com personalidade.
Quando Flávio ouviu o pai dizer que o forçaria a trabalhar novamente, ficou com raiva e sentiu vontade de esmurrá-lo.
No entanto, engoliu a raiva e a calcou dentro de si.
Bastou esse pensamento para seu padrão energético baixar, o que permitiu a Ester manejá-lo como queria.
Carlota considerou:
- É por isso que o portador de mediunidade deve estar alerta com o nível de seus pensamentos, quando entra no negativo abre a porta para a interferência dos espíritos perturbadores.
É necessário fazer a parte que lhe cabe mantendo pensamentos positivos, ficando no seu melhor.
Flávio se deixa invadir constantemente por opressões e ainda não aprendeu a tomar conta do seu próprio campo vibratório.
Um pouquinho mais de esforço e Ester não teria conseguido o seu intento.
Noel, olhos perdidos no tempo, ponderou:
- O ódio que ela sente é muito grande, mas já teria se desfeito se não tivesse se embrenhado com o pessoal do Desterro.
Jorge consegue manejá-la facilmente explorando seu lado vingativo.
Carlota, suspirando profundamente, disse:
- Mas, como nos diz Hilário, a natureza não dá saltos e vai chegar a hora em que ela recolhendo os resultados de suas atitudes acabará mudando e buscando outros caminhos.
- Isso mesmo querida, só ela pode fazer isso.
Agora como e quando isso vai acontecer, só o tempo dirá.
E continuaram ali a velar por Flávio.
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O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro Empty Re: O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2017 8:27 pm

3 - O MAL PRODUZINDO SEUS EFEITOS
A saída de Flávio do hospital foi rápida e sua recuperação foi em casa.
As famílias envolvidas conversaram bastante e resolveram não dividir as despesas do carro de Camila.
Os Assunção Ferguson eram bastante orgulhosos para aceitarem a oferta que Ângelo lhes propôs, e após os formais pedidos de desculpas, ambas as famílias levaram seus filhos de volta aos lares.
Durante sua recuperação Camila estava mais nervosa que o habitual.
Seu caso fora mais grave e exigiria muitos dias de repouso absoluto.
Sentada em sua cadeira de rodas num quarto ricamente mobiliado ela pensava em tudo que aconteceu em sua vida.
Recordou-se do juramento que havia feito:
que jamais deixaria a mãe viver em paz.
Tudo começou quando ela completou 15 anos.
Élida abriu os portões de sua mansão no Bairro dos Jardins para uma luxuosa festa em comemoração ao seu aniversário e toda a mais fina sociedade paulistana compareceu.
Após o baile, Vera chamou Camila num canto do jardim e disse:
- Preciso mostrar uns amigos do Cambuci que conheci e tive a liberdade de trazer à sua festa.
Dona Élida os tratou mal e por isso eles nem chegaram a entrar na casa, preferiram o jardim.
Camila, com personalidade forte, respondeu:
- Mamãe é assim mesmo, para ela só vale a etiqueta do social, do mais rico, do nome melhor, eu já estou acostumada.
Aproximaram-se de um banco onde os jovens estavam reunidos e Vera iniciou:
- Jorge, Maurílio, Rafael, eis aqui nossa aniversariante, agora já podem cumprimentá-la sem que a dona Élida faça nenhuma cena.
Os três parabenizaram Camila e continuaram a conversar no ar puro do jardim.
A orquestra que tocava no salão iniciou um jazz ao que Jorge falou:
- Que dona Élida me perdoe, mas não vou perder esse jazz por nada deste mundo.
Maurílio aquiesceu:
- Também vou e quero dançar com Vera. Dá-me a honra?
- É claro querido!
Vamos também Rafael?
- Eu prefiro continuar aqui com Camila, ao que parece ela prefere as baladas românticas e não está interessada no jazz!
Camila aquiesceu:
- Isso mesmo, prefiro a brisa aqui de fora.
Se aceitar gostaria que ficássemos conversando aqui.
Eles entraram e Rafael falou admirado:
- Puxa, Camila, pelos poucos minutos que conversamos percebi que você é muito amadurecida para sua idade, discorre facilmente sobre os vários assuntos.
Ela retorquiu:
- Sou o que sou, gosto de ser eu mesma, sem ilusões de grandeza ou de ser melhor.
Pelo que percebi você parece pensar como eu.
- Isso mesmo, o problema é que minha condição não me permite crescer e fazer tudo o que eu quero.
Só naquele instante Camila percebeu o óbvio:
Ele sofria com o preconceito de cor, ele era negro!
Talvez por isso sua mãe os repelira tanto.
Élida tinha horror aos negros.
Camila não conseguia entender como uma pessoa tão religiosa era assim tão arrogante e preconceituosa.
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O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro Empty Re: O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2017 8:28 pm

Tentou contemporizar:
- Não diga isso, hoje em dia o mundo tem mudado, já não se vê tanto preconceito contra negros.
Ele abriu terno sorriso e Camila apaixonou-se pelo seu espírito que julgou sincero e nobre.
- Sabe Camila, sonho em ser artista, trabalhar em TV, irado, mas o que vejo é o preconceito terrível.
Os papéis dos negros são apenas para serem empregados, humilhados em cena, ninguém dá valor ao nosso trabalho.
O mocinho é sempre o branco, e o bandido, o marginal que assalta, mata e rouba é sempre o negro.
Infelizmente não terei fama com papéis como estes.
Triste, mas querendo ajudar, Camila disse:
- E você pensa que a única forma de ser feliz é através da fama?
A vida é muito rica e se nos tira uma oportunidade nos oferece sempre outra equivalente, sempre há um novo caminho para encontrarmos a felicidade.
De repente eles se assustaram, Isabela a irmã mais velha de Camila estava na frente de ambos.
Sarcástica ela disse a Camila:
- O Ricardo Valadares e o Guilherme Brandão querem cumprimentar a aniversariante e não a encontra.
E eu venho encontrá-la conversando aqui sem dar atenção aos verdadeiros amigos.
Camila percebeu que ela havia dito isso se referindo à cor de Rafael.
Não estava a fim de discutir, contemporizou:
- Vim tomar ar e encontrei a companhia maravilhosa de Rafael, a propósito quero convidá-lo para entrar comigo agora e dançarmos a valsa.
Isabela corou:
- O quê? Mamãe não vai gostar nada de lhe ver dançando com quem não é de nossas relações, vai lhe passar um sermão quando a festa acabar.
Rafael interrompeu:
- Não vim aqui causar confusão, aliás, não era nem para ter vindo, a Vera que insistiu.
Olha, Camila, se houver algum inconveniente não precisa se expor.
Camila insistiu:
- Nada disso, vou mostrar a todos que quem manda na minha vida sou eu.
Danço com quem quiser e achar melhor.
Vamos Rafael.
Puxando Rafael pelo braço, Camila sentiu algo se rebelar dentro dela, estava cansada de ver os desmandos de sua mãe, seus preconceitos, sua arrogância.
Ela ia ver quem era melhor.
A valsa começou e Camila entrou no grande salão majestosamente de mãos dadas com Rafael.
Iniciaram a dança.
Instantes depois os amigos de Camila perguntaram quem era o desconhecido que dançava com ela. Todos pararam para ver.
Élida envergonhada desculpava-se com as amigas dizendo que se tratava de coisas da adolescência, que Camila sempre tivera personalidade forte e que ela não estranhava essa atitude.
Mesmo assim as matronas teceram comentários descaridosos a respeito da cor do rapaz, bem como sua origem.
Passava das quatro horas da manhã quando todos os convidados foram embora.
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O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro Empty Re: O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2017 8:28 pm

Élida não conseguia esconder sua indignação; além de dançar com o negro mais de uma hora, Camila deixou seus principais amigos de lado para conversar apenas com o intruso.
No dia seguinte falaria com ela.
Em sua banheira, Camila não conseguia esquecer Rafael, fora paixão à primeira vista.
Encantou-se com seu jeito firme, suas palavras sinceras e encantadoras, seu modo de pensar e sua inteligência.
Trocaram telefones e prometeram se ver.
Os garotos de sua turma eram por demais exibidos e ostentadores, "Mauricinhos", como se costuma dizer e esses não a interessavam nem um pouco.
Pela manhã depois do café, Élida lhe passou um sermão falando do ridículo que foi sua actuação em plena festa de 15 anos, discorreu sobre os valores sociais e exigiu que eles fossem respeitados.
Fernando, seu pai, era médico e não merecia aquela gafe.
Mesmo assim Camila não a ouviu e continuou se encontrando com Rafael.
A cada dia estavam mais unidos.
A partir daquela festa um ódio surdo brotou em seu peito contra a mãe, pelo egoísmo que ela representava e pela falsidade em que vivia.
Estava disposta a levar sua relação adiante custasse o que custasse e acabou se entregando a Rafael.
Um ano e meio após seu aniversário e depois de encontros furtivos sem que ninguém desconfiasse, Camila engravidou.
O casal resolveu esconder a relação de todos temendo que Élida os atrapalhasse, porém com o passar do tempo não dava mais.
Após uma longa conversa decidiram participar o assunto à família dela.
Uma bomba teria dado menor impacto.
Élida expulsou Rafael de sua casa dizendo-lhe impropérios e bateu três vezes no rosto da filha.
Fernando tentava contemporizar, mas a esposa estava irredutível:
esse filho jamais viria ao mundo.
Tentando fugir, Camila foi presa pelos seguranças e trancada em um quarto, sem ver ninguém, sem nenhum contacto com o mundo exterior.
O ódio crescia ainda mais em seu peito e nem Fernando pôde ajudá-la como gostaria, uma vez que era dominado pela esposa.
Uma tarde soube pela empregada que Rafael saltou um dos muros da mansão e foi ferido pelos cachorros da casa. A mãe dele lá esteve e foi humilhada por Élida.
Com o tempo Rafael seguindo os conselhos da mãe procurava esquecer Camila, mas a imagem de seu filhinho que estava por nascer vinha forte em seu pensamento e ele começou a beber.
Depois de três meses com Camila presa, Élida pediu a Jacira, a empregada, que a deixasse preparar o almoço da filha.
Seu plano tinha que dar certo.
Colocou alta dose de sonífero no prato e ela mesma foi levá-lo à filha.
Não a via desde que fora presa, pois Camila a xingava e atirava-lhe objectos.
Porém, nesse dia, entrou no quarto falando:
- Você pode me odiar, mas tudo o que faço é para o seu bem, coma.
- Saia daqui, não quero vê-la.
Jamais a perdoarei!
- Pode me xingar à vontade, entendo que está louca e como tal tenho pena e não ódio de você.
- O que pretende em pleno século XX fazer com um neto negro?
Afinal, ele tem o seu sangue!
- Jamais o reconhecerei, fique sabendo que não vou deixar você estragar sua vida inteira por causa de um negro sem eira nem beira. Coma!
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O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro Empty Re: O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2017 8:28 pm

Camila sentiu vontade de atirar-lhe o prato no rosto, mas a fome era maior, ela também tinha que alimentar seu filhinho que já se mexia e precisava ser nutrido.
Começou a comer.
Ela não viu, mas pelos olhos de Élida passou estranho brilho de vitória.
Sua filha caíra nas suas garras.
Em poucos minutos Camila estava desacordada.
Élida, acompanhada por espíritos abismais colocou a filha adormecida dentro do carro dando ordens aos empregados para nada dizer a Fernando.
Em sua mente um único pensamento:
"Este negrinho não manchará a honra de minha família com sua cor nojenta".
Um vulto exultou de alegria e soprou-lhe aos ouvidos:
- Está certa amiga, vamos acabar com essa raça infeliz e é hoje.
Élida sentia aumentar seu ódio e repetia para si mesma:
Hoje acabarei através de um aborto com essa raça que ousou invadir minha família.
Mal sabia que com essa atitude estava criando compromissos terríveis de reajuste que certamente iriam encontrá-la no futuro.
Ninguém pode dispor da vida pois só Deus tem esse poder.
Pobre do homem ou da mulher que se achando dono da vida pratica semelhante crime, achando que seja a solução para seus problemas.
Numa casa malcheirosa num subúrbio da Zona Sul o aborto foi realizado.
Camila inconsciente não perdeu muito sangue e sua recuperação foi rápida.
Ao abrir os olhos e constatar a realidade Camila e a mãe travaram uma luta corporal.
No auge da raiva ela jurou:
- Malditas sejam você e sua alma, enquanto viver farei de tudo para tornar um inferno a sua mesquinha vida.
Vou desmoralizá-la perante a sociedade, me tornarei a pior das criaturas até que ao vê-la destruída eu possa novamente viver em paz.
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O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro Empty Re: O AMOR NÃO PODE ESPERAR - Hermes / Maurício de Castro

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2017 8:28 pm

4 - OBJECTIVOS DA VIDA
Camila saiu de casa com muito ódio à procura de Rafael.
Ainda estava fraca, mesmo assim seguiu para o Cambuci.
Quando chegou na rua onde ele residia percebeu um movimento inusitado.
Ela precisou ter todo o controle quando viu na porta da humilde casa uma coroa de flores.
Atónita ela entrou no velório e viu Rafael no caixão.
Ele estava morto e ela não teve forças para chorar, sua vida estava acabada.
Saiu da casa e sentou-se numa pedra próxima onde podia divisar uma nesga do horizonte.
Porque tudo teve de ser assim?
Fatalidade?
Porém, a verdade é que Camila estava muito chocada.
Para ela a maldade e o ódio eram os sentimentos que dominavam o mundo, sua mãe triunfara através do ódio e ela, a partir daquele dia usaria o ódio e o rancor para destruir tudo o que passasse na sua frente.
Daquela hora em diante ela jamais teria piedade ou dó de ninguém.
Maurílio e Vera aproximaram-se.
Vera alisou-lhe os cabelos e Maurílio comentou:
- Não tivemos como avisá-la, sua mãe proibia-nos de entrar em sua casa.
Soubemos que está grávida, mas infelizmente ele se foi.
Vera continuou:
- Desde que foram proibidos de se ver, Rafael começou a beber sem parar, só falava no filho que ia nascer e em você, o grande amor da vida dele.
Ontem à noite pegou o carro do Maurício emprestado e acidentou-se gravemente.
Foi morte cerebral instantânea.
Infelizmente seu filhinho não conhecerá o pai.
Sem conseguir chorar, Camila contou tudo o que a mãe fizera, explicou o aborto e o seu juramento final.
Seus amigos revoltados a ajudariam naquela empreitada.
O enterro foi pobre e humilde.
Camila foi olhada de soslaio pela mãe de Rafael que intimamente a culpava pela morte de seu único filho.
Na sepultura humilde, Camila apanhou um punhado de terra e mais uma vez proferiu outro juramento:
- Hei-de vingar sua morte!
Pela luz que irradia deste pôr-do-sol, hei de me vingar.
Os dias foram passando, Camila não saiu de casa, pois permanecer no lar fazia parte de seu nefasto plano.
A partir daquele dia espíritos do umbral passaram a segui-la constantemente, alimentando seus planos, dando-lhe detalhes para conseguir o intento macabro.
Influenciada pelos espíritos das trevas ela iniciou uma draconiana mudança em seu visual, colocou tatuagens manchando assim o templo sagrado que é o corpo físico, piercings por todos os lugares possíveis, agredindo o templo do espírito e entregando-se completamente ao vício do álcool.
Assim, seus escândalos passaram a figurar em todos os jornais da cidade, inclusive nas páginas policiais.
Élida começou a perder o equilíbrio emocional, passou a tomar remédios controlados e há sair muito pouco.
A gota d'água foi ela ter surpreendido a filha e seus amigos da "pesada" numa orgia em plena sala de sua casa.
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