LUZ ESPÍRITA
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Casos de Mediunidade

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 09, 2013 10:55 am

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Alguns dos novos historiográficos sustentam que o Hermeticismo, o Neoplatonismo, a astrologia, ou a alquimia e outras áreas do oculto tiveram influência no desenvolvimento da ciência moderna.

Uma das primeiras vozes na nova historiografia foi Frances Yates (1972/1978), que discutiu em seu livro The Rosicrucian Enlightenment que “a tradição Hermética-Cabalistica-

... no acontecimento da ciência Renascentista... não perdeu a força com a vinda da revolução científica... estava ainda presente no fundo das mentes das figuras anteriormente tomadas inteiramente como representantes da emergência completa de tais influencias“
(p.232).

Embora alguns tenham considerado extrema a posição de Yates (por exemplo, Vickers, 1984a), alguns historiadores mais antigos como Allan Debus (1978) discutiram que as antigas ideias herméticas bem como conceitos de Paracelso afetaram o desenvolvimento da filosofia mecânica que se desenvolveu no décimo sétimo século, que tinha sido explicada tradicionalmente unicamente por observações e pela pesquisa físicas, astronómicas e biológicas
(Westfall, 1977).

Estudiosos atentaram que o trabalho de Isaac Newton também mostra esta mistura das tradições, especialmente com relação à alquimia.

Richard Westfall (1980) e Betty Jo Dobbs (1991) discutiram estes estudos alquímicos de Newton que influenciaram a física de seu Principia.

Entretanto, outros historiadores foram opostos fortemente a este ponto de vista da historia da ciência.
Brian Vickers (1984a), por exemplo, discutiu que haviam duas mentalidades separadas, a científica e a oculta.

Vickers acredita que as antigas ideias místicas não influenciaram o desenvolvimento da ciência de nenhuma forma significativa.

Há outros pontos de vista, tais como aqueles que aceitam a influência do oculto no desenvolvimento da ciência mas postulam um impacto de baixo nível
(veja a antologia editado por Vickers, 1984b).

Em resumo, alguns discutem que a ciência moderna se desenvolveu quando a racionalidade e a observação empírica abandonou as visões místicas e ocultas da natureza (pseudociência para alguns), enquanto outros viram que o místico e o oculto contribuíram também significativamente ao que foi chamado mais tarde de ciência.

Um exemplo do papel positivo da assim chamada pseudociência é a influência da frenologia na neurologia.
Em um ponto historiadores da neurologia não tinham nenhum uso para a frenologia em seus estudos.

Mas o trabalho revisionista anterior de Ackerchnect (1958), e o trabalho mais antigo de Young (1970), muito fizeram para contribuir à ideia que conceitos frenológicos foram importantes para o desenvolvimento da neurologia de modo que a frenologia continuou a mudar o clima do pensamento e apoiou noções de localização de funções motoras e sensoriais no cérebro.

Mais relevante para nosso assunto da matéria em questão é a mudança do ponto de vista dentro da historiografia da psiquiatria e das ideias da mente subconsciente como expostas por Ellenberger (1970) em seu livro The Discovery of the Unconscious [A Descoberta do Inconsciente].

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 09, 2013 10:56 am

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Ellenberger postulou que o espiritismo e a pesquisa psíquica influenciaram positivamente o desenvolvimento da psicologia dinâmica e a psiquiatria, fenómenos mediúnicos como a escrita automática (entre outros factores) forneceram o ímpeto para o desenvolvimento de ideias da mente subconsciente.

O trabalho de Alfred Binet (1892/1896), William James (1890b), Pierre Janet (1889), e Frederic W. H. Myers (1903), entre muitos outros, são os exemplos disto.

O trabalho mais recente dos historiadores Adam Crabtree (1993), Alan Gauld (1992), Pascal Le Maléfan (1999), e Eugene Alfaiate (1996) mostraram como espiritualismo e a pesquisa psíquica interagiram activamente com aqueles outros campos que estudaram a mente e o comportamento humano em aspectos tais como o desenvolvimento da noção da mente subconsciente.

Gauld e Crabtree mostraram que a literatura mesmérica e espiritualista tiveram influencia na construção das noções da mente humana.

Quando Taylor discutiu que pesquisa psíquica nos Estados Unidos colidiu na psicoterapia na época de William James, Le Maléfan discutiu que durante metade do décimo nono século, a nosologia psiquiátrica francesa em alguns exemplos espelhou as reivindicações e fenómenos dos médiuns.

Embora muito mais necessite ser feito para explorar as contribuições da pesquisa psíquica em outras áreas, este trabalho mostra uma clara - mas ainda não dominante - direção na história da psicologia e psiquiatria em que a pesquisa psíquica e o Espiritualismo são considerados serem mais do que aberrações culturais.

Seguindo esse conceito tradicional, eu discutirei - e não faço nenhuma reivindicação de ser original nesta afirmação - que o espiritualismo em geral, e o conceito de sobrevivência à morte em particular, tiveram um fator de influência no desenvolvimento da parapsicologia de diferentes formas.

A Influencia do Espiritualismo em Importantes Momentos da História da Parapsicologia

Esta parte do artigo é talvez a mais óbvia e auto-evidente, particularmente para aqueles familiarizados com a história da pesquisa psíquica.

O conceito de sobrevivência foi básico para o início e o desenvolvimento de tais momentos chaves na história da parapsicologia como trabalho inicial da Society for Psychical Research (SPR) e o trabalho de J. B. Rhine e seus associados na universidade Duke.

A Society for Psychical Research

Seria bom termos em mente que o Espiritualismo foi o processo final de movimentos e crenças anteriores.

O conceito de comunicação com os espíritos de pessoas falecidas bem como o registro de fenómenos psíquico de todas as ordens tem considerável precedente histórico.

Para encontrar antecedentes relevantes alguém somente tem que estudar trabalhos como os de J. E. Mirville, Pneumatologie: Des esprits et de leurs manifestations fluidiques (1854); de William Howitt, The History of the Supernatural [A História do Supernatural] (1863); de Frank Podmore, Modern Spiritualism (1902); de Cesar de Vesme, A History of Experimental Spiritualism (1928/1931), e o trabalho de outros historiadores (Dingwall, 1930; Inglis, 1977; Paton, 1921).

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 09, 2013 10:56 am

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Claramente o fenómeno do moderno espiritualismo pode ser encontrado em épocas anteriores e foram fortemente influenciadas por outro movimentos tais como o mesmerismo, além de outros.

Seja como for, foi o espiritualismo, atuando por si mesmo e como um filtro e comunicador de antigas crenças e observações, que ditaram a agenda da pesquisa psíquica.

Alan Gauld (1968) deixou claro que os primeiros pesquisadores da SPR - indivíduos tais como Frederic W. H. Myers e Henry Sidgwick, foram motivados a estudar uma variedade de fenómenos físicos pelo Espiritualismo e por princípios não-materialistas.

Seu trabalho representou uma tentativa de usar a observação sistemática e a experiência para determinar se há mais no universo do que materialismo ditou.

Como J. Fraser Nicol (1972) lembrou-nos em sua revisão de livro do Gauld, alguns homens que formaram o primeiro conselho da SPR eram espiritualistas, entre eles William Stainton Moses, Edmund Dawson Rogers e Hensleigh Wedgwood.

O primeiro volume dos Proceedings of the Society for Psychical Research apresentou a agenda da Sociedade no agora clássico “Objects of the Society” (1882).

Fora as seis comités estabelecidas, a quarta e a quinta - sobre aparições e casas assombradas, e sobre fenómenos físicos - eram uma consequência directa dos interesses dos espiritualistas britânicos durante o décimo nono século passado.

Ao tempo em que SPR foi fundada em Londres (1982), a Inglaterra tinha a poucas décadas a mediunidade de efeitos físicos e mentais [3].

A mediunidade foi uma importante área de discussão nos círculos britânicos.

Livros tais como Mystic London [Londres Mísitica] (1875) do reverendo Charles Maurice Davies, uma colecção de memórias do oculto em Londres, relembra de quão confuso e incrível pareceram a alguns observadores na Bretanha, as práticas dos espiritualistas.

Davies (1875, p.290) refere-se ao famoso alongamento do corpo de D. D. Home, e a alguns outros fenómenos como os voos de Mrs. Guppy, as materializações de Katie King, e as conferências em transe feitas por oradores bem conhecidos do espiritualismo como a Sra. Emma Hardinge Nriten e Sra. Cora L. V. Tappan.

Georgina Houghton (n.d.) recontou em seu livro Evenings at Home in Spiritual Séance, como em 1859 ela disse para seu primo que “haviam algumas pessoas vivendo próximas a ela o que significa que os espíritos daqueles que nós perdemos poderiam comunicar-se connosco que continuamos sobre a terra” (p.1).

Este é o início de longa vida de compromisso do espiritualismo e o desenvolvimento da própria mediunidade da srta. Houghton.

Durante os próximos anos, os ingleses viram as perfomances de médiuns tais como Florence Cook, William Eglinton, Francis Ward Monck, William Stainton Moses, e muitos outros, alguns de bastante reputabilidade.

[3] Sobre Espiritualismo na Inglaterra veja Oppenheim (1985) e Podmore (1902).

A SPR não ignorou todo esse interesse na mediunidade, popularmente diz-se dirigida por entidades desencarnadas.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 10, 2013 4:14 pm

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Uma análise do conteúdo dos processos da SPR pelo tipo de artigos mostra que, de cerca de 204 artigos publicados entre 1882 e 1900, 23% foram relatórios de sessões.

Entretanto, isto não reflecte o número atual de artigos no qual o tema sobrevivência está incluído.
Estes tópicos foram discutidos também em outras categorias, tais como artigos teóricos e revisões da literatura.

Embora ambos Barret (1886) e Crookes (1889) reportassem evidência positiva de mediunidade física nos processos da SPR, o restante das avaliações de alguns dos pesquisadores da SPR foram negativos.

O artigo de Eleanor Sidgwick (1886b) “Result of a Personal Investigation into the Physical Phenomena of Spiritualism” [Resultado de uma Investigação Pessoal do Fenómeno Físico do Espiritualismo], o qual estudou os médiuns Kate Jencken (Kate Fox), Annie Eva Fay, Catherine Elizabeth Wood, Annie Fairlamb, e Henry Slade, é um exemplo disso.

O artigo focou em sessões que tiveram lugar durante os anos de 1870, antes da fundação da SPR. Outra avaliação negativa da mediunidade fisica escrita por Sidgwick foi sua discussão sobre o médium William Eglinton (Sidgwick. 1886a) e o fenómeno de fotografia de espíritos (Sidgwick, 1891).

A mediunidade mental foi discutida em um momento posterior, assim pode ser visto em artigos sobre a mediunidade da Sra. Leonora Piper publicado por Richard Hodgson (1892), Walter Leaf (1890), Oliver Lodge (1890), e Frederic Myers (1890) nos Proceedings da SPR.

Este trabalho foi essencial para o desenvolvimento de todos os tipos de edições teóricas (embora, como veremos depois, antes da fundação da SPR, espiritualistas discutiram essas questões em seus escritos).

A SPR trabalhou com Piper, começou a estudar a possibilidade de comunicação com espíritos, tornando-se a primeira tentativa sistemática para estudar a comunicação mediúnica sob condições controladas.

Foi também a primeira análise detalhada das personalidades de transe publicadas na literatura de pesquisa psíquica. William James (1886, 1890a) conduziu alguns trabalhos preliminares, mas seus esforços não podem ser comparados em termos de organização da SPR ou a seus detalhes.

Os membros da SPR fizeram algumas questões tais como:
Qual era a fonte das informações verídicas que vinham através da Sra Piper?
Eram os controles da Sra. Piper espíritos ou personalidades secundarias do médium em transe?


Como o membro da SPR Walter Leaf comentou sobre Phinuit, um dos controladores da Sra Piper:
Que Dr. Phinuit é somente um nome para uma personalidade secundária da Sra Piper, assumindo o nome e agindo com a atitude e a consistência tal qual é mostrada pelas personalidades secundárias em outros casos conhecidos;
que neste estado anormal há um excepcional poder de leitura do conteúdo das mentes dos participantes;
mas que esse poder está longe de ser completo.
[Leaf, 1890, p. 567].

Muitos outros comentaram sobre a consistência do comunicador, estudos que nos deram insights pioneiros dentro da dinâmica da mediunidade.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 10, 2013 4:14 pm

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Oliver Lodge escreveu em 1890 que:
As mensagens e comunicações... são usualmente dadas através de Phinuit como um repórter.

E ele relata algumas vezes na terceira pessoa, algumas vezes na primeira.

Ocasionalmente, mas muito raramente, Phinuit parece dar lugar completamente a outra personalidade, amigo ou parente, que então comunica com algo de seu antigo jeito e individualidade;
tornando-se frequentemente muito expressivo e realístico.
[Lodge, 1890, p. 453].

Em adição, muitos exemplos de escrita e fala automática conduziram Frederic Myers (1884, 1885, 1887, 1889a) a iniciar suas explorações da mente subliminal e argumentou que alguns fenómenos mediúnicos podes ser explicados sem o recurso da noção de um agente desencarnado.

O título de seu artigo de 1884, “On a Telepathic Explanation of some so-called Spiritualistic Phenomena” [Sobre a Explanação Telepática de alguns dos chamados Fenómenos Espiritualistas], representa uma prévia indicação de suas ideias.

Enquanto Myers não era o único em seu apelo para o processo inconsciente como uma explicação de alguns fenómenos como mediunidade automática (por ex. Caspenter, 1877; Von Hartmann, 1885) seus conceitos têm um nível e eficiência de argumentos que seus predecessores não tinham.

Myers (1903) eventualmente desenvolveu um modelo que era certamente diferente das concepções mais mecânicas postas adiante pelos teóricos da mente inconsciente.

Ele, de facto, chegou a argumentar pela supremacia e independência da mente em relação ao corpo.
Além disso, ele conduziu sem precedentes, cuidadosa e detalhada análise do material produzido para ele pelos espiritualistas.
Sua análise da escrita automática da esposa do Reverendo P. Newnham (Myers, 1885) é um exemplo disso[4].

[4] É interessante notar que espiritualistas contemporâneos eram críticos do eles acreditaram serem tentativas de Myers de reduzir o fenómeno espiritualista a um processo subliminal
(p.ex., Haughton,1886; Noel, 1886; Wedgewood, 1886).

A respeito de aparições e assombrações, alguém só precisa se voltar para as páginas de The Night-Side of Nature [O Lado Noturno da Natureza] de Catherine Crowe (1848), Spirits Before Our Eyes [Espiritos ante nosso Olhos] de Whilliam H. Harrison (1879), e Foot falls on the Boundary of Another World de Robert Dale Owen (1860) para encontrar uma variedade de histórias de fantasmas que foram conhecidas pelos pioneiros da SPR.

Pode-se lembrar com apreciação os relatórios pelo comité da SPR em casas assombradas
(Barrett et al., 1882; Bushell et al., 1884).

Este comité registou muito fascinantes casos que influenciaram posteriores ideias sobre o assunto
(por ex. Bozzano, 1919/1925).

Por exemplo, no segundo relatório do comité o vigário da casa paroquial afirmou que ele e sua esposa ouviram um som “como o barulho de barras de ferro caindo fortemente no chão”
(Bushell et al., 1884, p.145).

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 10, 2013 4:14 pm

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Esta foi a mais dramática de várias manifestações auditivas.
O som foi ouvido colectivamente e por visitantes que não sabiam sobre as assombrações.

Além disso, o som mostrou uma periodicidade.
Era ouvido somente as 2:00 da manhã de domingo.

Sobre os anos de interesse em assombrações e aparições dos mortos, o clássico “Record of a Haunted House”[Registo de uma casa assombrada] de R. C. Morton (Morton, 1892) e o artigo anterior “Notes on the Evidence, Collected by the Society, for Phantasms of the Dead,” [Notas de evidencia, Coletado pela Sociedade, por Fantasma dos Mortos] de Eleanor Sidgwick (1885), são claros exemplos disso.

A Sra Sidgwick disse que a SPR coletou cerca de 370 narrativas “de fenómeno, não claramente físicos, e que os crentes em fantasmas estavam aptos a considerá-los como pessoas falecidas” (p. 70).

Ela mostrou outras possíveis explicações para estes casos ao indicar que não poderia aceitar inteiramente nem rejeitar completamente uma explicação em particular.

Além dessas haviam ideias de influência de espíritos, tais como uma presença psíquica ou uma alucinação telepática causada por indivíduos falecidos.

Outras ideias incluíram comunicações telepáticas entre vivos, e a ideia de influencias psíquicas na casa percebida pelos pesquisadores.

O ultimo conceito que veio a ser conhecido depois como a teoria da psicometria de assombrações, e foi discutido muitos anos depois em artigos dos Proceedings da SPR por H. H. Price
(1939; veja também Bozzano, 1919/1925).

Publicações posteriores sobre aparições de mortos incluem fascinantes artigos teóricos que mapearam futuras discussões das aparições dos mortos.

Os pioneiros da SPR essencialmente examinaram a ideia da sobrevivência que foi aparentemente expressada por esses fenómenos de aparições e analisaram o problema do ponto de vista de uma variedade de possíveis explicações.

O artigo “On Recognised Apparitions Occurring More than a Year After Death” [Sobre o Reconhecimento de Aparições mais de um ano após a morte] de Myers (1889b) é um exemplo.

Neste artigo, Myers conceitualizou estas manifestações em termos da suposta classe de actividade post-mortem e de espíritos de vivos.

Ele escreveu:
Em primeiro lugar, eu acredito que telepatia ... existe tanto entre espíritos encarnados e entre espíritos encarnados e desencarnados.

Eu sustento que há uma serie contínuas de manifestações de tal poder, começando com experimentos de transferência de pensamento e hipnotismo a distancia, processos experimentais através de aparições e aparições coincidentes com a crise da morte, e terminando com aparições após a morte;
- os resultados, na minha visão, do exercício continuado da mesma energia do espírito do falecido.
[Myers, 1889b, pp. 63-64].

Frank Podmore (1889) propôs um modelo diferente em um artigo intitulado “Phantasms of the Dead from Another Point of View” [Fantasma de Mortos sob Outro Ponto de Vista].

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 11, 2013 11:39 am

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Seguindo as ideias iniciais da Sra. Sidgwick, Podmore argumentou que casos evidenciais de aparições dos mortos são alucinações telepáticas.

A explicação actual seria encontrada, ele escreveu, “na prolongada latência e subseqüente emergência de uma impressão recebida de um homem morto antes da sua morte...”
(Podmore, 1889, p. 308).

Este interesse em assombrações e aparições de mortos dentro da SPR teve um interesse paralelo em alucinações, especialmente alucinações de vivos.

O trabalho do comité de literatura foi certamente influenciado pelos registos de ESP espontânea e aparições de vivos tais como fontes espiritualistas mencionadas nos livros de Crowe, Harrinson, e Owen.

O terceiro relatório do comitê literário indicou:
Aparições ... são elementos próximos ao conhecimento religioso do homem;
e a discussão de sua realidade sempre teve aspecto de controvérsia religiosa.

Mas as aparições que tiveram mais associação com ideias religiosas foram aquelas dos mortos, e nós faremos o máximo para evitar terrenos controversos, e também para manter nosso objectivo no limite gerenciável, vamos excluir essa classe.

Vamos considerar só as supostas assombrações de pessoas vivas, o senso-comum de que são aparições dos mortos, ou assombrações de pessoas próximas do momento de morte.

[Barrett et al., 1884a, p. 111].

O modelo anterior de alucinações, agora classicamente associado ao trabalho inicial da SPR, foi discutido em dois artigos produzidos pelo Comité de Literatura em 1884
(Barret et al., 1884a, 1884b).

Eventualmente, estes esforços levaram ao primeiro exame das alucinações e ao estudo de variadas formas das aparições de vivos, Gurney, Myers e Phantasms of the Living [Fantasmas dos Vivos] de Podmore (1886).

Como é bem conhecido, o interesse culminou no famoso “Census of Hallucinations” [Censo de Alucinações]
(Sidwick et al., 1894).

Um dos propósitos do “Censo” foi estabelecer cientificamente uma relação entre a alucinação e a morte da pessoa representada pela alucinação.

A noção de sobrevivência foi o ímpeto original por trás desse trabalho, mesmo se eventualmente os pesquisadores da SPR desenvolvessem diferentes modelos de explicações tal como de alucinações telepáticas.

Enquanto pode-se argumentar que o que eu acabei de discutir é bem conhecido, e que tais efeitos da ideia da sobrevivência e do espiritualismo são óbvios, nós devemos lembrar que o sentido de que é obvio é frequentemente um pensamento posterior.

A pesquisa psíquica seria muito diferente se ela tivesse sido afectada por outros movimentos e não pelo espiritualismo.

Se o mesmerismo tivesse tido mais influencia que aquele (e ele teve considerável influência), talvez a SPR tivesse tido mais atenção para a ideia do magnetismo animal e para o similar conceito de força, o qual podia ter resultado na ênfase na medição, detecção e uso de tais forças.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 11, 2013 11:39 am

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Houve alguns estudos da acção mesmérica conduzidos pelo Comité sobre Mesmerismo (Barret, Gurney, et al., 1883) e por Gurney (1884), mas eles não continuaram depois dos primeiros três anos da existência da SPR.

Uma abordagem mais baseada no mesmerismo poderia ter incluído mais interesse e pesquisa na Od de Reichenbach (1849/1851), a qual Reichenbach acreditava ser uma força universal.

A Od foi percebida por indivíduos sensitivos primeiramente como emanações de luzes por cristais, magnetos, e pelo corpo humano.

A SPR abandonou cedo este tema de pesquisa logo depois da fundação da sociedade
(Barret, Close, et al., 1883).

Alem disso, uma pesquisa psíquica baseada no magnetismo animal podia ter tido mais interesse na área de saúde, o qual foi geralmente assumido envolver algum tipo de transferência de energia.

Se o Cristianismo tivesse mais influência no trabalho da SPR no século XIX, a pesquisa psíquica poderia então ter mais ênfase nos milagres como curas em santuários (ex. Myers e Myers, 1893) e aparições de Maria (ex. Marillier, 1891).

Similarmente, o trabalho da SPR deveria ser diferente se a Teosofia tivesse tido mais influência que o espiritualismo.

Em vez de médiuns e o estudo do suposto agente humano desencarnado, o campo poderia ter focado mais atenção aos chamados poderes dos mestres espirituais e ao estudo dos efeitos produzidos por “fonte espirituais não-humanas”
(ex. Hodgson, 1885).

J. B. Rhine e Associados

Outro momento dessa historia, reconhecida geralmente como crucial para a parapsicologia, foram os estudos de Joseph Banks Rhine e seus colegas conduzidos na Universidade Duke. Rhine - e sua colega e esposa Louisa E. Rhine - foram profundamente influenciados pela ideia da sobrevivência e pelo Espiritualismo, mesmo se ele posteriormente chegou a sugerir que a parapsicologia não podia tratar do assunto de uma forma significativa cientificamente
p.ex., J. B. Rhine, 1974)[5]..

[5] No prévio trabalho de Rhines veja Brian (1982), Mauskopf and McVaugh (1980), Rhine and Associates (1965), e L. E. Rhine (1982).
Em Rhine and the survival issue [Rhine e a questão da Sobrevivencia] ver Chari(1982).

Em seu livro New Frontiers of the Mind [Novas Fronteiras da Mente] (1937), Rhine recontou como ele ouviu uma leitura de Arthur Conan Doyle sobre espiritualismo no inicio da década de 1920.

Embora ele não estivesse convencido dos princípios Espiritualistas, Rhine ficou impressionado pelo zelo e atitude positiva de Doyle.
Rhine escreveu, “se há uma medida da verdade que ele acredita... seria de importância transcendental” (p. 54).

Em 1926, Rhines fez importantes experiências com médiuns.
Houve uma sessão com Margery, médium de efeitos físicos, que alegava que seu falecido irmão Walter podia produzir materializações e outros fenómenos através dela.

Uma simples sessão convenceu-o que a performance era fraudulenta (Rhine & Rhine, 1927) (6).

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 11, 2013 11:39 am

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No mesmo ano o pesquisador psíquico Walter Franklin Prince ofereceu pagar a Rhine se ele tivesse uma sessão com a médium mental Minnie Soule (L. E. Rhine, 1982, pp. 104-105), conhecida na literatura mais antiga como Sra Chenoweth [7].

Dennis Brian (1982, p. 53), em sua biografia de Rhine, The Enchanted Voyager [O Viajante Encantado] notou que esses participantes, J. B. e Louisa tiveram tarefas diferentes.

Enquanto Louisa tomou notas literalmente num quarto separado, J. B. ficou em outro com a Sra. Soule, interrogando a médium.

Os resultados, Louisa escreveu em seu diário, foram decepcionantes
(L. E. Rhine, 1982, p. 105).

[6] Sobre a mediunidade de Margery veja Tietze (1973).
A respeito de Margery e Rhines veja Brian (1982, capitulo 4), Matlock (1987), e Tietze (1973, pp.107-114).

[7] Minnie Soule foi uma médium Americana estudada antes por Lydia Allison (1929) e James H. Hyslop (1910, pp.722-776).
Ela usou o pseudónimo de Sra Chenoweth
(veja também Tubby, 1941).

Em 1927, John F. Thomas, servidor do sistema de ensino publico de Detroit, aproximou-se de Rhine para ver ele trabalharia com ele no registo de comunicação mediúnica
(L. E. Rhine, 1982, pp. 111-113).

Thomas fazia sessões com Soule e outros médiuns tentando se comunicar com sua falecida esposa[8].

Rhine aceitou e Tomas perguntou a ele depois de alguns anos se ele e sua esposa iriam para Universidade Duke para trabalhar com William McDougall sobre seus registros de Mediunidade.

McDougall era então o chefe do Departamento de Psicologia de Duke.
Seu primeiro trabalho em Duke foi centrado no material de Thomas e somente mais tarde eles ramificam para a pesquisa ESP.

[8] Sobre Thomas ver Dale (1941).

Rhine foi com Thomas para continuar a assistir na avaliação das sessões com Sra Soule, bem como com outros médiuns mentais como Eileen J. Garrett e Gladys Osborne Leonard.

Thomas eventualmente obteve o grau de doutorado de psicologia na universidade Duke por seus estudos de comunicações mediúnicas.

Em seus livros Case Studies Bearing Upon Survival [Estudos de Casos Representativos de Sobrevivência] (Thomas, 1929) e Beyond Normal Cogmition [Além da Cognição Normal] (Thomas, 1937), Thomas mencionou que tanto J. B. quanto Louisa Rhine ajudaram-no de várias formas.

O efeito desses primeiros trabalhos de mediunidade foram dar a Rhine em primeira mão a apreciação do que muito dos outros pesquisadores já haviam percebido, as dificuldades envolvidas em determinar a fonte da informação produzida.

Numa carta que escreveu para Prince em 23 de novembro de 1927, J. B. Rhine disse:
“Estamos agora organizando nossos pensamentos sobre a questão do que nós requerimos como prova do supra-normal, quantas hipóteses razoáveis temos visto para serem a fonte da informação supranormal, e agora podemos descobrir então qual dessas é a correta...”
(citado em Brian, 1982, p.68).

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 12, 2013 11:31 am

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Entretanto, posteriormente Rhine foi mais positivo em relação a sobrevivência.

Em 21 de Março de 1929 numa carta à Prince sobre os registos sobre a mediunidade de Thomas, Rhine disse:
“Nós temos uma grande e real apreciação pelo Sr. T, e estamos convencido que seu material é em parte no mínimo, evidências genuínas, que das hipóteses disponíveis para nosso conhecimento, certamente a interpretação espírita é a mais aceitável”
(citado em Mauskopf & McVaugh, 1980, p. 328).

Esta atitude positiva acerca da sobrevivência e dos estudos foram reflectidos na ideia desenvolvida por Rhine em torno de 1928 e 1929.
Isto foi estabelecido pelo “ Institute for Experimental Religion “
(Mauskopf & MvVaugh, 1980, p.87).

Parte desse trabalho conduzido por este instituto foi a evidência para a existência da alma, incluindo relatórios tais como o fenómenos de aparições sugestivas da sobrevivência.

Poucos anos depois, em um artigo de 1933 publicado no Journal of the Society for Psychical Research no qual ele comentou sobre o artigo sobre a sobrevivência escrito por H. F. Saltmarsh (1932), Rhine (1933a) argumentou que os estudos da sobrevivência devem focalizar na evidencia de propósito ou motivação.

Em suas palavras:
Os tipos de evidencia para as quais eu me referi como as que oferecem maiores valores de prova a favor da teoria da sobrevivência são aquelas que claramente mostram propósitos que são apropriados somente para uma pessoa, o suposto espírito identificado.

O ponto em mente é que motivação peculiar é mais indicativa de que um 'agente' envolvido tenha dados da vida passada da pessoa em questão, factos descrevendo sua personalidade, ou que alegadas manifestações fisicas sejam devidas a seus esforços.
[p. 36].

Claro que isto não é novidade.
A questão do propósito ou intenção deve ser avaliada antes por cada pesquisador como Hyslop (1919) e Myers (1903), para citar apenas dois proeminentes exemplos.

Enquanto Rhine não oferecia nada novo, nem uma solução para diferenciar espíritos e psi entre fontes vivas, o artigo mostra sua voluntariedade em considerar a sobrevivência ainda em 1933.

De facto, é interessante notar que em comunicado adicional publicado depois no mesmo ano no SPR Journal, Rhine se referiu à sobrevivência como uma questão “das mais importante que nós discutimos nesse campo” (Rhine, p. 125).

Enquanto Rhine continuou interessado na sobrevivência por toda sua vida (ex. Rhine, 1943, 1956, 1960, 1974) quando ele publicou sua clássica monografia Extra-Sensory Perception em 1934 ele claramente decidiu que a questão da sobrevivência precisava ser arquivada.

Rhine falou da sobrevivência no primeiro capitulo do seu livro.
Ele começou classificando os tipos de fenómenos parapsicológicos.

Incluindo ESP em geral,incluindo rabdomancia, psicometria e comunicações verídicas de espíritos.
Fenómenos psíquicos tais como telecinese, luzes, mudanças de temperatura e aportes, ele designou como parapsicologia psíquica.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 12, 2013 11:31 am

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A categoria de parapsicologia psicológica inclui materializações, alongamentos e estigmas.
Possessão negativa e saudável foram consideradas parte dos fenômenos patológicos.

Finalmente o fenómeno da parapsicologia literária incluindo a produção de escrita ou artísticas aparamente além da capacidade do individuo.

Esta classificação interagiu com o agente.
Agente corpóreo significa referir-se aos efeitos de pessoas vivas e agentes incorpóreos referentes a efeitos de espíritos desencarnados.

Rhine escreveu:
Parece haver quatro casos gerais possíveis neste princípio:
Um agente corpóreo pode influenciar outro, como em telepatia, ou um corpóreo pode ser a única personalidade envolvida, como em clarividência.

O Agente incorpóreo ... pode influenciar um corpóreo, como nos chamados experimentos 'mediúnicos'.

Ou, quarto, a personalidade incorpórea parece ser capaz de produzir um fenómeno sem a ajuda de uma personalidade corpórea com capacidades parapsicológicas, e se assemelhando a 'invasões' chamadas ' hauntings'.
[J. B. Rhine, 1934a, pp. 8-9].

Rhine afirmou que seu livro tratava somente dos efeitos ESP produzidos por dois indivíduos vivos (testes de telepatia com um emissor) e com um individuo (testes de clarividência sem emissor).

Ele não estava certo sobre como classificar os efeitos nesse sistema, especialmente em se tratando de agente incorpóreo.

Depois em seu livro Rhine argumentou que a tarefa em mãos foi duplicada.

Primeiro, tinha-se que aprender sobre a telepatia e a clarividência através de tentativas de relacionar cada fenómeno um ao outro e a outros fenómenos parapsicológicos tais como a rabdomancia.

Segundo, tinha-se que encontrar outras variáveis relacionadas ao seu funcionamento.
Uma vez que estas tarefas terminassem, o fenómeno incorpóreo poderia ser explorado com mais detalhes seguindo um procedimento similar
(J. B. Rhine, 1934a, p.147; veja também Rhine, 1934b).

Mas este passo posterior no programa de pesquisa de Rhine mudando o foco para o agente incorpóreo, nunca concretizou-se - talvez porque a área do agente corporal provou ser mais difícil de explorar e mapear do que o esperado.

Como Rhine escreveu depois, a questão da sobrevivência devia esperar por um melhor entendimento das habilidades Psi dos vivos:
“Para uma coisa, é necessário conhecer os limites e condições de operação do processo Psi antes de projectar experimentos adequados para trabalhar com a hipótese da sobrevivência.

Somente quando tivermos evidencia de alguma coisa atrás da faixa de explicações de ESP e PK que a questão da sobrevivência começa”

(J. B. Rhine, 1947, p.214)

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 12, 2013 11:31 am

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Infelizmente para os proponentes da sobrevivência, Rhine (1974) terminou argumentando que a sobrevivência era não-testável.

Apesar disso, a sobrevivência foi um motivador importante no início do seu trabalho e um lembrete do quanto certas ideias e movimentos tiveram importantes, mas inesperados efeitos, na historia do desenvolvimento da parapsicologia.

Finalmente, há outra forma na qual Rhine foi afectado pelo espiritualismo.

Isto foi sua crença que o fenómeno psíquico em geral poderia mostrar uma evidencia para o aspecto não-físico no ser humano, que é, a independência da mente e o corpo.

Rhine discutiu essa visão em seus livros The Reach of the Mind [O Alcance da Mente] (1947) e New World of the Mind [Novo Mundo da Mente] (1953), além de outras publicações.

Estas ideias não vieram somente de resultados de seus experimentos, como ele próprio, Rhine (1947) argumentou.
Rhine interessou-se por religião antes em sua vida e planeou ser um ministro (pastor), e então cedo foi levado a crer no não-físico.

As ideias de Rhine nessa questão podem ser encontradas na auto-biografia de Louisa Rhine (1982) sobre a sua vida com J. B., Something Hidden.
Mas Rhine também foi influenciado pelo espiritualismo e seus fenómenos.

Estava ciente dos escritos e ideias de alguns espiritualistas como Artur Conan Doyle, ambos ele e Louise sabiam que os espiritualistas acreditavam que o ser humano é mais que o seu corpo, que havia um componente no ser humano que não dependia das limitações físicas.

Em 1865, o espiritualista britânico Benjamin Coleman disse:
“Uma vez reconhecido que o espírito é uma entidade viva quando separada do seu corpo de carne, tem uma poder dinâmico fora da matéria, e a grande dificuldade que permanece [enshrouds] na mente materialista se desfaz”
(Coleman, 1865, p.128).

Similarmente, T. P. Barkas (1876) argumentou nas páginas do jornal Spiritualist:
“Se este fenómeno é verdadeiro ele sugere muitas reflexões importantes.
A mente não é uma mera propriedade molecular ordinária organizada de matéria, secretada pelo cérebro... mas é independente de qualquer cérebro físico ...”

(p.261).

Como mencionado na introdução, escritores posteriores tais como Bozzano (n.d.b), Flammarion (1900), e Myers (1903) todos argumentaram em linhas similares.

Rhine estava familiarizado com alguma dessa literatura.

Em uma carta que escreveu para o presidente da American Society for Psychical Research em 1923 ele disse:
“Tendo lido Human Personality (Personalidade Humana) de Myers e alguns outros livros parecidos, eu fiquei profundamente impressionado com a importância desse assunto para a raça humana”
(L. E. Rhine, 1982, p. 92).

Rhine tinha um claro conceito tradicional que certamente deu-lhe esperança de encontrar respostas acerca da natureza do ser humano, e não fisicamente.

A ideia posterior foi de fato o principio central das ideias de Rhine sobre a natureza de Psi
(Beloff, 1982; Iannuzzo, 1983).

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 13, 2013 11:23 am

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O Espiritualismo e a Complexidade do Fenómeno Psíquico

A sobrevivência influenciou a pesquisa psíquica de outra forma, mais subtil.
Uma delas é a contribuição de espiritualistas para nosso entendimento da mediunidade e outros fenómenos.

Algumas vezes nós pensamos que espiritualistas tiveram uma visão simplista e unitarista sobre a natureza do fenómeno psíquico.

Bruno Fantoni (1974), em Magia y Parapsicologia, escreveu:
No inicio os espíritas argumentaram que todos os fenómenos paranormais eram produzidos por seres desencarnados...

Com o tempo, eles começaram a admitir a possibilidade de uma colaboração entre o espírito do além e do médium...

Finalmente, eles foram forçados a admitir a existência do fenómeno paranormal sem a intervenção do morto e que mesmo nestes fenómenos que originados supostamente no além podia haver elementos vindo do inconsciente dos vivos.

[pp.319-320, minha tradução]

Enquanto a visão de Fantoni pode representar muitos indivíduos, eu acredito que um estudo das primeiras literaturas suporta uma visão modificada desse processo.

Isto é, os escritos de alguns espiritualistas mostra uma consciência das outras explanações teóricas do fenómeno da sobrevivência que não agentes desencarnados.

De facto, a literatura espiritualista contém uma rica discussão intelectual das diferentes possibilidades.

A história da pesquisa psíquica algumas vezes tem sido escrita como a historia do triunfo da ciência sobre as armadilhas do Espiritualismo, mas ha um espaço para argumentar que, desde o começo, o Espiritualismo ofereceu-nos uma variedade de explicações alternativas para o fenómeno em questão.

Mais importante, o Espiritualismo forneceu o contexto para o desenvolvimento de muitas ideias que activamente formaram a pesquisa psíquica conceitualmente.

Uma delas foi a ideia psi-entre-vivos como explicação de mediunidade.

Ideias Psi-entre-vivos para explicar Mediunidade

Em seu Journal of Parapsychology no artigo “Parapsychology, Then and Now”, Louisa E. Rhine (1967) sugeriu que explicações através de ESP entre vivos ficaram somente disponíveis ou ficaram somente realísticas após o trabalho experimental que começou nos anos de 1920s.

Rhine teve depois particular atenção para o trabalho na universidade Duke.

Na sua visão:
“Não foi falta de método que levou ao fim a era da pesquisa da mediunidade na questão da sobrevivência.
Foi o estabelecimento da ESP que o fez”

(p.238).

L. E. Rhine foi mais longe ao dizer que os interessados e optimistas sobre a sobrevivência na década de 1920 “ não poderiam então ter percebido que uma explanação alternativa existia”
(p.248).

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 13, 2013 11:24 am

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Nesta visão ESP não era bastante bem estabelecida nos dias anteriores para ser uma efectiva contra-explicação para o conteúdo de comunicações mediúnicas verídicas.

Há alguma verdade nisto já que posteriores experimentos ESP forneceram mais evidência desse fenómeno e informações adicionais sobre esses trabalhos.

Mas Louisa Rhine exagerou, especialmente quando ela disse que não existiam explicações alternativas.

Rhine não se deu conta do facto que no inicio do Espiritualismo e da pesquisa psíquica houve uma longa tradição de usar ESP como explicação para dar conta das comunicações mediúnicas.

O facto que a evidência para ESP tornou-se melhor depois não está em discussão aqui.

O que é importante em termos históricos é que observadores de médiuns convenceram-se da validade das explicações ESP, um processo que era uma realidade para eles.
Eu estou argumentando aqui que as primeiras literaturas forneceram exemplos de explicações de psi-entre-vivos, mostrando claramente que essas ideias originaram-se dos próprios espiritualistas, e em alguns casos, de não-espiritualistas que acreditavam na sobrevivência.

Em seu livro An Exposition of Views Respectin the Modern Spirit Manifestations, Adin Ballou (1853) escreveu:
“Eu acredito que espíritos dos mortos causam muito desses fenómenos, mas não todos eles.

Eu acredito que espíritos encarnados, - i.e., a mente do médium, ou a mente de outras pessoas ao redor do médium - algumas vezes atravessam, corrompem, peculiarizam, ou modifiquem as manifestações e a produção das comunicações”

(p.3).

Para Ballou estava claro que a mente de indivíduos ao redor do médium poderia influenciar o conteúdo da comunicação, um processo que ele refere-se como em “influências mesméricas ou psicológicas, do controle de mentes próximas [ao médium]”
(p.29)

Estas ideias não são exclusivas de Ballou.
Elas também podem ser vistas em Andrew Jackson Davis (1853).

Em seu livro, The presente Age and Inner Life, Davis escreveu que “pertencendo aos atributos extraordinários da mente do homem, muitas experiências são por alguns indivíduos consideradas como espiritualmente originadas; quando em verdade, só são causados pelas leis naturais de nosso ser...”
(pp. 160-161).

Davis apresenta uma tabela em seu livro que lista as possíveis causas do fenómeno mediúnico.

Em sua visão 40% tem origem nos “espírito dos mortos”.”
O resto inclui fraude, explicações neurológicas ou histéricas, “psicologia-nervosa” ou imaginação, e “simpatia cerebral” ou doenças epidémicas.

Dezoito por cento refere-se ao que chamamos de habilidades psíquicas entre vivos.
Isto inclui “electricidade vital” vindo do corpo dos médiuns e clarividentes.

Enquanto essas figuras, como a maioria dos escritos de Davis, foram obtidos através de inspiração de clarividência, o ponto importante aqui é que um líder do novo movimento espiritualista americano oferece explicações alternativas de mediunidade que não seja baseada em espíritos.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 13, 2013 11:24 am

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Davis argumentou que uma das causas principais da aparente contradição em comunicações mediúnicas - ou seja confusões e aparentes erros - era a recepção simultânea de duas diferentes fontes: espíritos e a mente de pessoas vivas.

Ele escreveu:
“Um médium pode obter pensamentos de pessoas sentadas no circulo, ou de uma mente em local distante do globo..., e ainda estria totalmente equivocado a respeito da sua fonte”
(p.202).

Nos anos posteriores, Henry J. Atkinson (1871, p.535), em um artigo intitulado “Science and Spiritualism”, argumentou que era importante ser claro sobre o agente por trás do fenómeno.

Isto é, foi uma acção de espíritos dos mortos ou espíritos dos vivos?
Um autor posterior comentou o problema envolvido no estabelecimento de identidade do espírito.

Ele disse:
“A dificuldade a respeito da identidade do espírito são várias;
como por exemplo, a questão do duplo,ou espírito - da pessoa viva;
de clarividência e transferência de pensamento, ou conhecimento ou transferência de memória ...”
(Atkinson, 1882, p.249).

O espiritualista inglês William Harrinson argumentou que os pensamentos dos participantes poderiam afectar o conteúdo da comunicação mediúnica.
Ele refere-se à “leitura de pensamento, ou ... a influencia de uma mente em outra” (Harrison, 1873 p. 434) para dar conta do fenómeno.

Helen Dallas (1916), outro escritor que pode ser descrito como um espiritualista, em seu livro Objections to Spiritualism Answered [Objecções ao Espiritualismo Respondidas] comenta sobre o “facto que pensamentos recebidos telepaticamente daqueles ainda na carne pode misturar-se com, ou ser confundido por mensagens do desencarnado”
(p.70).

Similarmente, o conhecido pesquisador francês e teórico Gustavo Geley (n.d.) disse que a comunicação mediúnica algumas vezes depende de elementos “evidentemente tomados do médium e do participante da secção, todos eles em proporções variadas”
(p. 102, minha tradução)

Outro exemplo interessante foi Ernesto Bozzano, provavelmente o mais conhecido espírita europeu do seu tempo.
Bozzano disse mais de uma vez que ESP podia dar conta de alguns casos.

Em seu livro Animism and Spiritism [Animismo e Espiritismo], ao referir-se ao fenómeno sugestivo de identidade do espírito, Bozzano disse que:
“muitos episódios são explicados por manifestações anímicas”
(Bozzano, n.d. a, p.47).

Em seus estudos de assombrações, Bozzano (1919/1925) favoreceu explicações relatadas por agentes desencarnados para a maioria dos casos.

Entretanto, ele aceitou explicações telepáticas entre vivos para um pequeno numero de casos.
Em sua visão, porque “nem todas manifestações entre vivos são de origem telepáticas... também nem todas manifestações de assombrações tem origem nos espíritos”
(p.305, minha tradução).

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 14, 2013 12:42 pm

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Considerando poltergeists, Bozzano também aceitou algum agente entre vivos.

Ele escreveu que:
Há um pequeno número de casos que pode ser explicado através da hipótese “anímica”... a emissão esporádica de telecinese ou energia mediúnica controlada por uma rudimentar origem subconsciente.

Alguns casos de pequena complexidade podem ser classificados nessa categoria,... mas pode ser dito que, em geral, manifestações 'poltergeist' não são nunca completamente anímicas e nem completamente 'espíritas'...
[Bozzano, 1919/1925, p. 311, minha tradução].

Outros acreditaram que o pensamento dos participantes podia afetar o fenómeno da materialização.

Assim, por ex., no Spiritualist Newspaper, G. W. Stock escreveu que a forma que aparece nas sessões eram “muito maleável e capaz de ser moldado pelos pensamentos e afeições dos participantes”
(Stock, 1877, p. 188).

Uma visão similar foi citada em artigo anónimo, “A influencia dos participantes sobre as Manifestações Espirituais,” o qual foi presumidamente escrito por H. Harrison (A influência, 1877).

De facto, as publicações espiritualistas apresentaram uma variedade de ideias sobre a natureza das materializações as quais salientavam a complexidade das discussões, que não eram limitadas a ideia de uma agente desencarnado.

Vários escritores especularam sobre a exteriorização do duplo do médium para dar conta da materialização
(e.g., Coleman, 1876; Kislingbury, 1876a, 1876b; Reimers, 1876).

Um autor escrevendo sobre as materializações de Katie King disse que Katie “não é um espírito independente, mas o espírito, ou 'duplo' do médium....”
(Spirit Forms, 1873, p.452).

Ilustrando a variedade de ideias sobre materializações a esse tempo, a espiritualista Emily Kislingbury (1876a, 1876b) sugeriu que a transfiguração do médium poderia explicar alguns dos supostos casos de materializações.

Outra maneira de ver a contribuição teórica do espiritualismo é o contexto em que cépticos em sobrevivência também desenvolveram importantes modelos teóricos.

Houve muitos escritores que sugeriram que uma substancia fluídica emanada do corpo do médium - magnetismo animal, Od, forças nervosas - poderiam explicar muito dos fenómenos mentais, e em especial, os fenómeno físicos do espiritualismo, sem recorrer a um agente espiritual.

Uma variedade de cépticos da hipótese de agentes espirituais postulam um modelo exploratório diferente.
Eles acreditam que o fenómeno poderia ser explicado por uma força vindo do sistema nervoso do médium.

Esta literatura incluiu Spirit Manifestations Examined and Explained [Manifestações de Espíritos Examinados e Explicados] de John Bovee Dods (1854), Philosophy of Mysterious Agents [Filosofia dos Misteriosos Agentes de Edward] C. Rogers (1853), Modern Mysteries Explained and Exposed [Misterios Modernos Expostos e Explicados] de Asa Mahan (1855), e Spiritualism Tested [Espiritualismo Testado] de George Samsin (1860).

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 14, 2013 12:43 pm

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Algum tempo depois ainda no século XIX, vários outros autores como Edward W. Cox (1872), Gerry G. Fairfield (1875), e Eduard von Hartman (1885), continuaram essa linha de pensamento na qual eles explicavam o fenómeno sem recorrer ao agente desencarnado.

Esta linha de raciocínio foi continuada depois já no século XX por pesquisadores como Joseph Maxwell (1903/1905), Enrico Morselli (1908), Schrenck-Notzing (1920/1925), e René Sudre (1926).

Todos esses escritores que eu mencionei representam o início do que alguns autores modernos chamam de explicação super-psi para o fenómeno da sobrevivência.

Muitas das controvérsias que surgiram dessas ideias foram ferramentas que esboçaram as suposições de espiritualistas e seus opositores.

Em seu esboço do livro Ten Years Investigations into Phenomena if Modern Spiritualism (Dez Anos de Investigações de Fenômenos do Moderno Espiritualismo) Thomas P. Barkas (1862) argumentou que neste conceito de forças nervosas “o homem é convertido em uma espécie maquina electro-odilico-cerebro-vertebral”
(p.65).

Na visão de Barkas estas ideias de força psíquica não eram suficientes para explicar o fenómeno.
Muitos críticos do modelo da força psíquica expressaram seu ponto de vista.

Eles questionaram a habilidade dessas forças para produzir efeitos inteligentes, tais como temos visto em alguns movimentos de objectos e no fenómeno de materializações
(ex. Aksakof, 1890/n.d; Dr. Dods e Spiritualism, 1855; Força vs Espiritualismo, 1867; Mary Janr, 1863. Review of What Am I?, 1874).

Entretanto, é importante reconhecer que os próprios espiritualistas também aceitaram a existência da força fluídica, mas enfatizando que eram manipuladas pelos espíritos dos mortos.

Um influente conceito foi o do perispírito popularizado na França por Allan Kardec, o fundador do espiritismo.

No seu conhecido “Livro dos Espíritos,” publicado em 1857, Kardec (1875) apresenta as comunicações mediúnicas referindo-se a um “fluido universal que forma a parte intermediaria entre espírito e matéria...”
(p.9).

Esta substância foi chamada de perispírito.
Ele faz a interação possível do espírito com o corpo e era o veiculo que os espíritos usavam para criar aparições e alguns fenómenos como movimentos de objectos.

Em um livro posterior, Kardec (1876) deu mais detalhes sobre a produção dos fenómenos psíquicos via o perispírito.

Ele escreveu:
Quando um objeto é posto em movimento, deslocado, ou elevado ao ar, o espírito não o prende, empurra-o, nem levanta-o, como nós fazemos com as nossas mãos;
o espírito, por assim dizer, satura-o com seus próprios fluidos combinados com os do médium, e o objecto, sendo assim vivificado por um momento, age como um ser vivo agiria... [e] segue o impulso comunicado a ele pela vontade do espírito.

(Kardec, 1876, pp.76-77).

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 14, 2013 12:43 pm

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Em um “discurso de inspiração” sobre o tópico do Espiritualismo como uma ciência o qual foi publicado no Spiritualist Newspaper, o médium de transe britânico e orador em transe J. J. Morse (1876) discutiu ideias similares às de Kardec sobre as noções do perispírito.

Na França, esta linha de pensamento foi mais articulada por Gabriel Delanne (1923) e Leon Denis (1922).

Semelhantemente, o bem conhecido espiritualista britânico e editor J. Burns argumentou em 1872 que há uma força em constante operação nos seres vivos que pode sair do corpo em determinadas condições e com certos indivíduos que assim produzem fenómenos como movimentos de objectos.

Esta energia era a mesma que a energia nervosa e transportava o livre-arbítrio ao organismo humano.

Na visão de Burns:
“A peculariedade do médium está nele exalar um magnetismo com o qual a atmosfera espiritual envolve o espírito podendo tornar-se inter-esferico..., o de um tornando a envolver-se com o do outro ... “
(Reed & Woodward, n.d., p.33).

Em alguns panfletos que publicou, Burns incluiu páginas com instruções sobre como conduzir as sessões.
Um delas foi chamada “Como Investigar o Fenómeno Espiritual”.

Esta página dizia:
“Os fenómenos são produzidos por uma força vital emanada pelos participantes, os quais os espíritos usam como um link de conexão entre eles e os objectos”
(Apêndice, n.d., p.51).

A literatura espiritualista inclui muitas outras menções dessas forças.

Em seu livro The Debatable Land, o espiritualista americano Robert Dale Owen (1871) refere-se a “exudações invisíveis das organizações humanas“ (p.404) para dar conta do fenómeno da materialização.

Em referencia ao vapor observado em sessões de materialização, William Station Moses disse no encontro da British National Association of Spiritualists em novembro de 1877:
[i]“É o sustento universal, a linha material usada em todas operações desta natureza... é a força vital do médium”

(Moses, 1877, p.254).

Escritores com orientação espiritualista também discutiram estas ideias no século XX.

Na Inglaterra, em seu livro Spirit Intercourse, James Hewat McKenzie (1916) escreveu que era uma “matéria psico-plástica” que sai do corpo do médium para formar as materializações.

Na França, Geley argumentou que o ectoplasma consiste da “descentralização anatomo-biológica no corpo do médium e um externalização de factores descentralizados no estado amorfo, sólido, líquido ou vaporoso”
(Geley, 1924/1927, p.358).

Como podemos ver estas ideias de forças e fluidos não ocorreram somente para os escritores anti-espiritualistas.
Os Espiritualistas estiveram activamente envolvidos na discussão e desenvolvimento dessas ideias do início até os dias de hoje.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 15, 2013 11:21 am

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Este é um ponto importante devido a esta noção - que a força vem do corpo do médium para produzir o fenómeno - foi uma dos principais modelos teóricos da pesquisa psíquica entre o século XIX ate os anos de 1920s
(Alvarado, 2001).

Porque esse conceito foi identificado com explicações de agentes não-desencarnados, precisamos nos lembrar que não foram somente os cépticos que contribuíram para a literatura ao esboçar essas influentes ideias.

Influencias Psicológicas nas Comunicações Espíritas

Espiritualistas sempre reconheceram que o médium pode influenciar as comunicações de diferentes formas.
Em um artigo chamado “Influência Cerebral nas Revelações” publicado no jornal americano The Shekinah, S. B. Brittan (1853) argumentou que as comunicações mediúnicas poderiam ser influenciadas pelo pensamento dos médiuns.

Brittan comentou:
“Em todas as épocas, revelações do mundo espiritual foram essencialmente modificadas pelas características físicas e mentais das pessoas através das quais elas foram dadas à humanidade.

No processo de influxo, os elementos de duas mentes são misturados, e a revelação é o resultado de suas acções conjuntas”
(pp.39-40).

No livro de Andrew Jackson Davis (1853) o autor comentou sobre a influencia da mente do médium nas comunicações, especialmente reflectindo a educação e os costumes do médium.

A mente do médium, escreveu Davis, “é quase certo que inconscientemente altera, modifica, e arranjar todas as impressões, de qualquer fonte recebida, invariavelmente em acordo com o estado e o estilo de conhecimento próprio e de cultura individual”
(p.203).

Esta influência poderia ser completamente indetectável pelo médium.

Em seu Espiritismo Experimental:
O Livro dos Médiuns, o guia para Médiuns e para Evocações, Kardec (1876) escreveu sobre as limitações impostas da capacidade de comunicação dos espíritos com os recursos do médium, incluindo aspectos tais como conhecimento das línguas.

Outros também falaram sobre essas questões (ex. Ballou, 1853; Dallas, por exemplo, argumentou que, mesmo durante o transe, a “mente do médium... não é um espelho inanimado sobre o qual outras personalidades podem facilmente gravar as impressões de seus pensamentos;
Pode ser assim comparado como um oceano movido por correntes internas e perturbado pelos ventos externos”
(p.65).

Houve também uma discussão por autores tais como Aksakof (1890/n.d.) e Delanne (1902), os quais, apesar de defenderem o espírito como agente, admitiam que mecanismos dissociativos poderiam dar conta de alguns fenómenos.

Em Recherches sur la Médiumnité (1902) de Delanne, em um estudo focando a escrita automática, ele apontou que poderia haver diferentes explicações para comunicações mediúnicas.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 15, 2013 11:21 am

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Embora ele acreditasse que a fonte da comunicação poderia ser distinguida pelo foco do contexto, mesmo nos melhores médiuns o puro automatismo psicológico poderia estar misturado com mediunidade
(p.500).

Similarmente, Geley argumentou que, enquanto em transe, a capacidade do médium de livre arbítrio era diminuída até o ponto que a comunicação mediúnica poderia ser afectada por “sugestões mais ou menos voluntárias dos participantes e a vontade de refletir seus próprios pensamentos”
(Geley, n.d., p.108, minha tradução).

Nos Estados Unidos, James H. Hyslop era bem conhecido por seus sistemáticos e detalhados estudos de mediunidade mental.

Em seu livro, Contato com o Outro Mundo, Hyslop (1919) argumentou que mesmo nas comunicações com entidades espirituais pode haver contaminação vinda dos vivos.

Ele escreveu:
Não está nada claro para os investigadores o facto de que todas as mensagens são afectadas pela mente do médium, normal ou subliminal, de acordo com as circunstâncias em que uma comunicação ocorre.

Se a mensagem vem pela consciência normal, a forma da mensagem será profundamente afectada.

Memórias, interpretações, e a língua determina a forma da mensagem.
Em alguma extensão a vontade subconsciente ira afectá-la da mesma maneira em um transe, quando a consciência normal está suspensa.
[Hyslop,1919, p. 107].

Hyslop (1906a) devotou seu livro, Borderland of Psychical Research, a aqueles fenómenos que não eram parapsicológicos mas que tinham a aparência de serem.

Entre estes incluiu problemas da memória, alucinações, e uma variedade de fenómenos dissociativos como personalidades secundárias.

O livro, Hyslop disse, pretendeu preparar os estudantes futuros do supernormal para discriminar entre o “normal e o anormal, por um lado, e entre estes dois e o supernormal por outro”
(Hyslop, 1906a, p. viii).

Ele afirmou claramente que o conhecimento de mecanismos psicológicos era essencial à avaliação apropriada dos fenómenos que podem ser indicativos do supernormal em geral, e da sobrevivência em particular.

Em muitas ocasiões, insistiu, não era necessário ir além das explanações psicológicas convencionais.

Como ele escreveu:
Não é suficiente que um fenómeno deva ser involuntário ou produzido inconscientemente.

Deve ser muito mais para obter as credenciais de supra-normal.
Deve carregar o selo do conhecimento adquirido por algum outro processo do que a experiência sensorial.

Deve também mostrar a evidência de que mais do que imaginação pode produzi-lo em suas criações subliminais, e nós não temos no presente nenhum critério para determinar os limites desta função.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 15, 2013 11:21 am

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Não importa que características da personalidade independente são exibidas por estados secundários ou pelo sujeito dos fenómenos alegados de terem uma fonte externa, se não mostrarem evidências da identidade pessoal de pessoas falecidas são concernentes à acção subliminal.

Doravante a personalidade secundária explica muitos fenómenos que receberam anteriormente uma outra explanação, e o critério para a crença nos espíritos é feito de forma mais rigorosa.
[Hyslop, 1906a, p. 284].

Em um outro livro, Enigmas of Psychical Research [Enigmas da Pesquisa Psíquica], Hyslop (1906b) afirmou que personalidade secundária era um fenómeno mais comum do que o “agente espiritual”
(p.343).

O que é interessante sobre Hyslop é que ele contribuiu activamente também ao estudo das capacidades subliminais, aos processos que acreditava interagirem com o supra-normal.

Um exemplo é o estudo de Hyslop (1913) sobre as funções do subconsciente no qual sumariou e criticou as ideias de Myers sobre a mente subliminal.

Outros estudos ao longo destas linhas incluem as análises de Hyslop das supostas comunicações “marcianas” da Sra. Smead (Hyslop, 1918), e seu estudo de fraude inconsciente na produção de fenómenos físicos na mediunidade da Sra. Burton
(Hamilton, Smyth, & Hyslop, 1911).

Um outro exemplo interessante de como os espiritualistas contribuíram com explanações psicológicas de comunicações mediúnicas está na reacção de alguns espiritualistas às ideias de Kardec sobre a reencarnação.

A tese da reencarnação foi uma parte proeminente do sistema de Kardec.
Kardec baseou seus ensinos sobre o espiritismo e a reencarnação nas comunicações mediúnicas
(Kardec, 1875, 1876).

Mas a ideia da reencarnação não foi bem recebida por muitos leitores, particularmente na Inglaterra.
Em 1875 um número de discussões da reencarnação foi publicado bem conhecido English Spiritualist Newspaper
(por exemplo, Home, 1875; J., 1875; Kislingbury, 1875; Rouse, 1875).

Nas páginas desta publicação, D. D. Home (1875) ridicularizou o conceito baseado na presença demasiada de muitas pessoas que alegam ter sido Napoleão e a ausência de pessoas que alegam vidas precedentes comuns.

Mais importante, comunicações mediúnicas com um conteúdo reencarnacionista foram atacadas por dois espiritualistas bem conhecidos:
Alexander Aksakof e William Harrison.

Aksakof (1875) criticou a confiança de Kardec nos médiuns psicógrafos porque eles eram bem conhecidos por “passar bem facilmente influência psicológica ou ideias preconcebidas... “
(p. 75).

Sugeriu que conteúdo reencarnacionista de tais escritas automáticas não eram verdadeiramente espirituais, mas dependia preferivelmente do impacto da sugestão do médium.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 16, 2013 11:26 am

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Um ataque muito mais forte foi publicado em um importante artigo não assinado Spiritualist Newspaper em 8 de outubro, 1875.
Presumivelmente, William Harrison, o editor da publicação, escreveu o artigo.

Como o autor afirmou:

Praticamente essa doutrina não foi ensinada, até o momento actual, por qualquer médium residente na Inglaterra, e aquelas doutrinas que tem sido ensinadas aqui geralmente (com alguns excepções impressionantes) foram fortemente coloridas pelas opiniões do médium, ou dos participantes;
em resumo, pode ser colocado como princípio geral que aproximadamente noventa por cento das mensagens dos espíritos contenham mais dos pensamentos do médium do que dos pensamentos do espírito comunicante.

Isto ocorre inconscientemente ao médium, claro...

Nós sabemos perfeitamente bem que se a doutrina da reencarnação fosse propagada na Inglaterra, massas de espíritos começarão a ensiná-la, a razão sendo que as mentes dos vários médiuns serão marteladas pelos argumentos sobre o assunto levantado pelas pessoas em volta deles, depois do qual haverá abundância de mensagens de espíritos sobre a reencarnação.
[Livro dos Espíritos de Allan Kardec 1875, p.170 ].

Outra especulação anónima, provavelmente escrita por Harrison, pergunta:
“Quantas revelações no livro de Allan Kardec tiveram sua presença no grupo?”
(The Inductive Method [O Método Indutivo], 1875, p.314).

A questão principal aqui não é a reencarnação, mas a crença de alguns espiritualistas de algumas ideias expressadas nas comunicações dos espíritos (nesse caso a reencarnação) poderiam ser produzida artificialmente como uma função de sugestão sobre o médium ou através das crenças do próprio médium.

Comunicações Mediúnicas entre vivos

Outra contribuição do contexto da sobrevivência para o entendimento da complexidade do fenômeno Psi foi a discussão das comunicações mediúnicas entre vivos.

Longe de ser ignorada pelos espiritualistas, essas comunicações foram discutidas na literatura espiritualista desde o principio.
Uma das primeiras menções para esse fenómeno aparece no livro de Ballou mencionado anteriormente.

Ele escreveu:
“As repostas foram dadas, - fornecendo seus nomes, relacionamento com os vivos, e varias comunicações, - mais tarde pode-se ver que pessoas tomadas como mortas estavam vivas na carne!”
(Ballou, 1853, p.29).

Em suas Letters and Tracts on Spiritualism [Cartas e Tratados do Espiritualismo], Judge John Worth Edmonds (11874) discutiu a existência desses casos.

Em uma carta de outubro de 1857, Edmonds menciona um caso de uma comunicação de um homem que não parecia ter mais de 50 anos.

Ele resumiu o caso como se segue:
Eu não o via há vários anos;
não estava em meu pensamento à época, e ele era desconhecido ao médium.

Ele ainda se auto identificou como inconfundível, não somente por sua características peculiares, mas pela referencia a questões conhecidas somente por ele e por mim”
(Edmonds, 1874, p.116).

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 16, 2013 11:26 am

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Tempos depois, Allan Kardec (1876) mencionou a evocação de espíritos de vivos.
Tanto Kardec quanto sua tradutora Anna Blackwell, apresentaram casos de evocação de espíritos de vivos
(Kardec, 1876, pp. 350-353).

Na visão de Kardec, obtidas através de comunicações mediúnicas:
“O momento mais favorável para a evocação de uma pessoa encarnada é durante o seu sono natural;
porque seu espírito, estando relativamente livre, pode vir tão facilmente ao evocador quanto ir para algum outro local”

(Kardec, 1876, p.345) [9].

Artigos posteriores publicados na década de 1870 por outros autores discutiram a existência da comunicação entre vivos.
Isto inclui Nehrer (1874) em “Apparitions of Incarnated Spirits” [Aparições de espíritos encarnados], e “The Double” [O Duplo] (1875) de Damiani, ambos no jornal Human Nature.

[9] Os casos de Blackwell e Kardec - e outros exemplos de evocação de espíritos de vivos no Jornal Revista Espírita (Etudes, 1860/2001) por Allan Kardec - não eram de forma nenhuma evidenciais.
Outros, no entanto, eram
(Revisões desses casos aparecem em Bozzano, n.d.b; Curnow, 1927; Dallas, 1924).

Em 1881, no jornal Light [Luz], George Wyld escreveu:
“Espíritos de vivos podem, sob certas condições, entrar no mundo espiritual e agir em todos aspectos como se eles fosse espíritos emancipados da carne.”

Na década de 1890 o espiritualista britânico William T. Stead praticou a escrita automática
(Stead, 1893a, 1893b, 1894).

Ele recebeu mensagens de pessoas supostamente falecidas e vivas também. Um exemplo desse automatismo telepático foi apresentado em seu pequeno livro How I Know that the Dead Return [Como Eu Sei Que Os Mortos Retornam], publicado em 1909. Uma senhora amiga de Stead estava num fim de semana em Haslemere, cerca de trinta milhas de Londres.

Na segunda-feira, Stead dispôs-se a usar sua escrita automática para ver se ele descobria se ela havia deixado Londres.

Ele recebeu a seguinte mensagem:
Eu sinto muito dizer-lhe que eu tive uma experiência muito dolorosa, da qual eu estou envergonhada para falar.
Eu deixei Haslemere em 2.27 p.m. em uma carruagem de segunda classe, na qual haviam duas senhoras e um cavalheiro.

Quando o trem parou em Godalming as senhoras desceram, e eu fiquei só com o senhor.
Após o trem partir ele saiu do seu assento e aproximou-se de mim.
Eu fiquei alarmada e repeli-o.

Ele continuou a aproximar-se, e tentou me beijar.
Eu fiquei furiosa. Nós brigamos.

Eu peguei seu guarda-chuva e bati nele, mas quebrou, e eu estava com medo que ele pudesse me dominar, quando o trem começou a sair lentamente da Estação Guilford.

Ele lutou, afastou-se de mim, e antes que o trem tivesse parado na plataforma ele pulou e saiu correndo.
Fiquei muito chateada mas fiquei com o guarda-chuva.

[Stead, 1909, pp.18-19]

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 16, 2013 11:26 am

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A Senhora confirmou posteriormente a estória com a excepção de um detalhe.
O guarda-chuva era dela, e não do atacante.

Outra fascinante contribuição veio do viajante astral Vicent Turvey.

Em seu livro, The Beginnings of Seerhip (n.d., ca 1909), Turvey disse que projecta o seu corpo e pode comunicar-se através de médiuns.
Foi relatado que os acompanhantes reconhecem Turvey pelo conteúdo da comunicação.

A suposição feita por todos esses autores foi que assim como era possível que os espíritos assim julgados dos mortos podiam se comunicar através de médiuns, também o espírito de pessoas vivas podiam fazer o mesmo sobre condições apropriadas.

Estas ideias deveriam ser vistas no contexto de outras crenças.
Noutras vezes muitos escritores tem discutido o conceito da excursão da alma, ou do duplo humano.

Durante o século XIX alguns autores como Crowe (1848), Kardec (1876), Moses (M.A. Oxon, 1876), Neher (1874), e Owen (1860) discutiram a ideia e apresentaram casos de tais fenómenos como aparições dos vivos.

Claramente se acreditou que o espírito dos vivos podiam fazer coisas similares aos espíritos dos mortos.

A discussão desses incidentes ilustra quanto interesse na sobrevivência em geral, e no Espiritualismo em particular, contribuiu para o entendimento e complexidade das comunicações mediúnicas.

Observações Conclusivas

Eu argumentei neste artigo que o conceito da sobrevivência, refratado através das lentes do espiritualismo e da prática da mediunidade, contribuiu num contexto condutivo para o desenvolvimento de diferentes aspectos da parapsicologia.

Enquanto algumas coisas são bem conhecidas, tentei apresentar materiais que geralmente não são discutidos em nossa literatura.

Tanto a fundação da SPR e o envolvimento precoce de J. B. Rhine em Parapsicologia podem, em grande parte, ter traçado conceitos sobre a sobrevivência e sobre a questão maior da natureza do ser humano.

Para a SPR a ideia da sobrevivência teve uma influência positiva nas pesquisas e na teoria.

Isto é, os primeiros pesquisadores da SPR e apropriaram de fenómenos como as aparições, casas assombradas e mediunidade do contexto da sobrevivência que o Espiritualismo apresentou na Inglaterra e isso formou a agenda de pesquisa da Sociedade.

No caso de Rhine, não há duvida que, em larga extensão, o interesse na sobrevivência levou-o para esse campo e para a Duke University.
Mas eventualmente teve um efeito “contrário”.

Que é, a sobrevivência levou-o depois para o trabalho em ESP experimental não relacionado com a ideia de vida apos a morte e, de facto, J. B. Rhine eventualmente chegou a conclusão que a sobrevivência era um problema não verificável.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 17, 2013 10:32 am

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Este é um exemplo de como uma ideia particular ou contexto pode influenciar no curso da historia contribuindo para um efeito diferente do que era esperado.

Então, assim como a mediunidade influenciou tanto o desenvolvimento do conceito da mente subconsciente (Ellenberger, 1970), quanto alguns dos diagnósticos psiquiátricos (Le Maléfan, 1999), a questão da sobrevivência influenciou a moderna parapsicologia experimental.

Eu não vou afirmar que o contexto da sobrevivência foi o único factor que guiou a “nova” parapsicologia que Rhine e associados desenvolveram através de seus trabalhos experimentais
(p.ex., Mauskopf & McVaugh, 1980; L. E. Rhine, 1971).

Mas foi certamente uma das forças iniciais principais e deveria ser reconhecido como tal.

[10] Para discussões sobre as ideias de Rhine sobre sobrevivência e sua pesquisa ESP veja Chari (1982) e Palmer (1982).

As contribuições dos espiritualistas nessa empreitada foi mais directa.

Entre essas houve discussões de Psi entre vivos e da explicação psicológicas para o fenómeno, bem com os registos da existência da comunicação mediúnica entre vivos.

Espiritualistas influenciaram activamente a construção desses conceitos, e posto mais amplamente, contribuíram para a consciência da complexidade do fenómeno Psi.

Outro exemplo de um efeito “contrário” foi o trabalho inicial de Myers com a SPR.

Cedo em sua carreira Myers publicou artigos que sugeriam que o automatismo e a telepatia podiam dar conta de alguma suposta evidência para a sobrevivência em comunicações mediúnicas
(p.ex. Myers, 1884).

Neste estagio da sua carreira a ideia da sobrevivência levou Myers a desenvolver uma psicologia do subliminar que, enquanto incitada pela sobrevivência, não adoptou tal explicação para o fenómeno.

Enquanto Rhine abandonou o estudo de médiuns, Myers continuou a fazê-lo.
Mas como Rhine, Myers inicialmente não acreditava na sobrevivência.
Isto foi mudado depois em sua carreira
(p.ex. Myers, 1903).

Há outros efeitos da sobrevivência directos, indirectos e não esperados, que eu não discuti.
Alguns podem ser o desenvolvimento da metodologia de livre resposta e estudos instrumentais.

Os primeiros métodos de análise de livre resposta poderiam ser vistos como uma conseqüência de tentativas para avaliar a sobrevivência pelo estabelecimento da presença de informações verídicas.

O uso de instrumentos não foi desenvolvido diretamente pela ideia da sobrevivência, mas foi certamente motivado pelo estudo da mediunidade.

Tais ideias aguardam estudo futuro.

Alguns podem dizer que o inicio da parapsicologia aconteceu quando o campo esteve apto a conquistar espaço suplantando supersticiosas ideias como sobrevivência, e tais primitivas e ineficientes metodologias de estudo de secções.

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